quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Liga Europa - caminho para Baku !!!

Cabeças-de-série
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Não cabeças-de.série
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Fenerbaçhe
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Krasnodar
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Bate Borisov
Slavia Praga
Celtic
Zurique
Olympiakos

O sorteio dos 16 avos de final, será no dia 17 de Dezembro, às 12h (próxima segunda-feira). A primeira mão será a 14 de Fevereiro (fora), e a 2.ª mão a 21 de Fevereiro, na Luz.

Muito sinceramente, as nossas ambições nesta competição, com estes adversários, são modestas, mesmo sendo Cabeças-de-série podemos encontrar já na próxima eliminatória equipas fortes...Shakthar é o principal perigo, mas existem outros...

A Liga dos Canelas Pretas

"Certa vez, tive de preencher numa fronteira um papelinho que trazia uma pergunta que não percebi: cor da pele?

Vinicius de Moraes é um daqueles tipos que dá jeito, espécie de melhor amigo de todo o cronista. As frases dele cabem em qualquer lado, a propósito de tudo e, além disso, são bonitas e enfeitam. Saravá! Venha de lá, então, um bocado de Vinicius:
«Maria, levanta a saia
Maria, suspende o braço
Maria, me dá um cheirinho
Do capim do teu sovaco».
A Maria era mulata, claro. A maior contribuição portuguesa para a cultura sul-americana, dizem alguns, esquecendo a mulata de Angola do Chico Buarque, por exemplo:
«Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela/Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?».
E outras. Tantas outras.
Para já, ponho de lado as mulatas e escrevo sobre o negro. Enfim, este negro também pode ter mulato pelo meio, pouco importa. E é de Porto Alegre, jogador de futebol, que não entrava nas equipas dos elitistas brancos. Já o Rio-Grandense era um clube de gente de pele escura. A sua presença não foi aceite na Liga Metropolitana. Eram escuros demais.
Certa vez, à entrada de um país do qual nem cito o nome, tive de preencher um daqueles papelinhos burocráticos de entrada que trazia uma pergunta que não percebi: cor da pele? Claro que escrevi: normal.
Portanto, o Rio-Grandense, composto por jogadores de cores absolutamente normais, não podia jogar contra outros clubes de jogadores igualmente de cores absolutamente normais mas cujos dirigentes se consideravam anormais. E assim inventou um campeonato: Liga nacional de Futebol Porto-Alegrense. Não evitou o trocadilho racista de meter liga com canela: Liga da Canela Preta. Em termos de nomes, era de fazer inveja ao Vinicius e ao Chico juntos. Havia o Bento Gonçalves – como nisto de cores também há tons, gabava-se de ser o primeiro ‘time’ realmente negro; o Primavera; o Primeiro de Novembro, equipa dos funcionários do Forno do Lixão (mas algum loiro ariano trabalharia num sítio chamado Forno do Lixão?); o Oito de Setembro, da Colónia Africana (depois o bairro passou a chamar-se Rio Branco, calcule-se!); o Palmeira; o Aquibadã e o Venezianos. Como se mulato que se preze guiasse gôndolas a cantar O Sole Mio e Santa Lucia... Valia tudo!
A rapidamente conhecida como Liga dos Canelas Pretas foi fundada em 1910. Dezoito anos antes, a Companhia Progresso Industrial do Brazil, ainda com z, construiu em Bangu, no Estado do Rio de Janeiro, uma fábrica de têxteis. Ora, não há quem perceba mais de ovelhas do que um britânico, embora as suas qualidades não sejam de desprezar no campo das vacas. Por causa disso, a companhia fez-se dotar de técnicos e pessoal administrativo das melhores raças escocesas e inglesas. Com eles veio o futebol. Em 1904, o Bangu disputou uma partida contra o Rio Cricket. Dos onze que entraram em campo para defender as cores do Progresso, cinco eram ingleses, três italianos, um português e um natural do Brasil: Francisco Carregado.
Carregado deu nas vistas. E de que maneira. Em vinte e dois jogadores era o único que usava uma pele negra.
Pelo meio disto tudo, Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Rafaela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança, Princesa Imperial, filha de D. Pedro II, casada com o magnificamente egocêntrico Conde d’Eu, tratou de assinar a Lei Áurea e pôs um ponto final na escravatura no Brasil. A coisa não lhe correu de feição, embora a intenção fosse a melhor. Os fazendeiros ricos, descontentes por terem deixado de ter mão de obra gratuita, juntaram-se aos militares e num instante deitaram abaixo a monarquia. Dona Isabel foi para França e viveu lá regaladamente, segundo consta, mas não foi por causa da formal Lei Imperial n.º 3.353 que o futebol deixou de ser um couto de gente de nariz empinado, ou seja, nariz absolutamente contrastante com outro estilo mais achatado e de narina larga que proliferava na Liga dos Canelas Pretas.
Só nos anos 30 é que as cores começaram a misturar-se verdadeiramente por todo o futebol brasileiro e nada como ler o Mário Filho para o entender. O Rio Grande do Sul era um dos Estados com maior população escrava, e os bairros da Cidade Baixa, do Areal da Baronesa e da Colónia Africana, em Porto Alegre muito mal considerados:
«Roubos, assassinatos, estupros, facadas, tudo se dá naquele lugar maldito, valhacouto de quanto bandido há por esta cidade, refúgio de quanta baixa meretriz por aí vive».
Alheios a isso, os clubes da Liga dos Canelas Pretas, iam jogando o seu futebol e como o bicho homem no sexo geralmente não vê cor nem coisa nenhuma, a mulata espalhava-se por todo o Brasil para felicidade do velho e libidinoso Vinicius:
«Na boca do forno
De manhãzinha/Eu e Maria.
Tá quente, Maria...
(Maria estava sempre quente)
Pique, Maria...
(E a luta arfante, húmida, silenciosa)
Dou-lhe uma/Dou-lhe duas/Dou-lhe três...».
Como nos leilões."

Tempo útil de jogo

"Enquanto as instâncias superiores do futebol mundial não tiverem a coragem de adoptar a cronometragem exacta do tempo útil de jogo, as federações nacionais poderiam ir definindo normas conducentes à minimização das perdas de tempo, penalizando os abusos.
Haverá diversas formas de o fazer. Uma das mais seguras será a de reduzir o tempo perdido pelos árbitros na marcação de faltas. Estas situações estão de tal forma enraizadas que, no recente Rio Ave-Sporting, quando Coates marcou rapidamente uma falta – cometida a meio campo e cobrada uns três metros atrás do local exacto – ia caindo o Carmo e a Trindade, que não podia ser...
Em sentido contrário, já ninguém liga quando, por exemplo, um lançamento lateral é executado sete ou oito metros à frente do local onde a bola saiu – razão mais do que suficiente, como já aqui defendemos, para as reposições passarem a ser feitas com os pés.
Em nosso entender, o árbitro deve limitar-se a sinalizar o local onde a falta foi cometida, medir a distância a que a barreira deve ser formada e riscar no chão esse limite; os jogadores devem colocar-se rapidamente onde sabem que podem estar, sendo ridículo ver o árbitro a afastá-los para trás do risco e a dialogar calmamente com os mais renitentes; trata-se de uma das situações em que o juiz deve saber impor a sua autoridade, se necessário usando a cartolina amarela em vez do empurrão. 
Outros casos a sancionar são as demoras praticadas pelos guarda-redes; registamos, com bastante frequência, oito ou dez segundos com a bola nas mãos (quando não 13 ou 14) e outros tantos depois de a colocar no chão, com o árbitro a ver, passivamente...
Deve ser incutida nos árbitros a necessidade de serem firmes na penalização destas delongas, não hesitando na amostragem do cartão amarelo logo depois de advertência inicial, com aviso imediato de que não hesitará em exibir outro em caso de reincidência. Como já escrevemos há tempos, em muitas décadas a ver futebol Nunca vimos expulsar qualquer guardião depois de amarelado, já que se sentem imunes e até gozam com essa situação.
Torna-se cada vez mais notório que as tais instâncias superiores se preocupam em legislar sobre pormenores de importância muito relativa, quantas vezes em sentido contrário à orientação que seria desejável.
Foi, por exemplo, a recente norma que permite, no pontapé de baliza, a bola ficar jogável antes de sair da grande área; dir-se-á ser para evitar perdas de tempo com repetições, mas o que deveria realmente ser feito era punir liminarmente o prevaricador. O mesmo com a colocação da bola em jogo no início (ou reinício) do desafio, já em uso há algum tempo; não obrigar que o esférico seja tocado para a frente, para o meio campo adversário, é uma regra contra natura e apoio implícito ao jogo defensivo.
Outro ponto que deverá ser obrigatoriamente revisto é a chamada "lei da vantagem", cuja aplicação – com frequência e bom critério – os apreciadores de bom futebol consideram apanágio dos melhores árbitros.
Ainda recentemente assistimos a um "concerto de apito" de um árbitro internacional português em jogo da Liga que, apesar de ter marcado mais de 30 faltas, não aplicou a lei da vantagem uma única vez! Esse senhor ainda não percebeu que as faltas cortam o ritmo do jogo e que cada interrupção por esse motivo representa, em regra, uns 10 segundos de demora.
Finalmente, uma constatação: por vezes, noto que alguns articulistas titulam e começam textos com referências objectivas a temas de grande interesse para a renovação do futebol; mas logo derivam para outros campos, o que nos deixa com "com água na boca", como soi dizer-se, por não terem ido até ao fundo da questão. Aqui deixamos o registo."

Contrato de formação desportiva

"1. Contrato de Formação Desportiva: noção e pressupostos legais
O contrato de formação desportiva é o contrato celebrado entre um clube e um atleta (entre os 14 e os 18 anos), nos termos do qual o primeiro se obriga a prestar ao segundo a formação adequada ao desenvolvimento da sua capacidade técnica e à aquisição de conhecimentos necessários à prática de uma modalidade desportiva, ficando o atleta obrigado a executar as tarefas inerentes a essa formação. Este contrato não se afigura como um verdadeiro contrato de trabalho, apesar de funcionar como um "ensaio" para que se concretize num futuro próximo.
A celebração do contrato obedece a dois requisitos: o atleta deverá realizar exames médicos que atestem a sua capacidade física e psíquica para desempenhar a actividade desportiva; e a entidade formadora terá de comprovar que dispõe de meios físicos, técnicos e humanos adequados à formação desportiva.
Este contrato obedece a forma escrita e está sujeito a termo resolutivo, com duração mínima de uma época desportiva e duração máxima de três épocas, podendo ser prorrogado por mútuo acordo das partes. Em regra, o contrato caduca no final da época em que o atleta complete 18 anos, no entanto pode ser prorrogado por mais uma época desportiva.

2. Direito a compensação pela formação
A celebração do primeiro contrato de trabalho do atleta com entidade empregadora distinta da entidade formadora confere a esta o direito de receber uma justa compensação pela formação ministrada.
Os clubes que participem na formação de um jogador têm direito a receber uma compensação de natureza pecuniária quando este celebre o seu primeiro contrato de trabalho desportivo até ao final da época em que complete 23 anos de idade.
Na época em que o atleta se torne profissional e seja transferido para um clube que participe em divisão superior, os clubes formadores recebem uma compensação deduzida do valor pago pelo clube que profissionalizou o jogador."

Pode a sociedade desportiva subsistir sem a participação do seu clube fundador?

"Nos termos da lei, a sociedade desportiva pode ser constituída de raiz, sem a necessária participação de um clube.

Uma das questões a que nos últimos tempos mais frequentemente sou chamada a responder, nos círculos de amigos, nas conferências e nas diversas aulas de seminários, pós-graduações e mestrados em que trato temas relacionados com as sociedades desportivas, é esta: pode a sociedade desportiva subsistir sem a participação do seu clube fundador?
A resposta, que já desenvolvi e continuarei a tratar de modo desenvolvido em sede própria, é simples: pode. E pode, desde logo, porque uma sociedade desportiva não precisa, para existir enquanto tal, de um clube fundador. Nos termos da lei, a sociedade desportiva pode ser constituída de raiz, sem a necessária participação de um clube; ele apenas é necessário quando se pretenda a constituição pela transformação (do clube) ou por personalização jurídica de equipa desportiva (do clube).
E se é verdade que ela se pode constituir sem um clube fundador, também o é que pode subsistir sem ele se, tendo o clube participado na sua constituição e necessariamente passado a ser seu sócio (o que apenas acontece na constituição pela personalização jurídica da equipa desportiva), entretanto deixar de o ser, pelas mais variadas razões – podemos estar a falar, por exemplo, de transmissão voluntária da participação que o clube detém na sociedade, mas também podemos estar a falar da própria insolvência do mesmo.
Porém – costumo ouvir –, a lei das sociedades desportivas determina que a participação do clube fundador, nas sociedades constituídas pela personalização jurídica de equipa desportiva, não pode ser inferior a 10% do capital social. É verdade. Mas esse limiar mínimo estabelecido na lei existe porque ao clube fundador, nas sociedades constituídas por esse meio (e só nesse caso), são legalmente conferidos meios de tutela especial; por outras palavras, o clube fundador recebe, aí, um tratamento distinto (mais favorável) daquele que teria um qualquer outro sócio, nessa ou noutra sociedade (tem, por exemplo, o direito de veto em determinadas deliberações sociais). Apesar do silêncio da lei neste ponto, essa regra não impede, nem poderia impedir, o clube de participar na constituição de uma sociedade desportiva de raiz, com uma qualquer percentagem no capital social. Nem o impede de, tendo optado pela constituição de SAD por personalização jurídica da equipa desportiva, livremente alienar, parcial ou totalmente, a sua participação (a própria lei das sociedades desportivas proíbe qualquer limitação à transmissão das acções da SAD); ou que ela seja alienada em consequência da declaração da sua insolvência.
Agora, então, a questão a colocar é diferente: se isso acontecer, se a participação do clube passar a ser inferior a 10% do capital social, ou até inexistente, o que acontece à sociedade desportiva que foi constituída por esta via?
A resposta é, mais uma vez, simples: isso não põe em causa a sua subsistência (até porque todos os elementos essenciais à prossecução do objecto da sociedade foram transmitidos à sociedade a título de entrada, como decorre imperativamente da lei das sociedades desportivas, e o clube não pode, em caso algum, pretender a devolução da sua entrada, como decorre das regras gerais do direito societário; retomarei em breve este tema). Mas implica necessariamente, e evidentemente, que a sociedade desportiva deixe de estar sujeita ao regime de especial protecção do clube fundador consagrado para as sociedades que resultam da personalização jurídica de equipa desportiva (de resto, esse é basicamente o único traço distintivo de regime, relativamente às sociedades desportivas constituídas por qualquer outro meio). Ou seja: a sociedade desportiva “sobrevivente” passa a estar sujeita ao regime estabelecido para as sociedades desportivas constituídas de raiz (apesar de ter sido constituída pela personalização jurídica da equipa), regime esse que se distingue daquele que lhe era até aí aplicável por não contemplar a (agora, desnecessária ou injustificada) tutela do clube fundador. 
A última pergunta a que costumo ter de responder depois é: e essa solução não deixa desacautelada a posição dos clubes fundadores portugueses? A esta, respondo habitualmente com outra: e algum investidor irá algum dia equacionar investir significativamente, ao lado de um clube com claros problemas financeiros, numa sociedade desportiva portuguesa constituída pela personalização jurídica da equipa, se souber que corre o risco de um dia ver posto em causa todo o seu investimento com a hipotética extinção da sociedade desportiva, em caso de conflito com esse clube, ou de insolvência deste? É certo que este investimento comporta sempre riscos – mas a decisão que lhe subjaz exigirá, como qualquer outra decisão de investimento, a ponderação relativa à existência de um mínimo de segurança jurídica. Deste ponto de vista, então, esta é a única solução que tutela os interesses da generalidade dos clubes desportivos portugueses que carecem do investimento de terceiros para a prossecução da actividade desportiva."

Fechados na ilha

"Um trabalho no continente foi sempre algo que convenceu pouca gente no futebol inglês. Bobby Robson foi uma das raras excepções. Esta semana enquanto assistia ao documentário «Bobby Robson-More Than a Manager» recordei o tempo em que o conheci em Newcastle, em 2002.
Após um trabalho incrível na Holanda, em Portugal e em Espanha, Robson estava a ter um desempenho notável nos magpies. Em 1999 tinha recebido a equipa em lugares de aflição na liga inglesa, agora estava a disputar a Liga dos Campeões.
Naquele que foi o meu primeiro jogo em Inglaterra, em St James Park, tinha à minha frente a Juventus de Lippi com Del Piero, Nedved, Buffon, Thuram, entre outros. Os campeões de Itália que no fim da temporada seriam coroados reis da Europa na final ganha nos penáltis frente ao AC Milan. 
A noite de Newcastle sorriu a Robson após um frango de Buffon que encaminhou para a baliza um remate tosco de Griffin. A experiência continental permitiu seguramente ao aventureiro Bobby Robson preparar e tomar as melhores decisões diante do colosso italiano.
Estava na cidade para entrevistar Bobby Robson a propósito de uma reportagem para a TVI sobre os 30 anos de Luís Figo. Aguardei pelo fim da conferência de imprensa, apresentei-me e disse que tinha uma entrevista agendada com ele para o dia seguinte. Recebi um sorriso enorme de Robson e a confirmação da gravação para as 10 da manhã do dia seguinte.
Em Inglaterra procurava o máximo de pessoas possível que tivessem feito parte ou participado da carreira de Luís Figo. Tinha na agenda Carlos Queiroz, assistente de Alex Ferguson no Manchester United, Ricardo, guarda-redes dos red devils que nos tempos do Valladolid tinha apanhado o antigo jogador de Barcelona e Real Madrid e alguém que eu tinha visto jogar na noite anterior em St. James Park.
Tinha levado uma nega do Newcastle para entrevistar Alan Shearer, o capitão da selecção de Inglaterra no Euro 2000. A ligação do avançado com Luís Figo era o jogo que Portugal venceu por 3-2 naquele Europeu. Figo deu inicio à reviravolta depois dos ingleses estarem a vencer por 2-0 aos 18 minutos.
No final da entrevista com Bobby Robson falei-lhe da possibilidade de registar a opinião de Shearer e da nega que tinha recibo do clube. Robson entendeu que foi um erro do Newcastle e disse-me para estar no dia seguinte em St James Park pelas 10 da manhã e que o Alan Shearer ia dar a entrevista. 
Chamou a directora de comunicação do clube e pediu para informar Shearer. À frente de toda a gente defendeu a sua decisão explicando que o seu jogador também gostaria de ter um depoimento de Luís Figo quando alguém fizesse um documentário ou uma reportagem sobre si.
No dia a seguir à hora combinada, Alan Shearer estava em St James para a entrevista."

Cadomblé do Vata

"1. Terminamos a fase de grupos em 3° mas não é garantido que estejamos apurados para a Liga Europa... não sei se a UEFA deixa continuar nas suas competições uma equipa que joga com o Alfa a titular.
2. Neste jogo ficaram evidentes as divisões que há no balneário do SLB... o Seferovic por exemplo, até se esforçou por jogar à bola durante os 90 minutos, só para envergonhar os colegas.
3. Desde o inicio da temporada, o SLB já deve ter beneficiado de mais de uma centena de cantos, sem ter conseguido marcar um golo no seguimento dos mesmos... na Grécia Antiga havia eunucos mais temidos do que os cantos do SLB.
4. Neste momento devemos ser o único Clube Grande no Mundo que sem bola, não pressiona no meio campo adversário... é caso para dizer que a pressão do SLB até faz impressão.
5. Somamos a quarta vitória seguida desde que o LFV levou com uma luz na testa, mas as exibições continuam extremamente pobres... aliás, mais irritante do que o futebol praticado pelo Glorioso, só mesmo aquele comentador que está 90 minutos a chamar Áéque Atenas a uns desgraçados que toda a gente conhece por AEK."

Vermelhão: Vitória a fechar...

Benfica 1 - 0 AEK


Confirmou-se que as melhorias nos últimos dois jogos, deveram-se quase exclusivamente à atitude dos jogadores, porque as dinâmicas da equipa continuam a desejar... Hoje, num jogo que não era 'decisivo', o destino Liga Europa já estava traçado, voltámos a demonstrar muitos problemas, principalmente no 1.º tempo...
Na 2.ª parte, jogámos um bocadinho mais depressa, e as oportunidades até acabaram por aparecer... apesar do AEK também ter conseguido desequilibrar o nosso lado direito algumas vezes, jogámos melhor... Sendo que nos últimos 15 metros, optamos quase sempre pela jogada individual, em vez de apostar no colectivo!
Até deu para ver de novo. a nossa ala esquerda do ano passado, de novo junta, durante alguns minutos: Grimaldo, Zivkovic e Cervi!!! Mas durou pouco tempo, porque com a entrada do Castillo a equipa mudou novamente de 'esquema'!!!
Uma curiosidade táctica deste jogo: o AEK ao contrário da maioria das equipas portuguesas, quando o Benfica 'ameaçava', passe para a profundidade, nas costas dos Centrais (algo que este Benfica faz muito...), recuava sempre um Central, a fazer de Libero, fazendo assim abortar quase sempre o passe longo... Esta opção, 'abre' muito espaço entre a linha defensiva e do meio-campo, mas o Benfica raramente conseguiu aproveitar... O Jonas teria 'gostado'!!!
Aliás, além de todas as outras variáveis, sentiu-se muito a ausência do Jonas, na finalização e no resto!!!
Uma nota sobre o Alfa: esteve quase sempre bem, mas acabou por ter duas perdas de bola 'assustadoras'... Nas bolas paradas ofensivas, e hoje tivemos muitas ao contrário do que acontece no Tugão, também desperdiçou algumas cabeçadas, sem qualquer oposição, de forma 'parva'!!!
A má notícia da noite, acabou por ser a lesão do Rafa. Um dos jogadores em melhor forma, e que nos últimos tempos 'desatou' vários problemas, sempre em grande velocidade... Espero ter sido só um susto!!!
Conseguimos ser cabeças-de-série no sorteio da Liga Europa, o que nos vai 'ajudar' na próxima eliminatória da Liga Europa... e este ano, a Liga Europa está repleta de grandes equipas, mas a jogar desta forma, dificilmente poderemos ter ambições neste competição...

Festival de golos falhados...!!!


Benfica 3 - AEK


Mais um jogo com demasiadas oportunidades desperdiçadas! Nos primeiros 15 minutos enviámos 3 bolas aos ferros!!! O Renato Paiva queixou-se que a equipa jogou lento, tem razão... mas mesmo assim, fomos muito superiores (mesmo antes da expulsão do jovem do AEK), e não fosse a nossa azelhice na finalização e a boa exibição do guarda-redes Grego, e o jogo teria terminado com uma goleada histórica...

A emoção deste jogo, acabou por surgir de Amesterdão, com o Bayern a vencer por 1-2. Se tivesse terminado 1-4 para o Bayern, o Benfica teria sido eliminado!!! Assim terminamos em 2.º lugar, vamos ter que disputar uma eliminatória extra... vamos esperar pelo sorteio!

Machos

"1. A liga portuguesa está na cauda da Europa em termos de tempo médio de jogo efectivo, mas a discussão tem sido feita ao contrário. Mais do que a quantidade, importa a qualidade, caso contrário os jogos com prolongamento seriam sempre os melhores. O importante é que o que se joga seja bom. Perguntem a um adepto de álcool de prefere meio copo de cerveja ou um copo cheio de água.
2. Penálti não assinalado de Felipe sobre Nakajima: quem não consegue distinguir entre um leitão de Negrais e um frango da Guia, dificilmente tem lugar num campo de futebol e seguramente que não pode estar numa sala de VAR. O que está em causa, com o que temos visto, além da verdade desportiva, é a descredibilização da arbitragem portuguesa e de uma ferramenta que custa milhões e que deveria apontar para o futuro. Há questões que são meramente do campo da competência (ou falta dela, neste caso) e não há maquilhagem estatística que possa disfarçar isso.
3. A minha mulher às vezes vai ao guarda-redes e diz-me: «Adoro estes sapatos, tenho de usá-los mais». E no dia seguinte compra outros. Não conheço a fundo Luiz Phellype (6 golos em 51 remates na Liga 2...), avançado de 25 anos de P. Ferreira que está a ser cobiçado pelo Benfica (e Sporting), mas lembro o clube da Luz que para apostar na formação não basta ter bons talentos e um treinador que neles aposte, é preciso deixar de contratar quem lhes tira o lugar sem ter mais qualidade (risco por risco...). Para não falar nos Chiquinhos, João Amarais, Pedros Nunos, Arangos ou Agras, que antes de chegarem já partiram. Para quê?
4. Lembram-se do filme Este País Não é Para Velhos, dos irmãos Coen? Ganhou o Óscar para melhor película em 2008. Pois bem, vem aí uma sequela denominada Este Futebol Não é Para Machos, com a realização de Lito Vidigal.
5. Disse David Luiz, há dias, que um avançado nunca perde jogos, a culpa é sempre dos outros. Se trocarmos a palavra avançado por José Mota, a frase continua a fazer sentido."

Gonçalo Guimarães, in A Bola