terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

E a Liberdade vinha a caminho

"Poucos jogos entre Sporting e Benfica terão sido tão intensos, tão marcantes, tão históricos como o de 31 de Março de 1974: 3-5 para os encarnados em Alvalade. A festa verde murchou. Não tardaria a surgir outra festa, espalhada a cravos.

'Liberdade que estais no céu'. Começava assim um poema do Torga, o Poeta da Montanha. A Liberdade vinha a caminho. Liberdade com maiúsculas.
E, os leões estavam presos.
Certamente um dos mais vibrantes Sporting - Benfica da história do futebol Alvalade, 31 de Março de 1974.
Os adeptos iam em romaria vestidos de verde-e-branco, cachecóis ao pescoço, bandeiras, gaitas e gatinhas, aquelas buzinas de ar que costumavam troar nas tardes dos grandes jogos. Ah! Não esquecer as almofadas...
Uma vitória do Sporting garantiria o título de campeão.
E o Sporting seria campeão. Mas não ai. Depois. Não aí, frente ao Benfica, revoltado, insubmisso, inquieto.
Havia um orgulho magoado no peito das águias. E um jogo acima de todos os outros: aquele!
Não havia Eusébio. Nem Jaime Graça. Nem Artur Jorge.
Havia os outros por eles. Ninguém dobrava a cerviz na jaula do leão. Como Hércules em Nemeia.
Cabrita poupara o Pantera Negra. Os joelhos cediam a olhos vistos. Mas não poupara nas palavras. Não se eximira ao grito. Não falhara na hora de enviar para o relvado um grupo de feras feridas.
O sonho iria continuar vivo. Era ténue. Mas era sonho.
Mais de 60 mil pessoas encheram o estádio. O presidente do conselho também lá estava: Marcelo Caetano. Seria ovacionado 24 dias antes de se ver enfiado às escondidas numa chaimite e de ser expulso do país no cúmulo do opróbrio.

Uma onda vermelha engoliu Alvalade
Damas mostrava-se nervoso. Imaginem só. Damas, o impassível Damas, meu querido amigo Charuto, nervoso? Ele que nunca levantava a voz e não era de brusquidões.
Ia dando um frango inicial. Manaca estava nas suas costas, protegeu-o e protegeu a baliza.
Yazalde, na resposta, fez 1-0 para o Sporting.
Uma explosão alacre de verde!
O vulcão fervia de optimismo.
Durou pouco: Humberto Coelho surge na grande área do adversário, solto, implacável: 1-1.
A batalha estava no auge.
De um lado e do outro, olhares atentos, músculos tensos, nervos esticados como cordas de violino.
Wagner e Marinho são presas fáceis de Vítor Martins e Toni.
Os movimentos desequilibram-se. Nené, com a cabeça, marca o segundo golo encarnado.
Uma nuvem negra vai pairando sobre a alegria verde.
Afinal, há quadro anos que o Benfica não perde em Alvalade. O Destino costuma cumprir as ordens desses deuses ditos menores que ordenam o movimento dos planetas. Jordão pela esquerda, cometa negro com raio de luz: Nené entende a intenção do companheiro, um toque apenas - 1-3.
E agora?
O Sporting estonteado. A sua defesa desnorteada.
Humberto e Marinho disputam uma bola. Raul Nazaré assinala penalty. Será? Não será? A doutrina divide-se da central até ao peão. Pouco importa a doutrina para Yazalde. Os leões voltam a rugir.
José Henriques aleija-se. Entra Bento.
Nené abre as asas e voa sobre Carlos Pereira. Voa de voar mesmo. Não se admirem. As águias fazem-no a toda a hora. Jordão também voa. Em direcção ao lugar onde tinha encontro combinado com a bola e com o golo.
Murcha o entusiasmo verde.
O leão preso no labirinto da sua própria confusão e a Liberdade ali à beirinha de entrar pelos portões enferrujados do país triste.
Vítor Martins faz 2-5.
Ninguém levanta a voz contra uma superioridade tão evidente, tão nítida, tão límpida como os olhos da Michelle Pfeiffer.
Mais um penalty contra o Benfica. Dé fecha o resultado.
Quem esteve lá nunca mais esquecerá.
Lisboa quase, quase em Abril.
'Liberdade que estais em mim
Santificado seja o vosso nome'."

Afonso de Melo, in O Benfica

O Verão em que todos quiseram Francisco Ferreira

"Benfica, FC Porto e Sporting disputaram Francisco Ferreira semanas antes do início da época 1938/39

Francisco Ferreira fez a sua formação no FC Porto e estreou-se na equipa de honra dos portistas com apenas 17 anos. O médio tinha as características dos jogadores de eleição da sua posição: força física, resistência e excelente posicionamento. A estas virtudes juntava ainda um enorme espírito competitivo, 'em qualquer jogo o seu entusiasmo era sempre o mesmo, o seu desejo de vitória mantinha-se inalterável'. Na segunda temporada, tornou-se peça-chave da equipa 'azul e branca'.
Apesar do estatuto alcançado, Francisco Ferreira continuava sem receber qualquer tipo de remuneração do FC Porto e resolveu então abordar um dirigente dos 'azuis e brancos'. 'Hesitante, esforçando-se por encontrar as palavras que melhor exprimissem o seu desejo, fez ver que não queria o futebol como vida, mas sim, e apenas, como uma ajuda para melhorar a sua situação'. Mesmo sabendo que havia jogadores a receber quantias elevadas, somente 'se atreveu a pedir 300$00 mensais'. A reacção do dirigente foi inesperada. Exaltado, respondeu: 'o senhor ou assina a ficha ou põe-se na rua'. O médio ficou desolado!
Ao saber dessa situação, os dirigentes do Benfica entraram em contacto com o jogador e, quatro dias depois, já estava na capital. Ao corrente dos desenvolvimentos, o FC Porto tentou reaver o médio. Ofereceram-lhe emprego e davam 'imediatamente 25 contos'. A proposta era tentadora, mas Francisco Ferreira era um homem de palavra e recusou a oferta.
Poucos dias depois, um novo interessado: o Sporting. Conhecedor das suas qualidades, o interesse partiu do treinador leonino, Joseph Szabo, que tentou persuadir o jogador de todas as formas. Prometeram uma boa remuneração e 'puseram-lhe a camisola verde-branca na frente, «para ver como lhe ficava bem». Mas Chico tinha o Benfica na alma e tinha alma para o Benfica'. Estava destinado a jogar de 'encarnado'.
A 18 de Setembro de 1938, Francisco Ferreira iniciou uma carreira de 14 anos de 'águia ao peito', vencendo 4 Campeonatos Nacionais, 6 Taças de Portugal e 1 Campeonato de Lisboa. A sua liderança e carácter fizeram com que fosse simultaneamente capitão de equipa do Benfica e da Selecção Nacional.
Saiba mais sobre este fabuloso jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Objectivo: Jamor

"Um dos objectivos do Benfica para a temporada 2018/19 começa amanhã a decidir-se no Estádio da Luz. A Taça de Portugal é um sonho que se renova a cada ano, porque a vontade de estar no Jamor é sempre a mesma. Todos queremos lá estar: adeptos, treinadores, jogadores, dirigentes. Todos!
Trata-se da prova-rainha do futebol português, a segunda competição mais importante do calendário nacional, onde o Benfica tem altas responsabilidades, até por ser o clube que mais vezes conquistou o troféu: 26.
O adversário de amanhã é o rival que defrontámos há apenas dois dias. O maior erro de todos, porém, seria pensar que os jogos, os resultados e as exibições se podem repetir. O Benfica tem perfeita consciência das dificuldades que vai encontrar nesta 1.ª mão da meia-final. É fundamental o apoio dos nossos adeptos para que, juntos, possamos dar um passo importante rumo ao Jamor.
Em tempo de dérbis, uma palavra de reconhecimento para a fantástica prestação da equipa de voleibol do Benfica, que ontem bateu o seu eterno rival, o Sporting, por concludentes 3-0, no pavilhão da Luz, assumindo assim a liderança isolada do campeonato.
Há imagens que todos vimos, em mais uma excelente transmissão da BTV, e que valem mais do que mil palavras: o abraço entre os capitães Nuno Pinheiro (Benfica) e Miguel Maia (Sporting) foi um grande momento. São estes gestos que devem ser exaltados. Grande jogo, com pavilhão cheio, muito fair-play e a prova de que, no desporto de alta competição, há sempre espaço para a paixão e o respeito.

PS: Sucessivos apedrejamentos a camionetas com adeptos do Benfica, provocando ferimentos graves. A invasão da Loja do Benfica no Mar Shopping, em Matosinhos. A invasão do centro de treinos de árbitros, na Maia. As ameaças e coação sobre árbitros e suas famílias. Este histórico recente conheceu ontem mais um momento degradante com novas ameaças do líder dos Super Dragões. O silêncio, a inacção e a tentativa grotesca de desvalorizar o episódio só alimentam a impunidade de quem se gaba de estar acima da lei. A partir de ontem, a face do crime organizado ficou ainda mais visível."

Não há um adepto, seja de que clube for, que não se declare apaixonado pelo talento de um dos génios mundiais nascidos em 1999: João Félix

"Sem golos, João Félix continuará a ser o melhor avançado do campeonato, e continuará a ser a melhor companhia para Bernardo e Ronaldo na frente de ataque nacional; com golos arranhará na luta pelo troféu de melhor jogador do mundo

pensaram no que será de João Félix quando os golos e as assistências deixarem de aparecer de forma tão regular? É que, hoje, por aparecer de forma frequente nos momentos de decisão, João Félix é unânime como poucos miúdos que foram lançados no futebol nacional nos últimos anos.
Não há um adepto, seja de que clube for, que não se declare apaixonado pelo talento de um dos génios mundiais nascidos em 1999. Entre os nomes que já apareceram há Puig, Havertz, de Ligt, Guendouzi, Brahim Diaz, Barco, Chakvetadze. Dos não tão credenciados temos Rafael Leão, Saku Ylatupa, Boubacar Kamara, Donyell Malen. E por que não Diogo Leite, Jota, ou Florentino?
Mas quando se fala de unanimidade, ao nível mundial, há um craque na Catalunha, um craque em Leverkusen, um craque em Amsterdão, um craque em Londres e João Félix a aparecer em Lisboa. 
Mas, como Portugal é o país onde o rendimento se opõe ao potencial, tenho dúvidas que, caso fique por cá ou indo para fora, o estatuto se mantenha quando o número de golos e assistências não for tão constante quanto o de hoje. Por cá, quando um miúdo mostra potencial diz-se que não está pronto para o rendimento; normalmente são esses miúdos que são os melhores, e que estão mais prontos para render se o rendimento for olhado na qualidade das acções ao longo do tempo, e não num ou noutro jogo apenas.
Note que, neste momento, é quase unânime para todos que o João Félix tem que jogar na selecção; o seleccionador, aliás, nem deve dormir de pensar em quão inoportuna foi a aposta inequívoca de Bruno Lage no miúdo na posição onde ele deve jogar sempre. Encaixar Ronaldo, João Félix, Cancelo, Bernardo e Rúben Neves, e deixar cair o status quo adquirido por alguns jogadores, é uma dor de cabeça que deve estar a deixar Fernando Santos muito desconfortável.
É fácil perceber as características pelas quais João Félix se destaca; desde a qualidade técnica e a criatividade até à capacidade para jogar dentro dos bolsos (nos espaços reduzidos). A finalização, e a tomada de decisão que faz com que não só acerte quase sempre onde e quando deve colocar a bola, mas também no onde e quando deve aparecer para dar solução de passe, ou em que sítio deve aparecer para finalizar.
Qualquer um desses traços do génio são fáceis de ler, e em verdade se diga que em Portugal já houve talentos com algumas dessas características mas nenhum deles foi tão arrebatador como este tem sido. Poder-se-á dizer, e bem, que muitos deles não tiveram a exposição em jogo que este está a ter e que por isso não vingaram nem conseguiram a unanimidade deste. Mas, para lá da exposição em jogo, o miúdo tem algo que só vimos, nos jogadores formados cá nos últimos vinte anos, em Quaresma e em Ronaldo.
Tivemos imensos talentos aparecer nas mais diversas equipas, mas com esta idade apenas dois conseguiram fazer os próprios colegas renderem-se e entregarem-lhes a bola em todas as situações. João Félix tem traços de personalidade diferente: a confiança que tem na sua capacidade faz com que nunca se esconda do jogo e queira sempre a bola e isso faz com que os seus colegas fiquem condicionados a dar-lhe sempre a bola - com Ronaldo e Quaresma era igual. Os colegas sabiam que havia talento, sabiam que havia qualidade para resolver muitos dos problemas do jogo, e sabiam sobretudo que não havia a timidez que, por falta de paciência, acaba por matar muitos dos talentosos que não conseguiram vingar no futebol nacional.
Resumidamente, João Félix é aquele miúdo atrevido que é muito raro ainda vermos por aí. É muito, mas mesmo muito, atrevido. E é esse atrevimento que faz dele tão especial e que o pode catapultar para uma carreira estrondosa. Não é fácil chegar ao plantel principal de uma equipa da dimensão do Benfica e condicionar jogadores que têm anos a ganhar campeonatos, que têm finais europeias, que são internacionais pelos seus países. Não é fácil convencer toda uma equipa que é à volta dele que os melhores caminhos para a vitória vão aparecer.
Por isso, sem golos, João Félix continuará a ser o melhor avançado do campeonato, e continuará a ser a melhor companhia para Bernardo e Ronaldo na frente de ataque nacional; com golos arranhará na luta pelo troféu de melhor jogador do mundo."

Cadomblé do Vata (bitaites!!!)


"1. O Al Nassr de Rui Vitória contratou Maicon ao Galatasaray... esta notícia altera todo o plano de preparação do Bruno Lage para a eliminatória da Liga Europa, porque já não vamos precisar de jogar com um central 4 metros atrás da linha de defesa nos livres laterais adversários.
2. Abafamos o Sporting, o FC Porto empatou em Guimarães e o Marega lesionou-se para 2 meses... este fim de semana correu tão demasiado bem que até estou com medo que o karma nos traga o Castillo de volta.
3. Preocupa-me que se julgue que o derby de amanhã será igual ao de domingo... é bom que se entenda que à distância de 7 para cima e 5 para baixo, o Sporting CP é a única equipa de Portugal que pode poupar jogadores na Liga e marrar que nem touro no vermelho na Taça.
4. Consta que Jonas já estará recuperado da lesão e a treinar normalmente com os colegas... a sério malta, digam-me que colocaram cláusula anti-devolução no contrato de venda do Castillo, por favor. 
5. João Félix tem cláusula de 120 milhões de euros e se for vendido por esse preço, o FC Porto arrecada 1,2 milhões... Luís Filipe, ainda tens o número do empresário que intermediou a venda do Garay ao Zenit por "5 milhões"?"

Impunidades...

"Todos, mas mesmo todos, os que acolhem Fernando Madureira como representante de alguma coisa no desporto são responsáveis por este episódio. É este o País que querem. De gente sitiada e ameaçada. De impunidade. De violência licenciada. De liberdade cercada. De ódio e retaliação como elos de ligação entre portugueses. Eu não espero quaisquer declarações do Presidente do F. C. do Porto, do Procurador Geral Distrital do Porto, do Presidente da Liga, do Presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Não espero porque só chegamos a este ponto devido ao seu silêncio e inacção sobre a violência repetitiva de Fernando Madureira e seus seguidores.
Não está esquecido o adepto benfiquista apedrejado na A2 perto de Gaia. Não estão esquecidos todos os benfiquistas que são ameaçados por viverem no raio de acção de milícias anti-benfiquistas. Não estão esquecidas as visitas a lojas e casas do Benfica para a prática de crimes. Já para não falar na constante coação sobre árbitros e agentes do futebol.
A tendência será a de desvalorizar esta cena, de fazer umas entrevistas a Fernando Madureira, de discutir o assunto em programas televisivos de vozes papagueadas. No final, apenas aguardam as cenas dos próximos capítulos. A queixa crime por coação é uma delas."

Keizer: a versão «anti-FC Porto» na Luz

"O Benfica expôs o Sporting de Keizer como nenhuma outra equipa fizera até agora. O FC Porto até pode reclamar superioridade nos jogos que fez com o leão, mas foi a águia quem abalou a equipa do holandês e, como consequência imediata disso, alterou o estado de espírito dos sportinguistas.
Marcel Keizer parece que ficou numa encruzilhada de ideias. A derrota em Guimarães causou dano, mas foi em Tondela que a dúvida se começou a instalar.
Depois, perante a força de um adversário que vinha de 18 vitórias seguidas, o holandês optou por ser mais realista na abordagem. O leão retirou profundidade ao FC Porto e abdicou da identidade que até aí tinha preconizado.
Na Taça da Liga, plano semelhante e, creio até, no primeiro tempo o Sporting igualou o FC Porto. Fez 45 minutos seguros, ainda que lhe faltasse agredir mais e melhor a equipa azul e branca.
Com o Benfica, tudo foi diferente. Keizer não terá percebido que também a águia é fortíssima na transição ofensiva. Agora já o sabe. O que nos leva ao jogo desta quarta-feira…
Num mundo ideal, aquele onde vive uma maioria de adeptos, Keizer devia ir à Luz com as ideias que trouxe. Insistiria numa equipa dominadora, com muita bola a circular desde trás até Dost e depois ao golo.
Pelo momento, pelo domingo que teve, pelas duas mãos das meias-finais, creio que Keizer vai optar pelo leão «anti-FC Porto», chamemos-lhe assim, no campo rival. É esse que dá mais garantias de que o Sporting não hipoteca nada: a Taça de Portugal, o treinador e a até a taxa de aprovação do presidente, depois dos efeitos que o 4-2 de domingo teve.
Também não hipoteca uma vitória, mas o Sporting precisa muito mais de ganhar tempo até ao Feirense do que, propriamente, ganhar este específico dérbi. É isso que, no final, creio que vai pesar na mente do holandês, porque não é só na Literatura que o Realismo sucede ao Romantismo."

Para onde irá Jesus?

"A ida de Jorge Jesus para a Arábia Saudita tinha tudo para correr bem. O treinador podia ganhar um título fora do seu país, fazer um brilharete nas competições internacionais e introduzir uma nova dinâmica no futebol saudita. Além de que viria de lá com os bolsos cheios.
Mas Jesus fez tudo mal. Começou por dizer que dentro de um ano estaria de regresso a Portugal, deu várias entrevistas a recusar a hipótese de estar mais tempo na Arábia Saudita, chegou a referir-se ao Al-Hilal em termos depreciativos.
Perante isto, a nova direcção fez-lhe um ultimato: ou renovava ou ia-se embora. Jesus preferiu a segunda hipótese. Assim, regressa das Arábias sem honra nem glória, nunca mais será convidado a treinar no estrangeiro e paga um balúrdio de impostos.
Condenado a treinar um clube português, Jesus tem - teoricamente - abertas as portas dos três grandes.
Já se percebeu que Luís Filipe Vieira gostaria de o ter de regresso à Luz. É o treinador que - dos possíveis - lhe dá mais garantias da conquista de títulos. Mourinho já disse que os seus planos não passam por Portugal e Leonardo Jardim, Paulo Fonseca e Marco Silva são cartas fechadas. Jardim e Marco passaram pelo Sporting, fizeram coisas simpáticas mas não se aproximaram do título, Fonseca esteve no FC Porto e falhou. Esta é a verdade.
Mas não é menos verdade que os sócios do Benfica não querem Jesus nem com molho de tomate. Nunca gostaram muito dele, mesmo quando lhes dava títulos, e passaram a gostar menos quando ele se mudou para o rival da Segunda Circular.
No Porto, a situação é diferente. Pinto da Costa sempre viu com agrado a ida de Jesus para o Dragão mas, por uma razão ou por outra, ela nunca se concretizou. E, agora, o Porto tem um treinador ganhador e não vai trocá-lo por ninguém. A menos que…
A menos que Sérgio Conceição saia no fim da época - eventualmente para Itália - e o Porto precise de um substituto. Aí, Jesus é uma carta forte, até porque não tem tantos anticorpos no Dragão como na Luz.
Finalmente, o Sporting Tudo depende da época que Keizer fizer. Caso faça uma boa época (o que já é difícil), com certeza continuará. Mas, caso desiluda e não ganhe nenhuma competição para lá da Taça da Liga, é muito difícil Varandas segurá-lo. Aí, o lugar ficará vago - e Jorge Jesus pode ser a melhor hipótese.
Até porque, tanto quanto se sabe, dá--se bem com o presidente, com quem já trabalhou. E, tendo rompido abruptamente o contrato em Alvalade por causa de Bruno de Carvalho, faria todo o sentido voltar para terminar o trabalho deixado a meio. E concretizar o sonho de ser campeão pelo Sporting. 
Como se vê, as três hipóteses são possíveis. E o resultado do dérbi de ontem, com a clara vitória do Benfica sobre o Sporting, fragilizou a posição de Marcel Keizer - aproximando mais Jorge Jesus de Alvalade."

Tolerância zero para as claques desportivas

"Como até agora não houve vítimas mortais, ninguém tem dado o devido destaque ao problema, mas, como sabemos, as claques e adeptos de muitos clubes são pessoas que se movem por um ódio irracional aos adversários.

Os recentes apedrejamentos de autocarros que transportavam adeptos de clubes de futebol e de hóquei em patins são muito preocupantes e mereciam mais atenção por parte das autoridades policiais. Como é possível alguém atravessar-se, num dos casos em plena autoestrada, à frente desses autocarros, pegar em pedras e partir os vidros, magoando os passageiros? Possível, já sabemos que é. O que nos deve questionar é como há tanta tolerância para estes eventuais assassinos. Se alguma das pedras atingir o vidro do condutor e o ferir, o que poderá acontecer?
Há alguns anos, Nova Iorque era uma cidade sem lei onde os assaltos eram mais do que muitos e o sentimento de impunidade se tinha instalado. Até que um prefeito, de seu nome Rudolph Giuliani, instituiu a “tolerância zero” para com os criminosos, tendo os índices de criminalidade descido mais de 50%. Giuliani não deu tréguas a ninguém e até os graffiters que se dedicavam a vandalizar os comboios e os edifícios públicos e não só começaram a ser severamente castigados. Portugal precisa de encarar a violência ligada ao desporto como Giuliani fez com toda a criminalidade. Só assim se evitarão desastres com graves consequências no futuro. Um autocarro é apedrejado pondo em causa a vida de muitas pessoas? Persigam-se os infractores e castiguem-nos de forma exemplar. Ponham câmaras nos viadutos e nos pontos mais críticos das autoestradas para os identificar mais facilmente. 
Como até agora não houve vítimas mortais, ninguém tem dado o devido destaque ao problema, mas, como sabemos, as claques e adeptos de muitos clubes são pessoas que se movem por um ódio irracional aos adversários. Há, pois, que travar este barril de pólvora do ódio desportivo.

P. S. Ontem foram postas a circular imagens do líder da claque do FC_Porto, Fernando Madureira, a insultar Paulo Gonçalves – ex-assessor do Benfica e o homem envolvido no e-toupeira – e a obrigá-lo a abandonar o restaurante onde estava. Curiosamente, a claque fez um comunicado a questionar a legalidade do vídeo, mas não se pronunciou sobre os insultos. Madureira não é muito diferente dos outros líderes das claques, mas todos têm de saber que vivemos num Estado de direito e que não estamos no Faroeste, em que as claques funcionam como grupos armados de desordeiros e espalham o terror à sua volta."

Desporto universitário

"O Conselho de Ministros aprovou o Estatuto do Estudante-Atleta, cujo objectivo é estimular a prática desportiva entre os estudantes universitários.

O estatuto prevê a relevação de faltas, a alteração das datas de avaliação, a prioridade na escolha de horários e a possibilidade de requerer exames em época especial, de forma a facilitar a conciliação das carreiras desportiva e académica.
O desporto tem uma importância inequívoca para um estudante universitário. Para lá dos benefícios de saúde que decorrem de um estilo de vida saudável, o desporto promove o desenvolvimento integral do praticante e contribui para desenvolver competências sociais críticas para a sua valorização enquanto cidadão e profissional.
O desporto estimula a autoconfiança, o espírito de liderança, de equipa e de partilha, o sentido de responsabilidade, a disciplina, a gestão do tempo e do stress, a capacidade de comunicar e colaborar, a paixão pelo que se faz, a superação e a solidariedade - dando maior dimensão humana aos praticantes.
As instituições de Ensino Superior ganham também. Promover o desporto universitário tem impacto no sucesso académico. Ao proporcionar ao estudante o ambiente necessário para o seu desenvolvimento emocional no contexto desportivo, estamos a facultar-lhe ferramentas importantes para enfrentar o mercado de trabalho. O desporto é uma metáfora dos desafios que terá de superar ao longo da sua vida profissional.
Há um outro benefício a considerar. A comunidade académica é cada vez mais internacional e a sua mobilidade cada vez mais intensa. O desporto vence barreiras de raça, cor, religião ou língua, facilitando a integração. Estimular o desporto no ambiente universitário aumenta a coesão de uma comunidade de diversidade cultural crescente.
Mas para recolher todos os benefícios que a prática desportiva proporciona não chega um estatuto: é necessário proporcionar condições para que todos tenham acesso ao desporto.
Vale a pena considerar."