sábado, 26 de janeiro de 2019

Vitórias sem espinhas !!!

Sp. Espinho 0 - 3 Benfica
12-25, 18-25, 27-29

Théo(20), Rapha(12), Winters(9), Wollfi(8), Violas(2), Zelão(1), Flip, Honoré, Lopes, Pinheiro, Martins; Casas

É sempre bom ganhar a 'estes'!!! O mau perder, combinado com a forma como são sempre 'empurrados' para cima e como mesmo assim estão sempre a protestar e a provocar, torna a vitória ainda mais saborosa!!!

Vitória em Coimbra..

São João 0 - 8 Benfica

Vitória e passagem natural aos Oitavos-de-final da Taça de Portugal...

Muito mau...

Corruptos 96 - 78 Benfica
34-19, 22-20, 31-19, 9-20

A vitória difícil a semana passada na Luz, contra o Guimarães, já tinha deixado o aviso! A equipa estava a 'baixar' de forma, e hoje confirmou-se! Não foi só uma tarde má... Estamos a defender mal, e alguns jogadores, estão completamente 'fora'!!!
As notas positivas, são difíceis de arranjar: o Barroso confirma que está finalmente a jogar o que sabe...; o regresso do Fonseca, que foi muito importante nas primeiras jornadas, mas esteve ausente muito tempo!
Este tem sido outro problema desta época: ainda não tivemos todos os jogadores disponíveis esta época em simultâneo!!! Agora é o Suarez que está lesionado...!!!

No meio do mau jogo, mesmo assim, foi visível a 'encomenda' com que os apitadeiros estavam encarregues! Uma nota ainda para o forma inacreditável como o Soares não foi penalizado, após as provocações constantes que efectuou... talvez, nos próximos jogos, lhe saia o tiro pela culatra!!!

As contradições que não interessam para alguns !!!

"Um certo jornalista estrangeiro discutia com um chefe de redacção português o tema Rui Pinto. O chefe de redacção português insistia que Rui Pinto era uma espécie de whistle blower do futebol europeu e que não poderia de maneira nenhuma ser deixado para trás, sem protecção. O jornalista estrangeiro perguntou-lhe então se ele achava bem que informação privada de clubes fosse tornada pública e se isso não seria considerado concorrência desleal. O chefe de redacção defendia que não havia concorrência desleal, porque concorrência desleal já existia antes através de todos os actos ilícitos praticados por certos clubes. O jornalista perguntou-lhe que actos ilícitos seriam esses, já que por toda a Europa o que foi tornado público não metia em causa o jogo dentro das quatro linhas. O chefe de redacção engasgado tentou justificar esta ideia e falou-lhe do trabalho fantástico de Francisco J Marques que trouxe credibilidade ao futebol português. O jornalista não sabia quem era Francisco, e perguntou-lhe. O chefe de redacção explicou, que Francisco e a sua estrutura foram cruciais no apuramento da verdade e contribuíram para a credibilização do futebol português.
O problema é que o jornalista, italiano, habituado a investigar escândalos conhecia bem o passado do futebol português. Um passado não muito longínquo que não encaixava nesta linha de pensamento do chefe de redacção. Admirado perguntou-lhe então, qual teria sido o clube que foi condenado por corrupção, sancionado com subtracção de 6 pontos e que viu o seu presidente suspenso por 2 anos, e mesmo assim aceitou o castigo e não recorreu?
O chefe de redacção não respondeu, mas ele sabia a resposta. Um whistle blower jamais será alguém ligado a uma estrutura com um passado obscuro. Um whistle blower é independente, não assume esse papel para proveito próprio ou de terceiros."

Chupar limões

"O treinador português, diz-se por aí à boca cheia, é dos melhores do mundo. A afirmação, já de si bizarra ao relacionar a competência de alguém para ser bem sucedido em determinada área com a contingência de ter nascido em determinado território, é de um chauvinismo impressionante. De tão acostumados que estamos a ouvir falar elogiosamente dos portugueses sempre que algum compatriota se notabiliza no estrangeiro a descascar uma noz, nem prestamos a devida atenção a este tipo de coisas. A verdade, porém, é que se tornou normal falar do treinador português como se fosse muito especial. E o que o torna especial, de acordo com os chauvinistas dos nossos tempos, é a sua competência estratégica. Por quaisquer razões insondáveis, só ao treinador português foi concedido o dom de saber preparar estrategicamente uma partida de futebol. Um treinador que tenha tido o azar astral de ter nascido em Badajoz pode pois queixar-se de má sorte; nunca na vida conseguirá perceber que pode ferir um adversário que se desequilibra quando ataca defendendo em bloco baixo e atacando em transição. O treinador estrangeiro é, para todos aqueles a quem a afirmação inicial comove e arrepia, pouco mais que um idiota. Se, em vez de treinador de futebol, tivesse sido pugilista, não saberia que uma boa altura para atacar é quando o adversário baixa a guarda. E, se tivesse sido calceteiro, não saberia que com uma pedra da calçada numa mão e um martelo na outra está pronto a calcetar. Sejamos frontais: o melhor que o treinador estrangeiro consegue fazer é babar-se.
O parágrafo anterior é injusto tanto para o treinador português como para o treinador estrangeiro. Assim como o último não tem culpa de ter nascido tantã, o primeiro não tem culpa de ser tão amado pelos deuses. Alguma coisa deve haver, contudo, que assim o faça tão apetecido, até porque além dos deuses há toda uma classe de comentadores, analistas e palermas em geral que lhe procura as partes com a língua de fora e os joelhos esfolados. Do Jorge da Cândida ao Hernâni dos números, o deboche é generalizado. Uma substituição banal de um extremo por outro, cujo fito seja apenas refrescar o corredor, não é menos decisiva para esta gente do que a descoberta da penicilina. O treinador português não faz nada ao acaso; todas as suas acções fazem parte de um grande plano que levou meses a elaborar e tornam visível a sua sabedoria estratégica. Mesmo que tenham ideias de jogo completamente diferentes, todos os treinadores portugueses são magníficos estrategas. Na verdade, pouco interessa que tenham ideias bem definidas acerca do que é jogar futebol; o importante é que tenham ideias estratégicas para cada jogo. Em Inglaterra, as melhores equipas da actualidade têm todas uma ideia de jogo clara. No Manchester City de Guardiola, no Liverpool de Klopp, no Tottenham de Pochettino e no Chelsea de Sarri, o futebol é de autor: em todas estas equipas é possível fazer coincidir o modo de jogar com as ideias, as convicções e a personalidade do seu treinador. Há malucos que defendem que é precisamente por isso que são as melhores equipas da actualidade em Inglaterra. Para aqueles a quem nada desvaira como o aroma suave de uma virilha lusitana e o creme viscoso que nela se aloja, não há nada melhor, no entanto, do que um treinador que adapte semanalmente a sua equipa dando atenção exclusiva ao adversário particular que tiver intenção de derrotar. Só de pensar nisso, o quanto não se lamberão os grandes construtores de equipas campeãs, o Bonacheirão das Dialéticas, o Kaká de Gondomar, o Lunetas... E, quando um treinador assim não consegue ter sucesso contra equipas de valia idêntica, como foi o caso de José Mourinho nos últimos anos em Inglaterra, logo todos eles saem à rua, agitando com subserviência o ramo de palmeira para refrescar as faces ao amo rubicundo, a dizer que os rivais tinham melhores orçamentos, que o dono do clube não lhe deu o que pretendia ou que o plantel era fraco e os jogadores indisciplinados. Da qualidade do futebol apresentado não dizem nada, porque para isso precisavam de ter a boca desocupada.
Abel Ferreira diz que não gosta de falar de arbitragens, mas perdeu um jogo e logo subiu ao altar da sua moralidadezinha para gritar contra tudo e contra todos. Os seus olhos faiscavam, e proporcionou um espectáculo memorável. Savonarola não faria melhor. E, tal como o iracundo pregador florentino, também Abel apela a uma reforma. A acusação é tão original que não me parece que estivéssemos preparados para ela. É a seguinte: o que vai mal, segundo o treinador do Braga, é a arbitragem. A arbitragem não é séria, o futebol não é credível e as pessoas mais tarde ou mais cedo fartar-se-ão de ir aos estádios. O raciocínio não é mau, se acharmos que ir ao futebol é como ir ao casino. Mas as pessoas, quando vão ao futebol, não vão apenas ver se calhou vermelho ou preto. Para isso, apareciam apenas no período de descontos, para festejar a vitória ou para chorar a derrota, ou ficavam os 90 minutos especados a olhar para o placard electrónico do estádio. A afirmação seguinte é capaz de ser uma surpresa para muita gente, mas durante os 90 minutos as pessoas querem ver futebol. E sobre o futebol que a sua equipa pratica, que pouco ou nada fica a dever à banalíssima generalidade das outras equipas em Portugal, Abel não diz muita coisa. Confessa-se orgulhoso, pelo que considerará que o Braga joga bem. É pena que não jogue. Aquilo que o Braga faz em campo é tão original como as desculpas de que o treinador dos minhotos se serve para justificar o fracasso. Sérgio Conceição tem uma personalidade vincada e um estilo contundente, consegue passar a mensagem aos seus atletas e comprometê-los com a missão colectiva, e é sistematicamente frontal. Mas também acha que quem quiser ver um espectáculo fará melhor em ir ao teatro. E também acredita que, quando o adversário preenche o espaço central, a sua equipa deve circular por fora. A primeira ideia sugeriu-a há uns meses; a segunda proferiu-a há poucos dias, mais ou menos por estas palavras. É um pensamento estratégico típico, mas é também um sintoma de cobardia táctica e de preguiça mental. Achar que muitos jogadores adversários no centro do terreno obrigam a equipa em posse a circular por fora do bloco defensivo adversário é como achar que o caminho marítimo para a Índia é demasiado perigoso e mais vale ir por terra. O futebol do Porto é pobre, e só em Portugal é que tanta pobreza poderia traduzir-se em títulos. Rui Vitória gostava muito de falar de honradez, só se exaltava quando lhe punham em causa os valores de pai de família, e não se sentia desconfortável com a fraquíssima qualidade colectiva da equipa que orientava. Falava jogo a jogo, e geralmente quando ganhava era porque tinha estudado bem o adversário e porque os jogadores tinham executado na perfeição a estratégia montada pela equipa técnica para aquele jogo em particular. Foram três anos e meio de agonia prolongada, e só as conquistas fortuitas e as vergonhas históricas ficarão para a posteridade. De José Peseiro talvez baste dizer que achava que Acuña podia ser médio-centro. São estes, ou foram estes, num passado recente, os treinadores portugueses das principais equipas portuguesas. O que lhes é comum é a obsessão com o próximo jogo e a crença de que o treinador pode interferir em tudo o que se passa dentro das quatro linhas. Todos eles estão convencidos de que os jogadores são marionetas, e de que o treinador é um marionetista de muitas mãos puxando de longe os cordelinhos com habilidade suprema; todos eles estão convencidos de que aquilo que as equipas fazem em campo é pôr em prática as intenções do seu treinador, e de que uma equipa está mais perto do sucesso quanto mais próximos dos comportamentos imaginados pelo treinador no banco forem os comportamentos dos jogadores no terreno de jogo; e todos eles estão convencidos de que um treinador é sobretudo um estratega a quem não compete senão enganar o estratega adversário. De Bruno Lage talvez ainda seja cedo para falar, mas quer o discurso quer o que tem apresentado em campo parecem indiciar mais do mesmo.
Em termos gerais, o treinador português é medíocre. Mas não o é por comparação com o treinador estrangeiro. Guardiola é espanhol, Klopp é alemão, Pochettino é argentino, Sarri é italiano. Não é uma questão de nacionalidade. Há bons treinadores, há treinadores razoáveis e há maus treinadores. E, regra geral, os bons são uma minoria. Em Portugal não é diferente. Estrategas todos são, qualquer que seja a nacionalidade e desde o mais fraco ao mais forte. É aliás fácil sê-lo. Qual é o treinador que, sabendo por exemplo que o lateral esquerdo adversário é lento, não pense que pode explorar essa fragilidade colocando aí o seu extremo mais rápido? Há decerto chimpanzés capazes de chegar a essa conclusão. Mas que impacto é que essa estratégia terá se a equipa não souber fazer lá chegar a bola em condições? E que consequências terá essa estratégia no resto da arrumação da equipa? O que distingue os bons treinadores dos outros não são as ideias estratégicas, que mudam semanalmente, consoante o adversário que tiverem pela frente; são as ideias próprias, que não mudam como um cata-vento nem se arrumam na gaveta quando as dificuldades aumentam, e é também a forma como essas ideias são operacionalizadas e se reflectem em campo semana após semana, nos comportamentos regulares dos jogadores.
O treinador português em geral é muitíssimo admirado, por exemplo, naqueles lugares infectos onde até a mais solicitada das meretrizes pode contrair doenças que não tinha, e onde actualmente o cérebro só predomina sobre o físico na porta de entrada. O que, aliás, não é de admirar: há doenças venéreas que degeneram em meningites. Até meados do século XVIII, os marinheiros que ficavam muito tempo no mar geralmente adoeciam: começavam por sangrar das gengivas, depois caíam-lhes os dentes, apareciam chagas, febre, icterícia e perdiam o controlo dos membros. O escorbuto vitimava muita gente porque a dieta a bordo de um navio era pobre em vitamina C. A causa da doença foi descoberta quando, em 1747, um cirurgião escocês chamado James Lind decidiu dividir em vários grupos os marinheiros afectados pela doença a bordo do HMS Salisbury, e instruiu um dos grupos para ingerir citrinos. A consequência notável da descoberta de James Lind, que surpreendentemente não era português, é que para evitar o escorbuto basta chupar limões. A receita é ainda hoje seguida por inúmeros portugueses, que se automedicam chupando todos os limões que puderem. Como mais vale prevenir do que remediar, quase todos os que em Portugal se dedicam ao comentário futebolístico procuram tratar preventivamente o "mal de Angola" (era assim que os marinheiros portugueses nos séculos XV e XVI chamavam ao escorbuto) chupando muitos limões. E é por haver tanta gente a chupar limões, e não por qualquer razão intrínseca, que o treinador português hoje em dia goza de tão boa reputação na opinião pública. Sempre que o leitor ouvir entoar loas a um treinador português, ou ler num jornal, num blogue ou numa rede social qualquer um comentário lisonjeiro, desconfie. É bem possível que o único motivo para tal seja a nacionalidade portuguesa do treinador e que o louvaminheiro de serviço não esteja senão a chupar deliciado um limãozinho. É que isto é gente que receia em demasia o mal da Angola. Já viu o leitor o que era se esta gente começasse um dia a sangrar das gengivas e não tivesse a ampará-la qualquer amiguinho? Mal por mal, mais vale encher a boca de aftas a chupar limões."

"Agentes e praticantes beneficiam, obrigatoriamente, de um contrato de seguro desportivo"

"Com a presente crónica, pretendemos a dar a conhecer ao grande público a imposição legal da contratação de seguro desportivo que assenta na necessidade de garantir que os praticantes desportivos e outros agentes por ele abrangidos disporão de recursos financeiros para custear as despesas em que os mesmos incorrem com tratamentos ocasionados por lesões decorrentes do desporto. Por outro lado, existe igualmente a necessidade de assegurar-lhes o pagamento de um valor em caso de óbito ou invalidez permanente. Trata-se de um seguro que visa acautelar a responsabilidade objectiva inerente à actividade desportiva.
Com efeito, a Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, Lei nº 5/2007, de 16 de Janeiro, prevê no seu artigo 42º a instituição de um sistema de seguros, nomeadamente um seguro obrigatório para todos os agentes desportivos, um seguro para instalações desportivas e um seguro para manifestações desportivas.
Também o artigo 43º do mesmo diploma, referindo-se às obrigações das entidades prestadoras de serviços desportivos, estabelece a existência obrigatória de seguros relativos a acidentes ou doenças decorrentes da prática desportiva.
O desporto, por definição, é uma actividade predominantemente física, exercitada com carácter competitivo. Cobrir os riscos, através da instituição do seguro obrigatório, é uma necessidade absoluta para a segurança dos praticantes.
Actualmente, o Regime Jurídico do Seguro Desportivo Obrigatório, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 10/2009, de 12 de Janeiro dispõe que os agentes desportivos, os praticantes de actividades desportivas em infraestruturas desportivas abertas ao público e os participantes em provas ou manifestações desportivas devem, obrigatoriamente, beneficiar de um contrato de seguro desportivo. Apesar de tal obrigatoriedade, os nossos tribunais são muitas vezes chamados a dirimir conflitos decorrentes de falta de seguro, coberturas e capitais seguros, interpretações de cláusulas dos contratos, quantificação de danos ou incapacidades, etc.
A responsabilidade pela celebração do contrato de seguro desportivo referido no número anterior cabe às federações desportivas, às entidades que explorem infraestruturas desportivas abertas ao público e às entidades que organizem provas ou manifestações desportivas.
As entidades que incumpram a obrigação de celebrar e manter vigentes os contratos de seguro desportivo - para além de contraordenação - respondem, em caso de acidente decorrente da actividade desportiva, nos mesmos termos em que responderia o segurador, caso o seguro tivesse sido contratado.
Com os seguros obrigatórios atende-se a uma necessidade social fundamental: a de assegurar que o beneficiário chegue, efectivamente, a usufruir da cobertura. É certo que um sistema de seguros não evita o risco, nomeadamente, os riscos sobre a integridade física dos praticantes, os riscos sobre a integridade física dos espectadores ou terceiros, os riscos a que estão expostos os recursos humanos afectos ao evento desportivo e, bem assim, os riscos inerentes à deslocação para o local onde se realiza o evento desportivo, mas previne o perigo de as vítimas não obterem o ressarcimento em caso de sinistro."

Pirataria informática, Hannibal Lecter e proteínas

"Justificar ou desculpar crimes em função de interesses ditos superiores tem muito que se lhe diga. 

Comecemos este texto com aquela expressão que os juristas usam amiúde, quando vão discordar de alguém, sobretudo se o fazem com dureza: salvo o devido respeito. Ora, salvo o devido respeito, tenho assistido com um misto de asco e de riso (mas amargo) a uma certa discussão que vai por esse mundo fora sobre a suposta bondade de certos atos criminosos de pirataria informática. Vários crimes graves, afinal, ao que parece, não só não o seriam, como fariam até o autor ou autores arriscarem a beatificação social, porque com eles o que fizeram mais não foi do que denunciar o mal e contribuir para a transparência. E pronto, já está, não é preciso aprofundar, nem discutir mais, nem pensar. Narrativa feita, narrativa difundida, narrativa arrematada. Para quando a santidade?
Ora, isto é – salvo o devido respeito, claro – superficial, distorcido e até um pouco estúpido, sendo também, e sobretudo, muito perigoso. Mas soa bem, e vende ainda melhor, combinação perfeita para fazer vingar narrativas. Aos autores dos crimes e aos seus familiares, não posso levar a mal a teoria, claro, por razões compreensíveis, e aos seus advogados também não, porque fazem o seu dever, embora possa ter as minhas opiniões (intelectuais, digamos) sobre a linha de defesa. Mas a todos os outros já levo um bocadinho a mal – apenas intelectualmente, claro, e salvo sempre o devido respeito – a superficialidade e et cetera da análise nestes termos.
Isto de justificar ou desculpar crimes em função de interesses ditos superiores tem muito que se lhe diga, e vem nos livros, logo aliás nos mais simples sobre a chamada teoria do crime (aqueles que qualquer um deveria ler ou reler, antes de se abalançar a doutrinar a população). Não é assim de qualquer maneira, para qualquer coisa, e com duas pinceladas e já está. Trata-se, em primeiro lugar, de situações excecionais, e extremas. Em segundo, os interesses têm que ser mesmo superiores, em si mesmos, e aos que se colocam em causa com os crimes praticados. Depois, terceiro, tem que haver mesmo necessidade, estrita adequação e ponderada proporcionalidade. Quarto, cumpre encontrar boa-fé na coisa, já agora. E, quinto, sexto, e por aí fora, mais umas coisinhas de nada, mas importantes para se poder dizer que algo que é crime deixa de o ser ou que, sendo-o, não merece censura. Mas pronto, já são complicações, admito, rodriguinhos, miudezas, manias de jurista meticuloso. É muito mais simples e bonita a teoria acrítica da transparência e bem mais sedutor o mito do bom rapaz. Não é? Quem não gosta, com uma pitada de voyeurismo, e laivos de folhetim?
Mesmo que para aceitar a narrativa tenha que esquecer que, se calhar, os interesses não são assim tão superiores, que a conduta não é necessária, e que vai muito para lá da adequação. E esquecendo, além do mais, que se vende informação, ou se pede dinheiro por ela. Boa-fé, claro, princípios abnegados, mas já agora um dinheirito não caía mal. E espalhar revelações que não se relacionam com nenhuma denúncia relevante também fica bem, e ninguém se importa, são só mais uns pozinhos, e tudo se beatifica com a estúpida (mas vendável a metro e barata) teoria do bom selvagem que salva a humanidade da opacidade e do obscurantismo. E por aí adiante. Pouco importa, são detalhes, coisas de jurista. Não querem pensar nisso, pois não?
E no perigo da teoria, querem pensar? É que ela mais não é do que uma versão ligeira da estafada, mas rendível, ideia de que fins aparentemente bons justificam os meios, quaisquer meios mesmo. Há transparência a conseguir, e as autoridades e os meios legais não vão lá ou não vão lá como se quereria? Então pronto, pirataria informática, e já está. E quem diz pirataria informática, diz escutas telefónicas, buscas domiciliárias, revistas, exames, e por aí adiante. Bem visto, bela ideia, vamos entregar isso a bons rapazes que por aí andem disponíveis para se entreter com estas coisas. Não? Mas porquê? O princípio não é o mesmo? Os fins não são bons? Não vale tudo?
E umas milícias privadas para fazer justiça nas ruas também ia bem, não acham? A justiça é o que é, já se sabe, lenta e injusta, tanta malandragem que por aí anda à solta, não seria melhor limpar as ruas? Parece que sim, vamos nisso. Há de haver algum cultor da transparência e dos bons modos sociais disponível, mesmo que tenha que ser remunerado – de boa vontade ou mediante extorsão, não importa, o que interessa são as altas finalidades e os benignos propósitos. E uma torturazinha aqui e ali, para arrancar confissões aos criminosos, esses impenitentes cheios de garantias nos processos, que duram e duram e às vezes acabam em nada? Também não seria mal visto, e convido os cultores destas teorias a elaborarem sobre o tema. E, finalmente, se gostarem mesmo de coisas radicais, poderiam emprestar uns pozinhos desta doutrina a Hannibal Lecter, o qual, afinal, era um bom e bem-intencionado homem, que verdadeiramente só queria erradicar os maus da Terra. E, já agora, supremo gesto louvável, comê-los, para não desperdiçar proteínas."

Ajudando o Abel…

"Abel pediu ajuda para credibilizar o futebol... Presumindo, se calhar ingenuamente, que era a sério aqui vai a minha contribuição. Comecemos por alguns pressupostos básicos:

1. Os erros de arbitragem são inevitáveis no futebol. O problema existe na distribuição desigual dos erros entre equipas, seja ela verdadeira ou imaginada.
2. Se os erros tiverem consequências diferentes para o árbitro consoante erre para um lado ou para outro isso condiciona os árbitros. Quanto maior a penalização maior o risco da decisão, promovendo uma distribuição desigual do erro.
3. É quase sempre impossível distinguir (ou de o fazer de forma não controversa) entre erros intencionais e não intencionais, da mesma forma que é impossível distinguir entre críticas que resultam da indignação com os erros de críticas que visam condicionar os árbitros para que errem mais contra os outros e a nosso favor. A violência das críticas pode ter menos a ver com o grau de indignação do que com a oportunidade de pressão.
Se aceitarmos estes pressupostos, que me parecem indiscutíveis, então compreendemos o que sustenta o círculo vicioso do futebol português: erros sustentam críticas e pressões que por sua vez produzem mais erros desiguais que incentivam a aumentar ainda a mais a pressão e as críticas...
Há duas conclusões:
1) as críticas, e sua associação a diferentes consequências para os árbitros, não reduzem os erros, antes tendem a os aumentar e, sobretudo, alteram a sua distribuição (favorecendo quem for capaz de impor consequências mais negativas);
2) não se podem proibir as críticas - e a pressão que lhes está associada - se não existirem processos e instituições credíveis, aceites por todos como garantindo uma distribuição igual dos erros. Mais do que procurar eliminar o erro a prioridade deve estar em eliminar o que promove a suspeita de uma distribuição desigual dos erros. Eis o que é fundamental para quebrar este círculo vicioso:
- Os membros dos órgãos de arbitragem e disciplina devem ter um mandato não renovável e não devem poder ter qualquer relação profissional anterior ou posterior com clubes (isso não quer dizer que não tenham preferências clubísticas), devendo ser financeiramente compensados por esta restrição pós-mandato.
- Devem ser obrigados a uma declaração de património e registo de interesses, estando obrigados a explicar qualquer divergência durante e no final do seu mandato, sendo tal fiscalizado por um entidade independente.
- O relatório de avaliação anual dos árbitros deveria ser público e incluir uma componente de coerência na aplicação dos critérios (o que seria fácil através das imagens gravadas pelo VAR ao longo da temporada).
- Qualquer agente ou dirigente de um clube seria proibido de contactar, directa ou por interposta pessoa, qualquer árbitro ou membro dos órgãos de arbitragem e disciplina, sendo obrigação destes denunciar um tal contacto. E a proibição de comentar as arbitragens deveria ser imposta a todos os agentes do jogo e ter sanções sérias.
Pedir para credibilizar o jogo sem estar disponível para estas reformas será apenas usar o argumento da credibilização para reforçar a pressão sobre os árbitros e, logo, reduzir essa credibilidade..."

“Daqui VAR, acho que é penálti”

"Arbitrar não é só andar a correr de um lado para o outro com um apito na boca. É mascar pastilha elástica num monociclo em cima do arame a fazer malabarismos.

As coisas estavam preparadas para correr mal. Os sub-23 do Belenenses convocados para um exercício prático de demonstração do videoárbitro aos jornalistas estavam instruídos para fazer todos os disparates possíveis em campo. Assim como Artur Soares Dias estava mais que instruído para ver mãos na bola a três metros de altura ou julgar como penálti quedas bem fora da área que nem sempre eram falta.
E no controlo das imagens estavam os pobres jornalistas, de auscultadores nos ouvidos, olhos nos monitores e prontos para carregar no botão verde quando acontecesse alguma coisa. E depois, mais ou menos assim, esta conversa aconteceu: “Artur, daqui VAR, acho que é penálti. Mas espera, acho que foi fora da área, só que entretanto estava fora-de-jogo, e houve uma falta do outro lado. Estamos a rever as imagens. Já agora, mostraste algum cartão?” Cinco minutos depois, afinal estava em jogo, era penálti, não havia falta no outro lance e não se justificava vermelho.
Agora é imaginar que isto não era uma simulação para efeitos pedagógicos, mas uma situação de jogo real em que se tinha de avaliar à distância e aconselhar um árbitro na sua decisão, entre protestos de jogadores, treinadores e milhares de adeptos aos gritos. Nestas condições, “acho” é a palavra proibida. “Certeza” é a palavra certa. E é muito mais do que estar a olhar sentado para um monitor, com o dedo no botão, à espera que aconteça alguma coisa — assim como arbitrar não é só andar a correr de um lado para o outro com um apito na boca. É fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mascar pastilha elástica num monociclo em cima do arame a fazer malabarismos. E depressa, senão o público chateia-se.
É essa a impressão que se tem depois de algumas horas na Cidade do Futebol num “workshop” para jornalistas sobre o funcionamento do VAR, que já vai na sua segunda época de aplicação no futebol português. Com o acompanhamento de vários árbitros da primeira categoria e elementos do Conselho de Arbitragem, incluindo o presidente João Fontelas Gomes, os jornalistas sentiram as penas dos VAR e dos AVAR (assistentes de VAR), que têm de combinar, em permanência, os seus sentidos e as leis do jogo durante 90 minutos, mais a compensação.
Há muita gente que fala e escreve sobre arbitragem sem saber qual é o protocolo do VAR, e sem saber as Leis do Jogo ou como as aplicar — houve um teste teórico às Leis do Jogo e outro a julgar vídeos de várias situações de jogo, nem todos com repetição, e, lamento dizer, nenhum de nós acertou em todas. Mas, como qualquer árbitro dirá, há situações que podem ser avaliadas de forma diferente. Havendo VAR, um lance polémico no futebol pode ter várias interpretações — e terá mais na final da Taça da Liga deste sábado, com duas equipas de VAR a auxiliarem a equipa de arbitragem que estará no relvado do Municipal de Braga.
“O VAR vai tornar as coisas mais justas, mas não vai acabar com os problemas”, dizia há pouco menos de dois anos David Elleray, director-técnico do International Board. “E não vai acabar com as reclamações”, acrescentava este antigo árbitro britânico. Na sua segunda época de aplicação em Portugal, o VAR não acabou nem com uma coisa nem com a outra. Não acabou com os erros dos árbitros - continuam a acontecer e alguns são graves e com consequências sérias. E também não acabou com indignações e amnésias selectivas, que sempre foram e sempre serão o protocolo da relação de um adepto com a arbitragem. É só perguntar agora a um “hincha” argentino o que acha da “Mão de Deus” de Diego Maradona no México 86. A resposta será: foi vontade divina."

Benfiquismo (MLXXVI)

Grito de revolta ou de alegria ?!!!

Mãozinhas

"Mesmo na derrota a vítima de assalto, Bruno Lage esteve bem no final do encontro e falou do jogo

Carlos Xistra e Fábio Veríssimo estiveram intransponíveis. Nem o melhor City de Guardiola ou o melhor Liverpool de Klopp os venciam. Uma dupla muito forte que, conjuntamente com quem nomeia e o delegado da Liga, constitui uma quadrilha histórica. O funcionário Sérgio apareceu na sala de imprensa a dizer o que o canal do clube já tinha dito 15 minutos antes, mas diga-se que ninguém lhe sopra nada. O ar tristonho do funcionário justifica-se, pois, mesmo ganhando muito esta temporada, sabe que no fim os méritos serão sempre de Fontelas Gomes. A massa adepta do FC Porto é muito experiente nestas matérias e sabe bem quem tem os méritos. O funcionário do ano será sempre Fontelas Gomes e nunca o abnegado Sérgio.
Quando, em Dezembro, um daqueles comentadores portistas berrava com isenção na TVI que o Benfica já nada mandava, tínhamos voltado ao antigamente, ele sabia do que falava e porque exultava de alegria. A actuação do ex-árbitro e do ex-futuro árbitro, na passada terça-feira, não tinham importância alguma, não fossem uma peça do puzzle concertado e permanente de viciação dos resultados nas provas nacionais.
O primeiro golo é precedido de falta sobre Gabriel, o segundo é precedido de falta de Marega sobre Grimaldo, o golo do empate é válido e não há fora de jogo, pois a única dúvida do VARíssimo foi a correcção do golo limpo do Rafa. O árbitro viu mão, mas todos os adeptos viram mãozinhas na arbitragem. A actuação desta dupla maravilha deixa Donato Ramos, Calheiros, Paulo Costa, José Guímaro, Martins dos Santos e tantos outros protagonistas desse período glorioso da arbitragem nacional roídos de inveja e revolver o baú das memórias para encontrarem feitos parecidos.
O Benfica venceu em Guimarães, na passada sexta feira, um jogo em que podia não ter vencido, com uma arbitragem complexada, mas que por milagre não decidiu o resultado.
Voltando ao jogo que sem erros de arbitragem tínhamos ganho de forma clara, sentimos um Benfica em crescimento, com margem para melhorar. Excelente, porque não era fácil, esteve Bruno Lage na análise ao jogo e às suas incidências quer na flash quer na conferência de Imprensa. Categoria de quem tem categoria, mesmo na derrota e quando foi vítima de assalto falou do jogo, do futuro, do que com qualidade e trabalho quer e vai vencer com a bandeira do Benfica.
O jogo foi a cereja no topo do bolo na carreira de Carlos Xistra, que o deve arredar de qualquer função arbitral num mundo onde habite alguém para lá do Ray Charles."

Sílvio Cervan, in A Bola

Manobras de diversão...

"Com o devido respeito, é mais importante continuar a falar, publicamente, do indecoroso comportamento de alguns árbitros em benefício do F.C. Porto, do que mudar de faixa e arguir, exclusivamente, a defesa do benfiquista Valdemar Duarte. Na esparrela da comunicação portista, só cai quem quer, tem medo, ou tem conta corrente para saldar. Os comentários são excessivos em alguns pontos, naqueles em que o Valdemar se descontrola emocionalmente perante a acumulada indignação. Mas os fundamentos estão lá. Todos o sabemos...
Que o dirigente Luís Gonçalves tem um comportamento imprestável, em concorrência com o do treinador Sérgio Conceição, são factos públicos e notórios. Acontece na última época e meia.
Os jogadores do FC Porto beneficiam de um estatuto especial, ou um aditamento ao estatuto dos jogadores da FIFA, que lhes permite fundir o "football" com "beatball", é uma triste constatação que envergonha o desporto e o fair play. Personagens como Pepe (que ia arrancando a cabeça a um jogador na Liga espanhola e as pernas a um jogador do Leixões na taça de Portugal), Jorge Costa, Fernando Couto, Secretário, Paulinho Santos, André, só para referir os mais activos, foram desprezíveis, do ponto de vista disciplinar, quando jogaram pelo F.C. Porto.
A possibilidade de jogarem assim, permitida pelos árbitros portugueses e pela FPF/Liga, conferia-lhes um benefício indevido, delitual. Isto foi ou é tão perceptível quanto o seu bafo em cima dos árbitros, que ameaçavam dentro de campo, com insultos decifráveis à mistura. Verbais e gestuais. 
Esses tempos parecem estar de volta, com um nível de impunidade alarmante. Isso é fundamento de toda a denúncia. Numa meia final de uma competição nacional os portistas desrespeitaram a equipa adversária, a competição, os árbitros, os patrocinadores, os espectadores, com a chegada intencionalmente tardia. Ou seja, comportaram-se como uma corja. Deste acto ainda nada se ouviu noticiar, nomeadamente para efeitos disciplinares. O que não se pode deixar de dizer é que o F.C. Porto voltou a ser beneficiado por uma arbitragem manipuladora da realidade, em lances decisivos. Assunção até partilhada por sportinguistas livres de espírito. Que a máquina de propaganda portista quer esconder tudo isto atrás do caso "Valdemar Duarte" é a explicação imediata de quase todo o episódio.
Subliminarmente, os portistas indecentes (porque os há decentes) querem reduzir o impacto da Benfica TV, impedir a transmissão de jogos, condicionar o seu efeito positivo e gerador de receitas da marca Benfica. Em sonhos querem de volta o tempo do exclusivo Sport TV na transmissão de jogos de futebol. Querem os seus "boys" a distribuir essas receitas, com o seu critério.
Que a cartilha portista pretende que não se fale de correspondência roubada e retransmitida, truncada, no seu canal, falando de um episódio isolado na BTV, percebe-se à légua. Que a comandita quer que Valdemar Duarte seja arguido, igualando no estatuto os elementos da Administração da SAD azul e branca e o seu director de comunicação, não deixa qualquer margem para dúvidas.
Por tudo isto, caro Valdemar Duarte, benfiquista inteiro, tens direito ao teu período de reflexão, a uma possível retratação perante os adeptos de futebol bem formados, incluindo alguns portistas. Mas tens, sobretudo, o direito a ser ferreamente defendido perante o coro de manipuladores que te querem perseguir e prejudicar por teres dito algumas verdades, porventura com excesso de ênfase na exposição e défice de objectividade.
Entre nós, quando o motivo é este, será sempre "Um por todos e Todos por um"."

Por mares nunca antes navegados...!!!

"O clube que trata o SLB por "visitante" e não hasteia a sua bandeira quando o recebe no Dragão, cujos adeptos cantam semanalmente "filhos da puta SLB" e cujo director de comunicação chamou "corja" ao Benfica em directo no Porto Canal, estão ofendidinhos e indignadinhos porque um comentador da BTV os apelidou de... "corja". Com esta última polémica, Francisco J. Marques torou-se oficialmente no Infante D. Henrique do FC Porto, conduzindo os portistas por mares de hipocrisia nunca dantes navegados. Para ele, que no canal que o FC Porto usurpou à cidade Invicta, todas as terças feiras conduz um programa ofensivo ao Benfica tendo como som de fundo o "all you need is love", a palavra "corja" dita por um Benfiquista (ou profissional do Benfica, não sei) é incitação ao ódio, enquanto dita por si, motiva casais inter-clubísticos a noites de intenso amor carnal.
Num país que levasse o futebol a sério, esta e outras polémicas de cariz hipócrita trazidas a lume pelo director portista, receberiam de resposta um enfadado "'tá bem óh Chico". Mas em Portugal Francisco é rei. Entrevistas com jogadores ou treinadores são notas de rodapé jornalístico; atoardas do Ti Chico são manchete. Diariamente enchem-se jornais de "Francisco J. Marques arrasa_______ (preencher com o nome da vítima do rei do futebol português), porque Francisco J. Marques arrasa muito. Todos os dias J. Marques arrasa uns 10 ou 15. O homem arrasa mais do que uma frota da Caterpillar. Das minas de ouro do Alaska, todos os dias saem pedidos de preço para JCB Marques, tal a fama de arraso do terraplanador portista. Ainda ninguém comprou, porque a JCB manda preço + IVA e nos confins do gelo americano todos estão convencidos que um Marques vem com isenção de impostos. 
A indignação portista não é minimamente justificada. A mesma é até uma vil tentativa de usurpação de poderes. Quem tem que estar indignado com Valdemar Duarte são os Benfiquistas. Tal teor de comentários nunca pode ser aceite por quem gosta do Clube. Até porque podiamos estar aqui a falar daquela vez em que no Universo porto nos chamaram de "corja" e agora já não o podemos fazer."

Eliminados

"Que não reste qualquer dúvida: o Benfica bateu-se muito bem contra um adversário dificílimo na meia-final da Taça da Liga. Este adversário, exibindo-se ao nível que demonstrou na passada terça-feira, é praticamente intransponível. O modelo táctico parece estranho, mas o futebol resume-se à eficácia.
Com Xistra ao meio, apoiado, nas alas, por Nuno Pereira e Rui Teixeira, Rui Costa a jogar por fora e Fábio Veríssimo e André Campos na retaguarda, o nosso adversário, sob a orientação de Fontelas Gomes e o respaldo emocional e carreirista, embora, acredito, imaterial e estranhamente casto quanto aos prémios, pois já não estamos nos anos 90, de Pinto da Costa, condicionou a nossa equipa ao ponto de não ter transformado em golo um golo limpo.
A exibição do adversário, como digo, foi eficaz. A cheerleader Freitas Lobo aprovou. Fale-se em futebol, não em casos, foi o slogan. E como escrevo imediatamente ao desfecho da partida, só poderei tentar adivinhar, mas com elevada probabilidade de acerto, que a claque não oficial do nosso adversário, curiosamente chamada “Tribunal do Jogo” e sempre fervorosa no apoio a exibições destas, aprovará explícita ou implicitamente as, por certo, dificílimas intervenções técnicas e tácticas na partida. E para Pedro “foi uma festa” Proença, tudo estará bem, assim haja brilhantina.
Haverá alguma explicação plausível para Xistra ter visto e revisto o lance do golo de Rafa, cuja intervenção de Seferovic foi claramente legal, mas não ter pelo menos reavaliado a falta óbvia sobre Gabriel no primeiro golo portista? Ou até o eventual empurrão de Marega a Grimaldo no segundo? Sobre o golo anulado, nem peço explicação, ainda vou parar a um manicómio..."

João Tomaz, in O Benfica

O hacker

"No pretérito dia 16 de Janeiro, quando me preparava para participar em mais um programa de Contas Feitas, Dúvidas Desfeitas, acompanhado dos meus confrades Horácio Periquito e João Tomaz e sempre com o inestimável contributo de Luís Costa Branco, eis que é ventilada a notícia da detenção do hacker Rui Pinto pela polícia húngara!
Começou imediatamente o habitual 'circo mediático', com entrevistas, opiniões, certezas (apenas na cabeça de quem as dizia) e uma miríade de comentários, imagens, som e muita e muita publicidade!
Confrontado com esta detenção no início do programa, preferi adoptar uma posição ponderada e cautelosa, pois a detenção estava a ter um impacto muito para além da realidade, face à forma como a mesma era tratada.
Repare-se que nos dias que se seguiram, os títulos eram de 'Hacker dos e-mails do Benfica' para cima. Mas quand se espremia a notícia, não tinha nada que ver com isso!
Até mesmo quando se começou a navegar para o Football Leaks, os títulos continuaram sempre agarrados aos e-mails do Benfica. Pudera! Isso é que vende!
Vamos por partes!
No já comentado nestes meus artigos blogue Mercado de Benfica, além de gravações áudio, documentos e outras provas online do processo E-Toupeira, foi publicado material muito confidencial de uma conhecida sociedade de advogados. Entre esse material muito confidencial, estava o processo que ficou conhecido pelo processo do 'Espião do SIS'!
Desde contas bancárias de actuais juízes-desembargadores feitas pelo Gabinete de Recuperação de Activos da PJ, até documentos ultraconfidenciais de segredo de Estado, tudo lá foi publicado!
Tornava-se evidente que, após participação de tais factos à PGR, esta tivesse pressionado a investigação da PJ para proceder à detenção do indivíduo já conhecido e apresentado pela imprensa como sendo o autor da fuga dos e-mails, mesmo que no processo não existisse nada que ligasse o hacker aos e-mails.
A lógica era simples: a opinião pública precisava de perceber que a segurança semantinha a imperava, a sociedade teria um sinal de que alguém fora preso, e a apreensão do material informático permitira que se investigasse a posteriori a ligação do hacker ao roubo dos e-mails do Benfica.
Assim, o mandato de detenção europeu abrangia apenas factos relacionados com matéria do Football Leaks, e não matéria relacionada com os e-mails do Benfica.
É verdade que os documentos publicados relacionados com o Football Leaks aflingem tudo e todos, talvez muito mais o Benfica do que o FC Porto, mas essencialmente o universo Jorge Mendes.
No total foram relevados 70 milhões de documentos, número seis vezes superior ao da investigação dos Panama Papers.
Esta divulgação foi feita em conjunto com o consórcio EIC (European Investigative Collaborations), e daí que a imprensa teria todo o interesse em que fosse colocado como ponto principal de actuação do hacker os e-mails do Benfica.
A situação tributária das figuras do futebol foi um dos assuntos mais explorados pelo Football Leaks, com Cristiano Ronaldo a receber particular destaque. E foi por causa disso que o craque veio a ser condenado pela justiça espanhola.
Mas desse universo fizeram também parte José Mourinho, Pepe, Falcão, Xavier Alonso, Gaitan, Gignac, Danilo, Ola John, Juan Mata, Julian Lopetegui e muitos, muitos e muitos outros.
Ainda hoje, se quiseram consultar tudo isto, mesmo com post do dia 21 de Janeiro a pedir a libertação de Rui Pinto, basta irem ao endereço electrónico https://footballleaks.wordpress.com e nomeadamente a decisão do Tribunal da Suíça sobre o célebre caso Marcos Rojo file:///C:/Users/apac/Downloads/CAS%202014-O-3781-3782%20%20Sporting%20vs%20Doyen%20%20Arbitral%20Award.pdf.
Mas tudo o que respeita a contratos, documentos e milhões de bytes de informação é encontrável por essa World Wide Web fora, pelo que jamais deixarão de ser do conhecimento público.
Mas mais grave ainda é ver uma senhora deputada europeia mundialmente conhecida a defender na televisão um género de uma amnistia criminal para o sr. Rui Pinto, que inclusive tinha tentado sacar 1 milhão de euros à Doyen, para não divulgar notícias sobre a mesma, o que levou a Doyen a apresentar denúncia criminal.
Como é possível que uma respeitada deputada europeia que é paga com os nossos impostos diga tamanhos disparates, tendo a sua cereja no topo do bolo sido, e para que não restem dúvida, o que curiosamente consta de uma notícia no blogue do Portal dos Dragões:
Em entrevista à SIC, a eurodeputada Ana Gomes considerou injusta a associação de rótulo de criminoso ao hacker suspeito de roubo de correspondência privada de várias entidades do futebol.
'A justiça terá de apurar o que se passou, mas não aceito que taxem o rapaz de criminosos sem que justiça faça o seu trabalho', começou por dizer neste domingo Ana Gomes na SIC.
'Ele (Rui Pinto) é uma das fontes do Football Leaks, um dos maiores actos de denúncia pública e de corrupção no mundo do futebol.. Estamos perante um pirata informático, que eu gosto de chamar 'lançador de alertas', que conseguiu acesso a informação grave sobre esquemas de corrupção e que comprometemco futebol e o crime organizado ligado ao futebol. O Rui Pinto correu tremendos riscos, sofreu ameaças de morte, porque há interesses poderosos', acrescentou.
'A justiça tem de perceber que é da sua responsabilidade proteger a pessoa investigada. O Rui Pinto pode ter feito um tremendo serviço à comunidade. O processo E-Toupeira também resultou da denúncia que a justiça portuguesa encontrou o Football Leaks', sentenciou.
Recordo-se que Ana Gomes recorreu recentemente à rede social Twitter para defender Rui Pinto ao considerar que o hacker 'espôs corrupção entrincheirada'.
Ó respeitada e clemente representante do povo na Europa, mas que está quase sempre em Portugal a trabalhar - o que tem o E-Toupeira que ver com o Football Leaks?!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Cresce e desaparece

"Um imberbe a meter-se em bicos de pés. Não tem cara para levar duas bofetadas e julga que se pode armar em arauto da verdade desportiva. É isto que nos anda a vender a criminosa máquina de comunicação anti-SLB.
Querem fazer-nos crer que um triste pirata informático radicado na Hungria é, afinal, o Garganta Funda que vai clarificar o complicado negócio do futebol.
Nunca a expressão 'comer gelados com a testa' faz tanto sentido.
O mesmo rapazola que, curiosamente, foi apanhado com o ex-presidente do Sporting CP (e sua mascote da comunicação) a beber copos nas noites loucas de Budapeste é agora apontado como estando a prestar um serviço ao mundo do futebol. A sério? Mas alguém no seu perfeito juízo acredita nesta gente?
O pequeno Pinto está a perder o sorriso, e a seguir outros Pintos o perderão também. Podem meter ao barulho a Doyen, o Football Leaks, Cristiano Ronaldo e quem mais quiserem. Já não vão conseguir disfarçar quem está por trás deste esquema ilegal.
Prejudicaram o SL Benfica e vão ter de pagar por isso. Mas um benfiquista a sério não pode ficar feliz apenas com a condenação do triste pirata. É preciso que os mandantes, os autores morais, os que lucraram com a divulgação de informação secreta sejam chamados à justiça. Não uma justiça qualquer, não um tribunal terciário de vão de escada numa esquina junto à Torre das Antas - justiça a sério, nacional, com decisores que não se vendem por fruta e cafezinhos com leite.
Pode tentar, meus caros, mas vai chegar esse dia."

Ricardo Santos, in O Benfica

Sem palavras

"Nem sei bem o que lhe dizer, amigo leitor. Escrevo estas palavras enquanto a minha namorada me prepara a camisola térmica, o gorro, as luvas e o caso de água quente: tudo aquilo de que necessito para não morrer congelado no Estádio Municipal de Braga. Quando ler esta composição, já terá conhecimento do resultado da meia-final com o FCP, informação impossível de ter por esta hora em que vou redigindo este excerto. Que tema devo então abordar? A descentralização? O aquecimento global?
O chulé com que o meu pai deixou as mantas do sofá da sala depois de lá ter dormido a tarde toda de sábado passado? Imagino que este último tópico seja do maior interesse para o amigo leitor, nomeadamente como estará agora a saúde das mantas, mas esta temática não se enquadra nos critérios editoriais do jornal O Benfica, inexplicavelmente - e meu ver, trata-se de um assunto que merecia estar na ordem do dia. A realidade é que não faço ideia se temos em Bruno Lage um treinador para uns valentes anos ou simplesmente para mais umas horas. Sim, eu acompanhei com atenção os comentários que se foram fazendo acerca do mister até o Seferovic desatar o nó em Guimarães. 'Ah, eu bem sabia que este Bruno Lage não ia dar em nada, que ver#&€#@... Gooolooooo, grande decisão de Bruno Lage em lançar Seferovic e apostar no Gabriel, com este mister estou convencido de que ganhamos a Liga Europa, espero que não seja caro ir ao Azerbeijão'. Estou em crer que, no momento em que o leitor estiver a ler isto, a opinião sobre Bruno Lage e a equipa será uma destas duas que mencionei. Por isso, desejo com toda a força que nesta semana haja uma gigante procura de viagens para Baku."

Pedro Soares, in O Benfica

Filme de Piratas

"A detenção do hacker em Budapeste gerou calafrios em algumas espinhas ali acima de Gaia.
O nervosismo é evidente, e muito mal disfarçado. Com esta não contavam eles - aquilo que parecia o crime perfeito acaba, como no cinema, por falhar num ou noutro detalhe, e expor os bandidos à justiça.
Agora somos nós a sentarmos-nos numa cadeirinha, e a pedir pipocas para assistir às cenas dos próximos capítulos. E tanto que elas prometem... Independentemente do natural curso das investigações, os dados disponíveis são já mais do que suficientes para compreendermos o que se passou. Temos então um delinquente que violou a correspondência privada de várias entidades ligadas ao futebol; temos um funcionário do FC Porto que divulgou na TV e-mails roubados ao Benfica, e escreveu um livro sobre eles; temos um colega de faculdade do delinquente convidado para esses programas o co-autor do livro; e tivemos, uns dias antes da divulgação, uma reunião secreta entre os staffs de comunicação de FC Porto e Sporting.
Roubada a correspondência, havia que seleccionar meia dúzia de conversas confidenciais mais ou menos inócuas mas susceptíveis de aguçar a curiosidade mediática, e contar com uns quantos jornalistas amigalhaços, com blogues criados para o efeito, com a gula dos adeptos, e com a luta pelas audiências televisivas, para amplificar o assunto até à náusea.
Não é preciso fazer um desenho. Nem chamar o Sherlock Holmes. Os factos são, eles próprios, bastante ilustrativos. O Benfica foi vítima de um crime em larga escala, e alguém terá de pegar por ele. Começa a perceber-se quem. Só não se sabe quando."


Luís Fialho, in O Benfica

Carrega, Bruno

"Escrevo antes da meia-final da Taça da Liga. Para já, o balanço é muito positivo. Quatro jogos e outras tantas vitórias, com a particularidade de três delas terem sido fora de casa. Para quem previa que a SAD do SL Benfica desistiu de lutar pelas conquistas de todas as competições, aqui está a resposta. Bruno Lage não se deixa condicionar pelos desafios que tem pela frente e as mudanças são evidentes.
A mudança do sistema táctico, desejada pela maioria da massa adepta, surtiu efeito. Quer no jogo frente ao Rio Ave, cuja recuperação de dois golos de desvantagem para uma vitória clara, quer na deslocação ao sempre difícil terreno do Santa Clara, o domínio do Novo Benfica foi evidente. Vencemos por 2-0, mas podíamos ter goleado.
Seguiu-se a dupla jornada no Minho, frente ao V. Guimarães, equipa que bateu o FC Porto no Dragão, e que venceu o Sporting, em casa, sem apelo nem agravo. Os profetas da desgraça previam o pior cenário. Bruno Lage revelou-se um líder destemido. Quer no jogo da Taça de Portugal, quer no jogo do Campeonato, que nos permitiu manter, para já, o 2.º lugar e continuar a 5 pontos da liderança, o nosso treinador fez opções arriscadas, mas certeiras. Bruno Lage conseguiu tirar o melhor de Gabriel, uma das apostas desta época, e constituiu a dupla atacante Seferovic x João Félix. E, quando ninguém previa, no jogo da Liga deu a titularidade a Castillo e este lutou, desgastou a defesa vimaranense e, na altura certa, lançou Seferovic, que nos deu a vitória, após uma bela jogada na dupla Gabriel x André Almeida. Em suma, temos treinador que dá prioridade ao jogar organizado em equipa."

Pedro Guerra, in O Benfica

O elevador

"Para muitos, este elevador é a diferença entre aprender ciência com as 'mãos na massa' ou entediados entre livros e manuais. Porquê? Simplesmente porque o Laboratório de Ciência fica no andar de cima, mas a escola não tem mais que escadas para lá chegar, e por isso a capacidade de andar torna-se determinante na capacidade de aprender ciências.
Quem fica triste são os jovens arredados do que os outros fazem, como se a escola que os quer proteger e desenvolver acabasse na realidade por ter de os excluir. Mas quem perde é o país, pois não há nada mais errado que reconhecer que o capital humano é a maior riqueza nacional e permitir que se desaproveitem pessoas e se percam potenciais talentos.
Nem todos serão cientistas no futuro, mas todos terão beneficiado da cultura científica na sua formação, e todos, por isso mesmo, serão melhores. Fazendo um paralelismo com o desporto, não é porque a maioria dos jovens não estão destinados a tornar-se atletas que deixam de praticar desporto ou não se criam espaços acessíveis à educação física e à prática desportiva. E todos sabemos que os benefícios do desporto na formação humana estão para lá das competições ou da saúde, entrando pela coesão social e pela competitividade e sucesso individual e organizacional. Às vezes, no entanto, negligenciamos. É assim também nas artes, e isso é cada vez mais reconhecido por todos, mas às vezes negligenciamos a ciência e o poder formativo e transformador que a democratização de uma cultura cientifica pode ter num país. É como se entrássemos no domínio do inacessível, das inteligências raras e das complexidades inacessíveis ao comum dos mortais. Logo, também aborrecido e de difícil compreensão.
Desinteressante, portanto!
Nada mais errado, a ciência é parte fundamental da educação integral do indivíduo, pode ser apaixonante, misteriosa e até divertida. A escola pode e deve incutir uma cultura científica nos alunos, tornando-os analíticos e desafiadores dos seus limites, reforçando o seu raciocínio lógico, a necessidade de experimentação e validação e, não menos importante, a capacidade de concluir a generalizar. Tudo isso se faz na ciência, que vive experiências e avaliações, tentativas e observações que conduzem a resultados, por entre os caminhos de resiliência, do conhecimento e da imaginação. É de tudo isto que se trata, num laboratório de ciências, de produzir resultados e compreende o caminho para lá chegar.
E, como inspirava um grande humanista ibérico, Miguel Unamuno, 'Não há senão o Caminho...'
É esse caminho de novas aprendizagens que se abre a todos com um simples elevador que elimina a mobilidade enquanto factor de exclusão e permite aos jovens mais condicionados pelo andar participar em igualdade de circunstâncias nas 'descobertas cientificas' e na experimentação das 'leis do Universo'. Não é pouca coisa, esta prenda dos atletas do futebol de formação, que assim ajudam os outros e aprendem a ser Benfica!"

Jorge Miranda, in O Benfica