segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

2018 foi o ano de Bruno de Carvalho

"A forma de governação dos clubes, enquanto a privatização não chega, deve ser revista, na certeza de que o modelo actual está esgotado

No exercício de identificar a personalidade do ano sigo o critério da Time que privilegia, sem mais, o impacto que cada candidato teve ao longo dos 12 meses. Por isso, indivíduos como Hitler, Estaline, Kohmeiny ou Trump tiveram honras de eleição, sem que isso derivasse das melhores razões. Por cá, no que respeita ao desporto, torna-se evidente que Bruno de Carvalho arrasou a concorrência. Em Fevereiro pedia meças ao Leonardo de Caprio «I'm the king of the world»; seguiu-se a derrota em Madrid, um post surrealista e de repente o brunismo começou a ruir qual castelo de cartas, de mal a pior, das cenas tragicómicas após o jogo com o Paços de Ferreira, à verdadeira tragédia de Alcochete. Não tenho memória de ver um descalabro tão de ver um descalabro tão à velocidade da luz, de assistir a um desatino tão alucinado que, finalmente, conheceu fim na AG da Altice Arena, quando a maioria silenciosa de Alvalade abandonou o torpor, acordou do canto da sereia que lhe prometia grandeza e devolveu o Sporting ao trilho certo.
Para o País, o brunismo foi uma lição importante, que serviu de vacina contra males semelhantes, de génese populista, que podiam afectar outras áreas, à imagem do que aconteceu e acontece no estrangeiro. Por tudo isto, o ano de 2018 teve em Bruno de Carvalho o protagonista maior, pela marca indelével que deixou, pelas piores razões, na sociedade portuguesa.
Mas falar de 2018 sem abordar o cerco montado ao Benfica, que teve o auge na acusação do Ministério Público à SAD no caso e-toupeira, seria como ir a Roma e não ver o Papa. Os últimos dias, com a não pronúncia da SAD, foram de alívio para a nação benfiquista. Mas, quer como acusador, no caso do roubo e divulgação dos emails (uma prática que continua ininterrupta!!!), quer jogando à defesa em vários processos que seguem o seu curso, o Benfica terá caminhos cruzados com a justiça em 2019, sem esquecer o julgamento de Paulo Gonçalves, que não deixará de afectar a imagem do clube.
Uma palavra final para a violência, presente este ano em Alcochete e no ataque ao autocarro da casa do Benfica de Barcelos, como no ano de 2017 tinha feita aparição pública na batalha entre hooligans de Benfica e Sporting, que culminou com a morte de um adepto italiano. Faço votos que 2019 traga uma nova lei contra a violência no desporto e que o mínimo que dela se diga seja dura lex sed lex.

(...)
Ás
Cristiano Ronaldo
Trocou Madrid por Turim e pelo caminho não perdeu a vela goleadora. Até ver, embora seja verdade que nenhum jogador é maior do que qualquer clube, tem feito mais falta Cristiano Ronaldo ao Real Madrid do que o Real Madrid a Cristiano Ronaldo. Com o temporal Mayorga a estabilizar, já é capocannoniere na Série A. Brutal.

Duque
Justiça FPF
Itália acabou de mostrar, pela celeridade com que decidiu o caso dos insultos racistas a Koulibaly, como é anacrónico e antiquado o método seguido em Portugal, que atira as decisões para as calendas e não revela a agilidade processual requerida pela natureza própria da justiça desportiva. E não há ninguém interessado em mudar tudo isto?

Desculpe, importa-se de repetir?
«Estou convencido de que se houvesse necessidade de vencer teríamos uma abordagem diferente, os jogadores jogariam diferente...»
Rui Vitória, treinador do Benfica
A frase foi proferida após o sofrido empate frente ao D. Aves, que qualificou o Benfica para a final four da Taça da Liga. O primeiro impulso é dizer que Vitória conhece mal o Benfica. Mas como estamos perante um treinador que, em 114 anos de história, está no top 5 de permanência do clube, esse argumento não colhe. Então o que será? Um lapsus linguae? Muito infeliz!

Old Firm, muito mais que um jogo de futebol
Defrontaram-se desde 1888, já jogaram 578 duelos, uns têm raízes católicas, de emigrantes irlandeses, os outros são protestantes. A este acto de fé dá-se o nome de Old Firm e no último sábado o Rangers (com o português Candeias no onze) venceu o Celtic (1-0), algo que não acontecia desde 2012. Histórico.

O meu momento de 2018
O ano a que hoje dizermos adeus foi rico em acontecimentos desportivos relevantes, da vitória da França no Mundial da Rússia à conquista do título nacional pelo FC Porto, que colocou travão no sonhado penta benfiquista, passando ainda pela qualificação de Portugal para a 'final four' da Liga das Nações e a transferência de Cristiano Ronaldo do Real Madrid para a Juventus. Mas gostava de identificar o momento mais épico de todos, a meu ver, que teve lugar nos Estados Unidos, quando Tiger Woods, ao fim de cinco anos de calvário, regressou aos triunfos PGA, no Tour Championship, disputado no East Lake Golf Club, em Atalanta. Foi um daqueles momentos que nos remeteu para a essência do desporto, milhares de pessoas a vibrarem de forma espontânea e incontida perante o regresso ganhador de um dos gigantes da história do desporto mundial. Inesquecível. Quem não viu, que veja, basta ir ao YouTube. Imperdível!"

José Manuel Delgado, in A Bola

Lesões de carácter !!!



Dentro da 'normalidade' habitual destes cozinhados Corruptos, não posso deixar de destacar a velocidade com que o Desdentado 'respondeu', ilibando os Corruptos de qualquer problema!!!

Nada melhor do que nos despedirmos de 2018, com os Corruptos mais uma vez a subverterem os regulamentos, impunemente!!!

Ana Catarina, a melhor do mundo...

A nossa guarda-redes de Futsal, Ana Catarina, foi considerada a Melhor do Mundo... sem surpresa, diga-se!

Nota para o 3.º lugar da nossa jovem Fifó, que será seguramente a melhor do mundo dentro de poucos anos...
O nosso capitão, Bruno Coelho, ficou em 7.º lugar... se calhar depois do papel principal que teve no Europeu, até merecia mais...!!!

PS: Vejam o documentário sobre a recuperação do Chaguinha, durante as graves lesões que sofreu, está online, aqui.

"O futebol não pode ser uma guerra"

"O pai de Bruno Simões, jovem adepto do Benfica apedrejado na sequência do ataque de que foi alvo o autocarro em que seguia na noite de 23 de dezembro, após ter assistido ao jogo com o Braga no Estádio da Luz, pede "mais responsabilidade" e sublinha que o futebol "tem de ser vivido com alegria".

"Peço a todas as pessoas que pensem bem antes de ir ao futebol, porque o futebol e o desporto em si são uma alegria. Não olhem às cores, cada um é livre de escolher a cor que deseja, de gostar do clube que quer", salientou Paulo Simões, em declarações exclusivas à BTV.
O pai de Bruno Simões, jovem adepto encarnado que está internado no hospital de Gaia e irá ser operado nos primeiros dias de Janeiro, pediu para os responsáveis pelo futebol serem mais unidos de forma a prevenir estes incidentes.
"As pessoas devem olhar para o futebol como uma festa e as próprias direcções devem apelar para que acabem as guerras entre os clubes. Tentem ser mais unidos para que haja mais pessoas a ir ao futebol", apelou.
Luís Filipe Vieira, Presidente do Benfica, já esteve no hospital de Gaia a visitar Bruno Simões. A demonstração de apoio foi enaltecida por Paulo Simões, que agradeceu a consideração do Clube. 
"Tem sido um apoio muito grande para o Bruno. Ele ficou contente porque viu que o Benfica está preocupado com o seu estado. Ficou muito emocionado com o vídeo de apoio feito pela equipa principal de futebol", referiu."

Rápidas melhoras, Simões!

"O Sport Lisboa e Benfica e toda a Família Benfiquista desejam as rápidas melhoras à nossa glória António Simões, vítima de um lamentável assalto neste sábado na cidade da Praia, em Cabo Verde. Estamos certos de que com a sua têmpera e garra rapidamente se restabelecerá. Força, Simões!"

A globalização do futebol

"Há 52 anos, no brumoso Verão de Inglaterra, um futebolista português brilhava a grande altura. Chamavam-lhe ‘pantera negra’, nome que hoje seria impossível pela conotação racista. Mas ninguém pensava nisso. O politicamente correto ainda não se impusera. O facto de ser negro não aumentava nem diminuía a devoção que os adeptos tinham por ele. Chamava-se Eusébio da Silva Ferreira mas chamavam-lhe simplesmente Eusébio.
Se fosse hoje, um jogador daquele enorme nível seria imediatamente transferido para um tubarão do futebol mundial por uma gigantesca fortuna. Mas Eusébio ficou em Portugal, no Benfica, diz-se que por intervenção de Salazar. Há quem o desminta, mas uma coisa é certa: Eusébio teria na altura lugar em qualquer equipa do mundo.
A globalização do futebol tornou impossível a ocorrência de casos semelhantes nos tempos actuais. Quer em relação aos jogadores, quer, mesmo, em relação aos treinadores. Há centenas de treinadores portugueses espalhados pelo mundo, obtendo óptimos resultados.
Mas esta globalização não funciona apenas de dentro para fora - funciona também de fora para dentro, não só na importação de jogadores (e alguns treinadores, poucos) mas na reacção dos adeptos. Os ídolos das crianças já não são apenas, nem sobretudo, jogadores do campeonato português - são jogadores do Real Madrid, do Manchester United, do Bayern de Munique…
Os meus netos ainda falam em Jonas ou Bas Dost, mas sobretudo querem imitar Mbappé, Neymar ou Messi. E Ronaldo, claro, mas este deixou de ser exclusivamente português para ser património mundial.
Esta globalização do futebol, para a qual as televisões contribuem poderosamente, terá cada vez maiores consequências. Tão facilmente se vê hoje no ecrã um jogo do campeonato português como do campeonato espanhol ou do inglês. E como estes são melhores - porque envolvem melhores jogadores e os jogos são mais electrizantes - a pouco e pouco impor-se-ão.
O campeonato português irá deixando de entusiasmar as crianças, terá cada vez menos adeptos e provocará menos entusiasmo. Julgo que nunca acabará. Mas será mais pobre de ano para ano. Os melhores jogadores portugueses não jogarão cá mas no estrangeiro - como, aliás, já hoje acontece. Os melhores treinadores portugueses não treinarão cá mas no estrangeiro - como também já acontece. E esta tendência é inexorável.
Os grande clubes da Europa serão cada vez maiores, terão mais adeptos em todo o mundo e maiores receitas - e só os clubes portugueses que participarem em provas europeias (como Porto, Benfica, Sporting e talvez Braga) terão algum protagonismo. Os outros viverão com enormes dificuldades e alguns tenderão a acabar.
Como noutras áreas, também no futebol a globalização funciona como um rolo compressor que tudo uniformiza e em que só os mais fortes sobrevivem."

Mourinho dos milhões

"Assim como incluem cláusulas para os despedimentos prematuros, os contratos milionários de treinadores deveriam prever os insucessos desportivos.

José Mourinho foi despedido do Manchester United, como se previa há muito, recebendo uma indemnização milionária: 26 milhões de euros, ao que se diz.
É uma imoralidade.
Nunca discuti os salários de treinadores ou jogadores, que se regem pelas leis do mercado. Se os clubes pagam fortunas a Messi, Mbappé, Ronaldo, Klopp ou Mourinho, é porque têm a convicção de que vão ganhar com eles fortunas ainda mais volumosas – em marketing, receitas de jogos, novos associados, direitos televisivos, direitos de imagem, etc.
São investimentos que os clubes fazem. Claro que podem correr mal, mas isso acontece com todos os investimentos. Qualquer investimento envolve uma margem de risco. Nenhum investimento é seguro.
Mas o que se paga em indemnizações por despedimento não tem nenhum retorno – é dinheiro deitado à rua. Por isso falei em ‘imoralidade’. Há treinadores que enriqueceram não à custa dos seus êxitos mas à custa dos fracassos – que lhes valeram indemnizações milionárias. André Villas-Boas, por exemplo, acumulou uma fabulosa fortuna com indemnizações: no Chelsea, no Tottenham, no Zenit, até na China, em Shanghai.
Depois de uma grande época no FC Porto, que lhe valeu a ida para Inglaterra, Villas-Boas não ganhou praticamente nada. Mas esses fracassos, que resultaram em despedimentos prematuros, valeram-lhe rios de dinheiro em indemnizações.
Esta 'prática' resulta de leis que protegem os trabalhadores mas que não deviam aplicar-se no caso de salários milionários. É justo que um trabalhador que ganha o ordenado mínimo, ou um salário baixo, receba a quantia respeitante ao tempo que faltava para concluir o contrato de trabalho, se for despedido antes. E, mesmo assim, isso só deveria acontecer no caso de ficar desempregado até aí. Mas não faz qualquer sentido uma pessoa que ganha milhões, e à qual o dinheiro não faz falta, receber o salário até ao fim do contrato.
Ainda por cima, no caso de Mourinho – e na maior parte dos casos semelhantes –, o despedimento não resulta de um capricho, de uma malfeitoria do presidente do clube, mas sim dos maus resultados. Que, pelo menos em parte, são da responsabilidade do treinador.
Aliás, assim como os contratos incluem cláusulas para os despedimentos prematuros, deveriam prever os insucessos desportivos. Quando os treinadores não conseguissem alcançar resultados compatíveis com o prestígio do clube e a qualidade dos jogadores, o contrato deveria cessar automaticamente.
Não sendo assim, pode chegar-se à situação de um treinador que está descontente num clube ‘forçar’ os maus resultados -- para ser despedido e receber a choruda indemnização.
Acredito que não tenha sido este o caso de Mourinho. Mas, sendo notório que os resultados alcançados no Manchester United foram desastrosos, ele deveria ter sido o primeiro a assumir a responsabilidade e a pedir a demissão, renunciando – pelo menos parcialmente – à indemnização. 
Aliás, o comportamento de Mourinho nos últimos tempos em Manchester foi muito duvidoso – e não só neste plano. As suas atitudes nas conferências de imprensa ou em campo, pontapeando garrafas, provocando os adeptos, criticando os jogadores, descarregando a fúria (ou a euforia) de um modo agressivo e indecoroso, não são aceitáveis.
Mourinho é um ídolo para muita gente, incluindo crianças e jovens. Ora, essa simples circunstância deveria levá-lo a ser um exemplo de conduta, a comportar-se dignamente e não como um arruaceiro. 
Na liga inglesa há outro treinador muito histriónico – Jürgen Klopp – que lhe poderia servir de exemplo. Sendo um impulsivo, Klopp comporta-se com exuberância mas de uma forma correta: gesticula, leva as mãos à cabeça, pula, corre, ri-se, mas não dá pontapés nem murros e nas conferências de imprensa comporta-se como um cavalheiro, assumindo os erros e nunca agredindo os adversários. Mourinho podia pôr aí os olhos – não para o copiar mas para se refrear.
Além de sair de Manchester pela porta pequena, Mourinho sai como alguém que não reconheceu os erros, que ‘explorou’ o clube e que teve um comportamento pouco recomendável. Não havia necessidade…"

Feliz 2019 - Brinde à vida

"Vamos assistir, igualmente, e com claras tensões, à reformulação das competições do futebol, seja ao nível da FIFA seja ao nível da UEFA

1. Neste final de ano recordamos as alegrias e as tristezas que vivemos em 2018 e fazemos os melhores desejos para o ano que se vai iniciar, para 2019... Na nossa vida pessoal e no nosso sentir como comunidade independente. E, também, como vizinhos de uma aldeia global e como seres, que não se repetindo, sabem que a identidade e a memória fazem parte do nosso devir existencial. Permitam-me, assim, que deseje a cada um(a) dos nossos leitores(as) um Feliz 2019. Brindemos, acima de tudo, à vida!

2. Mas permitam-me que nesta última crónica de 2018 equacione algumas das questões que, no meu modesto entender - sempre sujeito a erros e a omissões! - vão marcar o ano que no final do dia de amanhã arranca. Em termos desportivos ambicionamos a conquista da primeira Liga das Nações em futebol. Esta nova competição da UEFA, que superou as expectativas dos seus criadores - e com indiscutível e craveira mão portuguesa - vai proporcionar às cidades do Porto e Guimarães um atractivo e sugestivo arranque de Junho. Vão viver um verdadeiro São João antecipado. Serão milhares os fiéis adeptos das selecções apuradas para esta final four a rumar a Portugal, a encher os espaços do Norte de Portugal, a combinar o vinho do Porto com a cerveja, a degustar a nossa singular gastronomia e a encher os estádios do Dragão e o Afonso Henriques. E sempre com a nossa secreta, viva e sentida esperança de erguermos, afinal e no final, o primeiro troféu de conquistadores da Liga das Nações em futebol. Seria mais um título para estes tempos fantásticos da nossa Federação e, também, da nossa principal selecção de futebol.

3. Vamos assistir, igualmente, e com claras tensões, à reformulação das competições de futebol, seja ao nível da FIFA seja ao nível da UEFA. Aqui as três competições europeias de clubes serão uma realidade confirmada e ao nível da FIFA o processo conducente a um atractivo Mundial de clubes prosseguirá a sua marcha. A FIFA quer organizar competições entre clubes e não apenas entre selecções. Mas a reformulação atingirá as competições internas com a rápida evolução da nossa segunda liga - que caminhará para duas séries, ou seja duas zonas - e para a esfera federativa e com as competições profissionais, sob a direcção de uma reformulada Liga de clubes, a concentrarem-se, apenas, na primeira Liga. O que será, em conjunto, uma verdadeira revolução. Com derrotados e vitoriosos. Mas com as Federações nacionais e assumiram mais poder, que não apenas mais e mero protagonismo.

4. Vamos em 2019 confirmar a sedimentação do VAR como instrumento importante para uma maior verdade desportiva também no futebol. Vai chegar, já, aos oitavos de final da Liga dos Campeões o que significará a sua consolidação em termos de futebol europeu. É claro que sendo o VAR humano continuará a suscitar controvérsias e múltiplas discussões, ou seja continuará a permitir, em grau bem menor diga-se, o sal e a pimenta que levaram à afirmação do futebol como um dos marcos - e exemplos - desta globalização que tem na tecnologia nas suas diferentes formas e vertentes  um dos marcos deste nosso tempo civilizacional. Se o meu neto João Maria, com o sorriso ternurento dos seus três anos, já mexe tablet com uma destreza que me impressiona estou certo que o VAR se vai aperfeiçoar ao longo do ano de 2019!

5. Neste Ano Novo vão continuar as disputas judiciais a envolver questões relacionadas com o desporto, com clubes desportivos e com sociedades desportivas. E digo judiciais em termos de justiça do Estado e não em termos de justiça desportiva onde, aqui, irão surgir duras sanções disciplinares que provocarão sérias rebeliões. E logo no ano, este de 2019, onde surgirá um novo elenco de árbitros no Tribunal Arbitral do Desporto e com um processo de avaliação necessariamente exigente.

6. O ano de 2019 será marcado por eleições europeias e por eleições legislativas em Portugal. Entre outras eleições em outros Estados europeus. O desporto não será, em qualquer delas, prioridade para a apresentação de concretas propostas - ou ideias - por isso, o desporto passará ao lado de múltiplos temas que perturbam a unidade e a comum (?) ideia de Europa e, também, entre nós, e com a excepção do tema da violência que estará, por questões disciplinares, a desviar atenções, os temas de desporto, por demasiados quentes, serão remetidos para alguns parágrafos dos programas eleitorais das candidaturas às eleições de Outubro próximo. Salvo se a disciplina perturbar tudo... e desencadear rebeliões!

7. O desporto electrónico ganhará cada vez mais adeptos e praticantes. São já milhões de praticantes, que já ganham - os melhores milhares de euros por mês, fartam-se de viajar e são reconhecidos e acompanhados por outros milhões de adeptos e fans! São estes eSports que vão crescer, e muito, em 2019. E também aqui ser número 1 do Mundo exige muito tempo, muita saúde e muita pressão. E mesmo neste jornal é importante dar nota de uma realidade deste tempo de mentes digitais brilhantes!

8. Nas outras modalidades convém acompanhar a crise de talentos no atletismo, a força do surf, da canoagem, dos ténis e do motociclismo, a crescente relevância do futebol feminino e a consolidação da presença dos três grandes do desporto português nas principais modalidades colectivas, como basquetebol e andebol, hóquei em patins e voleibol (aqui sem Porto). E com o COP a continuar a ser a instituição que agrega todos e todas, o que implicará a ponderação da existência, duplicando representações, de uma Confederação do Desporto. E com a presença paralímpica reconhecida e motivada.

9. O ano de 2019 será o ano do arranque de um novo canal desportivo, o canal da Federação Portuguesa de Futebol. É uma aposta forte e arrojada. Cheio de grandes nomes do jornalismo e da comunicação em Portugal vai mexer, e muito, no mercado televisivo, nas suas ofertas e pode perturbar realidades já existentes. Estou convicto que todos os operadores e, em particular, a Federação Portuguesa de Futebol não deixarão de prestar toda a atenção a projectos portugueses, com memória e história, com identidade e vontade, com consciência e experiência.

10. Agora, no arranque do novo ano, teremos o fim da primeira volta da Liga NOS, a final four da Taça da Liga, a decisão acerca dos semi-finalistas da Taça de Portugal e, logo no arranque de Fevereiro respectivamente os oitavos e os dezasseis avos de final da Liga dos Campeões e da Liga Europa. E com um fim de semana bem rico em termos da globalmente atractiva Liga inglesa. Feliz 2019. Bom desporto. Mas acima de tudo que arranque 2019 com um brinde à vida!"

Fernando Seara, in A Bola

Comparações em saco roto e mais sacrifícios

"O Benfica comparou o atentado contra um grupo de adeptos seus - que no domingo regressava áa Barcelos pela A1 - ao atentado que contra os jogadores e técnicos do Sporting que aconteceu em Alcochete no último mês de maio. Formalmente o Benfica tem razão. A coberto da noite, no caso recente da autoestrada, ou cobertos por capuzes, no caso da Academia do Sporting, bandos de meliantes atacaram cidadãos tão inocentes quanto desprevenidos. A comparação caiu, no entanto, em saco roto porque a imagem da cabeça ensanguentada de um adepto não se compara em impacto mediático à cabeça ensanguentada de um profissional de futebol.
A cabeça do adepto Bruno Simões, não tem o valor da cabeça do jogador Bas Dost, nem em termos das chamadas "audiências" nem sequer em capacidade para suscitar o mesmo nível de indignação social. Cinco dias já se passaram, entretanto, sobre o ataque que ocorreu no alcatrão entre Grijó e Gaia. E a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes continuam tão absorvidas por este género de questões em abstracto que ainda não conseguiram produzir uma palavra sobre o crime de domingo à noite. Para o Ministério da Administração Interna o assunto não existirá porque é "futebol". O MAI talvez se intrometesse se os utentes agredidos da A1 voltassem a casa depois de uma visita ao Oceanário de Lisboa ou ao Portugal dos Pequeninos em Coimbra. Sendo "futebol", tenham lá paciência...
O Sérgio Conceição foi multado por ter tirado a braçadeira de treinador e o Benfica foi multado por ter passado uma imagem em directo de Abel Ferreira nos ecrãs gigantes da Luz. Não há nada de verdadeiramente importante que escape à alçada civilizacional do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.
O Benfica somou no domingo a sua 7.ª vitória consecutiva desde que a Luís Filipe Vieira lhe deu a luz no Seixal. Aparentemente foi uma exibição categórica, sobretudo na segunda parte, da equipa de Rui Vitória, que ficará sempre para a história como o primeiro treinador do Mundo a substituir-se a si próprio depois de ser alvo de uma chicotada psicológica. A exibição produzida e o resultado averbado nesse jogo com o Sporting de Braga terão sido só ‘aparentemente’ categóricos porque, tal como tem vindo a ser exposto em todos os areópagos de gente séria e bem informada, o Sporting de Braga fez um frete, ofereceu-se ao sacrifício na Luz por força do amor que o seu presidente, o treinador e todos os jogadores, um a um, dedicam ao Sport Lisboa e Benfica.
Ontem, na Vila das Aves, o Benfica até parecia que estava a fazer um frete ao Desportivo local. As situações de quase-golo dos donos da casa teriam produzido um resultado histórico se a bola estivesse em noite de entrar na baliza de Svilar. Mas Seferovic lá fez um golito e assim segue o Benfica para a final four da Taça da Liga. Mas que o resultado foi injusto, isso foi."

O dilema de Rui Vitória

"Ao treinador do Benfica só resta um caminho: o equilíbrio entre ganhar e jogar bem - ou, pelo menos, jogar mais vezes bem do que mal

O que é, de facto, mais importante no futebol: o resultado ou a exibição? Os mais românticos - e não há mal algum em para o jogo olhar com romantismo - dirão que ambas, mesmo sabendo que não é verdade: porque pode ser-se campeão jogando mal desde que ganhando mas o mesmo desfecho revelar-se-á impossível para quem, mesmo jogando o melhor futebol do mundo, não consiga ganhar mais do que os outros, mesmo que joguem pior.
Há, ao longo dos tempos, vários exemplos disso. A Selecção Nacional, por exemplo, venceu o Europeu graças a essa visão pragmática do futebol, trocando o jogar bonito sem nada ganhar de que tanto nos orgulhámos durante tantos anos pelo jogar bem, que é diferente de jogar bonito mas traz melhores resultados que, convenhamos, sendo menos atraente aos olhos enche de forma bem melhor o ego. Porque, olhado com romantismo ou pragmatismo, o mais importante no futebol é, deixemo-nos de lirismos, ganhar.

Vendo jogar este Benfica poderá pensar-se que o novo Rui Vitória decidiu, à falta de melhores soluções, olhar para o futebol pelo seu lado mais pragmático. Tão resultadista na Luz só há memória do Benfica de Trappatoni, campeão em 2004/2005, num outro exemplo de que é possível vencer mandando o espectáculo às malvas. É, contudo, preciso perceber que há um tempo para tudo. Trappatoni acabou com um jejum de títulos que durava há onze anos. Tinha, além disso, uma equipa com bem mais limitações do que a actual, ainda mais dependente de Simão Sabrosa do que esta é de Jonas. É, pois, natural que os adeptos tenham sempre perdoado ao italiano essa visão tão redutora do jogo, tal como os portugueses não deixarão de perdoá-la a Fernando Santos.
Rui Vitória não terá, já se percebeu, essa sorte, até porque a realidade é muito diferente; uma coisa é a Selecção ser pragmática contra a França, Itália, Croácia ou Polónia. Outra é o Benfica fazê-lo em jogos contra equipas que lutam pela manutenção. É por isso que o único caminho de Vitória (se não quiser seguir o das arábias...) será encontrar o equilíbrio entre a necessidade de ganhar e a obrigação de jogar bem - ou, pelo menos, de jogar mais vezes bem do que mal.

Os adeptos podem ser o que de melhor o futebol tem para dar. Mas neles também se encontram, às vezes, o pior que as sociedades têm para nos oferecer. O que os adeptos do Inter - um clube que vibrou com Ronaldo, Eto'o, Maicon, Roberto Carlos ou Seedorf, só para citar alguns - fizeram a Koulibaly no jogo com o Nápoles é a todos os níveis repugnante. Dois jogos à porta fechada é, até, pouco. Por cá - sempre atentos  à forma como lá fora actuam de forma mais dura e célere mas pouco dispostos a com isso aprendermos alguma coisa - o castigo aplicado ao Inter foi aproveitado para aquilo em que somos melhores: atacar os rivais e quem tem o dever de aplicar a justiça. Dá para rir. Ou não fossem os próprios clubes a aprovar o Regulamento Disciplinar da Liga. Mão pesada? Só interessa se bater nos outros. E como um dia me pode tocar a mim... mais vale ficarmos pela mão leve e fazer muito barulho, que sempre dá para enganar os tolos.

A bárbara agressão a um adepto do Benfica que regressava a Barcelos depois de ter visto, na Luz, o jogo com o SC Braga é um caso de policia. Não vale a pena estarmos a falar de punir um clube, por ser impossível responsabilizá-lo por acção criminosa a um grupo de adeptos a 20 quilómetros do seu estádio - ou, até, à sua porta numa noite sem jogo. Mas devia ser suficiente (mais um...) para alguém obrigar os clubes a definirem bem os limites das relações com as suas claques, legalizadas ou não. É esse o meu único desejo desportivo para 2019. Se bem que, em ano de eleições, talvez seja utópico pensar que alguém queira meter as mãos no assunto..."

Ricardo Quaresma, in A Bola

O ano de 2018

"Para além das inúmeras conquistas do desporto e dos desportistas portugueses durante 2018, houve o registo, também, de algumas novidades no campo do Direito do Desporto, tanto em Portugal como no estrangeiro, algumas motivadas por acontecimentos ocorridos no ano que agora termina.
Em jeito de balanço, fica o apontamento de algumas novidades que 2018 trouxe neste âmbito: o alegado esquema de dopagem na Rússia continua a dar azo a novas decisões no CAS; a decisão do Tribunal Belga que (só aparentemente) veio colocar em causa a sustentabilidade e credibilidade do CAS e que trouxe novamente o tema da proibição de TPO à ordem do dia; a proclamação da Declaração Universal dos Direitos dos Atletas; as alterações do RSTP da FIFA; a criação, em Portugal, de uma Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto e o processo legislativo de alteração ao Regime Jurídico do Combate à Violência nos Espectáculos Desportivos; o litígio entre a Federação de Surf e a Federação de Canoagem sobre o Stand-Up Paddle; a suspensão do campeonato de râguebi; a decisão (que motivou tantas e interessantes questões) do CAS sobre a decisão da UEFA relativo ao processo de fair-play financeiro do AC Milan; as normas referentes e aspectos de integridade e antidopagem divulgadas pela FIFA relativamente a uma competição de eSports; a resolução da ONU que reconhece a importância do Desporto no desenvolvimento sustentável da sociedade; a crescente importância, que também se reflecte a nível normativo, do futebol feminino; o aumento da litigiosidade, o que se verifica pelo aumento exponencial de processos no TAD e o consequente aumento de recursos nos Tribunais Administrativos."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola