sábado, 29 de dezembro de 2018

Cadomblé do Vata (Silêncios...)!!!

"Bruno Simões foi ao Estádio da Luz ver o SLB enfardar meia dúzia no SC Braga e no regresso a casa talvez ainda inebriado pelo fartote de golos, distraiu-se, levou com um paralelepípedo nos dentes em plena A1 e está agora muito mal tratado no hospital. Esta é a versão leviana, jocosa e desrespeitosa do incidente. Infelizmente é também a visão oficial das autoridades desportivas e civis do que aconteceu.
Volvida 1 semana desde que o adepto do Glorioso foi vítima do infame ataque, o silêncio das instâncias reguladoras do futebol já é épico. Imagino até que na Liga e na FPF haverá quem queira comentar, não o fazendo apenas porque o anjinho sentado no seu ombro lhe vai sussurrando ao ouvido "tu não te desgraces, carago". Pergunto-me até, onde andam esses tais arautos da verdade desportiva que tanto penam pelo bom ambiente no desporto cá do burgo, alguns deles letrados autores de impunes epopeias criminosas em estações de serviço da mesma estrada onde o pobre Bruno teve um encontro imediato com a estupidez clubística, que como tal os tornaram vozes respeitadas em seminários contra a violência no desporto.
Ninguém parece realmente interessado em abordar as causas do incidente. Preparo-me psicologicamente para aceitar a explicação de que se tratou de uma rixa rodoviária, uma prioridade não concedida pelo autocarro, uns quilómetros em que o agressor andou a levar com os máximos do pesado de passageiros no espelho retrovisor ou um dedo médio com mola a responder a uma buzinadela. Dirão que Bruno Simões foi vitima do acaso, estava no sítio errado à hora errada e o emblema do SLB que trazia ao peito do casaco ensanguentado será apenas um pormenor. Não se vai relacionar o cachecol que testemunhas viram no carro criminoso, nem se vai olhar para a coincidência de a Casa do Benfica de Barcelos ser vizinha da Casa do Benfica de Braga que anualmente bate recordes de vandalização.
A menos que a Brisa consiga demonstrar que não há grandes probabilidades de encontrar pedras na berma da A1 à noite para apedrejar 2 vezes o mesmo autocarro, e que haja o decoro de não tentar passar por normal, o hábito de transportar inertes no carro, como se de lastro de caravela se tratasse, dificilmente alguém vai admitir que a viatura que transportava os adeptos do Glorioso foi mais uma vítima de crime organizado assumido e impune. O mesmo que estraçalhou em 2010 o autocarro do Benfica à chegada ao Dragão e cujos líderes estão filmados e fotografados em rixas com uns tais de casuals no dia de um FCP - SCP, poucos anos antes de serem pagos pela FPF para irem apoiar a selecção portuguesa a França.
No fundo, o único facto que ainda está por identificar se foi propositado ou acaso, é o destino das pedras arremessadas. Será que os passageiros eram o objectivo ou foram vitimas colaterais de má pontaria de quem pretendia acertar no condutor. O silêncio das instâncias é vergonha pelo que aconteceu ter antecedentes com criação "oficial" ou alívio por não estarmos hoje a tratar de uma tragédia maior?"

Um relógio de flores

"Colva - Enquanto o estranho pato preto mergulha, para se manter debaixo de água, às vezes quase meia hora, olho as lótus brancas que se espalham pela superfície e relembro a história antiga: a lótus vermelha abre as suas pétalas de manhã cedo, quando os camponeses vão para o trabalho, e fecha-as ao meio-dia quando eles se recolhem para o almoço; a lótus branca abre as suas pétalas ao início da tarde quando o trabalho dos camponeses recomeça e fecha-as quando anoitece e eles regressam a casa. Os camponeses de Goa trabalham à medida das horas de um relógio de flores.
Agora, a lua cheia estende-se sobre a imensidão da praia e do mar. “I’m feeling so alone that I can’t believe”, canta o David Gray no roufenho aparelho de som do Boomerang Bar ao qual a gente se habituou a chamar Malibu Beach. A clientela reduz-se a aves de arribação sem poiso certo: um australiano de cabelo longo, cara marcada por cicatrizes e gestos indecisos de álcool; um inglês gordo que explica alto coisas que ninguém entende; figuras abstratas, personagens incompletos de uma história ainda por escrever. Sob as sombras estreladas dos coqueiros, duas silhuetas femininas repetem as curvas e contracurvas do ritmo da música vagarosa. Absorvem-se uma na outra e em si próprias. Traços negros que a lua destaca na areia esbranquiçada, movimentos em “slow motion” que espreitamos na certeza absoluta de que um gesto, apenas um gesto, fará desaparecer sem retorno. Há na sua timidez a suave beleza das imagens escondidas. “I’m feeling so alone that I can’t believe”. Os braços levantados sobre as cabeças, os saris disfarçando as curvas dos corpos, as mãos desenhando Esses que o requebros das ancas repetem até aos pés. “Time after Time after Time...”. Debaixo da lua cheia, sob a protecção dos coqueiros, duas silhuetas dançam a canção da Índia..."

Vermelhão: a caminho de Braga...

Aves 1 -1 Benfica


Qualificação sofrida, tal como seria previsível... Se alguém estava à espera de nova goleada, não conhece o Tugão...!!!

Com um relvado irregular, e sem os nossos principais desequilibradores: Jonas... e Grimaldo (!!!), o nosso ataque tornar-se ainda mais previsível... E sem velocidade e criatividade, tornar-se complicado! E com um adversário bem mecanizado no contra-ataque (não conseguimos 'matar' os contra...), o jogo ficou perigoso...

Além disso o Aves não é o Braga!!! O Braga é 'melhor', mas tenta jogar 'à bola', a estratégia defensiva do Aves é simples: dar pancada!!! Sempre que um jogador do Benfica, ganhava qualquer tipo de vantagem, era 'bater' e 'bater' e 'bater'!!! Simples... Aliás os nossos jogos, contra este tipo de equipas estão a tornar-se repetitivos: Setúbal, Marítimo e agora Aves, só para recordar os últimos três... foram quase todos iguais!!!
Hoje, com um apitadeiro com vergonha na cara, pelo menos 3 jogadores do Aves tinham sido expulsos (Vítor Gomes, Fellipe e Fariña)... além do inacreditável penalty não assinalado sobre o André Almeida (sofre duas faltas na mesma jogada: rasteirado e empurrado)!!! O facto do Cervi e o Gedson terem terminado o jogo sem uma perna partida, é um milagre... Aos 20 segundos de jogo, já estava o Seferovic a ser varrido pela raiz!!!
E este tipo de impunidade, tem um impacto enorme na forma como as partidas decorrem... Não são só, os lances específicos, os cartões, os penalty's... etc... dá uma 'força' enorme à equipa inimputável, e intimida a equipa que quer jogar futebol!!!
Veja-se a forma como o Derley 'protegeu' a bola dezenas de vezes neste jogo, em condições 'normais' metade daquelas jogadas, seriam assinaladas faltas ofensivas...; o lance do penalty sobre o Almeida, não deu golo do Aves no contra-ataque porque os Avenses foram azelhas...!!!

Estamos na Final Four, só amanhã saberemos se o adversário será os Corruptos, ou outro... Estamos numa série de jogos muito complicada, Portimão, Rio Ave na Luz, viagem a São Miguel e logo a seguir a Guimarães, com Taça de Portugal também em Guimarães pelo meio... e depois esta Meia-final... Muitos jogos de grau de dificuldade alto... A começar, por Portimão, com um autêntico Corruptos B, e não é preciso ser profeta, para perceber que vamos ter outro jogo, onde vai valer tudo...!!!

No e-toupeira funcionaram as instituições

"Houve curiosos derrotados no e-toupeira que não sendo partes processuais se apressaram a lamentar como se deles fosse o processo. Ou será que era? Ou será que sempre foi?

A vitória sobre o SC Braga no passado domingo, pelos números e pela exibição, foi um anti-depressivo natalício para o universo benfiquista. Foram três pontos que demonstraram que o Benfica pode ser de longe a melhor equipa da Liga. Nos jogos contra Vitória, Sporting, FC Porto e SC Braga foi de longe superior e mostrou ser melhor. Mas será campeão não a melhor equipa, mas a mais regular, e por isso exige-se consistência em todos os jogos para permitir uma sólida candidatura ao 37.º título de campeão nacional.
No jogo frente ao SC Braga houve uma demolidora atitude competitiva que fez acreditar na séria possibilidade de alcançar os objectivos esta época. Contra um SC Braga de topo, que tentou jogar no campo todo, houve sempre um Benfica superior que o resultado de 6-2 mostrou esclarecedor.
Hoje jogamos na Vila das Aves contra uma equipa perigosa e motivada. Há jogos importantes e há jogos decisivos. Hoje na Aves é decisivo, não há lugar para o erro, nem segunda oportunidade, hoje temos que colocar o Benfica a 180 minutos de um título que queremos vencer. Ficar hoje a pensar em Portimão é meio caminho para não correr bem nem hoje, bem em Portimão. Pelo contrário, entrar hoje à Benfica é meio caminho para resolver hoje e vencer na quarta no Algarve um jogo cheio de ratoeiras.
O Benfica não venceu por 30-0 o processo judicial vulgarmente designado e-toupeira apenas viu as suas justas e correctas pretensões serem conferidas pelo tribunal. Funcionaram as instituições e esclareceu-se aquilo que já ninguém duvidava. Mas se o Benfica não venceu, houve curiosos derrotados, que não sendo partes processuais se apressaram a lamentar e comentar como se deles fosse o processo. Ou será que era? Ou será que sempre foi? Se como se suspeita era assim, então todos esses que fazem pouco do sistema judicial perderam por 30-0, vencidos e esmagados pelo estado de direito.
Por deformação profissional, nunca comento processos judiciais dos quais não sou mandatário, mas não resisto a comentar lastimáveis comentários terceiros que quiseram depois da decisão tomada assumir o papel de emplastro da derrota na fotografia. Fica o ar choroso de quem fazia os directos do tribunal, e fica também o ar triste dos tristes que comentaram a decisão.
No Benfica queremos ganhar campeonatos dentro dos campos e não festejar despachos nem sentenças."

Sílvio Cervan, in A Bola