Golo...
domingo, 30 de dezembro de 2018
2019!
"Dificilmente Rui Vitória reconquistará adeptos só pelos resultados. E mais dificilmente ainda os reconquistará pelo discurso
Nem mesmo um mau resultado, esta sexta-feira, na Vila das Aves, num jogo que é para a Taça da Liga, e que conta, portanto, para a parente ainda pobre das competições nacionais, tira razões aos benfiquistas para, apesar de tudo, fecharam 2018 com um sorriso bem menos amarelo do que na verdade se estava à espera. A goleada sobre o Braga foi realmente uma espécie de Pai Natal benfiquista que madrugou pela chaminé da Luz na tarde de 23 de Dezembro e levou particularmente a Rui Vitória uma consoada bem mais tranquila do que o próprio Rui Vitória estaria, provavelmente, a pensar ter, sobretudo tendo em conta o novelesco folhetim em que se viu e de algum modo quis ver-se envolvido quando, depois de levar cinco do Bayern, esteve quase, quase despedido e foi, por fim, apenas agarrado pelo presidente, num momento que facilmente ganharia no futebol o prémio confusão do ano.
O que sucedeu com o Braga foi uma goleada verdadeiramente inacreditável para quem se habituou a ver nos últimos meses o Benfica a ir delapidando o seu talento como equipa e a perder capacidade de competir a um grande nível.
O Benfica - Braga foi mesmo um jogo estranho na medida que andava mal e tudo mal a um Braga que andava bem. Fez o Benfica quase tudo ao contrário do que vinha fazendo e fez na realidade o Brava bem menos do que nos tinha mostrado na maioria das jornadas anteriores.
Já se sabe que há quase sempre dois pontos de vista em jogos com resultados desta natureza. Há os que defendem que o verdadeiro mérito foi do Benfica, porventura a maioria, mas nunca faltam os que resolvem reduzir o derrotado à menor das expressões e atribuir-lhe a total responsabilidade do resultado.
Nem oito nem oitenta. O Benfica jogou surpreendentemente bem, sim, mas apenas bem; e o Braga acabou esmagado pela tremenda eficácia dos encarnados - sempre que tentou reagir não foi capaz de equilibrar.
É bom lembrar, aliás, que podia o Braga ter feito o 1-1 por mais de uma vez; que sofreu o 0-2 quando estava mais próximo do nível do Benfica e o 3-0 logo no arranque da segunda parte, reduzindo três minutos depois para tentar reentrar no jogo e sofrendo novo golo (4-1) apenas mais três minutos decorridos. O golpe final.
Depois, em quatro minutos, o Benfica faz 5-1 e 6-1 e o Braga rende-se à inesperada evidência de ver o Benfica ser premiado com a lotaria de Natal.
Do lado dos encarnados, deu para tudo, até deu para Grimaldo fazer um golo com o pé direito e André Almeida um com o pé esquerdo, naquele que foi uma espécie de golo da noite que ninguém, no estádio, queria acreditar que fosse acontecer mesmo quando André Almeida lançou intencionalmente o pé esquerdo àquela bola que vinha, pelo ar, para a entrada da área, aliviada por um defesa do Braga, como se ninguém acreditasse que André Almeida fosse capaz, dali, de fazer um golo com o pé direito quanto mais com o esquerdo.
A verdade é que, quando se deu por ela, a bola estava dentro da baliza do Braga, após entrar rigorosamente no canto em que a trave se une com o poste. Miraculoso.
O quê? Grimaldo marcou com o direito e André Almeida com o esquerdo? E o Benfica fez pressão alta? E reagiu rápido à perda de bola? E envolveu quase sistematicamente três, quatro, cinco jogadores no ataque à baliza do Braga?
Mas o que é que deu, afinal a este Benfica para, subitamente, fazer quase tudo ao contrário do que andava a fazer?
O que se passará, afinal, para o Benfica não conseguir jogar mais vezes como jogou com o Braga? Porque não consegue ser mais constante? Falta-lhe confiança? Falta-lhe preparação? Falta-lhe mais trabalho?
Ou é só do treinador e da mão que tem, ou não tem, para organizar o jogo da equipa, construí-la e ir tomando as respectivas opções?
Pelo menos Jardel, agora o capitão, e André Almeida - que acredito que seja figura importante no balneário - quiseram mostrar afinidade com o treinador e de algum modo protegê-lo um pouco, aos olhos de quase 60 mil pessoas na Luz, de toda a pressão sofrida por Rui Vitória sobretudo nos últimos dois/três meses.
Se não quisessem mostrar que estão com o treinador não teriam Jardel e André Almeida (ainda por cima dois dos mais antigos no balneário) ido a correr para os braços de Vitória quando fizeram os seus golos.
Mas será isso, mais a defesa de Vitória feita também por jovens jogadores da casa como Rúben Dias ou Gedson, suficiente para mudar o tom das criticas que se têm abatido sobre o treinador do Benfica? Não creio. É preciso que a equipa jogue, é preciso que mostre muito mais o futebol que mostrou com o Braga, é preciso que dê muito mais do que tem dado a ideia de ser uma equipa trabalhada, coesa e consistente.
Caso contrário, saberá Rui Vitória o que o espera. Porque a ganhar mal e a perder como chegou a perder, Rui Vitória já dificilmente reconquistará adeptos só pelos resultados. E muito menos pelo discurso.
Veremos o que lhe trará 2019!"
João Bonzinho, in A Bola
Vitória nos Açores...
Emoção e incerteza até final
"Com o empate o jogo assumiu nova forma: o Aves a arriscar e o Benfica a gerir o tempo
Intensidade concentração
1. O futebol é um jogo estratégico/táctico desenvolvendo acções técnicas individuais e colectivas num ambiente psicológico e fisiológico positivo. Esta partida revelou a essência do jogo: intensidade, concentração nos objectivos, velocidade decisional e de deslocamento, pressão constante sobre a bola, adversários ou nos espaços vitais de jogo, alterações na organização das equipas, substituições, emoção e incerteza no resultado até ao final.
Modelo de jogo e de treino
2. Todos os treinadores e equipas objectivam a concretização de um modelo de jogo, denominando-o de identidade. Porém, para cada jogo, utilizam o conhecimento do adversário, congeminando alterações pontuais perante as condições que plausivelmente se irão verificar. Consequentemente, modelo de jogo e de treino são duas faces de uma mesma moeda.
Alterações nos onzes
3. Em função da densidade e do momento competitivo, os treinadores efectuam alterações, colocando jogadores que, não tendo tanto ritmo de jogo, possam contribuir para os objectivos da equipa mantendo os mesmos níveis de rendimento. Logo, tanto o Aves como o Benfica, em função das mesmas ou diferentes razões, realizaram alterações. Assim, não é de admirar a alteração dos guarda-redes (Bernardeau/Svilar), da estrutura defensiva (Jorge Fellipe/Yuri Ribeiro), média (Falcão) e ofensiva (Derley/Seferovic).
Aves melhor
4. O Aves dispõs das melhores ocasiões da 1.ª parte, usando um bloco defensivo alto, baixando quando o Benfica conseguia ultrapassar as linhas de pressão, tendo como referências Falcão, Oliveira, Gomes e Fellipe. A dinâmica ofensiva do Aves residiu na transição ofensiva com 3 referências: Amilton, Derley e Baldé. Respondeu o Benfica com um jogo ofensivo rápido, qualidade técnica, jogando à largura e à profundidade, destacando-se Zivkovic, Gedson e Pizzi.
Jonas mudou
5. Ao golo do Aves respondeu o Benfica, recorrendo a Jonas e utilizando um sistema de 4x4x2 aumentando o volume de jogo ofensivo. O Aves baixou os seus sectores, mantendo a sua transição ofensiva em profundidade. Restabelecida a igualdade, o jogo assumiu uma nova forma, com o Aves a arriscar o que era possível, enquanto o Benfica geriu o tempo e o resultado de jogo."
Jorge Castelo, in A Bola
Grunhos no futebol
"A notícia estava no JN de ontem e resume-se em poucas palavras. O líder dos "Panteras Negras" e mais quatro elementos da claque do Boavista foram acusados pelo Ministério Público por terem espancado cinco funcionários e destruído parcialmente um restaurante açoriano.
Três deles estão em prisão preventiva e as fotografias de duas mulheres agredidas não deixam dúvidas sobre a violência exercida.
Seria um assunto da esfera exclusiva da justiça, não fosse o caso de ontem, no discurso de tomada de posse, o novo presidente do clube ter optado por atacar este jornal e, mais curioso ainda, defender os agressores. "Hoje faltam-nos aqui três elementos da nossa família. Se Deus quiser e a justiça for justa dentro em breve estarão connosco", afirmou Vítor Murta, concluindo com um pedido à assistência: "Uma salva de palmas para eles".
2018 foi o ano em que o país assistiu incrédulo à invasão da Academia de Alcochete e viu os jogadores do Sporting fotografados com lesões causadas por membros da claque. E em que as agressões a árbitros não pararam de aumentar, com contornos rocambolescos como quando, no início de dezembro, uma equipa de arbitragem foi emboscada por causa de um suposto penálti não assinalado num jogo distrital de juniores em Fafe.
Quem gosta de futebol só pode condenar a violência. Defender os adeptos e a segurança do espectáculo deveria ser uma prioridade inequívoca dos dirigentes. Inacreditável é que quem se inicia à frente de um clube com a história e relevância do Boavista prefira semear ventos e odes à violência. Isso, ao contrário do que afirmou Vítor Murta, não é ser "politicamente incorrecto". É ser incendiário, inconsciente e moralmente responsável se adeptos do Boavista causarem, nos próximos tempos, idênticos danos aos que semearam em Ponta Delgada. De grunhos e criminosos, está o futebol farto."
PS: Coragem para denunciar os grunhos dos Corruptos é que é mais complicado, certo?!!!
O desporto salva-vidas
"Vivemos na era da mobilidade, mas nem sempre voluntária… a cada dois segundos, alguém tem de fazer as malas – alguns nem sequer isso – e deixar para trás o seu país sob grande ameaça. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revela que, dos 68,5 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, 25,4 milhões são refugiados, 40 milhões são deslocados internos e 3,1 milhões requerentes de asilo.
Apesar de as migrações estarem na base das sociedades como as conhecemos – a multiculturalidade sempre foi um desafio entre os povos –, só actualmente, quando os refugiados começaram a bater às nossas portas, é que despertámos para a urgência de a Europa recuperar o seu papel de liderança dos direitos humanos. Repentinamente, tivemos de nos mobilizar para salvar vidas, descobrir recursos, mobilizar vontades, envolver os cidadãos, criar redes de resposta para o acolhimento e integração de milhares de pessoas que no seu êxodo chegam até nós.
É neste cenário humanitário de enorme complexidade que acreditamos no valor social do desporto, como uma ferramenta com elevado impacto no combate às inúmeras formas de exclusão social, política, cultural e económica que marcam o panorama de conflitos e tensões do mundo global. O desporto e, em particular, o olimpismo têm um legado de solidariedade e respeito que é cada vez mais vital quando se trata de promover a coesão social e criar laços entre os diferentes membros da comunidade.
O desporto exerce uma atracção mágica nas pessoas – é uma actividade humana natural que nos envolve e nos pode integrar. É uma linguagem universal baseada no respeito pelas regras e igualdade de participação. Quando correctamente utilizado promove o fair play, a receptividade, a persistência, o desafio e a interacção. Fortalece a amizade, criando elos mais fortes, e desafia a excelência para darmos o nosso melhor no jogo, na vida, na construção de um mundo melhor e mais pacífico.
Integrado no quadro de medidas da agenda migratória europeia, “Viver o desporto, abraçar o futuro” é o nome e a mensagem do projecto que o Comité Olímpico de Portugal desenvolve para o acolhimento de refugiados, onde o desporto é o elemento catalisador da integração de refugiados na comunidade portuguesa.
É este o desafio que temos em mãos: sermos exemplares na hospitalidade para combater a hostilidade, o medo e a violência. Para isso é necessário mobilizar a sociedade civil, envolvendo atletas, clubes, federações, escolas, autarquias para proporcionar um futuro de esperança àqueles que querem iniciar uma nova vida em Portugal.
E, porque Juntos Somos Mais Fortes, estamos todos convocados!"