domingo, 27 de janeiro de 2019

VAR(iações)

"O VAR veio para ficar, mas o 'corporativismo arbitral' que 'não autoriza' uma estrutura própria para juízes VAR tem os 'dias contados'

1. (...)

2. O futebol português não pode ser nem um festival de vaidades nem um espaço de muitas e diferenciadas formas de comunicação e de intermediação. Vivemos uma semana dominada pela Taça da Liga e, apesar de muitas importantes e impressionantes presenças - incluindo presenças de vedetas espanholas, o que pressupõe, estou certo, reciprocidade, a curto prazo, do lado de terras do Rei Filipe VI -, foi o VAR que dominou as atenções. E por razões que levam a perceber que o futebol, e as suas diferenças análises, está sujeito a múltiplas variações. E despesas interessantes. Basta elrmos, ou escutarmos, com toda a atenção as reflexões de ex-árbitros para percebermos, se dúvida tivéssemos, que os lances mais controversos, mesmo com imagens, são vistos de várias formas. Para uns é falta, para outros não o é. Para uns aquele lance é fora de jogo, para outros, mesmo com linha, não é fora de jogo. E, assim, o VAR é sujeito a variações. Tem, afinal, que ver com as cores dos olhos. E, em Portugal - e parece que também em Espanha com o Real Madrid a queixar-se que o VAR parece ter o seu centro de análise em Barcelona -, o VAR, que é um instrumento útil, foi, nesta semana, questionado, e bem questionado. E nem a operação de relações públicas desencadeada, na passada sexta-feira, pelo Conselho de Arbitragem atenua a dor que atingiu Benfica e Sporting de Braga nos jogos das meias finais da Taça da Liga. O que fica é a sensação da injustiça do VAR. Mesmo que tenhamos a consciência das variações que a análise dos lances controversos suscita. E o que é interessante é que a Federação Portuguesa de Futebol não deixou de dar uma mão à Liga quando proporcionou, ontem, um duplo VAR para a final da Taça que atribuiu, no marketing, o título de campeão de inverno. A Federação tudo fez, acredito, para credibilizar do duplo VAR! Estou convicto que o VAR veio para ficar. Mas também estou certo que o corporativismo arbitral que não autoriza uma estrutura própria para juízes VAR tem os dias contados. Assuma-se que o VAR, entre nós, não pode ser uma forma de protecção ou de compensação dos árbitros de primeira. E ou a Federação - sim a Federação, esta Federação, e não este Conselho de Arbitragem - o assume e impõe ou, então, o VAR; entre nós, estará sujeito a muitas variações! E, neste caso, não haverá comunicação, por mais competente que seja a agência - e é-o! - que salve as variações que se multiplicarão e ampliarão. Tendo a consciência que o clima do futebol português implica, e determina, acrescidas cautelas. E daí que se em Braga houve momentos de festa também é inequívoco que, a partir de Braga, houve muito desassossego. Diria que até em Braga houve necessidade de ter muito cuidado. E variações de itinerários! Até por que «até a virtude precisa de limites»!

3. O nosso calendário atribui à Taça da Liga uma verdadeira e completa semana de festa. É bom para os patrocinadores e para a diversificada intermediação televisiva. Mas se ontem ocorreu a final hoje poderiam realizar-se muitos jogos das competições profissionais que estão marcados para os primeiros dias da semana que vai iniciar-se. Não se compreende que haja jogos marcados para o comum horário de trabalho. Jogos à segunda-feira às três ou às cinco horas da tarde é uma variação de horário que não tem em conta os comuns horários de trabalho nem a atractividade televisiva. E é bom que se diga isto. Não há verdadeira indústria do futebol que não respeite o adepto/cliente/consumidor. E não há comunicação, por mais insistente ou persistente que seja - ou mesmo, por vezes, limitadora ou condicionante -, que destrua a essência do futebol. Adeptos, antes de mais. E ir de Coimbra a Paços de Ferreira - bonita terra de gente amiga - às cinco da tarde de uma segunda feita é uma violência. É mesmo uma incrível variação! Para não dizer uma violência sem sentido! É caso para perguntar: Por que não neste domingo estes jogos? Uma explicação razoável, por favor. Incluindo a todos aqueles que aprovaram, porventura sem cuidado, este planeamento de jogos. Tanta variação para quê? Porquê?

4. Há vinte e cinco anos - tanto, tanto tempo! - publiquei um livro a que dei o sugestivo título Memórias de um espectador atento. Uma das reflexões do livro dizia respeito aos apitos limpos. Em 1994! Quase bodas de prata! A minha memória leva-me a múltiplos casos e diferentes deliberações. E a luta por esses apitos limpos era uma luta justa que deve motivar a colaboração imediata de todos aqueles que amam o futebol. É que os outros fazem do futebol uma mama! Uma mama! Vinte e cinco anos depois, muitos casos depois, essa busca é um permanente desejo, diria quase que uma ardente quimera. E, direi, com idênticas mamas! Mas também, aqui, e apesar dos novos constrangimentos - e dos donos disto tudo que o futebol criou, sedimentou e continua a alimentar - a diversificada opinião pública - diria que, em rigor, as coloridas opiniões públicas - não aceitam omissões investigatórias nem sequer impunidades e imunidades desportivas. E o que fica são, tão só, algumas variações. Poucas, muito poucas direi. Até o Conselho de Justiça da Federação continua a dar razão, ontem como hoje, a árbitros desclassificados, como é o recente caso do Jorge Ferreira. Mas, ontem como hoje, «a bajulação é a moeda falsa que só circula por causa da vaidade humana»! Afinal tão só variações!"

Fernando Seara, in A Bola

Derrota...

Benfica 1 - 4 Sporting

Estava à espera de muitas dificuldades. A verdade é que a troca de treinador ainda não surtiu efeito, até porque não houve tempo, para mudar tudo... e com o início deste ciclo de jogos decisivos com os nossos principais adversários, tudo indica que a época está 'perdida'!!!

O resultado é totalmente injusto, os Lagartos com este treinador, basicamente não arriscam nada, e ficam à espera das bolas paradas, ou de um chouriço de longa distância... o factor decisivo seria o Benfica conseguir uma vantagem, algo que nunca aconteceu... Tentámos não 'arriscar' muito, mas as faltas só caíram para um lado (como sempre...!!!) e quando tivemos vantagens numéricas (a maior parte por protestos) não aproveitámos os power-plays...  e os Lagartos chegaram à vantagem de penalty... conseguimos empatar, mas depois o lance decisivo do jogo é o absurdo cartão azul ao Nicolia, o jogo acabou nessa jogada!!!

Esta época já disse várias vezes, que a época tinha 'terminado', mas os resultados surpreendentes têm sido muitos... mas cinco pontos para os Corruptos, e como ainda temos que jogar ao Antro, parece-me que desta vez, a diferença é mesmo demasiado grande!!!

O comportamento de vários jogadores Lagartos voltou a ser inacreditável. A não expulsão do Girão é só mais um daqueles incidentes do absurdo... O Benfica no hóquei, se alguma vez quiser ser novamente campeão, terá que jogar 20 vezes mais do que os outros, é simples!!!

Vitória em Inglaterra...

Bayern B 0 - 1 Benfica B
Santos


Despedida da Premier League International Cup, com uma vitória... em mais uma participação discreta nesta prova.

O estado a que 'isto' chegou

"Não se pode querer ser parte da solução e continuar a ser, ao mesmo tempo, parte do problema. É hora de sermos homenzinhos

«Isto está a ficar quase insuportável, pois está a passar-se limite do respeito pelas pessoas, mesmo em termos de vocabulário, com afirmações e insultos que não é bom para ninguém». A frase é de Sérgio Conceição e merece ser aplaudida, como merece qualquer uma de alguém que chame a atenção para aquilo em que se transformou o futebol português. Encerra, contudo, dois problemas. O primeiro é que não está totalmente correcta. Porque isto não está a ficar quase insuportável nem está a passar-se o limite do respeito pelas pessoas. A forma correcta de dizê-lo, para não fugir à verdade, é que isto está insuportável e há muito se passou o limite do respeito pelas pessoas. O segundo é que não pode, ou não deve, o treinador do FC Porto fazer de conta que ele próprio, e o clube que representa, não são, também, responsáveis pelo estado a que isto chegou. Porque não há, ao contrário do que quase todos querem fazer crer, apenas um culpado por aquilo que se está a passar hoje no futebol em Portugal. São, somos, muitos os culpados. Presidentes, dirigentes, treinadores, jogadores, árbitros, jornalistas, comentadores e adeptos. Era bom que todos o percebêssemos, pois só com a admissão dos erros poderemos avançar, de facto, para a sua resolução. Não se pode querer ser parte da solução e continuar a ser, ao mesmo tempo, parte do problema. O futebol português só pode andar para a frente se deixarmos de ser como o miúdo que parte o vidro do vizinho e começa aos gritos a acusar o amigo que lhe deu a pedra para a mão, como se nada tivesse, ele próprio, a ver com o assunto. É hora de sermos, todos, homenzinhos e assumirmos as nossas culpas. Porque isto não chegou onde chegou por artes mágicas. E também não mudará por magia.

«Fico muito frustrado com as derrotas, mas gosto de olhar para dentro e ver onde errámos. O VAR é importantíssimo para o futebol português. Há que melhorar em outros aspectos». A frase é de Frederico Varandas e merece ser aplaudida, como merece qualquer uma de alguém que chame a atenção para aquilo em que se transformou o futebol português. Não encerra, nela própria, qualquer problema de maior, pelo menos enquanto o presidente do Sporting se mantiver fiel a este princípio mesmo depois de perder com um ou outro erro de arbitragem. Merece, ainda assim, Varandas o benefício da dúvida, pois será, de todos, aquele que menos culpas terá nesta espécie de vale tudo contra os árbitros - se por andar cá há menos tempo que os outros se verá mais à frente. O único problema da frase foi mesmo o facto de ter aproveitado aquele iluminado momento de superioridade intelectual para uma indirecta a Luís Filipe Vieira e outra a António Salvador. Porque um dos aspectos que há que melhorar é precisamente esse: resistir à tentação de atacar os rivais só porque se tem uma câmara ou um microfone à frente e por muito que eles o mereçam. Caso contrário será, sempre, pescadinha de rabo na boca. Não pode Varandas chegar a um cruzamento e querer virar para a direita e para a esquerda ao mesmo tempo. Se quer ser diferente, que o seja de facto. E não só no que lhe convém.

Vários problemas tiveram as frases de Luís Filipe Vieira após o jogo com o FC Porto na Taça da Liga. É evidente que a dupla Carlos Xistra / Fábio Veríssimo teve noite para esquecer, em especial o segundo, que nunca conseguiu ser aquilo que o VAR nasceu para ser. Mas dizer, por isso que não apitar mais é ir demasiado longe. Seria o mesmo que o dizer que Vieira, por um dia ter contratado craques como Bebé, Taarabt, Carrillo ou Yannick Djaló, não poderia mais ser presidente do Benfica. Todos erramos.
(...)"

Ricardo Quaresma, in A Bola

PS:  O colunista, como bom sportinguista, é incapaz de despir a camisola, e não percebe que a satisfação do presidente do Sporting com o VAR deve-se simplesmente ao facto, de terem sido beneficiados pelo VAR em praticamente todos os jogos...
E quanto à comparação entre os erros do Vieira e o(s) erro(s) do Veríssimo, é absurda: pois se o Vieira comete erros na gestão futebolística do Benfica, é o Benfica que é prejudicado; quando o Verdíssimo comete erros sucessivos (sim, sucessivos), sempre em benefício dos mesmos clubes (Dragartos) e sempre prejudicando o Benfica, é óbvio que em condições normais nunca poderia apitar um jogo de futebol profissional!

O bom ganhador e o mau perdedor

"Muito deselegante a atitude de toda a equipa do FC Porto, que abandonou o relvado do Municipal de Braga antes da entrega do troféu ao Sporting. Tanta classe demonstrada neste e em outros jogos e tanta falta de classe na lamentável atitude. Seria, aliás, curioso saber quem deu aquela ordem de saída pela porta pequena. Não acredito que os jogadores o tivessem feito por vontade própria, tanto mais que depois dos jogadores leoninos terem aberto alas para os seus adversários passarem, quando subiram à tribuna de honra para receberem as medalhas de finalistas, se assistiu a momentos exemplares na forma como os jogadores se cumprimentaram e abraçaram.
Num tempo em que a imagem do futebol tem estado em causa; num tempo em que a esse futebol sobejam actos de um sectarismo talibã, a pouco digna atitude do FC Porto, perante um adversário que acabou por ganhar, com mérito, a Taça da Liga, é a atitude própria de um mau perdedor.
Bom ganhador acabou por ser o Sporting. Talvez um ganhador improvável, porque a maioria dos analistas apostava num FC Porto forte, consistente e que queria muito ganhar o troféu que ainda não ganhou, mas um ganhador justo. O Sporting teve uma primeira parte muito boa, na qual foi claramente superior ao seu adversário, teve, depois, uma segunda parte de menor rendimento, mas a verdade é que reagiu muito bem ao golo sofrido e poderia ter dado a volta ao resultado já nos minutos finais do jogo. Depois, voltou a ser mais competentes nos penálties e ganhou, assim, um título especialmente significativo para quem, ainda na história muito recente, viveu momentos traumáticos."

Vítor Serpa, in A Bola

FC Porto, uma atitude que lhe fica mal

"Sair do relvado antes da consagração do vencedor prejudica-o sobretudo a ele

A atitude do FC Porto foi feia e ficou-me mal, mas prejudica-o sobretudo a ele.
Não se lhe exigia que fizesse a guarda de honra ou batesse palmas, como fez o Sporting, até porque é mais fácil ter atitudes nobres quando se ganha. O FC Porto, é bom lembrá-lo, tinha acabado de perder um jogo em que foi melhor. Mas, apesar disso, exigia-se que tivesse um mínimo de respeito. Pelo adversário, pelos colegas de profissão, pelo espírito desportivo.
Ao abandonar o relvado antes da consagração do vencedor, o FC Porto mostrou não saber estar.
Foi ele, portanto, que ficou a perder: o clube e a marca, que viram ser-lhe naturalmente colada uma imagem de falta de elegância, de civilidade e de educação.

PS. Questionado na sala de imprensa sobre o comportamento da equipa, Sérgio Conceição fugiu à pergunta sem dar uma explicação. Porque há coisas que simplesmente não têm explicação."

O carnaval do VAR

"O essencial do Carnaval não é pôr máscara, é esconder a cara. Deve ser por isso que nosso futebol é tão sujo como era o Carnaval de Ovar nos anos 50. Só que o Carnaval de Ovar mudou, quando os ovarenses tiveram vergonha, e no nosso futebol isso ainda não aconteceu.

Felizmente, o mundo da "bola" pouco tem que ver com muitas outras áreas em que a nossa sociedade é reconhecida internacionalmente, como por exemplo a inovação, a tecnologia e o turismo. Se a imagem de Portugal dependesse do futebol, estávamos todos na quinta divisão do desenvolvimento. 
Esta história dos dois VAR deixou-me preocupado. Sei que quando este texto for publicado já tudo aconteceu e, entre F. C. Porto e Sporting , um deles levou a taça entre choros e alegrias dos adeptos, mas o meu medo é que as coisas não corram bem e para a próxima não chegue só dois VAR irem a jogo.
Se tudo voltar a correr mal (e espero que não) hão de ser 4 VAR, quatro equipas, 4 treinadores, 4 presidentes e mais um triste espectáculo de Terceiro Mundo que o futebol nos volta a oferecer à maneira de Saltillo. Outro carnaval sujo, como infelizmente há memória.
Acontecia nos anos 50 do século passado, precisamente em Ovar, onde tudo era permitido entre os dois toques dados pela sirene dos bombeiros. Como hoje, em pleno século XXI, tudo pode acontecer entre as quatro linhas e os dois toques com que o árbitro inicia e finaliza uma partida de futebol. 
Entre esses dois apitos, o Carnaval de Ovar transformava a cidade num campo de batalha; no carnaval do VAR é ainda pior, pois o campo de batalha e a chafurdice continuam, mesmo depois de o árbitro acabar com a festa.
O Carnaval de Ovar e o do VAR têm tudo a ver um com o outro, menos na forma como evoluíram ao longo do tempo. Os de Ovar não se reviam nesta festa e o "Carnaval sujo" terminou; os do VAR, não contentes com o espectáculo, duplicam a receita.
Só que uma coisa é um corso carnavalesco com cabeçudos e gigantones a desfilar nos bairros de uma cidade, outra é uma vergonha que nos empobrece a todos no horário nobre da TV."

Árbitros do TAD

"De acordo com o Artigo 20.º da Lei da TAD, este Tribunal é integrado, no máximo, por 40 árbitros, constantes de uma lista de juristas de reconhecida idoneidade e competência e personalidades de comprovada qualificação científica, profissional ou técnica na área do desporto, a qual é aprovada pelo Conselho de Arbitragem Desportiva (CAD). Para o estabelecimento desta lista devem ser apresentadas ao CAD propostas de árbitros por parte de algumas entidades elencadas no artigo 21.º. Pelo menos metade dos árbitros designados devem ser licenciados em Direito, sendo que a outra metade pode até apenas ter a escolaridade obrigatória.
Os árbitros são designados por um período de quatro anos, renovável.
Ora, tendo o TAD entrado em funcionamento em 01.10.2015, iremos brevemente assistir a uma renovação da lista de árbitros (podendo dar-se o caso da sua manutenção), sendo certo que já houve renúncia de alguns árbitros e a entrada de outros, no decorrer do quadriénio.
Nesse sentido, o CAD aprovou duas deliberações (01/CAD/2018 e 01/CAD/2019, publicadas no site do TAD), a primeira referente ao procedimento para o estabelecimento da lista para o quadriénio 2019-2013 e a segunda referente aos critérios de selecção de árbitros. De acordo com a deliberação de 2019, a experiência decorrente da avaliação de 2015 demonstrou que se devem introduzir algumas alterações, tendo sido, por exemplo, introduzindo um novo factor de ponderação na entrevista, o da capacidade de análise, e eliminado a factor autónomo da experiência profissional para os candidatos licenciados em Direito - e que se passa a incluir na apreciação global dos seus CV - a qual se mantém apenas para os não-juristas"

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Daqui a 10 anos o vídeo-árbitro não cometerá erros

"Na primeira quarta-feira de Fevereiro o Benfica recebe em sua casa o Sporting no jogo da primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal. Um dérbi é sempre um dérbi e sobre esse assunto está tudo dito. A Federação Portuguesa de Futebol, entretanto, já fez saber que os quatro jogos das meias-finais da Taça de Portugal vão ter o contributo do vídeo-árbitro, o que não deixa de ser uma notícia sensacional para quem acompanhou criteriosamente as nomeações do vídeo-árbitro nas meias-finais da Taça da Liga. Acontece que os quatro semifinalistas da Taça de Portugal são exactamente os mesmos quatro semifinalistas da Taça da Liga, embora emparelhados de forma diferente. Aceitam-se apostas, portanto, sobre quem tombarão aos magotes as naturais "dores de crescimento" do VAR nestes iminentes desafios da maior importância do nosso calendário oficial de provas. Benfica ou Sporting? FC Porto ou Sporting de Braga? Onde é que vai doer é o que se vai ver. As casas vão esgotar, isso é certo.
O golo de Pizzi foi uma beleza. Um hino ao futebol "association", ao futebol colectivo que se afirma em desenhos geométricos e no esplendor das suas linhas de fuga. Mas não valeu. Que chatice. Eu, como sou do Benfica e vivo dez anos à frente, posso dizer-vos umas coisas sobre o funcionamento do VAR em 2029. Ficam já a saber que o recurso ao vídeo-árbitro melhorou imenso nesta década que vos levo de avanço. E, por incrível que pareça, melhorou ao ponto de ter deixado de haver erros de arbitragem, quer nas competições nacionais quer nas competições internacionais. O pioneirismo nacional nesta matéria continua a dar cartas por esse mundo fora e agora, se já ninguém se queixa dos árbitros e dos vídeo-árbitros, ao futebol português o devem, fiquem também a saber. A solução nasceu por mero acaso quando ainda antes do pontapé de saída de um desafio importante se registou uma falha técnica nos equipamentos de vídeo na Cidade do Futebol e a imagem nos ecrãs acessíveis ao vídeo-árbitro de serviço surgiu descolorida, turva, "indiferenciada", como clamaram depois os licenciados na matéria, de modo que ao VAR se tormou impossível distinguir com propriedade a identidade das equipas contendoras. Embora fossem 100% nítidas as evoluções dos dois onzes e suficientemente definidos os contornos dos jogadores e as linhas no relvado, nenhum vídeo-árbitro honesto até ao tutano poderia afirmar concerteza qual era o nome das equipas em ação. Foi um milagres. Com imagens "indiferenciadas", sem cores nem emblemas à vista desarmada, o vídeo-árbitro não cometeu um único erro de apreciação e saiu em triunfo. A patente desta invenção - nascida de uma falha técnica, nunca é demais repetir - foi imediatamente registada pela Liga de Clubes e depois comercializada para todo o Mundo civilizado. Os primeiros a comprar foram os chineses, naturalmente."