domingo, 30 de junho de 2019

Viseu como pontapé de saída

"Algumas vozes, poucas, não entenderam a homenagem a João Félix. Se fosse numa qualquer junta de freguesia de Lisboa era um momento.

1. No mesmo berço se nasce e se morre. Nasci em Viseu, cresci entre Viseu e Lisboa, vibrei com Viseu e Benfica e o Académico de Visei, acompanhei o Lusitano de Vildemoinhos e os Repesenses. O nosso berço é a nossa alma e a nossa âncora, o nosso refúgio e a nossa esperança, o nosso reencontro e a nossa memória. Nesta semana o nosso João Félix foi justamente homenagem pelo Município de Viseu e pela mão e voz do seu Presidente, Almeida Henriques, outorgado como Embaixador de Viseu. Algumas vozes, poucas, não entenderam a cerimónia. Se fosse numa qualquer Junta de Freguesia de Lisboa era um momento. Em Viseu, nessa pátria do interior que sofre, era uma perplexidade. O certo é que, no Rossio que tanto frequentei, estavam jovens e menos jovens que partilhavam a alegria que se sentia e que expressava o reconhecimento de Viseu a um jovem que está a pôr a nossa cidade no mapa da visibilidade contemporânea. E João Félix e a sua Família ao aceitarem esta homenagem e este reconhecimento mostraram que sabem e sentem que «no mesmo berço se nasce e se morre». Nós que conhecemos a Cava de Viriato e sabemos que Viseu viu nascer o nosso Rei D: Duarte, nós que percorremos o Fontelo e a Sé monumental, nós que estudámos o Senhorio de Viseu - em particular D. Constança Manuel - e que temos orgulho no percurso do Bispo Alves Martins gostamos que milhares de espanhóis e outros amantes do futebol conheçam, a partir de João Félix, a nossa cidade e a secular nosso identidade, a nossa história e as nossas gentes, os nossos heróis e as nossas referências. E nestas estão nomes grandes do nosso desporto e da nossa literatura, da Monarquia e da República, da nossa vida cívica e da nossa vida religiosa. E é este orgulho do que fomos e a certeza do que somos que se sentiu esta semana em Viseu. A homenagem a João Félix foi, também ela, um duplo pontapé de saída. Antecipou a oferta que o Atlético Madrid fez chegar ao Benfica - em rigor à Benfica SAD - e antecipou o arranque da pré-época do futebol europeu. E numa semana em que se disputou a primeira pré-eliminatória da Liga Europa. Com clubes de Andorra e San Marino, do Luxemburgo e do País de Gales, entre outros. E com o clube de Andorra, o Engondany, a ser treinado por um português, Filipe Busto! É mesmo o pontapé de saída da época 2019/2020!

2. Para além do pontapé de saída nos relvados vivemos tempos de saídas nos diferentes plantéis da Europa. Num momento em que o Mundial feminino que decorre em França conhece os semi-finalistas, o CAN fica a saber, a partir de hoje, as qualificados na fase de grupos e na Copa América também já temos nota das selecções que marcam presença nas meias-finais. E com os clubes titulares dos jogadores a saberem que eles só lhes chegarão no princípio de Agosto. Ou seja, em muitos casos, nas vésperas do arranque das respectivas Ligas ou, até, na antevéspera do primeiro jogo de acesso à atractiva fase de grupos da Liga dos Campeões. E se na Europa, e com a excepção masculina do Europeu de sub-21, é tempo de arranque, no Brasil e no Egipto é tempo de decisivos encontros para a conquista das duas principais Taças continentais. Com o Brasil com lugar garantido nas meias finais e o Egipto disputando hoje com o Uganda o primeiro lugar do grupo A do CAN. Uns dão o pontapé de saída da nova época e outros estão a dar os derradeiros pontapés da época 2018/2019. Mas é tempo de desfrutarmos com o futebol que se joga. Com estádios cheios - no Mundial feminino de França - e com outros meio vazios como no Brasil e no Egipto! Singularidades e especificidades destes tempos!

3. A pré-época do Benfica - onde a palavra de ordem tem de ser humildade já que faltam mais de cinquenta jogos para a confirmação da reconquista nacional e para a afirmação da reconquista europeia, desígnio estratégico, na minha opinião, na época que amanhã arranca! - vai receber cinco jovens que a Academia do Seixal desenvolveu, potenciou e acarinhou. Pedro Álvaro (defesa-central), Nuno Tavares (defesa esquerdo), David Tavares, Tiago Dantas e Nuno Santos (todos médios) estarão sob directa observação de Bruno Lage que, aliás, bem os conhece. Acredito que o Benfica, este Benfica cujas acções atingiram esta semana um novo máximo, terá nestes jovens, para além de efectivas promessas, indiscutíveis talentos na linha dos outros seis - Rúben Dias e Ferro, Zlobin e Jota, Florentino e Gedson  - que ajudaram o Benfica à reconquista. E esta mistura de talento e disponibilidade, de sagacidade e humildade, de vontade e de fé, de convicção e de paixão, terá de ser, uma vez mais, o factor para um vitorioso pontapé de saída da nova época. Derrubando e eliminado a palavra euforia e proclamando que cada jogo um final e que depois de cada jogo o que se programa é o jogo que se segue. E sabendo que mesmo quando se vence há erros que se cometem e quando não se ganha há momentos que devem ser reconhecidos e, até, enaltecidos. Desta forma se consolida o colectivo, se afirma o espírito de grupo e se fortalece o balneário. Que é, afinal, o ponto de encontro e, sempre, o porto seguro!

4. No domingo passado o Casa Pia, os gansos pretos, conquistaram o Campeonato de Portugal. Cândido de Oliveira foi uma dos grandes impulsionadores dos gansos e o Casa Pia era, nas décadas de 30 e 40 do século passado, um dos grandes de Lisboa, a par do Benfica, do Sporting e dos Belenenses. O outro finalista foi a União Desportiva Vilafranquense. E, aqui, e acompanhando as lúcidas e sempre sagazes análises históricas do Professor Alcino Pedrosa - vale a pena conhecer! - direi que a biblioteca da União foi, num determinado período, dirigida por Alves Redol, um do grandes escritores do século XX. E a biblioteca que acolhia livros proibidos chegou a ser dividida, para efectiva segurança e salvaguarda, pelas casas de diferentes dirigentes e os livros, estes livros, eram lidos e conhecidos. E este sinal de resistência, que se multiplicava em outras instituições desportivas, tem de ser conhecido e reconhecido. Nestes tempos em que só se fala em intromissões ilegais - e que intromissões Deus meu! - e em comissões legais. E que comissões! Mas o que reafirmo é que «no mesmo berço se nasce e se morre». Sou viseense e com orgulho. Como também disse, numa humildade que registo, o meu conterrâneo João Félix. Boa sorte! Muitas felicidades!

5. A chegada do antigo internacional português Tiago à Cidade do Futebol e, em concreto, à estrutura técnica das Selecções Nacionais de formação é uma boa notícia. Diria, mesmo, uma grande notícia. Conheceu o futebol português e o grande futebol europeu. Sentiu o dinamismo em grandes clubes - Braga e Benfica, Chelsea e Juventus, Lyon e Atlético Madrid - e envergou por 66 vezes a camisola da nossa selecção. Sabe o que é o futebol de hoje e conheceu o futebol por dentro e um tempos de mudanças. É um bom momento federativo. É um instante de reconhecimento e com a consciência que Tiago vem acrescentar valor. Um dos vectores estratégicos da Federação Portuguesa de Futebol: acrescentar valor! Boa sorte! Muitas felicidades!"

Fernando Seara, in A Bola

O futuro do Félix

"No futebol poucas coisas há que me irritem mais do que as algarviadas dos idiotas da objectividade, aqueles idiotas de objectividade do Nélson Rodrigues que nunca se deixam levar para além dos factos concretos ou das ideias fechadas - e que não percebem que o encanto do futebol se faz do mistério que é ele não ter de viver de obviedades ou de certas verdades (que às vezes são mentiras a embuçarem-se).
E sim: alguns desses idiotas da objectividade têm andado em frenesim por causa do João Félix. Ou melhor: do futuro do João Félix - insinuando (ou pior) que a sua decisão de ir para o Atlético Madrid lhe pode amachucar esse futuro, porque outro deveria ser o seu destino (o City de Guardiola, por exemplo). Ouvindo-os nos seus clamores, não largo de pensar no que o Hemingway descobriu (ao tentar escapar dos alçapões que o atormentavam)
- Um homem nunca se deve pôr em posição de perder o que não se pode dar ao luxo de perder.
E, não: não acho que no Atlético Madrid, o Félix se vá dar ao luxo de perder o que não pode perder: a sua imortalidade. E quando acho que não a vai perder, acho-o por não ter grandes dúvidas de que nele o futebol nunca deixará de nascer na cabeça (sem pressão) que põe nos pés com que joga qualquer jogo dentro do jogo (mesmo tendo jogá-lo dentro da ideia que o Simenoe gosta de dar ao seu jogo). De que nunca deixará que lhe roubem as virtudes de poeta que o seu futebol tem: criatividade, fantasia e coração (tudo em fogo de artifício). De que nele entre a luz e a sombra, ganhará sempre a luz - e entre o laço solto e o nó cego, a alma nunca se enganchará no nó cego. É isso o ser craque - e é isso que o Félix é. E sendo-o, sê-lo-á em Madrid, como o seria em Manchester (ou, para onde mais o levassem - flor em botão).

PS: Sim, também é minha convicção que foi através de um desses idiotas da objectividade (de  um ou mais que um) que o João Félix escapou do FC Porto para a imortalidade que o espera (airosa)."

António Simões, in A Bola

Sobre a beleza e outros assuntos feios

"Não há nenhum vencedor feio, é uma regra. A vitória embeleza ou torna a beleza menos urgente.

Beleza e iniciais
1. A beleza dos atletas e do movimento físico sempre foi alvo do olhar de cineastas, pintores e outros artistas, além do interesse da publicidade, claro. Há exemplos evidentes de beleza como o do ex-futebolista DB ou da tenista MS, entre outros.
E diga-se, se há alguma coisa que caracteriza a beleza é ela não ser incógnita. Mas é simpático manter os nomes das pessoas belas assim, com iniciais. DB, MS, etc. Tenho a certeza de que sem dificuldade as iniciais se transformam para os leitores em nomes. Fica a proposta.

Os feios
2. Mas sim, disse Jonathan - um amigo cínico - podemos pensar na beleza incógnita, na beleza muito bem disfarçada. No limite, a fealdade é isso: uma beleza que está muito bem escondida. Tu não és feio, tens é uma beleza escondidissima, poderíamos dizer. Quanto mais feio é alguém mais bem escondido tem a sua beleza. Um possível elogio alternativo é, portanto, diante do rosto terrivelmente desinteressante, dizer: há que elogiar a forma profunda como foste, ao longo dos anos, capaz de esconder no rosto o mais breve e mínimo indício de beleza.

A fórmula
3. Seria interessante, aliás, ver a relação entre patrocínios, beleza e vitória em competições. Provavelmente, não há uma relação assim tão directa e objectiva, por exemplo, entre um atleta estar mais acima no ranking de ténis e os apoios que recebe de publicidade. Diríamos que, no referente a valor de patrocínios, a beleza individual provavelmente é equivalente a dois ou três triunfos no Grand Slam, pelo menos.
Poderíamos até - disse Jonathan, o amigo cínico - tentar encontrar uma fórmula que permitisse calcular  valor previsível dos patrocínios, para cada atleta. Seria algo, provavelmente, deste tipo:
SD x B/2
Ou seja: Sucesso Desportivo vezes Beleza a dividir por dois.
Uma fórmula possível, disse Jonathan.

Outra fórmula
4. Jonathan, o amigo cínico, disse ainda o seguinte:
- Claro que a vitória transforma a fealdade em beleza inequívoca. Não há nenhum vencedor feio, é uma regra. A vitória embeleza ou torna a beleza menos urgente, digamos. E a derrota, por seu turno, torna a beleza ligeiramente menos atractiva.
- Também podemos pensar, acrescentou Jonathan, numa fórmula quem no desporto fizesse a equivalência, ainda mais detalhada, entre a beleza de uma pessoa bela e a beleza negativa de uma pessoa feia e os seus sucessos ou insucessos atléticos. Seria algo do tipo, por exemplo, e é só um exemplo:
PB + 5D = PF + 5V
Ou seja, disse Jonathan: uma Pessoa Bela (PB) com Cinco Derrotas (5D) seria tão bela como uma Pessoa Feia (PF) com Cinco Vitórias (5V). Um empate, portanto, diz Jonathan, o cínico.

A pergunta
5. A poesia serve para quê, perguntaram uma vez ao escritor Jorge Luís Borges. Ele respondeu com outra pergunta: para que serve a beleza do pôr do sol?

Adília Lopes
6. Ainda sobre o mesmo assunto. Olhemos para a escritora portuguesa Adília Lopes. Há uma história dela chamada a Sereia das pernas tortas, que, num tom de narrativa de princesa e príncipes, mas de cariz politicamente bem incorrecto, começa assim:
«Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia como era bonita.
Quando era bonita, as pessoas diziam-lhe:
- Eu amo-te.
E iam com ela para a cama e para a mesa.
Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:
- Não gosto de ti.
E atiravam-lhe com caroços de azeitona à cabeça.
A mulher pediu a Deus:
- Faz-me bonita ou feia de uma vez por todas e para sempre.
Então Deus fê-la feia».
E a história continua depois neste extraordinário tom, politicamente incorrectíssimo. Quem estiver interessado leia, vale a pena."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

O 'fair play' financeiro (II)

"Em Novembro de 2018, demos conta da decisão do CAS, proferida no caso do Milan contra a UEFA.
Recorde-se que a UEFA excluiu, num primeiro momento, o clube da participação da próxima competição de clubes da UEFA, para a qual, de outra forma, se qualificaria nas próximas duas temporadas (ou seja, em 2018/19 ou 2019/20) por incumprimento das regras do fair play financeiro, decisão que foi revertida pelo CAS.
Então, o Colégio Arbitral do CAS entendeu que o caso devia baixar à UEFA para que fosse proferida uma nova decisão de acordo com as regras da proporcionalidade, porquanto alguns elementos relevantes não foram devidamente avaliados pela UEFA, ou não puderam ser devidamente avaliados no momento em que a decisão foi proferida, em 19 de Junho, em particular que a actual situação financeira do clubes estava melhor.
Assim, a UEFA reanalisou o caso e emitiu uma decisão excluindo o Milan se não conseguisse cumprir os critérios de equilíbrio até 30 de Junho de 2012. O clube recorreu, também, desta decisão para o CAS.
Em 2019 o clube registou novamente problemas relativos ao cumprimento das regras para o ano de 2018. A UEFA solicitou, então, que o Milan fosse excluído das competições europeias em 2019/2020, e o clube aceitou esta sanção.
Deste modo, em 28 de Junho de 2019, e a pedido das partes, o CAS ratificou o acordo a que as mesmas chegaram, no sentido de pôr termo aos processos pendentes naquela instância arbitral e de impedir participação do Milan nas competições europeias em 2019/2020.
Face a esta decisão, outros clubes participantes da Série A, poderão, eventualmente, ter a oportunidade de aceder a competições europeias."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Ninguém vai apenas ver um jogo...

"Aqui vai uma frase sem qualquer impacte na opinião pública: “ninguém vai apenas ver um jogo, mas “torcer” (perdoam-me o brasileirismo?) pelo clube da sua simpatia”. O fenómeno acontece até com pessoas da elite intelectual e portanto habituadas, noutras situações, a um admirável rigor hermenêutico. Conheci, em tempos idos, alguns belenenses de certa relevância social que, durante os jogos, sobravam-lhes pretextos, para descobrir um “penalty” (ou dois, ou três), a favor do Clube da Cruz de Cristo. Num domingo da década de cinquenta (se bem me lembro), que perdemos, no Restelo, por 0-1, com o Caldas, regressei a minha casa, com “boleia” de um destes “doentes”. Logo no parque de estacionamento do Estádio do Restelo esporeou o carro com uma tal violência que o fez bater noutro carro, também estacionado, como o cavalo a quem a dor enfurece. Voltou-se para mim e decretou sem apelação: “Sabe quem é o culpado disto tudo? O árbitro que, na segunda-parte, não marcou aquele “penalty” sobre o Matateu”. E profundamente desgostoso: “Deixou-me possesso”. Nos dias de hoje, os comentaristas desportivos, em certas estações televisivas, agridem-se com palavras que talvez estejam incursas no Código Penal, principalmente pelas mesmas razões daquele meu consócio – as exibições dos árbitros, que agradam quase sempre a quem ganha, que desagradam sempre a quem perde. Até as lucidíssimas prosas de alguns entendidos, nestas coisas do futebol, não deixam de aguçar arestas, para que se faça do árbitro o “bode expiatório”! Só que alguns árbitros parecem indestrutíveis. Ou, então, indiferentes. Aquela obstinação na raiva, no rancor, aquelas frases despropositadas de espectadores e de críticos profissionais – nada daquilo pode dizer-lhes respeito. E enfrentam os desafios, os ardis, o clubismo faccioso, com uma aparente apatia que, para mim, se confunde com a coragem. Os árbitros, principalmente os árbitros do futebol, são meus mestres na arte de superar qualquer forte sensação de incomodidade. Daqui lhes agradeço a lição!
Um ponto que me interessa salientar, também: a análise estatística. E sem qualquer ressalto de espanto. De facto, já o Sr. José Maria Pedroto, nas nossas habituais conversas, me referia a necessidade da análise estatística, no estudo do futebol. O Prof. José Neto era o seu adjunto que desta área se ocupava. Até na análise estatística José Maria Pedroto foi um pioneiro. Sem os contributos maravilhosos da Quarta Revolução Industrial – mas foi um pioneiro, sem dúvida. Luís Cristóvão, sobre este assunto, escreve na revista do Expresso, (2019/6/22): “O futebol é cada vez mais um jogo de números. Uma dimensão que, é certo, sempre lhe foi próxima. Da contagem das superioridades à contagem dos golos, o futebol poderá ser o desporto onde o “mais um ou menos um” é mais fundamental, tendo em conta a possibilidade de um só golo decidir campeonatos inteiros”. Daí, a necessidade de “analistas que potenciam o conhecimento do jogo e transformam os mais pequenos pormenores em grandes vantagens competitivas (…). É uma linha constante na forma como a estatística entrou no mundo do futebol. A aliança entre tecnologia, o conhecimento científico e a paixão e a experiência pelo jogo permitiram modificar comportamentos que se notam, à vista desarmada, na forma como abordamos as apostas desportivas, os jogos de computador ou o entendimento daquilo que se passa no campo”. Quero dizer que o artigo do Luís Cristóvão me parece oportuno e bem fundamentado. Na Sociedade do Conhecimento, com o conceito de complexidade, ressoa a frase do Hegel: “A Verdade é o Todo”. Mas, na Sociedade do Conhecimento, não interessa tão-só conhecer mais, interessa também conhecer melhor. Atravessamos a Quarta Revolução Industrial e 17% da população mundial ainda não viveu a Segunda Revolução Industrial! Ou seja, 1,3 mil milhões de pessoas ainda não têm acesso à electricidade. Também uma observação deverá fazer-se, em relação à Terceira Revolução Industrial: 4 mil milhões de pessoas ainda não têm acesso à internet. Enfim, a diferença entre países ricos e países pobres não deixa de acentuar-se…
Voltemos ao artigo de Luís Cristóvão: “Existem posições em campo que saíram muito beneficiadas, pelo advento da análise estatística”. O caso do N’Golo Kanté, atualmente no Chelsea, é um exemplo. “Formado em clubes de escalões secundários franceses, passou, em anos consecutivos, da terceira divisão francesa, para o título de campeão da Premier League, com o Leicester. A base do seu recrutamento foi a análise estatística”. No entanto, “os dados não mataram a estrelinha no futebol. A bola que bate no poste, o craque que tem um dia mau, o adversário que se adapta de forma mais rápida a uma mudança, no contexto do jogo, continuarão a ter uma presença forte no resultado final”. Quando o desporto moderno (e o futebol, portanto) surgiu, concebido e publicitado pelas universidades britânicas, constava da lista dos seus incontáveis benefícios a prática do “fair-play”, da generosidade, do companheirismo, da coragem. Resumindo: o futebol era sinal de progresso físico, cívico e moral. E os desempenhos dos atletas, nos estádios, eram tudo isso, a um só tempo. Com o correr dos anos, o desporto (e o futebol, mais do que nenhuma outra modalidade desportiva) vem reproduzindo e multiplicando as taras da sociedade capitalista, como a mania do rendimento, da medida, da competição, do recorde, do mais antipático individualismo e dos mais alienantes imperativos do mercado e onde, inevitavelmente, a quantidade predomina sobre a qualidade, onde há triunfadores e perdedores, onde o espírito lúdico mal se divisa num “jogo de futebol”. Em Portugal, futebolisticamente falando, ninguém vai apenas ver um jogo, mas “torcer” pelo clube da sua simpatia. E, neste futebol, já se diz por aí que somos os melhores. Com efeito, o melhor jogador do mundo é português, treinadores portugueses já são inumeráveis os melhores do mundo, somos campeões europeus e conquistámos o primeiro lugar, na Taça das Nações. E de árbitros só não é nosso o melhor do mundo porque a FIFA não quer. Temos que deixar algum troféu, para os outros. É uma questão de “caridadezinha”. Mas também, no mundo da arbitragem, já caprichámos. O actual presidente da Liga, Dr. Pedro Proença, quando árbitro internacional, houve quem lhe reconhecesse qualidades incomparáveis.
Venho de ler uma separata da Revista Filosófica de Coimbra, com um texto maravilhoso do Doutor Luís Umbelino, professor do departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O seu autor teve a bondade de mo oferecer. E assim o resume: “O problema do membro-fantasma formula-se de modo simples: trata-se de saber como se faz a experiência, no presente e como real, de uma parte do corpo fisicamente ausente”. E da neurofisiologia e da filosofia, após a leitura do Doutor Umbelino, transitei para a história do desporto português. E senti, como uma dor que me tomasse, a ausência de alguns dos pioneiros do desporto em Portugal, que eu conheci pessoalmente e cheguei a fazer amizade. O triunfo imperial de um certo espectáculo desportivo, ou não conheceram, ou conheceram mal. Digamos mesmo: não podiam conhecer. Um espectáculo a beneficiar de uma superinformação e do advento da mais sofisticada tecnologia, rodeado de sábios especialistas e de certas peculiaridades do “pensamento único”, que já regulam também o desporto – a tanto não podiam eles chegar. Mas continuo a encontra-los a cada passo, pelo seu exemplo, por algumas das suas ideias (não de todas evidentemente, pois reflectiam um tempo que não é o nosso) e, acima de tudo, pelo seu testemunho de vida. As personalidades carismáticas agora são outras: jogadores, dirigentes, empresários, com Imprensa favorável e um crédito financeiro espantoso. Pensar é problematizar e, para problematizar o futebol de hoje, são outras as variáveis e outras os condicionalismos. E, porque os problemas persistem nas soluções (de facto, uma solução não tem sentido independentemente da problemática que a fez nascer) problematizar o futebol conduz a uma determinada cultura – a cultura da sociedade de mercado! Mas não só: quando a selecção nacional joga, Portugal deixa de ser uma “sociedade de classes”, todos nos sentimos iguais – portugueses apenas. Um milagre do futebol! E isto num país onde ninguém vai apenas ver um jogo, mas “torcer” pelo clube da sua simpatia."

Almeida 2023



Renovação mais do que merecida... Um dos jogadores mais úteis da recente história do Benfica! Goste-se ou não, ninguém discute a sua dedicação, a sua garra e sua vontade de vencer!

E apesar de todas as limitações, tem sido consistentemente um dos nossos melhores 'assistentes' para golo das últimas épocas!!!

Oh, que raio, até o hacker lhes correu mal

"Contou-nos este jornal a meio da semana que o Sporting teme ver um seu jogador de 18 anos, Félix Correia, passar-se para o Benfica. O jovem em causa não terá ainda chegado a acordo para a renovação do seu contrato e pode assinar pelo rival, trocando Alcochete pelo Seixal. Os acontecimentos dos últimos anos, no que diz respeito às saídas para o estrangeiro de jogadores formados pelo Benfica, devem ter o seu impacto em todos os aprendizes de futebolistas do país. O sonho, para todos eles, é jogar lá fora, envergando a camisola de um qualquer gigante europeu em termos de historial e de poderio de orçamento. ou não é?
Do Manchester City ao Bayern de Munique, da Juventus ao Atlético de Madrid, do Manchester United ao renascido Ajax, não faltam nomes de grandes clubes que têm vindo pescar à formação do Benfica e com os seus anzóis dourados. Mais do que os hipotéticos vencimentos "pornográficos" - alegados como desculpa para a deserção do "Viriato de Ouro" do FC Porto para o Benfica -, o que incendiará a ambição de qualquer jovem futebolista tentado pelo Seixal será sempre a hipótese de, um dia, pôr-se na alheta, rumando a um daqueles clubes monstros que lutam todos os anos pela Liga dos Campeões. Félix Correia, o jovem futebolista do Sporting que parece estar inclinado a assinar pelo Benfica, não escapará a esta realidade. Para o Sporting seria um contratempo. Para o Benfica seria apenas fazer chegar outro Félix, na esperança de que aquele apelido, só por si, voltasse a dar resultados. E isto é que é sonhar alto. Lê-se esta semana na revista "Sábado" que "mais do que atacar clubes de futebol e empresários de jogadores, Rui Pinto é agora suspeito de piratear o Estado Português". A Policia Judiciária e o Ministério Público terão encontrado indícios de que o "hacker" entrou nos emails do antigo director do DCIAP, Amadeu Guerra, e da ex-procuradora - geral distrital de Lisboa, Maria José Morgado. Se, no nome honrado do combate ao crime, foi aprovada por muita boa gente a actividade e a legitimidade de Rui Pinto no assalto aos dados dos clubes, empresários e dirigentes, como justificar agora esta intrusão na correspondência electrónica de Guerra e Morgado? serão estas duas últimas vítimas do "hacker" Pinto gente que merece ser espiolhada à má-fila com o beneplácito de umas quantas organizações bem pensantes e sedentas de justiça? Oh, que raio, até o "hacker" lhes correu mal.
Não custou nada a António Salvador manter Abel Ferreira no posto de treinador do Sporting de Braga. "Não suscitou dúvidas nenhumas, foi fácil", disse o presidente do clube. Abel Ferreira não ganhou nenhum título referente à época de 2018/19, é verdade. Mas também nunca foi líder do campeonato com sete pontos de avanço sobre o 2º classificado. Deve ter sido facílimo para Salvador decidir como decidiu."

Caio Lucas – O reforço do SL Benfica

"Aos vinte e cinco anos a primeira experiência europeia de Caio Lucas, depois de ter crescido no futebol asiático, onde ao serviço do Al-Ain conquistou elevada reputação pela notoriedade dos seus golos e assistências.
Últimos 20 jogos

Cresceu a ter sucesso nas suas acções no no continente asiático, e é portanto um jogador que procura sucessivamente enfrentar situações de 1×1 (mais do que resolver os problemas com apoio dos colegas), situações essas onde é forte pelo drible curto e rápido. Também na passada é veloz, e tem gesto técnico capaz de ser bem sucedido mesmo em espaços curtos. Nos tempos mais recentes foi o jogador mais adiantado da equipa, onde também ai mostrou argumentos jogando de costas para a baliza a servir de apoio.


Muito para melhor na reacção à perda, e na capacidade para descobrir os colegas para poder ser um jogador completo, mas torna-se uma opção bastante válida para poder jogar numa das posições dos quatro da frente no SL Benfica."

sábado, 29 de junho de 2019

Cadomblé do Vata (especial defeso...)

"1. Com a transferência do João Félix, o SL Benfica vai ficar com um saldo altamente positivo de "impor/expor" nas transacções com o Atlético de Madrid... não só nos levam o craque, como nos roubam o argumento "somos sempre comidos nos negócios com o Atlético".
2. Os Benfiquistas estão tristes com a saída do jovem prodígio e ontem ficaram furiosos com a contratação do Cádiz... vamos lá a ver malta, qual é o stress? Se o Lage tornou o Seferovic melhor marcador do campeonato, qualquer Cádiz pode piscar o olho à Bota de Ouro nas mãos do técnico setubalense.
3. Há uma semana o Porto Canal dizia que as noticias que ligavam Nakajima ao SLB eram produto da cartilha, para que o japonês fosse visto como roubo ao FCP, quando assinasse pelo Glorioso que era o real interessado no jogador... esta semana anunciaram um pré-acordo entre FC Porto e Nakajima... clap... clap...clap...clap...
4. A eurodeputada amiga do advogado do ex. Presidente da UEFA detido por corrupção, diz não ver problema algum no facto de Rui Pinto ter acedido ao email de Joana Marques Vidal, Maria José Morgado e outros para se inteirar do ponto de situação de processo que pendem sobre ele, porque segundo ela "ele não fez nada com a informação"... e assim Ana Gomes mandou arquivar o processo E-Toupeira.
5. Bruno de Carvalho queixou-se numa entrevista de estar na "lista de terroristas dos Estados Unidos da América"... e ainda dizem que os americanos não ligam nada a futebol."

Casos do SL Benfica por definir na pré-época

"A poucos dias de iniciar os trabalhos de pré-temporada, existem vários jogadores no plantel que ainda têm a sua situação indefinida. Neste artigo, irei falar de vários desses jogadores e o que eu acho que deve ser feito de todos eles.

Guarda-redes:
Começando pela baliza, acho que há três nomes que devem ser mencionados: Mile Svilar, André Ferreira e Ivan Zlobin. O guarda-redes belga, na minha opinião, deveria rodar no estrangeiro, de preferência, no país onde nasceu. Quanto a Ivan Zlobin, tudo indica que será o segundo guarda-redes na equipa principal, mas o cenário pode mudar caso se vá buscar alguém para a posição: se se for buscar um guarda-redes de topo, a saída de Vlachodimos é mais plausível. Mas no caso da contratação de uma jovem promessa, é possível que Zlobin acabe por rodar, podendo ser emprestado a um clube da Primeira Liga. André Ferreira, acabou se assinar a título definitivo pelo CD Santa Clara.

Defesas-laterais:
Na lateral-direita, começo por falar de um jogador que tem passado por entre os pingos da chuva: Pedro Pereira. O lateral que esteve emprestado ao Génova no último ano e meio, merecia a meu entender, uma oportunidade na pré-temporada para disputar uma vaga na posição com Ebuehi, de modo a avaliar se algum deles merece uma oportunidade ou se será necessário ir ao mercado.
Para a lateral-esquerda, Nuno Tavares fará a pré-temporada na equipa principal, existindo a possibilidade de vir ser a alternativa a Grimaldo, visto que tudo indica que Yuri Ribeiro irá sair a título definitivo (e bem). Se vier a ser essa alternativa, poderá alternar entre a equipa principal e a equipa B, de modo a ter uma utilização contínua de modo a não estagnar. Quanto a Pedro Amaral, que esteve a rodar na Grécia na segunda metade da última época, considero um jogador sem qualidade para a equipa principal. Como tal, acho que deve sair a título definitivo.

Defesas-centrais:
A integração de Pedro Álvaro na equipa principal para a pré-temporada leva a crer que Kalaica deverá ser emprestado. O central croata é um jogador no qual acho que tem muito potencial e que acredito que pode singrar na equipa principal. Como tal, acho que ele deve ocupar uma das restantes vagas de empréstimo a um clube da Primeira Liga.
Quanto a Christian Lema, é um defesa-central que está no ponto alto da sua condição física. Como tal, acho que pode ter algo a dar ao clube caso tenha uma oportunidade. No entanto, tendo em conta a forte concorrência e o facto dele ter mercado na América do Sul, creio que o Benfica deveria aproveitar a oportunidade de negócio. Já em relação a Gérman Conti, tendo em conta o seu perfil, acho que Bruno Lage irá querer dar-lhe uma nova oportunidade (e bem).

Médios:
No miolo começo com um jogador do qual gosto bastante: Pedro Rodrigues, mais conhecido por Pêpê. O médio formado no Seixal pode jogar tanto a 6 como a 8, destacando-se pela visão de jogo e qualidade de passe (curto e longo). Apesar disso, Pedro Rodrigues ainda não se conseguiu afirmar definitivamente na Primeira Liga, após dois empréstimos com utilização inconstante. A meu entender, o cenário ideal para ele seria ser novamente cedido ao Vitória SC, onde desta vez iria trabalhar com um treinador que bem conhece e com o qual obteve melhor desempenho na Primeira Liga.
Passando agora para outro médio que chegou a ser campeão nacional: Alfa Semedo. O médio guineense é outro jogador que tem características que eu aprecio, mas acho que ainda precisa de crescer muito a nível táctico para conseguir afirmar-se no Benfica. Como tal, creio que deveria voltar a rodar no estrangeiro, de modo a ter continuidade e evoluir.
Falando agora de outro médio, desta feita estrangeiro e que esteve emprestado a um clube da Primeira Liga: Martin Chrien. Na minha opinião, acho que ele dificilmente irá evoluir ao ponto de ter qualidade para a equipa principal. Como tal, acho que deve rodar no estrangeiro para valorizar e conseguir uma boa venda no futuro.
Tiago Dantas e David Tavares irão cumprir a pré-temporada com a equipa principal, mas é possível que passem grande parte da época na equipa B. Já Krovinovic, fala-se que pode ser emprestado a um clube inglês.

Extremos/Avançados:
É provavelmente, a posição onde há mais opções e consequentemente, mais indefinição. Salvio é dado como certo no Boca Juniores. Cervi e Zivkovic também são possíveis saídas. Há ainda o caso bicudo de Jota com a sua proposta de renovação. Chris Willock tem qualidade para a equipa principal, mas tendo em conta a forte concorrência, pode nem fazer a pré-temporada. Como tal, acho que é um jogador que deve rodar no estrangeiro de modo a ganhar calo e evoluir.
Há ainda outros casos a analisar: primeiro o de Nuno Santos, que irá integrar os trabalhos de pré-temporada, mas pela concorrência, creio que deveria rodar na Primeira Liga quando começar a época oficial. Creio que o Moreirense FC seria um bom clube para ele, onde trabalharia com um treinador que já tem experiência a potenciar jovens valores; o segundo caso é o de Heriberto Tavares, que após ter feito uma grande temporada no Moreirense FC, creio que tem qualidade para integrar a equipa principal, tanto a extremo como a avançado.
Na posição se ponta-de-lança, não há muito que se possa dizer. Há apenas o caso de Facundo Ferreyra por definir. O empréstimo ao Espanyol é válido por mais uma temporada, mas a imprensa tem avançado que o clube catalão não conta com o avançado argentino. Isto poderá significar que Ferreyra possa ter uma nova oportunidade para trabalhar com Bruno Lage, mas tudo dependerá do seu futuro quando o Espanyol iniciar os trabalhos de pré-temporada."

Bruno Lage, por Luís Filipe Vieira

"Como tive oportunidade de afirmar após a reconquista do título, Bruno Lage personifica melhor do que ninguém a afirmação e consolidação do projecto de aposta na formação que construímos na já famosa escola do Seixal.
Pelas suas elevadas competências técnicas, pelo rigor e exigência que coloca na sua filosofia do treino a treino, jogo a jogo e pela ambição, conhecimento e coragem com que não teve dúvidas em apostar nos jovens talentos que bem conhecia, conciliando-os de forma notável com os mais experientes e consagrados. Bruno Lage
Face às circunstâncias em que pegou na equipa, o seu trabalho foi absolutamente extraordinário nas várias dimensões, revelando-se um técnico de enorme qualidade nas vertentes tácticas, humanas e comunicacionais.
No Benfica há muito que as qualidades do Bruno eram conhecidas, por isso, rapidamente o acolhemos quando se colocou a hipótese do seu regresso a Portugal, após a sua muito enriquecedora experiência internacional.
Por isso, foi sem surpresa que, quando decidimos pela saída de Rui Vitória, Bruno Lage surgisse logo naturalmente como primeira hipótese, além da excepção de todos conhecida.
Inclusive, como há dias revelei numa entrevista, existe um presidente de um clube, o António Silva Campos, do Rio Ave, que me abordou sobre a eventual cedência de Bruno Lage, ao qual eu disse que não, porque poderia vir a ser treinador do Benfica.
Obviamente foi pelo reconhecimento do seu trabalho junto da equipa B, pela identificação que ele tinha com toda a estratégia e rumo que há muito definimos para o futuro do Benfica, com a aposta na formação e nos nossos jovens talentos, e também pelo conhecimento minucioso que tinha de todos eles, que, em boa hora, optámos por esta escolha interna e de enorme ambição para o futuro.
Desde o primeiro momento em que assumiu a liderança, algo que muito nos impressionou a todos (sejam dirigentes, jogadores ou funcionários) foi a enorme naturalidade com que aceitou o desafio, a sensibilidade e o bom senso que demonstrou diariamente na forma como enfrentou a pressão e motivou todo o grupo, sem excepção, numa caminhada e numa segunda volta que ficará para sempre nas nossas memórias.
Lage é um bom exemplo da qualidade que distingue os treinadores portugueses, hoje mais do que nunca reconhecidos internacionalmente. Um técnico de enorme coragem que não teve receio de lançar os jovens e de assumir, sem bloqueios pelos riscos, a aposta naquilo em que acreditava. 
Também aprecio particularmente a forma como gosta de falar abertamente sobre as suas opções técnicas e tácticas, de falar afinal sobre o futebol e o que de mais fascinante tem, o jogo jogado nas quatro linhas.
Sempre com uma enorme elevação, assumindo erros, evitando desculpas e enaltecendo o valor e os méritos dos seus adversários. Rapidamente se identificou e representa a cultura e ADN Benfica.
Há em Bruno Lage uma simplicidade e um humanismo que gera uma natural empatia com os Benfiquistas e com os adeptos do futebol.
Como presidente, acredito e é meu desejo que continue connosco por muitos e bons anos, que seja companheiro de percurso neste momento de forte aposta do clube na manutenção e reforço da hegemonia do futebol português, mas sobretudo de dar um salto qualitativo de maior afirmação e ambição em termos europeus.
Aproveitar todo este talento jovem que está a surgir, conciliá-lo com a experiência e mais-valia de jogadores claramente identificados com a nossa cultura e poder contar com alguém com as características do nosso também ele jovem técnico são factores de enorme alegria e motivação para todos os Benfiquistas.
Os fantásticos números e resultados obtidos nesta segunda volta, com vitórias em todos os campos dos principais adversários, o recorde em número de golos obtidos, a forma como recuperou jogadores e rapidamente conquistou os adeptos e todos os amantes do futebol em apenas cerca de seis meses foi um feito inédito e que proporcionou um refrescamento do futebol português.
Lage contribuiu para recentrar o ambiente no jogo, nas suas dinâmicas e no que melhor ele tem como fenómeno de massas e de grande impacto socioeconómico.
Sim, é possível trabalhar de forma estruturada, sustentada e a pensar muito além do momento. É nessa linha de consolidação do Benfica que contamos com Bruno Lage e a sua equipa.
Sabemos de onde viemos e para onde queremos ir, Bruno Lage é parte desse caminho de futuro em linha com o trabalho e os resultados de mais de uma década que concretizámos.
Quando, antes de cada jogo, o vemos sozinho no centro do campo, passada a surpresa inicial, hoje o que nos logo ocorre, a quem com ele lida de perto, é afirma 'lá esta a força tranquila'."

Félix e Rennie

"A mais que certa transferência de João Félix para o Atlético de Madrid confirma dois factos muito poderosos acerca do futebol português: por um lado, somos capazes dos feitos mais extraordinários, com um miúdo que entrou a meio da época a concretizar a quarta transferência mais cara de sempre; por outro, somos também os reis da inveja, porque foi sofrível ver o melão e a decepção com que os comentadores portistas e sportinguistas insistiram em olhar para esta transferência. Ter de dar a mão à palmatória foi bastante duro... e só muitos Rennie poderá ajudar!
Já que estamos nesta onda, há que dizê-lo frontalmente: talvez o Benfica deva reter o valor do mecanismo de solidariedade a pagar ao FC Porto para cobrir uma parte da indemnização referente ao caso do emails. Mais vale prevenir do que remediar!"

Vamos lá trocar por miúdos

"Este texto é feito com base num pressuposto, aquele que nos diz que o negócio do Benfica com o Atlético de Madrid ficará concluído e na garagem da Luz vai entrar uma camioneta carregada de dinheiro. São, então, nunca menos de 120 milhões de euros, o valor da cláusula de rescisão, Nem um cêntimo a menos. Para o Benfica é, a todos os níveis, um negócio estratosférico. Também representa uma pressão acrescida para os rivais, agora obrigados a não poderem vacilar quando se sentirem tentados a aceitar qualquer proposta apresentada abaixo do valor da cláusula. Mesmo em condições vantajosas, contra si vão estar os próprios adeptos, sempre com o argumento da venda milionária dos encarnados na ponta da língua. Está criado um novo paradigma.
Entrado o dinheiro nas contas da Luz, resta saber alguns 'pormaiores'. Para já, descortinar qual o valor real que o Benfica vai apresentar nas contas finais apresentadas aos sócios. Depois, quando vai para aos bolsos dos agentes? E porquê, já que o Benfica dizia não querer vender o jogador. E o que vai ser feito a todo esse dinheiro? Quanto é o valor a ser canalizado para abater o passivo, esse que é um ponto de honra de Luís Filipe Vieira?
Os benfiquistas, e não só, aguardam com curiosidade os desenvolvimentos do meganegócio."

Paulo Fonte, in Correio da Manhã

O FC Porto está bem?

"O FC Porto não anda bem... Anda esquisito. A perda do título para o Benfica deixou mossas na estrutura, no discurso e na imagem externa. Mas internamente não há problema. A administração da SAD é composta por craques com longos anos de experiência no negócio que só deixaram escapar Bruma para o PSV para não ferir sensibilidades entre aliados visto que o jogador foi formado em Alvalade de onde saiu a mal já há alguns anos. Ao nível da comunicação vive-se um período áureo sabendo-se que a guerra patrocinada contra o Benfica, no que diz respeito a caso dos emails, teve uma decisão favorável no Tribunal tal como nos foi muito bem explicado pelos analistas e pelos comentadores da casa. Dizem que ficou provado que 'os emails existem' e isto bastou-lhes para celebrar rijamente a condenação de que foram alvo a SAD e o director de comunicação. O que o Tribunal os obriga a pagar ao Benfica, a título de indemnização, são 'peanuts' porque se trata de uma organização riquíssima que, de propósito, deixou escapulir João Félix para o Benfica só para provar que os de Lisboa andam por aí a desviar criancinhas com propostas 'pornográficas'.
Quanto ao presidente nunca foi tão firme a sua cotação interna. Pinto da Costa chegou ao ponto de pregar moral a Platini mal o viu a ser arrastado pelas autoridades francesas para uma esquadra da polícia onde prestou declarações sobre o seu envolvimento na atribuição do Mundial de 2022 ao Qatar. 'É caso para dizer que a verdadeira natureza das pessoas e das suas acções acaba sempre por revelar-se', explanou Pinto da Costa. É assim o FC Porto visto de dentro. Um prodígio de competências e de razão. No entanto, o FC Porto visto de fora é uma coisa diferente. A fuga de Bruma para o PSV soa a incapacidade ou, até mesmo, a grossa incompetência. Já as tranquilas saídas à borla de Herrera e de Brahimi soam a incompetência ou, se calhar, a grossa incapacidade de seduzir por um cêntimo que fosse o 'capitão' da equipa e a sua maior estrela. Quanto à decisão do Tribunal que condenou com palavras azedas e mão pesada o director de comunicação e a SAD do FC Porto na questão do correio electrónico roubado ao Benfica é o maior achincalho público que o FC Porto alguma vez sofreu às mãos do poder judicial. E até a eminente contratação de um guarda-redes, Koubek, tem servido para deitar abaixo o mito da infalibilidade científica do futebol portista porque, de acordo com a estatística, sendo´o checo um exímio defensor de grandes penalidades interrogam-se os infiéis sobre a conveniência da contratação de um guardião que defende muitos penáltis por um clube, o FC Porto, contra o qual raramente são assinalados.
Desperdício atrás de desperdício.

Um verdadeiro coração de manteiga
Coentrão anda a fazer pouco destas gentes tacanhas do futebol
É já tradição fazer pouco de Fábio Coentrão sempre que muda de clube. O mote é invariavelmente fornecido pelo jogador. A cada novo emblema confessa o seu amor desde o berço. Como o público é cruel e sabe estas coisas todas de cor e salteado - é a cultura geral -, o pobre do Coentrão acaba sempre por ser alvo de gozo no inevitável confronto entre o novo amor e o amor anterior. Foi assim quando chegou ao Benfica 'benfiquista desde pequenino', quando arribou ao Sporting, 'o clube do meu coração', quando voltou ao Rio Ave, 'o clube que amo desde que nasci' e, finalmente, agora que a imprensa brasileira fala da vontade que Jorge Jesus terá de levar o lateral-esquerdo para o Mengão, surgiu-nos um Coentrão a anunciar que 'quando era criança chorava porque queria ver os jogos do Flamengo'. O pessoal riu-se a ler isto, claro. E Coentrão riu-se mais ainda porque, na realidade, é ele quem anda a fazer pouco destas gentes tacanhas dos futebóis que são contra o amor livre.

Líder dos empresários
Jorge Mendes
O empresário volta a estar associado a um negócio estratosférico. A transferência de Félix para Madrid recoloca Mendes no topo do campeonato dos empresários.

Negociar até ao fim
Luís Filipe Vieira
O presidente do Benfica não faltou à sua palavra e não cedeu Félix até aos 'colchoneros' desembolsarem o total da cláusula de rescisão e ainda mais uns trocos.

Objecto do desejo
João Félix
Aos 19 anos protagoniza o 4.º maior negócio de sempre do futebol. Só Neymar, Coutinho e Mbappé estão à frente do viseense na liga mundial das transferências.

Pérola
«Melhor treinador do Brasil? Não, do Mundo»
Jorge Jesus, treinador do Flamengo."

A Norte nada de novo

"A dois dias do regresso ao trabalho, o plantel do FC Porto parece debilitado mas, simultaneamente, protegido por um manto de silêncio um pouco diferente do que antigamente se considerava uma extraordinária capacidade de gestão de informação. Há três dias que o Porto Canal não diz uma palavra sobre o plantel de Sérgio Conceição e os meios tradicionais agem como se a ausência de notícias não fosse, neste caso, uma grande notícia.
O FC Porto perdeu Militão, Maxi Pereira, Felipe, Herrera, Brahimi e, provavelmente, Casillas, pode ter de abrir mão de Alex Telles, Soares e Marega e vai enfrentar o dificílimo começo de temporada sem Pepe. Da equipa titular da final da Taça de Portugal, último jogo disputado, restariam apenas três jogadores, Vaná, Danilo e Otávio.
Até agora, apenas foi encontrado no argentino Saravia o substituto do lateral direito uruguaio e promovidos os regressos de jogadores dispensados na última época, como Sérgio Oliveira ou Osório. Todos os outros postos estão em aberto.
Um panorama assim num clube de Lisboa seria caótico e abriria uma crise mediática sem precedentes.
O lema “a Norte nada de novo” está a ser cumprido pelos media nacionais com todo o rigor e respeito. Nos últimos dois programas “Mercado” do Porto Canal, os temas em análise foram João Félix, Diego Souza, Vietto (na 5.ª feira) e reforços do Famalicão, Rafael Camacho e Jhonder Cádiz (na 6.ª feira), assuntos que imagino tirarem o sono aos adeptos portistas.
As últimas informações na televisão do FC Porto sobre a própria equipa foram dadas no dia 26 com o mesmo entusiasmo da aquisição de Eduardo pelo Sporting e de Ruben Semedo pelo Olympiakos de Atenas: a fuga de Bruma e do seu empresário, homens sem palavra, e a promessa de aquisição de Nakajima, realçando que consideram o japonês muito melhor que o guineense, mas sem notar que o asiático custa o dobro do africano!
Do que se sabe, o FC Porto já perdeu neste defeso o guarda-redes Koubek, o lateral-esquerdo Iago, o médio Léa-Siliki, o extremo Bruma e o avançado Roger Guedes e está à beira de não conseguir contratar o avançado Zé Luís, motivo de um insólito bate-boca entre presidente e treinador no mesmo canal televisivo. E sem esquecer as movimentações por Mangala ou Buffon, cujas contratações não tinham pés nem cabeça.
A incapacidade de a SAD portista enfrentar o mercado e de revalidar os contratos das suas principais figuras, perante as limitações impostas pelo Fair Play financeiro, foram disfarçadas nos últimos dois anos com a negociação de jogadores de terceira categoria, alguns aceites humildemente por Conceição, mas o fim dos contratos das principais estrelas veio por a nu uma situação realmente preocupante, num cenário de cinco campeonatos perdidos em seis anos. Talvez nos próximos dias se comece a falar disto…"

Senorise Perry

"Senorise Perry, 27 anos, era só outro jogador de futebol americano até ter chegado este ano aos Bufallo Bills e escolhido a camisola 32, assim reanimando uma assombração, qual filme de terror no qual o monstro não morre garantidamente no final, empurrando as incertezas para a sequela de menor qualidade. Aquele 32 não era usado nos Bills, desde OJ Simpson, um dos mais celebrados atletas da América.
O número desaparecera entre más memórias em 1994 no início do julgamento do século, como lhe chamaram, quando OJ foi acusado de assassinar a ex-mulher, Nicole Brown, e um amigo dele, Ronald Goldman, talvez amante de Nicole. Houve um circo jurídico em directo na televisão durante ano e meio, com discussão de provas sangrentas e comportamentos suspeitos. E os Bills nunca souberam o que fazer à camisola. Não a retiraram em homenagem, porque não o tinham feito antes; e não o ousaram no decurso sensível do julgamento. Um 32 morto-vivo - não retirado, logo não morto; não usado, logo não vivo.
OJ seria inocentado dos homicídios de forma controversa, porém mais tarde preso por roubo e rapto, até à libertação em Outubro de 2017. Entrevistado há dias disse que «a vida está boa» e achou «compreensível» que Senorise queira o 32. Aquele número dá que pensar: se lembra o famoso passado desportivo, não esquece o infame passado forense.
No que toca a terrores que voltam elejo invariavelmente a história de it, de Stephen King, como a preferida, na qual o palhaço Pennywise volta a cada 27 anos para se saciar de medos e memórias assustadoras. Entre o ano do início do julgamento de OJ e a escolha porventura amaldiçoada de Senorise passaram-se não 27 mas 25 anos. Dois anos, portanto, impedem o acaso, uma coisa nada tem a ver com a outra. É só uma camisola 32. Mesmo a sonoridade dos nomes é trivial coincidência, é tudo devaneio, claro: Perry, Senorise, Pennywise."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Contratar pouco e bem

"Benfica só poderá ficar no ponto que os adeptos e administração querem com entradas de igual ou superior qualidade dos que saíram

A aparente tranquilidade do mercado do Sporting e a alguma incapacidade envolta na bruma do mercado do FC Porto não podem fazer acreditar em qualquer facilidade para a época que agora começa. Vamos ter adversários fortes e temos que ter um Benfica fortíssimo. Sérgio Conceição tem qualidade bastante para com poucos ovos (e vai ter muitos) fazer omeletas interessantes e, por isso, haverá seguramente adversários de respeito.
Um Benfica que vendeu João Félix, deixou sair Fejsa e viu acabar Jonas é seguramente um Benfica menos mágico e menos forte. Ainda se fala de algumas possíveis saídas, empréstimos e cedências, todas por confirmar. Aguardar é a única solução.
A ideia de que qualquer Manel pode substituir os génios que saem é oriunda da estupidez ou da vontade de perder. Com as saídas (mesmo que todas bem justificadas e justificáveis), o Benfica ficou mais fraco e só com entradas de igual ou superior qualidade poderá ficar no ponto de que os adeptos e administração querem.
Agora que findou (ou abrandou) a época dos rumores, acredito que chegou a hora dos vencedores. O presidente do Benfica já repetiu que se iria comprar pouco e mais bem. Não posso estar mais de acordo. Esse é caminho, este é o caminho.
Se saiu Félix, o Viriato, aguardamos pela chegada do 'Sertório' porque em Reino Lusitano sem rumo e sem luta não ficaremos. No mundo moderno do futebol, o dinheiro deixou de ter valor e, por isso, ninguém dá valor ao dinheiro. Está na CMVM e são 126 milhões. Os incrédulos, pelos menos os que sabem ler, poderão analisar os balanços e as contas, embora suspeite que nem a contar notas à boca do cofre se convenciam. Esta é a frase do Benfica usar de indulgência com os comentários e muito competência nas aquisições.
Na próxima semana começam os treinos, a preparação de uma nova época, entre dia 1 e dia 5. Era bom que chegassem a quase totalidade daqueles que vão ser os nossos recursos. Interessa-me é ver o plantel fechado (ou perto disso) e a bola a rolar. Bruno Lage e a administração serão quem escolhe, selecciona e determina quem fica e quem sai. No Benfica a responsabilidade não morre sozinha porque a competência também não."

Sílvio Cervan, in A Bola

Cádiz

Muito se tem falado da contratação do Jhonder Cádiz, sendo que existem muitas dúvidas, se será uma aposta para o plantel principal, ou se será 'desviado' para um empréstimo. O facto de ter tido uma apresentação 'à grande', parece que irá ter pelo menos a pré-época, para 'provar' se tem qualidade para ficar...

Com a saída do Félix, e muito provavelmente do Jonas, ficamos só com um avançado no plantel: Seferovic. Como tudo indica que vamos continuar a jogar em 442, existe uma clara necessidade de contratar avançados. Na equipa B, tanto o Saponjic, como o Pedro Henrique ou até o Zé Gomes, não parece ter convencido... portanto, estamos obrigados a ir ao mercado...

Tem-se falado muito do Raul de Tomaz, mas mesmo com a chegada do Espanhol ainda existem mais duas vagas por ocupar... Se o Cádiz ficar no plantel principal, ainda ficará mais uma vaga!!!

Muitos têm colocado em causa a qualidade do ex-avançado do Setúbal. Pessoalmente, acho que existe muito potencial. Tem uma assinalável presença física, na Luz deu muito trabalho aos nossos Centrais, usa bem os braços para proteger a bola, tem caparro, e na área tem confiança no momento do remate... Veja-se por exemplo, o penalty à panenka marcado ao Odysseas!

Tecnicamente, é algo trapalhão, mas isso não invalida a sua capacidade. Conheço muitos avançados trapalhões com sucesso... Além disso, é um tipo de avançado, diferente do Seferovic ou do RdT, que em momentos onde seja preciso 'peso' na área, poderá ser útil...
Quantos vezes em discussões entre Benfiquistas, não reclamamos a contratação de um avançado físico, com poder de choque, e centímetros para disputar o jogo aéreo?!!!

O facto de ser contratado ao Setúbal, não deve querer dizer nada... basta recordar o Lima. Não é fácil 'acertar', mas às vezes as melhores opções, não estão em 'destinos' exóticos ... O facto do Cádiz se ter destacado a marcar golos no Setúbal é na minha opinião um bom cartão de visita: este Setúbal era uma das equipas mais defensivas na I Liga, marcar golos abandonado lá na frente não era fácil...
Por exemplo, não acho que seja inferior a um Soares ou a um Luiz Phellype...!!!

Agora, se o Cádiz não ficar no plantel, não será a primeira vez que um jogador é apresentado desta forma, e depois é emprestado, portanto vamos esperar para ver como decorre a pré-temporada...

Propagandistas

"No relatório e contas do SLB relativo a 1954, página 16, há uma pequena secção dedicada à aquisição de um autocarro – o primeiro do Benfica. Comprado ao popularíssimo actor Francisco Igrejas Caeiro, o avultado investimento permitiria poupar nos crescentes custos de deslocação das equipas e proporcionar maior conforto e segurança aos atletas. Igrejas Caeiro havia adquirido o autocarro meses antes por cerca de 1100 contos. Vendeu-o por 450 e mereceu, conforme se pode ler no relatório, o seguinte tratamento por parte do Benfica: “O nosso querido amigo e prestigioso consócio”.
Acontece que Igrejas Caeiro, não obstante o seu reconhecido benfiquismo, se viu obrigado a vender o autocarro que adquirira para a sua companhia. Instado a nomear o maior estadista da sua geração numa entrevista ao jornal “Norte Desportivo”, referiu o indiano Nehru, o que foi considerado subversivo e lhe valeu, por decreto governamental, o impedimento de actuar publicamente. Sem poder trabalhar, o autocarro deixou de ter qualquer utilidade para Caeiro. À necessidade benfiquista, juntou-se a oportunidade de ajudar quem se viu privado do seu sustento.
Este é mais um excelente exemplo dos muitos que contrariam os revisionistas que acusam o Benfica de ter sido o clube do regime. Para o Benfica, Igrejas Caeiro continuou a ser, apesar de proscrito pelo Estado Novo, “querido amigo e prestigioso consócio”.
Mas verdade seja dita, esses propagandistas já nem entre os seus têm qualquer credibilidade. Veja-se a sondagem da Aximage sobre a justiça da decisão dos tribunais em punirem o FC Porto no chamado “caso dos emails”. São mais, entre portistas e sportinguistas, os que não discordam da decisão..."

João Tomaz, in O Benfica

Um abraço da Jamaica

"Estou novamente fora de Portugal, mas vou acompanhando as novelas do nosso futebol. Leio as tentativas falhadas de denegrir o SL Benfica e João Félix, os delírios oposicionistas de candidatos a líder que não o são, o apego pela formação que os nossos rivais agora descobriram, os negócios de milhões que os outros nunca fazem. Mesmo à distância, não há como escapar a tanta azia alheia.
O que vale é que estou na Jamaica, um país onde os campeonatos nacionais de atletismo são transmitidos em directo na televisão. Esta é a ilha de Usain Bolt e de dezenas de outros atletas medalhados internacionalmente, por isso é normal que as conversas sobre desporto comecem e acabem quase sempre em atletismo. E calha bem, porque no fim de semana passado, as equipas masculina e feminina de sub-23 do Sport Lisboa e Benfica venceram os campeonatos nacionais dessa modalidade. E que orgulho isso me dá enquanto adepto. Ver o trabalho de Ana Oliveira, dos dirigentes, dos treinadores e dos atletas a dar resultados tão positivos - e há tantos anos - é sinal de que o ecletismo do Glorioso está no caminho certo. Não criámos equipas apenas para dizer que as temos: formamos e lutamos para ganhar em todas as modalidades em que participamos.
E assim, por cá, com mais de 30 graus de temperatura no ar e na água, sabe bem falar de desporto com os jamaicanos. Não se fala de dores de cotovelo, ressabiamento ou cegueira clubística. Fala-se de superação, de treino, de competição saudável. Não se olha para o quintal do vizinho a invejar a relva. Trabalha-se de forma mais árdua para conseguir os objectivos. E isso é coisa demasiado estranha para rivais que acordam, vivem e dormem a pensar em nós em vez de trabalhar para ser melhores. Vou ali dar um mergulho e já venho."

Ricardo Santos, in O Benfica

Sorteio do calendário: imperdível

"Falta uma semana para o sorteio do calendário da Liga 2019/2020 (5 de Junho) e eu sou incapaz de esconder a ansiedade. Com quem jogará o Benfica na primeira jornada? E na última? E na oitava?
Quando será o clássico com o FCP? E o dérbi com o SCP? E o embate com o Paços de Ferreira? Pois é, todos os jogos são importantes e gosto de saber em que momento da temporada se realiza cada um deles. Pertenço ao grupo de adeptos que no espaço de dois minutos decora de trás para a frente os duelos do Benfica nas 34 rondas. Trata-se de um raro distúrbio chamado anxietatem gloriosum, embora não haja (ainda) qualquer registo clínico deste transtorno. Sim, a medicina ainda tem muito para evoluir.
Tenho por hábito projectar os mais diversos cenários jogo a jogo, mas admito que as previsões costumam sair ao lado. Nas minhas contas, o Benfica chega sempre ao fim com 34 vitórias, registo que estranhamente não se tem verificado. Porém, de vez em quando lá vou acertando. Na temporada passada, numa dessas premonições ou imaginava o Benfica a vencer os jogos todos por 10-0, pelo que ainda acertei num resultado.
Ainda há uma semana pela frente até ao sorteio, contudo a espera não será muito dolorosa: o arranque da pré-época do Benfica está agendado já para a próxima segunda-feira. Nos primeiros dias não haverá bola, porque os jogadores têm de se sujeitar primeiro a vários exames médicos e testes físicos, prática comum após este alongado período de descanso. Mas posso esperar. Quem leva a melhor na velocidade? Quem consegue fazer mais agachamentos? Quem fica mais sóbrio depois de deitar abaixo dez latas de Sagres? Enfim, os exercícios necessários para que em Maio se possa celebrar o 38."

Pedro Soares, in O Benfica

Modalidades 18-19

"Os títulos conquistados no Voleibol e no Futsal acabaram por deixar uma marca de sucesso na temporada das nossas modalidades. Nas cinco principais, foi a 19ª vez que alcançamos dois títulos absolutos, sendo que apenas em duas ocasiões fizéramos melhor –2012, Hóquei, Basquete e Futsal; e 2015, um recorde, com Hóquei, Basquete, Futsal e Voleibol.
É preciso lembrar que, de então para cá, não só assistimos - ultrapassada a crise económica - ao recuperar da competitividade de algumas equipas ancoradas em orçamentos de empresa ou autarquia (de entre as quais a Oliveirense será o caso mais paradigmático), como vimos o nosso vizinho e rival despejar dinheiro em cima das suas modalidades, formando plantéis bem acima das realidades do mercado português – que, como sabemos, hipervaloriza o Futebol, ignorando quase tudo em seu redor. Temos também um FC Porto a centrar o seu investimento, sobretudo, no Hóquei e no Andebol, mantendo assim elevado nível competitivo nessas duas frentes.
É hoje, pois, mais difícil ganhar do que há uns anos atrás. E como o dinheiro não estica, teremos de ser cada vez mais inteligentes e certeiros na gestão das dotações, sob pena de ficarmos atrás de um aqui, atrás de outro ali, e atrás de um outro acolá. Teremos, por exemplo, de ser extremamente criteriosos na contratação de atletas estrangeiros que, ou chegam para fazer a diferença, ou estão a mais.
Uma palavra final para o sector feminino que, Basquetebol à parte, cumpriu praticamente todos os objectivos da época, tendo a partir de agora novos desafios, com Futebol e Andebol a atingirem o escalão principal."

Luís Fialho, in O Benfica

E mais títulos...

"Com as nossas principais equipas já a gozarem umas merecidas férias, continuam em competição as jovens promessas.
O Atletismo e o Futsal são dois bons exemplos do trabalho de excelência que o Sport Lisboa e Benfica tem vindo a realizar, esta década, na formação. Quando falamos desta área tão importante e complexa, tendemos a focar-nos apenas no Caixa Futebol Campus. Uma tendência natural e legítima, mas enganadora. O SL Benfica de hoje é todo ele uma academia gigante de formação.
No Atletismo, as nossas equipas de Sub-23 dominaram os Campeonatos Nacionais ao ar livre. A conquista de dois títulos são coroar de uma política com cabeça, tronco e membros. O feito da equipa masculina é notável - 11.ª título consecutivo. Quanto à equipa feminina, a reconquista chegou esta época. Com a particularidade destas Esperanças serem na grande maioria juniores. A visão e a competência da prof.ª Ana Oliveira são conhecidas, mas ter a capacidade de refazer equipas em anos consecutivas não é para todos.
No Futsal, a nossa hegemonia é uma evidência - conquistámos os dois campeonatos nos seniores e nos juniores a nossa equipa feminina sagrou-se bicampeã. Mas os êxitos não se ficaram por aqui, pois os Juvenis masculinos conseguiram, pela primeira vez, conquistar o título. Estes feitos reforçam a nossa política desportiva como a mais ajustada nos dias que correm
.O SL Benfica é um modelo a todos os níveis. Olhemos para os 17 atletas que formam a nossa equipa olímpica, em Minsk, onde estão a dar cartas nos Jogos Europeus. Um país e um clube que têm atletas como Telma Monteiro, Fernando Pimenta, João Ribeiro, Teresa Portela, Joana Vasconcelos, Bábara Timo, Rochele Nunes, Ricardo Santos, João Coelho e Rivinilda Mentai arrisca-se a conquistar medalhas. Na próxima semana, prometo analisar a notável performance da nossa equipa de futebol feminino."

Pedro Guerra, in O Benfica

Violência Fora de Jogo!

"Se há coisa de que a condição humana não se orgulha, essa coisa é a violência em qualquer das suas formas. Mas o que é violência? Na verdade, há sobre isso grandes mal-entendidos que variam de sociedade para sociedade e de cultura para cultura em função das percepções. Quer dizer, a violência tem certamente uma medida absoluta e uma medida relativa. Assim, se perante a agressão física contundente, o ferimento ou a morte é claro em todos os tempos e latitudes que se trata de violência, há sociedades e mesmo grupos sociais em que não é socialmente percebida como violência a agressão física menor e quase todas as formas de coação e agressão psicológicos ou a segregação social. Três exemplos simples: a rapariga vestida à moda 'que estava mesmo a pedi-las...',o Bullying, que pode tornar-se uma 'prática divertida' de exibição grupal; a imensidão de situações em que chega a considerar-se, com aceitação social, que certas formas de violência estão dentro de esfera formas de violência estão dentro da esfera da vida privada ou mesmo que correspondem à aplicação de castigos moralmente legitimados por algum sentimento de justiça ou reparação de honra, quase sempre desproporcional à situação que a desencadeia.
Diz o povo, nem sempre com razão, que 'entre marido e mulher ninguém meta a colher' e se assim deve ser na esfera familiar privada, filhos abrangidos, mas com exclusão de todas as formas de violência que, felizmente em Portugal, é um crime público e como tal não pode ser perpetrado sem denúncia nem impunemente independentemente da vontade dos sujeitos. E essa vontade é muitas vezes tolhida, diminuindo as vítimas a níveis de autoestima e depressão tão profundos que comummente se instala a dúvida sobre a natureza violenta da agressão e do agressor ou mesmo a culpa e a sua expiação como se a vítima fosse ao mesmo destino e origem da toda a violência assim legitimada pela própria, amarfanhada pelo medo e prolongada pelo passar do tempo na esperança vã de uma mudança. Invariavelmente nada disso acontece e a violência grassa como um fogo incontrolado que nasce de uma pequena centelha e se alimenta de si próprio até que, avolumadas as proporções, se torna imparável e desmesurado conduzindo muitas vezes, vezes demais, a um fim trágico.
É assim em todos os aspectos da vida e é assim também no Desporto, que não é imune aos males mundanos. Bullying, assédio e violência sexual no desporto têm vindo a lume nos países desenvolvidos, cada vez com maior acuidade, sendo publicamente assumido pela Comissão Europeia que na Europa comunitária um em cada cinco praticantes de desporto, formal e informal., são vítimas de alguma forma de violência sexual. Uma proporção demasiado grande para que lhe fechemos os olhos. Pelo contrário, há que tornar consciência deste verdadeiro flagelo social que tolhe a liberdade e a dignidade humanas. Para isso é preciso prevenir, formar, informar. Em suma, é preciso por a 'Violência fora de jogo!'"

Jorge Miranda, in O Benfica