segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
Cadomblé do Vata
"1. E com a meia dúzia de golos do SLB, fiz hoje as pazes com o Pai Natal... depois de anos a fio a receber bonecos da Playmobil, o barbudo lá percebeu finalmente o que eu queria dizer com "quero o que todas as crianças querem".
2. Fiquei contente por marcarmos meia dúzia e extremamente feliz por só termos sofrido 2... como diriam os lagartos "vitórias há muitas, por 6-3 há só uma".
3. André Almeida de primeira, de pé esquerdo no ângulo... depois disto, o resto do campeonato é apenas uma formalidade.
4. Por razões que só a mim dizem respeito, tive de mudar de peúgas ao intervalo e marcamos 4 golos em 20 minutos na segunda parte... portanto se a partir de hoje me virem correr para o wc de um café no intervalo de um jogo do SLB com uma enorme saliência no bolso das calças, já sabem que não é tesão do mijo.
5. Temos que ser realistas e admitir que foi um jogo atípico... marcamos muitos, sofremos demasiados e houve jogadores a abraçar o treinador."
Vermelhão: Natal gordo...!!!
Finalmente... um Benfica, à Benfica, com uma grande exibição, de longe a melhor da época, e com um resultado condizente... Depois de vários tristes 1-0, um 6-2 muito feliz!!!
Hoje, jogámos com velocidade, agressividade, muita disponibilidade física, fizemos poucos passes laterais, fomos 'verticais' (houve espaço entre-linhas), houve desmarcações sem bola, pressionámos com muita garra, sem hesitações... e como acontece sempre quando se marcam muitos golos: marcámos nos momentos ideais: fim do 1.º tempo, início do 2.º tempo e logo a seguir ao primeiro golo do adversário!
A única fase menos boa da partida, foi entre o 1.º e o 2.º golo, onde permitimos algumas oportunidades ao Braga (4 ou 5) que culminou com uma excelente defesa do Odysseas, e que antes tinha visto uma bola raspar na barra! No resto da partida, fomos sempre muito superiores... E se o 2-0 ao intervalo, até poderá ter sido lisonjeiro, talvez um 3-2 fosse mais justo; o 4-2 do 2.º tempo, poderia ter sido 5-1 ou ainda mais pesado!!!
Como é óbvio este resultado e esta exibição não anula tudo o que se tem passado no Benfica, dentro do relvado, nos últimos tempos. Hoje, além da nossa competência, existiram outras variáveis que nos foram favoráveis: o Braga ao contrário de todas as outras jornadas, foi obrigado a disputar um jogo a sério a meio da semana, neste caso em Setúbal, para a Taça de Portugal, com prolongamento (a jogarem com 10...), e com pouca rotação do plantel, enquanto isso nós rodámos praticamente toda a equipa em Montalegre; o Braga ao contrário de muitas equipas do Tugão, não joga com linhas recuadas, e este 433 do Rui Vitória, contra adversários internos de melhor qualidade, tem resultado em vários jogos... pelo menos deixámos de ter aquele problema do 442 no meio-campo, que durante vários épocas nos afligiu nos jogos 'grandes'; e temos que ser honestos, a eficácia inicial, acabou por nos embalar para a vitória 'fácil'... se o Braga tem marcado o 1-1, o jogo teria outra história!
Num jogo como este não é fácil destacar os 'melhores', porque todos merecem destaque. Uma das principais características da nossa exibição foi mesmo a solidariedade com que estivemos em campo. O Pizzi foi considerado o MVP, e fez de facto uma excelente exibição, mas o Fejsa, o Gedson... e praticamente todos os outros também...
Os golos foram bonitos, o do Pizzi, o do Cervi e do Jonas... mas como é óbvio, e aquela galhofa no final do jogo é prova disso, o golo do Almeidinhos é o 'golo de uma vida', ainda por cima com a canhota!!!
O apitadeiro do Soares Dias, desta vez não 'complicou' muito. Não viu os agarrões ao Jonas logo no início do jogo... mas acertou no corte limpo do Cervi sobre o Ricardo Horta. É verdade que depois fartou-se de marcar faltas ao contrário, mas pronto, não podemos ser demasiados exigentes!!!
Vitória em Oliveira de Azeméis...
Feliz Natal
"Acredito que esta pausa de Natal e Ano Novo vai desencadear e multiplicar 'cordas em alguns sapatos' de certos treinadores
1. Hoje jogam, entre si, os primeiros seis classificados da nossa Liga. Entre as três da tarde - hora portuguesa - e as dez da noite o futebol vai dominar as atenções de milhões de adeptos e alegrar, apesar das buscas de que foram alvo na passada sexta feira, os principais operadores do serviço de telecomunicações a operar em Portugal. Haverá muitos milhares ligados às suas empresas e às suas respeitosas marcas. E essas buscas, necessariamente pouco divulgadas, - como se não houvesse um casamento de múltiplas conveniências... - foram suscitadas «por suspeitas de práticas anti concorrenciais lesivas da liberdade de escolha do consumidor»! O consumidor, o cliente e o cidadão têm de ser, sempre, o centro de atenção e da protecção das estruturas de investigação e de regulação que o Estado de Direito Democrático desenvolveu e construiu. Mesmo que, do nosso prisma, algumas estruturas de regulação tenham um funcionamento bem lento e, em certos casos, quase que ineficaz. E com os Tribunais, em outros casos, a não acompanharem as suas deliberações, muitas vezes identificadas em multas (coimas) substancialmente reduzidas por fundamentadas decisões judiciais. O futebol jogado vai prender, assim, a nossa atenção. E, também, espera se toda a atenção do VAR que é, cada vez mais, um dos factos desportivos do ano de 2018. Com o seu protocolo ainda não totalmente percebido. E, assim, em vésperas de mais um Natal, teremos um domingo gordo em termos de futebol jogado. E, depois, será muito, e muito, falado. Ontem o Real Madrid voltou a conquistar - tri conquistar! - um Mundial de clubes que não é claramente uma competição atractiva e em Inglaterra Chelsea e Manchester City perderam em casa para alegria de muitos apostadores, de todas as partes do Mundo, que acreditaram em surpresas de Natal. Com os seus chorudos lucros! E, ao lado, e após a demissão de José Mourinho, o Manchester United voltou às vitórias, e às goleadas, como que fazendo crer que a chicotada psicológica produziu múltiplos efeitos. O que não aconteceu, por cá, e por ora, no Marítimo que, ontem, perdeu em Tondela e fez sorrir Pepa. Mas, acredito, que esta pausa de Natal e Ano Novo, vai desencadear e multiplicar cordas em alguns sapatos de certos treinadores! Para alento suplementar do cliente/associado/accionista de determinadas sociedades desportivas que participam, por ora, nas duas competições profissionais organizadas pela nossa Liga de Clubes. Por ora, digo e escrevo eu...
2. Se nos bonitos relvados teremos um domingo de fartas atenções, fora deles o Benfica teve uma grande sexta-feira. O e-toupeira para o Benfica foi 'e-nada'. Boa notícia para o universo do Benfica e, também, para os seus principais patrocinadores, sujeitos alguns deles a regras internas de complexa fiscalização! Se alguns vaticinavam uma sexta-feira negra o que aconteceu, como há largos meses me dizia, com profunda convicção, um jovem e sagaz advogado, - o Manel, natural de Mangualde - que consultara o processo, foi uma verdadeira goleada da Benfica SAD. A lúcida e sábia estratégia de defesa determinou que os trinta crimes de que vinha causada a SAD caíram. Com estrondo digo eu. Muito estrondo. O que aconteceu foi que a Juíza, verdadeira juíza das liberdades e das garantias, assumiu ao longo do seu despacho de centro e noventa e oito páginas, o papel que constitucional e legalmente lhe está atribuído e, ao contrário do que ocorreu em outros casos, não se deixou ficar colada à posição do Ministério Público e perante a 'não prova produzida' - que não a 'dita prova' multiplicada e repetida ao nível da comunicação - reduziu substancialmente os crimes de que vinham acusados os arguidos deste mediático processo. Tal como escreveu, em outro momento e com a lucidez e a sapiência que todos lhe reconhecemos o Conselheiro Henrique Gaspar esta intervenção de um Juiz é uma forma de assegurar que «a sujeição de alguém a julgamento não fique apenas no âmbito de decisão de um órgão eminentemente comprometido com a acusação» permitindo-se «uma verificação judicial para que um acusado não seja ou não deva ser submetido a julgamento injustificadamente ou sem provas bastantes e suficientemente consistentes». O que aconteceu foi, acima de tudo, o pleno funcionamento da justiça penal e dos seus tempos, e entre eles, e após a fase do inquérito - e do seu dito 'dossier probatório'! - a concretização da fase de instrução como os seus despachos de pronúncia e de não pronúncia. E, aqui, mesmo havendo, em determinados termos, susceptibilidade de recurso direi que o Benfica e o seu universo de vozes e de múltiplos e diversos sentimentos não poderão apreciar que outros possíveis intervenientes processuais, e por excelência, outras SAD's ou clubes venham praticar actos que, tendo em conta a apreciação judicial feita, alimentem, ainda mais, a sua ingerência em actos e factos que já foram objecto de legítima ponderação, avaliação e intervenção de um Juiz(a). E essa ingerência, mesmo que legalmente admissível, a ocorrer, não poderá ser entendida como um acto positivo mas sim como uma atitude bem negativa. Direi, aqui, o que ensinava aos meus alunos(as) de Direito Político e citando o bem antigo General chinês Sun Tsu: «Não pressione um inimigo encurralado»! É que, como sabemos, «quando esperamos, os segundos são anos. Quando recordamos, os anos são segundos». O Benfica durante largos meses sofreu e muito. Fora e dentro, sim dentro, dos relvados. Provocando dores e, até, desconfianças. Mas como nos ensinou Kant «as sombras salientam a luz»! Salientam mesmo a luz!
3. Um amigo foi despedido de treinador do Benfica. Um amigo que é e sente o Benfica. Pedro Nunes, treinador do hóquei em patins, não resistiu a um conjunto de resultados não positivos e, de ente eles, o empate face à Associação Desportiva de Oeiras. Mas o Pedro Nunes no Benfica ajudou a conquistar muitos títulos. Nacionais e europeus. E, também, recordo a Taça Intercontinental. Acredito que, com o Carlos Andrade, - mais o Zé e o Igor - nos vamos continuar a encontrar no arranque de cada ano na agradável e hospitaleiro 'Pedra Dura' - ali bem no centro da linda Ericeira - e degustar um bife da pedra e uma massa deliciosa e recordar histórias do Benfica, do seu futebol, do seu hóquei e do seu basquetebol e com a certeza, a certeza mesmo, que «quem tem um amigo verdadeiro, pode dizer que possui duas almas». E um benfiquista, nestes tempos, tem mesmo duas almas!
4. Santo e Feliz Natal a todas as nossas leitoras e a todos os nossos leitores. E a toda a Família deste jornal. E da sua resistente televisão."
Fernando Seara, in A Bola
Uma revisão ao tema da justiça desportiva
"O sistema da justiça desportiva em Portugal sofreu algumas alterações nos últimos anos e tais mudanças são ainda motivo de algum equívoco.
A mudança ocorreu em virtude da entrada em campo do Tribunal Arbitral do Desporto. Com efeito, o paradigma clássico de que os actos e omissões das federações desportivas no âmbito dos seus poderes públicos era tratados, em última instância, pelos Tribunais Administrativos, caiu. Do mesmo modo, caiu o paradigma de uma dupla instância interna às federações.
Ou seja, o sistema clássico de três graus, sendo tipicamente o primeiro o Conselho de Disciplina, o segundo o Conselho de Justiça e, em alguns casos, os Tribunais Administrativos, deixou de existir.
Tudo isto por via da revogação do artigo 18.º da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, do artigo 12.º do Regime Jurídico das Federações Desportivas e de alterações às normas de competência, também previstas neste Regime, dos órgãos jurisdicionais federativos.
Actualmente existem dois caminhos paralelos: o que seguem as questões emergentes da aplicação das normais técnicas e disciplinares directamente respeitantes à prática da própria competição desportiva e o que seguem todas as outras questões. Nem sempre é fácil delimitar a fronteira entre umas e outras.
As primeiras têm o seu início no Conselho de Disciplina e o seu fim no Conselho de Justiça. As segundas são susceptíveis de recurso directamente dos Conselhos de Disciplina para o TAD e daí, por via da regra, para os Tribunais Administrativos superiores. Existem ainda casos específicos e normas próprias internas a cada federação desportiva. Porém, em termos genéricos, o modelo actual é este."
Marta Vieira da Cruz, in A Bola
Dia de retoma ou dia de recaída
"Há expressões que marcam um tempo curto e exacto. A retoma, é um deles. Criada pelo espírito bem mais pragmático do que criativo de Rui Vitória, tem servido ao treinador do Benfica para chutar para canto a questão da nota artística que tinha sido inventada, para o futebol, pelo Jorge Jesus.
O Benfica joga poucochinho à bola, mas tem ganho jogos e isso é, para já, quanto basta ao seu treinador. É curioso. Enquanto Marcel Keizer e Sérgio Conceição discutem se à nota artística das suas equipas fica melhor o resultado de um a zero ou de quatro a três, Vitória contenta-se com a teoria dos três pontinhos e acha que ganhar por um é uma goleada.
Calculo que, para o jogo de hoje, com o SC Braga, independentemente de qualidade da exibição, Rui Vitória assinasse já por baixo da proposta de qualquer resultado mínimo, mas que significasse o sucesso dos tais três pontinhos.
Não duvido que o treinador do Benfica tente tudo para fazer entender os seus jogadores de que, este, é um dos jogos da época para a equipa. Porque uma derrota teria consequências desportivas tão graves, que dificilmente sustentariam a continuidade do treinador; porque um empate seria mais derrota do que vitória, uma vez que se tornaria inevitável que o Benfica passasse o Natal na quarta posição da tabela e, talvez, já a seis pontos do líder; porque uma vitória poderia justificar e até consolidar o discurso da retoma, levando o Benfica a ultrapassar os minhotos e a abrir a luzinha da esperança de continuar directamente envolvido na luta pelo título. Retoma ou recaída será, pois, a importante questão a que o Benfica irá responder esta tarde."
Vítor Serpa, in A Bola
É assim, o futebol
"Contra o SC Braga, o Benfica não vai jogar apenas um jogo de futebol, vai jogar mais do que isso - e Rui Vitória ainda mais por ter de lá jogar o seu futuro dentro de uma frase famosa do Hemingway (a que diz):
- O homem nunca se deve pôr em posição de perder o que não se pode dar ao luxo de perder.
A imagem de uma equipa pode nem sempre significar a personalidade de um treinador - mas nunca deixa de ser o espelho do estado de espírito (e não só) do seu treinador (naquele momento). É o que o futebol do Benfica é (sem ser o que já foi): um futebol em forma de mosca morta, um futebol jogado a cacarejar - com dura realidade a galope a ameaçar atropelar-lhe a esperança, deixando-lhe treinador e equipa estendidos no chão a fugir-lhes dos pés, incapazes de lhes resgatarem o sonho, recuperá-lo, reinventá-lo. Cruyff afirmou-o, certa vez:
- No Futebol, qualidade sem resultados é inútil - e resultados sem qualidade é entediante.
É. E, neste Benfica, a qualidade já não é só entediante - é pior. Perante isso, Rui Vitória arrastar-se às suas (desconcertantes) conferências de imprensa com barra de sabão na ponta da língua, branqueando, iludindo, desculpando - e nós sabemos que ele sabe que a partir de determinado ponto, o futebol deixa de aceitar desculpas para só aceitar resultados. É nessa frase que ele está - e, mal lhe falhem resultados, levam-lhe a cabeça, num golpe brusco. Por isso é que este jogo com o SC Braga é, para ele, o que alguns (e poucos) eram para o Shankly:
- ... não de vida ou de morte mas muito mais do que isso.
E, é o que é, porque, por muito que Rui Vitória tenha feito de bom no Benfica (e fez) - o futebol também é um jogo de memória curta, dominado por uma lei (às vezes de requinte sádico) que determina: palavras são palavras, explicações são explicações, promessas são promessas, desculpas são desculpas - e só os resultados são a realidade, só os resultados são a verdade (e salvam)."
António Simões, in A Bola
Da ilusão e da desilusão
"Quis, porventura, o Ministério Público mostrar que ninguém está acima da lei. A intenção é inatacável. A execução nem por isso.
Vivemos numa sociedade cada vez mais iludida. Todos julgamos saber bem mais do que aquilo que, de facto, sabemos. Todos temos opinião sobre tácticas, embora poucos possam aspirar a mais do que ser treinadores (e às vezes maus) de bancada. Todos somos peritos em leis de jogo, mesmo que nunca para elas tenham olhado o tempo necessário para apitar, sequer, um jogo de infantis. Todos juramos que seríamos capazes de governar o país, mesmo que muitos não consigam governar-se com o orçamento lá de casa. Todos começamos, de repente e sem sabermos bem como, a perceber tudo sobre Lei, mesmo que nuca tenhamos lido uma linha de um livro sobre Direito.
Não é que haja nisso, atenção, um mal que coloque em perigo o futuro da humanidade. Todos, mesmo os que nada sabem, têm direito a ter opinião sobre tudo. E a expressá-la. A questão não é essa. A questão está nos que, sem opinião sobre quase nada, muitos deles por não terem tempo, ou vontade, de pensar pela própria cabeça, veem na dos outros - a maioria sem formação para falar do que fala mas com muitos likes numa qualquer rede social ou com demasiado tempo de antena em meios pouco preocupados com o rigor (uns de forma premeditada outros, apenas, de forma irresponsável) do que diz quem lá vai - uma verdade inabalável. E que, quando essa certeza que têm como absoluta é desmontada por quem, de facto estudou para perceber (e decidir) sobre o assunto, pensa sempre que o erro só pode estar do lado de lá.
É assim que uma sociedade cada vez mais iludida vai caminhando, também, para se tornar numa sociedade cada vez mais desiludida. E é aí, pensando bem, que reside o real problema. E, também, o verdadeiro perigo. Há demasiados exemplos disso.
Talvez tenha residido nesta crescente desilusão social parte da derrota sofrida anteontem pelo Ministério Público. Na ânsia de matar a ideia (provavelmente correcta, até...) de que o futebol foi, sempre, intocável, quis fazer-se, porventura, do Benfica um exemplo (e que melhor exemplo poderia haver?) de que ninguém está acima da lei. A intenção é inatacável. A execução, pelo menos neste caso, é que parece ter ficado bem longe disso.
O que se tira realmente da leitura do despacho de instrução do processo e-toupeira não é tanto o facto de a SAD do clube da Luz ter sido ilibada dos 30 crimes de que estava acusada, mas muito mais o de o Ministério Público ter acusado uma instituição sem provas suficientes para fazê-la, sequer, chegar a julgamento. Repare-se: em menos de uma hora, aquilo que foi anunciado como «tão cristalino que dificilmente se poderia encontrar provas de corrupção tão consistentes» transformou-se num frágil castelo de areia, incapaz de resistir à mínima brisa.
Acredito que o Ministério Público acredita realmente (e não está sozinho nessa convicção, até porque ninguém diz que não aconteceu, apenas que os indícios apresentados eram demasiado frágeis para sustentá-la...) que a SAD do Benfica sabia dos actos agora imputados a Paulo Gonçalves. Mas a questão, como sempre escrevi - e esta premissa aplica-se a este ou a qualquer outro caso, envolva clubes ou cidadão individuais -, é que questões legais não podem, nunca, ser tratadas como matérias religiosas: não basta acreditar, é preciso provar. Colocar-se em posição tão frágil como a que se colocou neste processo não ajuda nada à credibilidade de quem tem tanta responsabilidade na sociedade portuguesa.
O caso e-toupeira tratou-se, portanto, muito mais de uma derrota do Ministério Público do que de uma vitória do Benfica - embora se perceba que assim seja festejada pelos benfiquistas tendo em conta aquilo por que passaram ao longo dos últimos dois anos. E, pelo que representa para um país que pretende instituições cada vez mais credíveis, não merece qualquer tipo de celebração. Pelo contrário."
Ricardo Quaresma, in A Bola
Mourinho - o melhor empreendedor português
"O ‘Special One’, precisa só da força dos milhões de portugueses para ser o ‘Fantastic One’
Um dos assuntos que fez as manchetes das primeiras páginas dos jornais em todo o mundo, estes dias também continua a ‘invadir’ os telejornais de todo o mundo, tem o nome de José Mourinho.
A distância do herói para o vilão, é curta, no entanto não nos podemos esquecer que há uns anos, ganhou a Liga dos Campeões com o FC Porto, com o Inter de Milão, e duas ligas Europa, uma com o Manchester United outra, com o FC Porto.
Não me recordo de nenhum embaixador internacional (sem querer ferir ninguém na nossa diplomacia) português a fazer tanto pelo país na propagação da marca Portugal como o fez o nosso ‘embaixador de excelência’.
Por onde andava, pelo mundo, falavam de Mourinho, como sendo o ás da estratégia, um dos maiores sábios e conhecedores do futebol total, bastava dizer o nome de Mourinho que faziam a ligação ao nosso país.
O único antídoto possível do Barcelona de Josep Guardiola, nunca disse que não a uma batalha dentro da arena verde.
José Mourinho conquistou os adeptos do futebol com a sua imagem controversa, pragmática, directa e séria.
Foi sempre alguém que teve pessoas que se ‘apaixonavam’ pela personalidade cativante dele, e, outras que não, que o odiavam e odeiam.
Um homem sem filtros, sem receios e sem medos, só pode gerar dois sentimentos, de amor ou ódio, o homem dos oito ou dos oitenta.
Os treinadores em Portugal devem muito a Mourinho, hoje, temos treinadores de elite em todo o mundo, existe mérito dos treinadores sem dúvida, no entanto também existe a quota parte de Mourinho, porque foi ele o primeiro a demonstrar a capacidade e inteligência dos treinadores nacionais.
A razão subjacente a esta poluição sonora existente neste momento sobre Mourinho, só o vai tornar ainda mais forte, porque os fortes só precisam destes momentos para tornarem-se ainda mais fortes, imbatíveis, os fracos escondem-se, ele não tem nada de fraco.
O erro de Mourinho, foi ter pensado que o núcleo duro estava formado no Manchester United, como tinha o núcleo duro nas suas outras equipas de elite. No FC Porto teve Deco, Maniche, Derlei e Costinha,
Na formação do Chelsea teve Drogba e Lampard, Ricardo Carvalho e Terry.
Não esquecendo que no Inter de Milão, teve Milito, Cambiasso, Materazzi e Zanetti.
Por fim no Real Madrid tinha Xabi Alonso, Sérgio Ramos, Cristiano Ronaldo e Benzema.
Os ‘cães raivosos’ foram desaparecendo faseadamente na sua segunda viagem para o Chelsea, do qual também não saiu muito bem.
Para falarmos da sua recente passagem pelo Manchester United, onde no inicio teve a companhia de Ibrahimovic que já tinha trabalhado com ele no Inter de Milão, e, que ajudou na primeira fase boa de Mourinho com a conquista de alguns títulos, no entanto não conseguiu o mesmo de jogadores como Pogba, Aléxis Sanchéz, Martial e Lukaku, que não conseguiram responder da mesma forma como os anteriores núcleos duros.
O ‘Special One’, precisa só da força dos milhões de portugueses espalhados pelo mundo, para saber que em breve, não vai ser o ‘Happy One’ mas sim o ‘Fantastic One’.
Mourinho, em breve vamos ver-te a fazer aquelas corridas no campo a comemorar mais vitórias em nome de Portugal."