segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

A reeleição de Fernando Gomes

"Há um grande mérito de Fernando Gomes e do seu núcleo duro na forma como se têm rodeado de massa crítica. É por aí que se ganha o jogo...

Os portugueses têm inúmeras qualidades, mas não são, graças a Deus, isentos de defeitos. E um desses defeitos é o pouco crédito que tendemos a dar a quem, entre nós, sobressai no contexto internacional. Até parece que é normal o mesmo pequeno país ser a pátria de um presidente da Comissão Europeia que esteve dez anos no activo, do secretário-geral da ONU, ou, noutro plano, do melhor jogador de futebol do mundo, começando em Eusébio, passando por Figo e culminando em CR7, os nossos Bolas de Ouro.
Assim, pela parca consciência da importância de alguns cargos, explica-se a pouca atenção dada a Fernando Gomes, recentemente reeleito para o comité executivo da UEFA. Na Suíça, o lugar ocupado por um português é dos mais cobiçados do futebol europeu, e se lá está Fernando Gomes é porque revelou méritos mais do que suficientes para fazer parte da távola redonda de Nyon. Devíamos, creio, regozijar-nos por esse facto, e não encolher os ombros, como se fosse algo vulgar de Lineu...
É que os portugueses, também cultivam amiúde o pecado de inveja, que os impede de reconhecer méritos e qualidades a quem os possui. E neste particular, relativamente à FPF a que Fernando Gomes preside, há que dizer que se trata, cada vez mais, de um oásis no deserto de imagem em que está transformado o futebol português. Há bom trabalho nos clubes, onde pessoas muito válidas apontam caminhos com futuro; mas este labor positivo é eclipsado por uma forma de estar pouco própria das sociedades modernas, feita de acusações, ofensas, insinuações e mesquinhez, que dá do futebol uma imagem menor. Na FPF, que tem sabido apostar na excelência, ciente de que nas organizações são as pessoas que fazem a diferença, fecha-se o círculo virtuoso da competência, sem que instituição se deixe arrastar para o círculo vicioso que tem sido a perdição de outros.
Aliás, um dos méritos maiores de Fernando Gomes e do seu núcleo duro na FPF tem sido a forma descomplexada como têm acolhido massa crítica, sem medos ou receios de quaisquer sombras. Nas mais variadas áreas, beneficiando, é certo de uma conjuntura económica francamente favorável, o apetrechamento humano da Cidade do Futebol tem sido verdadeiramente emblemático de um novo Portugal de meritocracia que gostaríamos de ver generalizado!

Ás
Bruno Lage
No dia 10, para a homenagem ao 10, uma vitória por 10-0. Impossível um guião mais perfeito que este. Para já, Bruno Lage ganhou lugar na história do Benfica: é o treinador do 10-0 ao Nacional. O mais se verá, embora seja nítida a influência que teve na ressurreição encarnada, devolvida que foi a matriz galvanizadora.

Ás
Jonas
Celebrou o regresso de lesão com dois golos, mostrando uma vontade de jogar assinalável. O estado de espírito do brasileiro, num momento em que não entra nas contas do onze titular, é o mais favorável à equipa, pois dá sinais de querer colaborar com o colectivo. Assim, pode ser um reforço precioso para o que falta da época...

Duque
Bruno de Carvalho
Pela amostra, o livro que vai conhecer a luz do dia em breve não passará de um mesquinho ajuste de contas. O Sporting, na óptica da coesão social, não ganhará nada com isso, antes pelo contrário. E Bruno de Carvalho, acusado pela justiça no caso de Alcochete, que ganhará? Para além dos royalties que a venda do livro, é claro...

Fernando Peres mudou-se para o Céu dos craques
«Hoje é um dia triste para o Desporto português em geral e para todos os belenenses em particular: morreu Fernando Peres»
Patrick Morais de Carvalho, Presidente do Belenenses
Morreu Fernando Peres, futebolista de elite, formado no Belenenses, que foi campeão no Sporting e no Vasco da Gama e brilhou com a camisola da Selecção Nacional, integrando os Magriços de 1966. Espírito livre, irreverente dentro e fora das quatro linhas, Peres era dono de um pé esquerdo com olhos, do tempo do futebol-arte. Que tenha descanso eterno no céu dos craques.

O Brasil está de luto (e, nós também)
Os inquéritos estão marcha, mas não irão devolver as vidas aos dez jovens futebolistas do Flamengo que morreram no Ninho do Urubu. Cada vida perdida é sinónimo de dor, se se trata de alguém na flor da idade, passa a tragédia com a qual nos solidarizamos. O planeta do futebol está de luto...

Chalana
Fez ontem 60 anos, esfregaram uma lâmpada no Barreiro e nasceu Fernando Chalana. Pequeno como Mozart, predestinado como ele, desde logo se percebeu que a vida lhe tinha marcado um destino no futebol. Porque a bola com ele era sempre redonda, bem tratada e bem cuidada, uma amor retribuído que arrastou multidões. Quando me perguntaram, nos dias de hoje, porque sou tão severo na identificação dos novos talentos, a resposta que me ocorre é sempre a mesma: «Porque vi Chalana». Fernando Chalana foi a expressão mais sublime do génio, da arte, do belo e do fantástico no futebol. Chalana era fisicamente fraco; e nunca foi um líder; mas recebia o respeito de quem nele reconhecia o estatuto de assinalado, um dos eleitos, que teve direito a dose infinita de talento quando Deus fez a distribuição. Hoje, nesta celebração de Chalana, invocarei dois amigos (entre tantos, eu sei) por razões diferentes: o primeiro, que está connosco embora já não esteja entre nós, é Manuel Galrinho Bento, que o ia buscar a casa para o treino, na carrinha do peixe, e o deixava de novo em casa onde ia tratar dos pombos. O outro é o Carlos Manuel, generoso e sempre presente, naquele estilo esgrouviado mas sempre sensível, um coração do tamanho do mundo que tem sido apoio para os amigos quando estes mais precisam."

José Manuel Delgado, in A Bola

Para a história

"O Estádio da Luz viveu ontem uma noite à antiga. Daquelas que, para o campeonato, só os benfiquistas com mais de 60 anos guardarão memórias - mais antigas que as imagens que, antes do apito inicial, passaram nos ecrãs numa emocionada e justíssima homenagem a Chalana. Haverá, perante tão incomum 10-0, a tentação de discutir se é, para o futebol português, um bom sinal voltar a tempos tão antigos. Mas essa é reflexão que há muito se exige face a desequilíbrios cada vez mais evidentes e não devia, sequer, estar dependente de um resultado tão desnivelado. Deixemo-la - ainda para mais uma semana em que o Moreirense conseguiu travar um FC Porto que há umas semanas parecia imparável - para outra altura. Vamos assumir que se tratou, só, de uma noite em que tudo correu bem ao Benfica e tudo correu mal ao Nacional. Uma daquelas noites que só acontecem de 55 em 55 anos.
A verdade, ainda assim, é que desta goleada histórica se podem tirar algumas ilações, em especial no que às águias diz respeito.Poucos admitiram, há pouco mais de um mês, sonhar com o título. Havia, até, quem já tivesse encomendado as faixas para o Dragão. Mas o futebol é, há o devíamos saber, fértil em surpresas. Ao pior momento do FC Porto responderam os encarnados com um futebol exuberante, empolgante até, que os coloca, hoje, a um ponto da liderança - e atenção ao enorme SC Braga, que vem logo atrás. Bruno Lage, prudente, não promete o título. E faz bem, porque, como esta época está a mostrar, nenhum momento (por muito bom que seja...) é eterno. Mas, mérito lhe seja feito, lage já cumpriu uma promessa: reconquistar os adeptos. Não era, convenhamos, difícil. Mas nem o mais optimista esperaria que pudesse ser assim tão fácil..."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Há finais de tarde assim (perfeitos)

"O que fica depois de uma goleada por 10-0

Se tivesse sido sonhado, dificilmente o final de tarde que o Benfica viveu este domingo poderia ser mais perfeito. Pareceu tudo pedido por encomenda.
Antes de mais, claro, uma goleada por 10-0, uma coisa que não se via em Portugal há 55 anos e que tornou o Benfica notícia em todo o mundo. Domingos Soares Oliveira ainda deve estar a esfregar as mãos de satisfação com a exposição que isso significou para a marca.
Mas houve mais.
Houve por exemplo um golo logo aos 35 segundos, houve um golo de Ferro na estreia a titular, houve dois golos de Jonas no regresso à competição mais de um mês depois da lesão, houve o lançamento de Florentino Luís, mais um jovem da formação, na primeira equipa.
Houve dois golos de Seferovic, ele que está cada vez mais metido na luta pelo prémio de melhor marcador, e houve uma exibição assombrosa de Pizzi, que fez um golo e três assistências.
Entretanto o Benfica ganhou mais dois pontos ao FC Porto, está a bater à porta da liderança e reactivou em definitivo a onda encarnada, coberta de entusiasmo, ambição e adeptos felizes.
Não é difícil imaginar, de resto, que entre os adeptos felizes poucos conseguirão igualar o sorriso de Luís Filipe Vieira. O presidente viu o Benfica recuperar seis pontos para o líder FC Porto depois de ter lançado um treinador da formação, que apostou ainda mais na formação.
A goleada foi, aliás, alcançada com quatro jovens saídos do Seixal no onze e três deles a fazer golos. 
Pelo caminho, e para tudo isto ser notável, os adeptos prestaram a maior ovação da noite à estreia de Florentino Luís. Sinal que a mensagem de que o futuro do Benfica está no Seixal passou bem e é cada vez mais defendida pelos próprios adeptos. Há finais de tarde assim, portanto. Perfeitos."

Curtas de um Benfica encantador

"Na recepção a um Nacional desastroso, a Luz assistiu a um autêntico massacre dos encarnados que terminou num 10-0 que poderia, perfeitamente, ter chegado a números bem mais volumosos dada a superioridade avassaladora do Benfica!
* Entrada fortíssima da equipa de Lage que culminou no primeiro golo antes do primeiro minuto de jogo
* Mais uma vez, um Benfica super pressionante após a perda de bola e extremamente competente na sua transição defensiva que permitiu exacerbar o seu domínio sobre um Nacional impotente
* Um festival de ataques à profundidade por parte dos avançados do Benfica perante um Nacional péssimo no controlo da profundidade (Nunca retirou profundidade quando a bola estava descoberta) 
* Além desta capacidade de atacar a profundidade, a equipa de Lage a demonstrar-se cada vez mais competente em ataque posicional. Por fora e por dentro, muitas combinações e um futebol de qualidade estupenda do conjunto encarnado!
* Incrível jogo de Pizzi, Rafa e Félix. A combinar, a acelerar e com uma variabilidade de movimentos incrível a destruir por completo a equipa insular!
Colectivamente, um Benfica avassalador que até poderia chegar a números estrondosos e como temos referido, a crescer de jogo para jogo. Com o regresso de Jonas, chegará o Benfica ao titulo?!"

Uma tarde para a história

"As coincidências podem mesmo existir em futebol, mas é preciso fazer por isso. Primeira questão: o resultado histórico que o Benfica conseguiu ontem foi realmente um jogo perfeito que terminou com essa cascata de coincidências de que tanto se tem falado nas últimas horas: 10-0, no dia 10, na homenagem a um inesquecível 10 (Chalana) com o golo 10 a ser apontado por outro 10 de excelência (Jonas). Melhor era impossível e fica, seguramente, para a eternidade.
Há momentos raros, como referiu Bruno Lage, em que os astros podem mesmo alinhar-se. E ontem era o dia certo para acontecer algo de grandioso também por ser o ‘jogo das Casas’ e da grande reunião da família benfiquista. A festa foi bonita! Mas, por entre as referências históricas a um resultado que não acontecia em Portugal há mais de meio século, é preciso não perder de vista o essencial: só se consegue uma proeza destas com muita qualidade, muito trabalho e muita seriedade. Treino a treino. Jogo a jogo.
A ligação entre a equipa e os adeptos é um dos segredos para o momento que se vive. O contexto é favorável e os benfiquistas estão felizes, sim. Mas sem ponta de euforia nem qualquer deslumbramento, com a perfeita consciência de que a vitória frente ao Nacional valeu apenas 3 pontos e que, na realidade, continua quase tudo por fazer.
Outra boa ‘notícia’ que o jogo de ontem trouxe foi a confirmação da fabulosa ‘primavera encarnada’: Ferro a titular pela primeira vez (marcou, também, o primeiro golo pela equipa principal do Benfica) e Florentino foi mais um talento da formação que chegou ao palco de todos os sonhos. E tudo isto na tarde em que, 38 dias depois, Jonas voltou aos relvados: 17 minutos em campo, 2 golos!
Como se vê, há bons motivos para acreditar que o caminho é este. Na certeza, porém, de que o próximo jogo será sempre muito mais importante do que o anterior.

PS: Bruno Lage e Pizzi deixaram uma palavra de conforto para o Nacional da Madeira e lembraram que a equipa tem qualidade para dar a volta à situação. Fair play e respeito pelo adversário são valores que nunca devem faltar. É lamentável que se utilize o resultado de ontem e o desempenho dos profissionais do Nacional para se tentar introduzir a questão da falta de competitividade no futebol português, quando, na realidade, não há actualmente nenhuma Liga na Europa que tenha apenas 2 pontos a separar o 1.º e o 3.º classificados. O futebol português tem problemas, sim, mas são outros."

Cadomblé do Vata

"1. Estava com muito medo deste jogo... foram 35 segundos de tanta angústia, que o golo do Grimaldo até me apanhou de xanax na mão.
2. Para homenagear o 60° aniversário do craque da camisola 10, o SLB deu 10 secos... o meu único objectivo de vida passou a ser estar vivo no dia em que o Félix comemorar seis dezenas de primaveras.
3. Não sou de me queixar e 10-0 sabem sempre a mel... mas este vendaval deixa aquele travo azedo de ser consumido com 1 semana de atraso.
4. El Rey D. Jonas I só precisou de 15 minutos para marcar 2 golos... ficamos a mais um quarto de hora do Pistolas de distância dos 15-0.
5. Em 2 jogos enfadamos 14 no Costinha... esta é uma bela semana para o Varandas assinar o editorial do Jornal Sporting, com o título "Só levamos 6"."

Eu não queria ir por aí, mas talvez agora seja um bom momento para falarmos do ordenado de Lage. Deem-lhe um aumento

"Vlachodimos
Estranho destino este de Vlachodimos. Quando tudo parecia apontar para uma boa primeira época do grego na baliza do Benfica, eis que se vê relegado para jogos amigáveis, com pouco ou nenhum trabalho. Bruno Lage devia vir a público explicar o que se passa.

André Almeida
repararam que os laterais de Barcelona e Juventus passaram pelo Seixal e que, mesmo assim, o lateral com mais assistências do futebol mundial neste momento é titular do Sport Lisboa e Benfica? 

Rúben Dias
Rúben Dias é aquele tipo de pessoa que continua a espancar o seu oponente já depois de este ter falecido. Graças a Deus que assim é, ou talvez não tivesse marcado um golo pleno de vontade numa altura em que já toda a gente estava mais ou menos satisfeita. Querem saber o melhor? Deixou-nos com mais vontade do próximo, e do próximo, e do próximo.

Ferro
poucas coisas melhores do que constatar que um jogador recém-chegado à equipa principal, que até já mostra alguma adaptação ao papel esperado dele, e, no momento mais importante da sua carreira, revela de forma quase enternecedora que ainda não sabe festejar golos. Tudo indica que tem andado a treinar coisas mais importantes. Carrega miúdo.

Grimaldo
mais de 50 anos que não via um lateral como este no Benfica. Enfim, vocês perceberam. Estou a fazer um esforço tremendo para não embandeirar em arco, mas suspeito que não vou conseguir. 

Samaris
Da última vez que os adeptos se levantaram das bancadas com Samaris presente no relvado, é provável que tenha sido para exibir lenços brancos e pedir a saída do grego. Hoje terão exigido a renovação, e muito bem. É meio caminho andado para recuperarmos a bola. A outra metade fica a cargo de Gabriel ou, como hoje, dos jogadores do Nacional.

Gabriel
A sua exibição é bem capaz de vir a causar stress pós-traumático a alguns jogadores do Nacional. Monstruoso.

Pizzi
Apareceu na flash interview impávido e sereno, como se não tivesse feito 4 assistências e 1 golo, como se não tivesse criado mais ocasiões de golo sozinho do que a restante equipa toda junta, como se não tivesse sido protagonista num dos melhores jogos que o Estádio da Luz já viu. Foi a sua forma muito humilde de exigir de volta o nome que a ele sempre pertenceu: Pinedine Zizzane. Agora que já homenageámos o pequeno grande Chalana, podíamos aproveitar a próxima tarja para fazer um pedido de desculpas ao Pizzi pelos impropérios de que tem sido alvo na melhor época da sua carreira. Depois competirá a ele decidir se nos perdoa ou não.

Rafa
O mister Lage bem avisou que tínhamos aqui mais um avançado. Regressou aos golos e continua a bater aos pontos os concorrentes Cervi, Salvio e Krovi.

João Félix
Acaba por ser adequado que, em dia de homenagem a Chalanix, o único jogador em campo com nome terminado em -ix seja o nosso menino João. Assim de repente quase parece que fez uma exibição discreta - 1 golo e 1 assistência -, o que diz bem das alegrias que nos tem dado. Comandou as operações no melhor lance do jogo, que ironicamente não deu em golo. Saiu ao fim de pouco mais de uma hora, com ar de quem queria a bola coladinha ao pé. Como diria o personal trainer que eu nunca tive, insiste, mantém, não vacila.

Seferovic
E ainda há quem tenha coragem de chamar cepo ao melhor homem de área do futebol português. Seferovic parece uma daquelas histórias inspiradoras das redes sociais em que vemos alguém perder 80 quilos em 3 meses ao som de Nickelback, mas no caso dele é aprender a jogar futebol. 

Florentino
Foi bom que a entrada de Florentino em campo tivesse coincidido com o período fugaz em que o Nacional deu um ar da sua graça na condução da bola em transição ofensiva. Florentino aproveitou esse quarto de hora para se tornar o jogador com mais recuperações de bola em campo e conquistar 55 mil espectadores presentes na Luz, reforçando o rolo compressor quando este precisava de um empurrão para completar o tributo a Chalana. Antes de entrar em campo ouviu as instruções de Bruno Lage e sorriu confiante. Promissor.

Krovinovic
Não entrou mal, mas até neste Benfica pareceu ligeiramente enferrujado. Nada contra. Se há umas semanas questionaríamos a presença de Krovinovic no banco de suplentes, a partir de hoje anuíremos perante tudo que o mister Lage disser. Desculpa, Krovi.

Jonas
A maioria dos seus lances, em especial o golo, fez-me lembrar aqueles gifs do Insónias em Carvão em que ele apaga os adversários das imagens. Até o Costinha concordará. Abençoados sejam, Jonas e o rei da internet.

Bruno Lage
O treinador do Benfica disse que a única coisa que pode prometer é que amanhã às dez estará no Seixal para comandar mais um treino. Se fosse eu no lugar dele, nem sequer aparecia. Teriam de me ir buscar a um iate alugado à deriva algures na Baía do Seixal, comigo ainda em coma alcoólico. Felizmente o Benfica contratou uma pessoa séria para o lugar de treinador. O repórter da CMTV mereceu a resposta torta de há umas semanas, mas talvez agora seja um bom momento para falarmos do ordenado de Bruno Lage. Não sei qual é, mas depois de um jogo saído dos nossos melhores sonhos, só há uma consequência lógica: dêem um aumento ao homem."

Só mais um

"Sim, todos os benfiquistas gostam de ganhar 10-0, mas (...) quer apresentar-nos as virtudes do 0-0: “Diz o meu amigo que, a partir de uma determinada quantidade de golos, um jogo deixa de ser um jogo, um combate, e passa a ser uma orgia”

Amigo com quem costumo ver os jogos do Benfica em casa (peço desculpa a Domingos Soares Oliveira, mas entre BTV e Netflix, neste momento opto pelo segundo, embora Benfica de Lage possa vir a desequilibrar os pratos da balança) é um grande partidário do zero a zero. Diz ele, pragmático e adulto e não sem toda a razão, que o zero a zero é a prova definitiva da superioridade filosófica do futebol sobre qualquer outro desporto. O maior pesadelo deste meu amigo é que um dia algum infeliz burocrata se lembre de proibir por decreto o zero a zero, como há alguns anos se pensou fazer no campeonato norte-americano. Como bom adepto de futebol que é, este meu amigo gosta de golos, sim, mas também encontra no culto primário do golo um certo sentimentalismo, uma fraqueza da vontade, como aquelas músicas gordurosas com que os jornalistas decoram certas reportagens para provocar a lágrima e a compaixão fácil do espectador.
Diz o meu amigo que, a partir de uma determinada quantidade de golos, um jogo deixa de ser um jogo, um combate, e passa a ser uma orgia. O jogo parte-se, os jogadores, inebriados pelo frenesi do golo, esquecem-se das obrigações, acabam-se as tácticas, suspendem-se as regras, a bestialidade impera, os golos sucedem-se. Para ele, um zero a zero equivale à reposição da ordem e da legalidade após um breve e ígneo período revolucionário. É o mais belo resultado no futebol, de acordo com esta visão heterodoxa, e a prova é a de que ao fim de tantos anos e de tantos jogos sem golos os adeptos não esmorecem. Em vez de um monumento ao tédio, de pináculo da indecisão, o zero a zero seria o equivalente aos jejuns místicos findos os quais se consegue apreciar com mais propriedade a beleza e a sacralidade do golo. É que o zero a zero também serve para recordar que um golo, qualquer golo, é sempre especial.
É tão bonita a festa do golo, não é? O golo, o leitor sabe como é, pode vir de qualquer maneira que a gente festeja sempre. De pé esquerdo, de pé direito, de cabeça, de cima para baixo, como mandam as regras, ou de baixo para cima, se as circunstâncias o exigirem, de canela ou calcanhar, de costas, até com a mão; em fora-de-jogo, sem intenção, de ressalto, às três tabelas, de trivela, do meio da rua, na cara do guarda-redes ou à boca da baliza; em jeito, em força, de bandeira, de letra, de livre, penálti ou na sequência de um canto; de bola parada, de bola corrida, de rosca ou de bico; de primeira ou na recarga, sem preparação ou de laboratório, individual ou colectivo; de bicicleta, de carrinho, de coice de mula, peixinho ou escorpião; no primeiro minuto, no último suspiro, após o período regulamentar, nos descontos, à beirinha do intervalo ou logo no reatamento; do avançado que marca muito, do defesa que marca pouco ou do trinco que nem chutar sabe; do estreante, do veterano, do regressado, seja como for, seja de quem for, golo é golo. Há sempre lugar para mais um no coração faminto do adepto que se realiza quando, no tumulto da bancada, grita “só mais um.”
Tem razão o meu amigo quando compara o excesso de golos a uma orgia. Acrescentaria eu, a uma orgia gastronómica, a um festim descontrolado. O futebol convida a metáforas bélicas e sobre os 10-0 do Benfica ao Nacional já se falou em massacre e muitos, de formação bíblica, terão pensado em degola dos inocentes, em falta de misericórdia ou, os mais dados à meteorologia, em vendavais e furacões. Mas ontem, no Estádio da Luz, houve, sem dúvida, qualquer coisa de “La Grande Bouffe”, de comer após a fome saciada, de comer até rebentar. A haver algum pecado foi o da gula, mas, para os adeptos, o golo é como aquelas comidas saborosas que não enchem, não enfartam. Se alguém acabou o jogo de ontem a precisar de sais de frutos para a azia não foi nenhum dos 55 mil adeptos que estiveram no estádio nem aqueles que, como eu, saborearam pela televisão cada um dos dez pratos servidos como se fosse o primeiro. Até o meu amigo, defensor da elevação teológica do zero a zero, apologista das virtudes filosóficas do jogo que termina sem golos, apesar de condoído pelo destino e as lágrimas dos nacionalistas, lamentou que o árbitro não tivesse dado descontos. “Ainda dava para mais um ou dois”, dizia ele no final, rendido à festa pura e insaciável do golo."

Um 10 nota 20 que são 3 quando só interessa 1

"Dez golos são dez goles da poção mágica da motivação. Não há benfiquista que não se sinta dez centímetros mais alto depois disto. O título já não está no papo de ninguém. Vemo-nos daqui a três semanas?

Os jornais desportivos desunharam a cabeça para ter um título tão original quanto a raridade que noticiam: dez golos num jogo não é da escala da goleada, sequer da abada ou, vá, da cabazada, é um resultado que transcende o possível para o imaginário.
“A Bola” chama-lhe “a goleada do século”, enquanto o “Record” e “O Jogo” engarrafam as manchetes com metáforas de fenómenos naturais raros, “furacão” e sismo (“grau 10 na escala de Richter”). Aqui o árbitro é caseiro, mas é na Tribuna Expresso que melhor encherá a barriga, não só com os títulos mas com os textos: Pedro Candeias viu “os Super Wings no Estádio da Luz”, num resultado que só se vê “em jogos de crianças”; Vasco Mendonça, também conhecido como Um Azar do Kralj, nem queria ir por aí, “mas talvez agora seja um bom momento para falarmos do ordenado de Lage: (…) deem um aumento ao homem”.
Se há mudança de treinador que se confirma como “chicotada psicológica”, é esta: ou Bruno Lage nasceu com o rabo virado para a lua ou fez dos pés assentes na terra uma estrada que passa o olhar pelo céu. Não sabemos o que o treinador deu aos jogadores, mas o Benfica tomou uma qualquer vitamina que esgotaria farmácias se fosse vendida em frascos.
O jogo contra o Nacional é irrepetível, é como um cometa que passa pelo Planeta Terra de 55 em 55 anos, quando no espaço de 90 minutos uma equipa em estado de luz feérica se cruza com outra na mais pálida penumbra. O Nacional não deu uma para caixa mas merece respeito em vez de pena, pena é apenas uma confirmação com açúcar da humilhação. O resultado é humilhante, sim, mas é-o só o resultado, não o é a equipa. Na próxima semana há mais, Nacional.
Na próxima semana há mais, Benfica. A equipa está agora fornecido desse alimento tão volúvel chamado força anímica, palavra que aliás deriva de alma. A alma foi na verdade encontrada no jogo contra o Sporting, que anda com as pernas bambas e perdeu por um 2-4 que nem conta bem o que lá aconteceu: os mesmos jogadores da mesma equipa do mesmo clube que antes penava em campo para chegar ao fim dos jogos parece afinal outro e outra e outros. O Benfica é este ou é aquele? É os dois, dois em um.
Nesta constante, a variável foi Bruno Lage. Sejamos honestos, ninguém esperava isto e provavelmente ninguém esperava sequer que Bruno aquecesse a laje daquele banco. Ele ainda há de passar pelo choque de confrontar equipas em grande forma, e há de perder, num campeonato que já parecia estar no papo do FC Porto, que repentinamente patinou a toda a velocidade sobre o gelo – mas que é a equipa mais forte da época. Os 10-0 de ontem não são sequer uma cereja em cima do bolo, porque o bolo Benfica está outra vez a formar-se. Mas além de todas as análises técnicas ao jogo e de todas psicanálises existenciais ao balneário, Lage personifica o melhor que o Benfica tem tido nos últimos anos: a miudagem.
A caterva do Seixal resulta de um investimento sério do Benfica de Luís Filipe Vieira na formação, provavelmente realizado a pensar em dinheiro, pelos jogadores que poderia vender e para substituir os jogadores que não poderia comprar. O Benfica tem conseguido uma coisa e a outra. E ainda conseguiu Lage, formador da formação, que conhece, acredita e convoca os miúdos para a piscina dos grandes, onde estão a mergulhar de cabeça e sem medo.
Nenhum dos “três grandes” está a jogar espectacularmente, mas o Benfica ontem deu um espectáculo oferecido em bandeja de prata ao enorme Chalana. São só três pontos, para um campeonato em que só um vencerá e que é liderado pelo FC Porto. Mas esta luz que aquece o Benfica, e que projecta uma sombra temerosa sobre os seus adversários, é nova e reacendeu o interesse no campeonato. 
Precisamos de um jogo para deslindar esta súbita lindeza: precisamos do FC Porto - Benfica. Falamos daqui a três semanas."

Quem está a jogar melhor?

"No topo do campeonato, três equipas estão tão próximas que basta o FC Porto perder um jogo para cair para o terceiro lugar.

Devo dizer que há um mês o considerava, de longe, a melhor equipa portuguesa. A que defendia melhor e a que atacava melhor. A mais sólida. A mais estável. A mais equilibrada. A que tinha melhores jogadores.
E, de repente, tudo mudou. É verdade que os jogadores são os mesmos – mas parecem outros. É sempre assim. Quando uma equipa joga bem, todos os jogadores parecem bons; mas quando joga mal, parece que já ninguém se aproveita.
Até há um mês, tudo no FC Porto parecia bom: o treinador, a táctica, os jogadores; agora, tudo parece mau. O treinador dá ideia de andar perdido e nenhum jogador se salva. Com o Benfica, passou-se o inverso: Rui Vitória parecia péssimo, a ponto de ter sido despedido, e o plantel parecia fraquíssimo, cheio de lacunas; hoje, o treinador parece óptimo e os jogadores jogam todos bem. Seferovic nunca marcou tantos golos, João Félix já é uma estrela planetária…
Quanto ao Braga, tem sido o mais regular dos três. Mas isso já é habitual. Em Braga mudam os treinadores, mudam os jogadores, mas a equipa mantém uma notável regularidade. E Abel Ferreira, convenhamos, foi uma boa surpresa. Quando se admitia que pudesse puxar o Braga um pouco para baixo, puxou-o um pouco para cima.
Daqui se conclui que o Benfica é a equipa que hoje está a jogar mais. A defesa melhorou e tem condições para ser forte: Rúben Dias é um central coriáceo (ao estilo dos antigos centrais do FC Porto), Jardel é um armário e tem muita experiência, os laterais André Almeida e Grimaldo são muito fiáveis. O primeiro é mais físico, o segundo é mais artista, mas até por isso se completam.
À frente da defesa, o Benfica tem duas boas hipóteses: Fejsa ou Samaris. Como médio ofensivo tem um jogador que, não sendo uma estrela, tem um ótimo sentido dos ritmos do jogo: Pizzi. À frente tem os citados Félix e Seferovic – e nas alas tem extremos para dar e vender: Rafa, Cervi, Salvio e Zivkovic.
São todos pequeninos, muito móveis, rápidos, habilidosos e desconcertantes. Aliás, este é um dos trunfos do Benfica: as movimentações rapidíssimas, as trocas de posições que fazem a cabeça em água aos defesas.
Neste aspecto, o Porto é muito mais previsível. Só tem um jogador ao estilo dos extremos do Benfica: Corona. Os outros jogadores são bons, mas ronceiros. Movimentam-se menos, correm menos, parecem mais pesados. E isso torna o jogo do Porto mais fácil de anular pelos adversários.
Tudo somado, o Benfica é o mais perigoso (e o favorito para ganhar o título, se continuar assim), o FC Porto vem a seguir (sobretudo pela personalidade) e o Braga logo atrás.
Quanto ao Sporting, está hoje muito longe dos outros três. A equipa demonstra demasiada fragilidade, tem muitos buracos, defende mal e não consegue atacar bem. Keizer parece ter sido uma grande ilusão."

Quem 'matou' a mudança? Suspeito n.º 14 - Lidar com frus...

"“Bom dia Detective Colombo, não sei se me conhece. Sou Anthony Smith Coordenador da formação do F.C. os Galácticos”. “Sim é claro que sei quem é, como está e em que posso ser útil?” – respondeu o Detective Colombo. O Detective Colombo, como qualquer pessoa que acompanhasse o desporto, conhecia o Treinador Anthony Smith. Tinha sido jogador de todos os escalões de formação do Clube, depois uma grave lesão, afastou-o do jogo, formou-se em Desporto e desde muito cedo abraçou a função de Treinador. Tinha treinado todos os escalões de formação, formado os maiores nomes da Academia dos Galácticos e coordenava todos os escalões de formação, até à 2ª equipa de seniores, há muitos anos. Era uma pessoa estudiosa, persistente, muito exigente, de convicções fortes, mas sempre disponível para aprender e melhorar.
“Detective Colombo a sua intervenção no Clube está a ser seguida com muita atenção e respeito, por todos, e percebemos que: uma pessoa que não está envolvida no dia-a-dia e com os seus conhecimentos pode ajudar-nos imenso. Estou com dois problemas, que gostaria de partilhar consigo e alargar as minhas possibilidades de os resolver adequadamente” – começou por dizer o Coordenador Smith. “O que se passa? Terei todo o gosto em colaborar” – devolveu o Detective Colombo.
“Fui abordado por o Pai, de um jogador dos escalões de formação, a dizer que o filho ia desistir e tenho um treinador que reage sistematicamente com agressividade, quando as coisas não correm bem. Apetece-me dizer ao Pai “passe bem e tudo de bom para o seu filho” e ao treinador “chega, basta, estás dispensado”, mas sei que não iria resolver a situação. Quero aprender com o que se está a passar, de forma a poder dar a melhor resposta possível e a evitar que estas situações se repitam, no futuro” – contextualizou o Coordenador Smith.
“Vamos começar pela primeira. O que é que conhece do miúdo?” – perguntou o Detective Colombo. “Sei que adora jogar, faz um sacrifício enorme para vir treinar, por morar longe, carrega duas mochilas, durante todo o dia, depois apanha um comboio e um autocarro, para vir aos treinos e tem 100% de presenças. No ano passado, jogava muito tempo, mas este ano, subiu de escalão, mudou de Treinador, tem uma utilização reduzida e agora quer desistir” – esclareceu o Coordenador Smith.
“O que é que me pode dizer da segunda situação?” – tentava perceber o Detective Colombo. “O Treinador em causa adora o jogo, é um conhecedor profundo, foi jogador internacional, é Pai solteiro e, por isso, desdobra-se em sacríficos, para não faltar com nada ao filho e à sua função de Treinador, é muito tranquilo durante os treinos, mas quando chega aos jogos transforma-se e assim que vê alguma injustiça, por parte dos árbitros, passa-se, as expulsões são frequentes, os miúdos seguem-lhe o exemplo e quer o clima e quer os resultados acabam por ficar aquém do desejávamos” – clarificou o Coordenador Smith.
“Ou seja” – começou por dizer o Detective Colombo – “estamos perante duas pessoas que adoram o jogo, fazem muitos sacrifícios por ele, atreveram-se a tentar conseguir os resultados que desejavam e por alguma razão, e paradoxalmente, poderão acabar fora do jogo, um por desistir e outro pelo seu comportamento agressivo poder conduzi-lo ao afastamento. Deseja investigar o que está para além do óbvio, com isso poder ter uma intervenção melhor para todos, evitando-se o abandono ou afastamento de quem gosta muito do que faz e faz muitos sacrifícios?”. “Claro Detective Colombo. Vou mais longe, se perceber o que está na raiz desta situação, poderei melhorar muito a minha relação profissional, mas também familiar e social” – respondeu o Coordenador Smith.
“Coordenador Smith já esteve numa situação em que os resultados esperados, na conversa com um familiar, na relação com um Treinador, num jogo ou num Campeonato tenham ficado aquém do que esperava?” – perguntou o Detective Colombo. “Infelizmente, estou frequentemente a viver esse tipo de situações. Quando era miúdo e estudava, algumas vezes, os resultados dos testes eram inferiores ao que esperava, outras vezes, treinava muito e bem e esperava ganhar o jogo, mas não era isso que acontecia e por vezes, tenho a melhor das intenções ao falar com os meus filhos, mulher, atletas, colegas de trabalho, (…), mas o resultado dessas conversas são exactamente o oposto do que desejava, criando novos problemas, em vez de os resolver e como Treinador e Coordenador os Campeonatos ganhos são vários, mas os momentos de insatisfação são muito mais” – partilhava abertamente o Coordenador Smith. “Essa situação é perfeitamente normal. Não tem nada de mal. Todas as pessoas, passam por momentos de frustração recorrentemente. Consegue aceitá-la, à frustração, por momentos?” – perguntou o Detective Colombo. “Claro Detective” – devolveu imediatamente o Coordenador Smith.
“Como é que costuma reagir a esses momentos de frustração? Como é que as pessoas que conhece tendem a reagir a essas situações?” – perguntou o Detective Colombo, ao que o Coordenador Smith respondeu – “é curioso, agora que pergunta, já tive momentos em que desisti das coisas e outros em que me comecei a queixar-me, protestar e quando penso nas diferentes pessoas com que interagi, muitas delas reagem desistindo ou afrontado.” “Assim sendo, perante momentos de frustração, todas as pessoas, reagem do mesmo modo?” – inquiriu o Detective Colombo, enquanto o Coordenador Smith o interrompeu – “não”. “Então” – começou por dizer o Detective Colombo – “se diferentes pessoas reagem de maneira diferente para idênticas situações frustrantes, de quem é a responsabilidade pela resposta a esses momentos?”. Fez-se silêncio, o Coordenador Smith parecia estar a descobrir algo de importante e estava, pois, respondeu – “de cada pessoa. Ou seja, estou a perceber que todos passamos por situações frustrantes, na escola, na família, no emprego, (…), que a forma como cada um responde a esses momentos é da responsabilidade de cada um e que reagir desistindo ou afrontando os outros são duas alternativas que não produzem grandes resultados, como o abandono ou afastamento de pessoas que adoram e se sacrificam por algo. O que é que posso fazer diferente, para produzir melhores resultados?”.
“Para influenciarmos uma situação deliberada e construtivamente, há que a compreender primeiro” – começou por dizer o Detective Colombo e continuou – “e uma parte dessa compreensão já a fizemos, mas ainda falta outra parte. O que é a frustração, para si?”. “Para mim, é o que acontece quando o que desejamos não acontece, quando ficamos aquém do que esperávamos” – respondeu o Coordenador Smith e de imediato o Detective Colombo perguntou – “como se sente nesses momentos?”. “Detective Colombo, está a ver uma panela a ferver? É como me sinto” – respondeu o Coordenador Smith. “Ok e o que pensa quando sente que está a ferver?” – perguntou o Detective Colombo. “Penso que há algo de perigoso, como se fosse explodir e que tenho que fazer algo” – devolveu o Coordenador Smith. “O que é que lhe apetece fazer, nesses momentos?” – perguntou o Detective Colombo. “Descarregar em alguém, umas vezes e outras tantas reprimir, com receio do que possa acontecer se a descarregar em alguém, por exemplo no meu chefe” – respondeu o Coordenado Smith.
“Muito bem Coordenador Smith, se continuar a pensar que a frustração é isso, a confundi-la, a pensar que tem que fazer alguma coisa, sem saber o que pode fazer de construtivo e útil, provavelmente não irá relacionar-se de modo diferente com a situação” – disse o Detective Colombo que, apercebendo-se que a cara do Coordenador Smith sinalizava alguma confusão, continuou. Primeiro, convém distinguir culpa de frustração. A culpa resulta de fazermos algo de errado, do ponto de vista moral ou legal, enquanto a frustração deriva do que acontecer estar aquém do que desejávamos. Segundo, quando interpretamos a frustração como perigosa e a confundimos com irritação, então as nossas reacções ficam muito condicionadas ao que o miúdo e o Treinador fazem e perguntou. Coordenador Smith, alguma vez viu a água a ferver explodir?”. “Não, quando tenho água a ferver num tacho e se a deixar a ferver, vai evaporando-se” – reflectiu o Coordenador Smith. “Ou seja, parece que vamos explodir, mas na prática não vamos. Agora imagine que coloca a água a ferver numa panela de pressão. O que acontece quando a água já está a ferver há muito tempo?” – perguntou o Detective Colombo. “A panela começa a assobiar e há vapor de ar que sai pela válvula” – respondeu o Coordenador Smith.
“Muito bem, esta imagem permite-nos compreender a diferença entre frustração e irritação. Quando a água começa a ferver, estamos frustrados, mas quando a água atinge um temperatura e pressão intoleráveis, a panela começa a assobiar e o vapor a sair, representando a irritação. Se confundirmos estes dois momentos, então iremos relacionarmo-nos com ambos como se a frustração fosse irritação, fosse intolerável, e desistimos ou afrontamos, em vez de resolver os problemas” – clarificou o Detective Colombo.
“Então, a frustração é aquela sensação de energia, como quando a água está a ferver e que resulta da nossa capacidade não produzir os resultados que desejamos, seja em que situação for, como: a marcar um penalti, se o falhamos; a corrigir um jogador, se desiste ou nos afronta; a (…)” – integrava o Coordenador Smith.
“Imagine que a nossa capacidade era suficiente para obter os resultados que desejámos. Ficaríamos frustrados?” – perguntou o Detective Colombo. “Não, claro que não. Já compreendi, a frustração é energia potencial como quando, numa corrida de 100 metros, o juiz diz aos seus lugares, prontos e levantamos um joelho do chão, avançamos ligeiramente os ombros, sentimos aquele estado de contração, nos blocos de partida e estamos prontos para fazer alguma coisa. Naquele estado, podemos fazer muitas coisas, habitualmente reagimos desistindo ou afrontado e não conseguimos o que desejamos, mas existe uma terceira alternativa: que é saber o que é a frustração – energia potencial – que resulta da nossa capacidade, ainda, não estar à altura das exigências de alguma situação. Pelo que, se melhorarmos essa capacidade, podemos obter os resultados que desejamos. Ou seja, quando estamos frustrados podemos redirigir essa energia potencial perguntando: o que podemos aprender ou melhorar, para obtermos os resultados que desejamos, em vez de desistir ou afrontar” – rematou o coordenador Smith.
“Nem mais Coordenador Smith, cada um de nós, em situações em que os resultados ficaram aquém do que desejávamos, podemos ter três respostas diferentes, que produzem resultados diferentes” – começou por reforçar o Detective Colombo e continuou – “imagine três panelas com água: na primeira, coloco uma cenoura; e na segunda, um ovo. O que acontecerá à cenoura e ao ovo, quando a água começar a ferver?”. “A cenoura que era rija ficará mole e o ovo que se desfazia facilmente ficará rijo, mas o que acontece na terceira panela?” – perguntou o Coordenador Smith. “Na terceira panela, imagine que coloco café na água a ferver, o que acontece?” – perguntou o Detective Colombo. “Faz café” – respondeu o Coordenador Smith e continuou – “nos momentos de frustração, podemos responder passivamente, como a cenoura em água a ferver; podemos responder agressivamente, como o ovo em água a ferver; ou podemos transformar a água a ferver em algo construtivo e útil, “café”, no caso, em momentos de aprendizagem, de melhoria da capacidade e com isso passarmos a obter os resultados que desejamos”.
“Ou seja. Se lidarmos com a frustração utilizando cenouras – desistindo - ou os ovos – afrontando - não acontecerá mudança, mas se aproveitarmos os momentos de frustração utilizando a estratégia do café, então podemos aprender, melhorar e mudar. Detective Colombo, muito obrigado, vou utilizar este conhecimento para resolver ambas as situações, do miúdo que quer desistir e do treinador que estava prestes a dispensar, pois percebi quer o miúdo, quer o Treinador que reage agressivamente têm mais em comum do que parece. Ambos estão frustrados e ambos estão a comprometer o que gostam, desejam e pelo que se sacrificam. A diferença está na maneira como cada um está a lidar com a frustração. Se ambos redirigirem essa energia potencial da frustração, para aprenderem e melhorarem as suas capacidades, então poderão estar mais perto de conseguirem o que desejam” – resumiu o Coordenador Smith.
Estava encontrado mais um suspeito de estar a “matar” a mudança no F.C. os Galácticos, a forma como as pessoas – jogadores, pais, treinadores, directores e sócios – estavam a lidar a frustração (“cenoura” ou “ovo”). Como poderá ser o Clube, como poderão ser as Escolas, os Hospitais, as Fábricas, as (…), se todos passássemos a melhorar as capacidades (técnicas, sociais, emocionais, motivacionais ou relacionais) que condicionam os resultados desejados, em vez de desistirmos ou reagirmos agressivamente ao que gostamos e desejamos?"

Vermelhão: Show de bola !!!

Benfica 10 - 0 Nacional


O que dizer?!!! Dez a zero... Parece que para o Campeonato, temos que andar 55 anos para trás... para encontrar resultado idêntico!!! Velocidade, organização, garra, vontade, solidariedade, ambição, alegria... que cocktail explosivo!!!
Um prémio merecido, para o trabalho das últimas semanas, com uma equipa de espírito renovado, onde o dedo do treinador é indiscutível!!!
Um prémio, para o nosso 10, Chalana, em dia do seu 60.º aniversário... um prémio para o dia das Casas do Benfica (obrigados a desfilar à chuva... com muita 'emoção')!!!
É verdade, que um resultado destes não se alcança sem alguma 'colaboração' do outro lado! Mas desta vez, não foi simples 'incompetência' ou 'falta de vontade' do Nacional! Foi essencialmente, um castigo à petulância de um treinador, convictamente anti-Benfiquista, que julgou chegar à Luz, e 'dividir' o jogo, com este Benfica, sem cautelas defensivas (parece quem nem estudou o adversário!!!)... e quando o descalabro estava à vista, preferiu 'abandonar' os seus jogadores em campo, para os poder 'castigar' no balneário!!! Assim ainda soube melhor...!!!
Curiosamente, depois do golo no minuto inicial, o Benfica não pressionou tão alto como eu estava à espera nos minutos seguintes! E o Nacional até teve alguma 'bola'... talvez estratégia, porque o 2.º golo nasce de uma perda de bola quando os Madeirenses tentavam sair a jogar!!! Mas mesmo antes da catadupa de golos, cheirava a goleada... tal a velocidade com que o Benfica colocava em jogo, sempre que recuperava a bola!!! O resultado final estava somente dependente da nossa capacidade de concretização...
E no 2.º tempo, começamos a marcar de 'bola parada'!!! Com o avolumar do marcador, até o apitador começou a marcar as faltas nos últimos 30 metros (algo raríssimo nos jogos do Benfica), e os golos foram aparecendo...!!!
Além das questões técnico ou tácticas, a equipa está com os níveis motavicionais altíssimos. O espírito de entre-ajuda, a forma como fazemos a pressão, a forma como celebramos os golos, a forma até como os jogadores se 'cumprimentam' nas substituições... tudo são indicadores, que estamos no bom caminho...!!!
Ver o Félix, o Rúben, o Ferro como titulares... com o Florentino a estrear-se de uma forma super-personalizada! Sabendo que temos o Jota, o Zlobin, o Kalaica, o Willock, o Dantas... entre outros, que estão na calha para subir à primeira equipa, para quem acompanha as nossas camadas de formação, é um enorme orgulho!!! Hoje, ao contrário do passado, jogadores como o Florentino já não 'desconhecidos' a estrearem-se... para mim, e para muitos outros, é uma certeza! E a forma como o Tino disputou todos os lances, como desarmou os adversários de forma tão 'confiante' (o melhor jogador do Benfica nesse aspecto, melhor que o Fejsa...), foram 6 desarmes (!!!), como efectuou todos aqueles passes (só falhou um!!!) como se tivesse a jogar na B, prova que até psicologicamente os putos estão preparados!!!
O Pizzi marcou, e fez muitas assistências... mas para mim o MVP voltou a ser o Gabriel!!! Está numa forma impressionante, é sempre o jogador que nos últimos minutos parece estar mais fresco... recupera, pressiona e distribui jogo como poucos! Ao nível do passe, não me recordo de um '8' nos últimos tempos tão bom (e estou a pensar no Enzo no Witsel no Renato...), e mesmo na marcação defensiva é provavelmente o melhor!!! A jogar assim, vai ser chamado ao Escrete... seguramente!!!
O Ferro voltou a entrar demasiado receoso, perdeu muitas disputas no ar, mas depois de marcar o golo, levou uma injecção gigante de confiança, e não mais perdeu qualquer disputa, na relva ou no ar...!!! Sendo que na 'construção' provou hoje que é um dos melhores Centrais do Benfica, provavelmente melhor do que o Jardel, neste aspecto, actualmente...!!!
Tenho a certeza que muitos Benfiquistas nas bancadas, quando o Jonas entrou apostaram que ele ia marcar!!! Era uma aposta fácil de fazer... O Lage, não permitiu a Luz, ver a dupla Félix-Jonas, ficará para a próxima...Curioso como após alguns minutos, com o Jonas a agarrar-se demasiado à bola, aparentemente fora de ritmo, 5 minutos depois, já estava a 'partir' tudo!!! O ritmo, para jogadores como o Jonas, 'volta' depressa!!!
O Krovi na minha opinião, devia fazer o mesmo que o Corchia! Jogar na B...!!! O Krovi precisa de minutos e de ritmo... em condições normais, poderia rodar com o Pizzi, pois são jogadores parecidos (com os pés trocados), mas está sem 'velocidade'!!!
Com o Benfica a golear, até o Nuno Almeida parece ser um bom árbitro!!!
Parabéns aos adeptos que estiveram nas bancadas, porque em nenhum momento houve 'Olés'... uma das formas mais desrespeitosas que as bancadas às vezes tendem em cair (e os jogadores também perceberam isso mesmo, confortando os colegas de profissão no final da partida)!!! Neste festival ofensivo, até houve alguns estranhos momentos 'silenciosos', estávamos todos a digerir o que estava a passar... mas o 10.º golo foi tão ou mais festejado, do que o 1.º !!! Aliás, a alegria dos Benfiquistas é uma das principais diferenças que se sente na Luz... e não foi depois do 10-0, mesmo antes já se sentia!!! Sentem-se vibrações positivas, a confiança e o orgulho na equipa voltaram...!!!
Agora, até podíamos correr o risco dos jogadores 'descomprimirem' um pouco... por isso mesmo, a nova série de jogos que se seguem, vem na melhor altura, para manter os níveis de concentração altíssimos!!!
Galatasaray... depois o 'armadilhado' Aves-Benfica na Segunda-feira, e depois, novamente o Galatasaray!!!
Se fosse o treinador, rodava alguns jogadores, dando prioridade ao Campeonato!!! Com o regresso do Jonas, com o Tino a provar que pode ser opção, com o Cervi no banco... temos algumas opções! O Gala tem uma equipa muito física, não são muito habilidosos, mas têm força e velocidade... é preciso preparar os nossos jogadores para o confronto!
Na Liga, estamos a 1 ponto da liderança. Estamos melhor do que quando estávamos a 7 !!! Estamos na luta, mas nada será fácil... nada!!! Os Corruptos vão continuar a ter muitos pontos oferecidos pelos apitadeiros e pelos VAR's, o próprio Braga sem Europa, vai continuar a ser chato... E uma coisa, são os jogos na Luz, outra coisa são os jogos fora de casa... E com o Lage as vitórias nos jogos fora não têm sido goleadas: Aves, Feirense, Moreirense, Rio Ave, Braga e o jogo no antro dos Corruptos são os jogos fora que faltam, se na Luz estou confiante que não seremos surpreendidos, todos os jogos fora, serão Finais 'armadilhadas'!!! Muito cuidado...

Condolências por Fernando Peres

"O Sport Lisboa e Benfica apresenta as mais sentidas condolências pelo triste falecimento de Fernando Peres a toda a sua família e ao Sporting Clube de Portugal. Na memória de todos fica um atleta de excepção, um internacional que permanecerá na história do futebol português."

Derrota...

Benfica 70 - 77 Oliveirense
9-30, 16-10, 22-16, 23-21

Não vi o jogo, mas não é preciso ser um génio para perceber que voltámos a perder o jogo com uma péssima entrada no jogo, tal como tinha acontecido com os Corruptos!!!
Pior ainda, parece que temos mais uma lesão: o Rey aparentemente lesionou-se, saindo no 2.º período... juntando-se ao Zé Silva e ao Hallman!!! E com o Fonseca longe da forma do inicio de época, acabou por ser o puto Delgado a jogar a maior parte do jogo na posição de Poste!!!

Na próxima jornada da Liga, vamos defrontar novamente a Oliveirense, mesmo com as ausências exige-se uma reacção... 

PS1: No Pombal, decorreu esta semana o Nacional de Atletismo individual de Pista Coberta. Vários Benfiquistas tornaram-se Campeões Nacionais: Diogo Ferreira (Vara), Frederico Curvelo (60m), Ivo Tavares (comprimento), Francisco Belo (peso), João Oliveira (60m barr.), Manuel Dias (Heptalto), Tamaris Liz (60m) e a Marisa Vaz Carvalho (Heptalto).

PS2: Parabéns à Barbara Timo, pelo Bronze no Grande Slam de Paris, excelente resultado.
A Rochele Nunes, ficou em 7.º lugar... lesionou-se num combate e ficou limitada, mas não desistiu.
A campeonissima Telma ficou pela 2.º ronda... está difícil voltar aos bons resultados!

PS3: Parabéns ao João Silva, pelo Bronze na Taça do Mundo da Cidade do Cabo. Esperamos que este seja o sinal que o 'velho' João está de volta...
A Melanie Santos, ficou em 14.º...

Parabéns Chalana

"O teu corpo e o teu drible foram - são - a conjugação entre o individualismo e o humanismo

Meu caro, tal como eu o teu primeiro nome é Fernando. Tal como eu nasceste na década de cinquenta do século passado. Tu bem no final dessa década em que nasceu, entre nós, a televisão. Eu nasci quase no meio e por isso sou um pouco, só um pouco, mais velho. Tal como eu também usei bigode que desapareceu quando desapareceu grande parte do cabelo e tornei-me, assim um dos carecas do Benfica! Tal como eu vibramos com o Benfica. Com o nosso querido Benfica. Eu dava uns toques na bola mas o Direito, e o seu difícil curso, triunfou. Tu foste um Génio da bola. Frequentámos os dois os mesmos Estádios. A velha Luz e este novo emblemático Estádio. Tu, desde jovem, frequentaste todos os dias a velha Luz. E acompanhaste o crescimento e o ímpar desenvolvimento da Academia do Seixal. Eu, desde que ingressei, chegado de Viseu, no Colégio Militar - em 1966! - frequentava o Estádio todos os quinze dias. Fardado a rigor, atravessava a nova - então nova! - segunda circular e entrava, cheio de fervor, ou para a superior ou para o emblemático terceiro anel! A cada jogo do Benfica do nosso Benfica, lá estava eu a vibrar, a gritar, sempre a sonhar, a abraçar os camaradas colegiais que me acompanhavam. E no intervalo lá apareciam as queijadas de Sintra ou nos dias de mais calor os gelados, porventura da Olá. E antes de regressarmos ao Colégio ainda comprava o Diário Popular e a sua edição especial de domingo com a pequena súmula dos jogos disputados. Sei bem com o russo Puchkine que «genialidade e maldade não combinam»! E tu és um exemplo desssa verdade. A tua maldade eram as desconcertantes fintas, o drible em movimento, o bigode que confundia a perturbava! Eu era, assim, meu Caro um dos muitos e largos milhares de fiéis benfiquistas que ou da velha superior ou do saudoso terceiro anel, ao sol ou à chuva, coloríamos as bancadas.
Guardo religiosamente uma das pequenas bandeiras que considerava talismã e que me acompanhou até ao derradeiro jogo na velha Luz. E como nos divertíamos a ver o nosso Benfica ganhar. A ganhar. E voltar a ganhar. Com grandes nomes como os saudosos Senhores Mário Coluna, Eusébio da Silva Ferreira, José Torres, Cavém, Jaime Graça, Manuel Bento, Artur e Vítor Baptista entre tantos outros. E, ainda, Toni e Simões, José Augusto e Humberto Coelho, Nené e José Henrique, Shéu e Diamantino, Vítor Martins e Jordão, Moinhos e Nelinho, Bastos Lopes e Alberto, Messias e Eurico, Alhinho e Pietra, Romeu e José Luís, Veloso e Alves, Carlos Manuel e Frederico, Álvaro e Filipovic, Manniche e Stromberg, Oliveira e José Manuel Delgado entre tantos e tantos outros. E desde o dia 7 de Março de 1976 - com 17 anos e vinte e seis dias - o seu talento desceu à Luz. O saudoso Senhor Mário Wilson, nosso querido treinador, tira o capitão Toni, nosso bom Amigo, e faz entrar o bem jovem Fernando Chalana. E assim começaram os trezentos e dez jogos em que envergaste o manto sagrado. E conquistaste pelo e com o Benfica seis campeonatos, três Taças de Portugal e duas Supertaças. E foste, também, campeão em França. E ajudaste, e muito, a nossa selecção nacional desde o dia 17 de Novembro de 1976, dia em que te estreaste frente à Dinamarca. Como, por exemplo, no relevante Europeu de 1984 em que oito dos seleccionados eram jogadores do Benfica. Sim, tu Fernando Chalana, entusiasmavas e embalavas de fervor o terceiro anel. E motivavas em outros estádios de Alvalade às Antas, do Bonfim à Póvoa de Varzim, de Coimbra a Espinho, do Fontelo (aquela vitória por 6-2 em 7 de Março de 1979 nunca esqueci!) ao Mário Duarte, entre tantos e tantos outros emblemáticos estádios. O que sei, o que nunca esqueço, o que mostro aos meus, é que a bola chegava e colava nos teus pés, por excelência nesse fabuloso pé esquerdo. E bem colada partia para cima do(s) adversário(s). Ela, a bola, como um íman colado, acompanhava o teu corpo e numa conjugação perfeita perturbava e confundia o adversário já que cada finta de corpo era, de verdade, um momento de magia e de integridade entre o físico e o espírito. Há jogadas tuas em que sentas o teu directo opositor e ele, furioso e curioso, fica a deleitar-se com o momento seguinte em que, tu meu caro Chalana, repetes aquele instante perante um colega de equipa. Uma e outra vez. Jogo e outro jogo. E nós, ali bem perto, nas primeiras filas da bancada, não resistíamos e gritávamos de contagiante alegria. O futebol é isto, mesmo que alguns julguem que a tecnocracia o pode dominar. Estou certo que, nesta tarde, num Estádio da Luz cheio, e com benfiquistas de todo o mundo - é o jogo das Casas! - todos te cantaremos os parabéns. E estou convicto que a equipa - toda a equipa e com muitos que tu treinaste e viste evoluir! - te dedicará a vitória. Num jogo que será bem difícil, acredito. E estou certo que a Direcção, e em particular o Presidente Luís Filipe Vieira, não deixará de sinalizar - como, aliás,  têm feito e é justo reconhecer e enaltecer - este dia em que comemoras sessenta anos, a maior parte deles dedicados ao Benfica. E de Rui Costa e Bernardo Silva, de Jonas a David Luiz, de Di Maria a Gaitán, de Saviola a Simão, de Petit a Calado, de Luisão a Aimar, de Cardoso a Valdo, entre tantos outros, directa e indirectamente, te saudarão. É que tu, meu Caro, proporcionaste-nos sublimes momentos de dança, instantes de combinação perfeita entre a vida e o espírito. Eram - foram! - múltiplos momentos de perfeitos movimentos e com um profundo sentimento. O teu corpo e o teu drible foram - são! - a conjugação entre o individualismo e o humanismo. E este humanismo realizava-se no colectivo, na equipa, na comum alegria do golo concretizado e da vitória alcançada. Logo, depois de todos cantarmos os parabéns, a equipa, hoje decerto sob a liderança de André Almeida, tudo fará para ultrapassar o difícil Nacional e no final, no final mesmo, te dedicarão, num dez intenso e imenso, e com repetidos aplausos e certa emoção, a conquista dos três pontos, bem relevantes para a legítima e ambicionada reconquista. E bem recordas que na época 76/77 o nosso Benfica à quinta jornada estava no 13.º lugar (eram 16 equipas) e depois de 22 vitórias e três empates (um deles face ao Beira Mar de Eusébio!) conquistámos o campeonato com nove pontos de vantagem sobre o Sporting e dez sobre o Futebol Clube do Porto. E tu, entre outros, marcaste dez golos, o Shéu cinco, o Pietra quatro, o Nelinho nove e o Nené 22! Por isso te agradeço a generosidade a disponibilidade, a gentileza e a humildade, a dedicação e a entrega, o sorriso e a honestidade e te digo que, tal como disse um grande escritor, «a genialidade é a capacidade de realizar aquilo que existe no pensamento»!
Muitos Parabéns Fernando Chalana!

PS - O Doutor Dias Ferreira escreveu ontem um sugestivo e lindo artigo acerca de Fernando Chalana. Ele sabe combinar, como poucos, o eu e o eu. Isto é a essência do desportivismo!"

Fernando Seara, in A Bola

Inesperadamente 'eles' estão já aí...

"Não sei se aquele frequente mensageiro do FC Porto virá ainda a desconsiderar o trabalho sério e competente de Ivo Vieira, como fez recentemente com Luís Castro, pelo facto do Moreirense, como antes o Vitória de Guimarães, ter conseguido meter uma pequena pedra no sapato de um título que tem vindo a ser prematuramente anunciado. Independentemente do que se vier a passar em matéria de falta de nível comunicacional, em que continuam a ser useiras e vezeiras muitas centrais de propaganda oficial dos clubes, vale a pena olhar para o momento actual do líder:
O FC Porto perdeu quatro pontos em dois jogos consecutivos e pode ficar, hoje, apenas com um ponto de vantagem do Benfica e dois do SC Braga. Não era expectável que tal acontecesse, tanto mais que se percebeu, de forma muito clara, que a estratégia de Sérgio Conceição passava por conseguir uma vantagem confortável que lhe permitisse gerir esforço e desgaste dos seus jogadores nucleares, aos quais muito tem sido exigido, na reentrada da Champions. Sabe-se que isso não vai acontecer e percebe-se que o FC Porto manifesta, em relação a esse facto, um notório incómodo.
O FC Porto poderia, até, esperar alguns efeitos negativos do alucinante ritmo de jogos a quem tem sido submetido, mas tinha como provável que o Benfica perdesse alguns pontos em Guimarães e Alvalade e que o SC Braga não conseguisse manter a consistência de resultados que tem mantido.
Em face da imprevista realidade, o FC Porto não poderá, como desejava, levantar o pé do acelerador. A única notícia boa para Sérgio Conceição é que os outros também não."

Vítor Serpa, in A Bola