quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Polémicas com o VAR no olho do furacão

"Do fim-de-semana mais longo em termos de arbitragem resultou uma série de casos de jogo e de reclamações, cuja maior parte entroncou não na Continua a haver muitas dúvidas acerca do que é essencial, e até por parte dos intervenientes directos, treinadores e jogadores, o que prova que o papel da Federação, em termos de informação aos clubes e aos espectadores, ainda está longe de ser perfeito. As dúvidas são mais que muitas no que diz respeito ao protocolo e suas limitações, recaindo sobre o VAR um conjunto de críticas - algumas delas sem fundamento -, porque, de forma oficial, ninguém vem informar ou esclarecer na praça pública que, neste ou naquele casos, o dito protocolo não permite intervir. Na base do mesmo, de forma bem explícita, embora eu não concorde em absoluto, está o facto de só poder haver intervenção quando a decisão inicial do árbitro for “Um Erro Claro e Óbvio”.
Continua a haver muitas dúvidas acerca do que é essencial, e até por parte dos intervenientes directos, treinadores e jogadores, o que prova que o papel da Federação, em termos de informação aos clubes e aos espectadores, ainda está longe de ser perfeito. As dúvidas são mais que muitas no que diz respeito ao protocolo e suas limitações, recaindo sobre o VAR um conjunto de críticas - algumas delas sem fundamento -, porque, de forma oficial, ninguém vem informar ou esclarecer na praça pública que, neste ou naquele casos, o dito protocolo não permite intervir. Na base do mesmo, de forma bem explícita, embora eu não concorde em absoluto, está o facto de só poder haver intervenção quando a decisão inicial do árbitro for “Um Erro Claro e Óbvio”.
Já falei aqui e em outros espaços de intervenção imensas vezes sobre isto, mas vou repetir as vezes que forem necessárias que no caso em que um videoárbitro vê um lance, ou melhor, vai “checkar” um lance e tem dúvidas em relação ao mesmo, ou ache que há erro do árbitro, mas que esse erro não é evidente aos olhos de toda a gente, ele não intervém. Não intervém, nem faz aquilo que eu acho que deveria fazer, e que o treinador do Boavista, Jorge Simão, também referiu na conferência de imprensa e com o qual eu concordo em absoluto: é que sempre que houvesse um lance de um potencial erro ou de uma decisão que levantasse dúvidas, o VAR deveria dizer ao árbitro isso mesmo. "Olha, tens aqui um lance que levanta dúvidas", por exemplo, de possível penálti, "toma lá as imagens e vai ao monitor ver e depois decide se queres ou não manter a decisão inicial".
É que, no meio disto tudo, nos lances de limite e de potencial penálti, e de cartões vermelhos duvidosos, o protocolo faz com que o VAR se abstenha de intervir e permite que, desta forma, vão caindo e passando lances que eu, como ex-árbitro e com a experiência que isso me confere, creio que levariam alguns árbitros a alterarem a sua decisão depois de reverem as imagens.
Dentro destes lances-limite e duvidosos, destaque para o jogo entre Rio Ave e Sporting e para o possível penálti de Mathieu sobre Vinícius, aos 41' (para mim, era penálti), e para uma eventual expulsão que foi resolvida com cartão amarelo a Vinícius (para mim, cartão vermelho). Do jogo Boavista-FC Porto, é de realçar o lance em que Rochinha cai na área por duas vezes, ao minuto 69, com Brahimi (para mim, penálti), e o minuto 78, com Éder Militão (sem motivo para penálti).
Do jogo Benfica-Feirense, o destaque vai para dois possíveis penáltis não assinalados pela equipa de arbitragem e com os quais concordo plenamente com a decisão. Falo do minuto 50, em que Pizzi cai na área em lance de contacto com Cris, e do minuto 85, em que Seferovic não comete falta sobre Briseño.
Desta jornada ainda, o caso maior de jogo, o golo validado ao V. Setúbal, uma situação que levou o árbitro a ir ao monitor rever o lance, por um fora-de-jogo posicional de um jogador que, não tocando na bola, deixou a dúvida sobre se a sua acção teria ou não impacto no adversário e na capacidade de ele jogar a bola. Um caso interessante, que só é possível explicar acompanhado das imagens, um golo decisivo a poucos minutos do fim, que resultou na vitória dos sadinos, mas que para mim foi obtido de forma ilegal, pois, na minha interpretação, havia mesmo posição de fora-de-jogo que deveria ter sido assinalada.
O VAR tem ainda um longo caminho a percorrer, mas é inevitável, neste momento, afirmar de forma peremptória que veio para ficar. Mesmo a UEFA, com as muitas dúvidas que tinha, já anunciou a introdução do VAR a partir dos oitavos-de-final da principal e mais importante competição de clubes do mundo, a Champions. Por isso, insisto neste ponto: todos os contributos são importantes para o desenvolvimento e melhoria de todo este processo, e os agentes desportivos com responsabilidades directas - e, sobretudo, com poder de intervenção na praça pública - podem e devem criticar a actuação, aqui ou acolá do VAR, mas devem ao mesmo tempo defender esta utilíssima ferramenta que veio trazer mais verdade desportiva ao futebol e ajudar nas tomadas de decisão do árbitro."

Já não primaveril mas não invernosa

"Quando é meia-noite em Manama, Adliya estende-se pelas suas ruelas pedonais ao sabor dos néones dos restaurantes e bares onde se bebe álcool como em qualquer país civilizado

Manama – Quando é meia-noite em Manama, não deixa de ser apenas um começo de noite. Se há algo que me fascina no Oriente – e no Oriente a Oriente, como dizia Pessoa – é o facto de as horas teimarem em não viver preocupadas com o movimento da Terra em redor de si própria. Aqui, a rotação não passa de uma abstracção. Já da translação, não querem nem saber…
Quando é meia-noite em Manama, Adliya estende-se pelas suas ruelas pedonais ao sabor dos néones dos restaurantes e bares onde se bebe álcool como em qualquer país civilizado. Se me dão licença, o álcool é uma forma de cultura como outra qualquer. William Faulkner, que não pode ser confundido com um bêbado barato de boteco ou de taberna, nunca teve dúvidas: “A civilização começou com a destilação!” Quem sou eu para o desmentir. Não tenho quaisquer dúvidas que o vinho fez pela literatura, pela pintura, pela música e por todas as formas de expressar a arte e a criatividade mais do que o velho Louis Pasteur fez pelo queijo fresco.
Adliya é o bairro de Manama onde se bebe e se come e se conversa, e lá pelos primeiros raios de sol perguntamos, muito a propósito, por que raio deram tal nome à capital desta ilha minúscula que para o mundo todo é Bahrain mas já foi, para nós, portugueses, o Barém das pérolas que nasciam das águas doces de um mar salgado: Manama significa Lugar que Dorme. E não só não dorme como não se apaga, transformada como está, tal como as vizinhas Doha, Dubai, Abu Dhabi ou Cidade do Koweit, numa espécie de parque de diversões dos arquitectos que inventam prédios que piscam de luzes e luzinhas, construídos em todas as formas e feitios, em paralelepípedo, em cubo, em elipse, em triângulo e losango e o mais que se está para saber e de fazer inveja a um certo léxico que tomou conta deste novo pontapé na bola no qual alguns furiosos da física e da mecânica resolveram descobrir fantasiosas e vagas geometrias e postulados euclidianos. Felizmente, os mestres que foram fazendo o favor de me ensinar, há mais de 30 anos, encaravam o futebol de outra maneira. (Ia para escrever de outra forma, mas sujeitava-se a mal-entendidos). O Carlos Pinhão, por exemplo, avisava logo que não admitia pontos de interrogação num título ou no final de uma reportagem: “Então o pobre do leitor gasta dinheiro no jornal e ainda tem de responder a perguntas?! Ele compra o jornal para lhe darmos respostas!” Tinha toda a razão, mas hoje faço-lhe aqui uma pequenina desfeita e guardo o pontinho marreco para o fim.
Sentados à minha frente, há quatro casais alemães que comemoram aniversários, desprezando os conselhos do sapiente João de Deus:
“Anos? Não caia nessa
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira
Mas depois se se habitua
Já não tem vontade sua
E fá-los queira ou não queira.”
Estes, pelos vistos, querem. Escorropicham copos de tequila, enchem-se de margaritas e devoram nachos e burritos com uma obstinação de nibelungos. Uma observação mais pormenorizada da mesa estrepitosa permite perceber que a vítima, ou a protagonista, ou aquilo que vos passe pela cabeça, é uma fêmea já não primaveril mas ainda não invernosa. E lá está, em cheio: meia-noite em Manama. A hora que apavorava Machado de Assis mas alegra estes cavaleiros teutónicos que invadiram o Cale México – dá-me a sensação que deverá ter nascido Calle México mas, entretanto, houve alguém que se baralhou com os eles –, algo absolutamente inofensivo se pensarmos que uma das últimas vezes que um grupo de alemães montou uma farra igual, em vez de invadirem um restaurante, invadiram a Polónia. A primaveril mas não invernosa aniversariante faz-me um gesto de convite. Sossegado no canto da minha escrita, recuso, cavalheiro, galante. Provavelmente leu o meu pensamento e o gesto é como o do domador de leões invetivado por um espectador menos convencido da sua coragem: “Vem cá dizer-me isso, mas dentro da jaula!” Mas depois lembrei-me daquele inenarrável personagem queirosiano, o Conselheiro Gama Torres, e fiquei com vontade de lhe responder: “Minha senhora, como posso eu sorrir se a Polónia sofre?”"

Gosto de futebol

"Gosto de assistir a um jogo de futebol. É um espectáculo único em movimento, colorido e animado, em que convivem diferentes estratos sociais e faixas etárias. Faz parte da entidade cultural de muitos países, movimentando assistências mais numerosas do que qualquer outra actividade.

Vibro com as vitórias do meu clube, no respeito por todos aqueles que são adeptos de outras cores. Fico fascinado com a movimentação colectiva de uma boa equipa, de que retenho na memória o Milan de Fábio Capelo, o Barcelona de José Guardiola ou o Porto de José Mourinho. Aprecio a arte dos muitos que fui vendo ao longo dos anos, como Eusébio, Cubillas, Oliveira, Maradona, Deco, Messi, Ronaldinho Gaúcho, Neymar ou Cristiano Ronaldo, só para citar alguns. Apreciei e aprecio mais as jogadas de um destes jogadores do que as músicas de um concerto dos manos Carreira. Não tenho medo de afirmar que, se tiver que escolher, prefiro um bom jogo de futebol a um espectáculo de ópera.
É um erro confundir futebol com algo de menos digno. Em Portugal é uma das actividades com sucesso, quando comparada com diferentes pontos do Mundo, incluindo a União Europeia. Só na actual época desportiva, ainda longe de terminar, os dois clubes que participam na Liga dos Campeões já contribuíram com quase 115 milhões de euros de saldo positivo directo para a balança de transacções. Em 2018, o Futebol Clube do Porto será mesmo a das melhores empresas nacionais neste capítulo.
Sendo uma actividade sujeita a um rápido e intenso desgaste, em que na melhor das hipóteses um jogador tem uma vida profissional útil de cerca de um terço do padrão habitual, não me parece aceitável que o nível de tributação se equipare na totalidade a qualquer outra actividade. Em países como a Espanha, ou Alemanha, por exemplo, os impostos sobre a actividade dos futebolistas chegam a ser quase metade dos praticados em Portugal. Finalmente, quando assistimos ao frenesim da luta pela aplicação da taxa mínima de IVA a todos os espectáculos, das salas de teatro vazias, aos concertos de verão com muita fumaça, terminando na inenarrável discussão do conceito da dor provocado pelos ferros espetados num animal, é revoltante ver o futebol a pagar taxa máxima, englobado no mesmo grupo das actividades obscenas ou de carácter pornográfico! É um insulto à inteligência de todos nós. Por isso digo que gosto de futebol. Ponto!"

Quem 'matou' a mudança? Suspeito n.º 9 - Comunicar as diferenças

"“Detective Colombo” – dizia o Presidente do F.C. os Galácticos o Sr. Angie – “ao longo destas semanas, identificou vários “culpados” de estarem a “matar” a mudança no Clube. Quero que o Clube melhore e volte a proporcionar memoráveis experiências e resultados, aos seus adeptos e sociedade, mas quando tento mudar alguma coisa, tenho a sensação de que o resto da Direcção não escuta as ideias diferentes”.
Detective Colombo era uma pessoa habituada a escutar, dada a natureza da sua profissão, e considerando o seu propósito, descobrir os responsáveis de estarem a “matar” a mudança no Clube, ouvia atentamente e o Presidente Angie continuava – “estou a viver uma situação dramática, o Clube estagnou, parou no tempo, não evoluiu. Necessitámos de mudar, quero melhorar o Clube. Já conheço umas quantas coisas que estão a “matar” a mudança” – enquanto recordava algumas das oportunidades, como melhorar a qualidade da visão do Clube, da cultura, das normas, dos motivos, da estratégia e critério de decisão e da relação com os colegas, equipa e organização (ver noticias relacionadas); e continuava – “para isso, precisamos de fazer as coisas de maneira distinta, mas quando avanço com as ideias diferentes, parece que não me ouvem e consequentemente as ideias não são sequer consideradas, quanto mais implementadas. A situação é extremamente frustrante, fico irritado e começo a pensar que tenho de fazer alguma coisa, mas como não sei exactamente o quê, nem sempre o que faço provoca os resultados que desejo.”
“Como assim?” – perguntava o Detective Colombo. “Frequentemente, acabo por impor a implementação das novas ideias e os meus colegas de Direcção ficam irritados comigo, a nossa relação fica desconfortável, tensa e, em vez de avançarmos para as melhorias, as resistências aumentam, criam-se novos problemas entre nós e a energia da Direcção passa a ser canalizada para as divergências e discussões, em vez de para as melhorias reais do Clube” – respondeu o Presidente Angie.
Faz-se uma pausa, ambos estão a olhar pela janela do escritório do Presidente Angie, no 44º piso, parecia estarem a contemplar a vista da cidade e a reflectir, todos aqueles prédios, todas aquelas luzes, os milhares de famílias por trás desses pontos de luz e o contraste com o sossego da vista à distância, quando o momento é interrompido.
“Estou insatisfeito, quero melhorar a situação, não estou a conseguir, não quero ir pelo caminho fácil de apontar dedos, quero experimentar algo diferente, que me ajude a obter diferentes resultados, mas não sei exactamente o que posso fazer” – confidenciava o Presidente Angie ao Detective Colombo, que estava admirado, quer pela relação de confiança que estava a construir com o mundialmente conhecido Presidente Angie, quer por estar a presenciar a sua grandiosidade, pois o Presidente não só reconhecia e aceitava o problema, como também assumia parte da responsabilidade em mudar a situação (em vez de arranjar bodes expiatórios), e queria efectivamente agir de forma eficaz. “São raras as pessoas que reconhecem os problemas, aceitam-nos, responsabilizam-se por eles e agem, fazem alguma coisa para os resolver” – dizia a si mesmo o Detective Colombo.
“Presidente Angie, poderia contar-lhe várias histórias, de pessoas que fui conhecendo e que queriam mudar, melhorar as situações. Desde Pais que queriam evitar que os filhos cometessem os mesmos erros que eles cometeram no passado, a Líderes que pretendiam que as pessoas que com eles colaboram escutassem as ideias diferentes, passando por Professores e Treinadores que desejavam que os alunos ou atletas os escutem, para aprenderem, melhorarem, mudarem, mas os filhos, os alunos, os atletas e os colaboradores não os escutaram. Contudo e construindo a partir do que aprendi com todas essas situações, permita-me perguntar-lhe: como é que conversa, como é que comunica essas diferenças, aos seus colegas de Direcção?” – perguntou o Detective Colombo.
“Não estou a perceber” – devolveu o Presidente Angie. “Imagine que está na reunião de Direcção, que eu sou um dos seus colegas e que pretende mudar alguma coisa no Clube. Como é que começava?” – esclareceu o Detective Colombo. “Ok, agora compreendi. Pois chegava à Direcção e dizia que a visão actual do Clube estava a comprometer a experiência e resultados do Clube, que tinha estado a estudar o problema e que devíamos fazer uma visão diferente do Clube, por exemplo” – respondeu o Presidente Angie.
“Como começou a sua intervenção Presidente, pelas diferenças ou pelas semelhanças?” – tentava explorar o Detective Colombo. Após uns segundos de hesitação, como que a tomar consciência, o Presidente Angie pousou lentamente a chávena de café e respondeu – “pelas diferenças!”. “Como é reagia se alguém lhe dissesse que o que tem feito, tem que ser feito de maneira diferente?” – devolveu o Detective Colombo. “Não o escutava, dizia a mim mesmo que não ia melhorar nada e que essa pessoa não percebia nada do assunto, sentia-me incomodado e acabaria por a ignorar ou por discutir com ela” – respondeu o Presidente Angie.
“Pois bem, Presidente é isso mesmo que os filhos fazem quando os Pais os abordam para fazerem as coisas de maneira diferente, que os alunos e atletas respondem quando os Professores e Treinadores tentam que os jovens façam as coisas de maneira diferente ou como um colega de trabalho reage, quando outro colega ou um líder tenta que trabalhe ou faça alguma coisa de maneira diferente. Todos eles podem ter a melhor das intenções, mas a forma como abordam a situação leva a que a sua mensagem não seja escutada” – devolveu o Detective Colombo. “Já percebi” – respondeu o Presidente Angie – “quer dizer que embora a minha intenção seja a melhor (mudar o Clube para voltar a proporcionar experiências e resultados memoráveis), já saber o que há para melhorar, isso envolver diferenças, ao começar a abordar a situação, junto dos meus colegas de Direcção, pelas diferenças, eles não só não as escutam, como consequentemente não as compreendem, nem as consideram e qualquer mudança fica comprometida.”
“Efectivamente o Presidente Angie descobriu mais um dos culpados de estar a “matar” a mudança no Clube, Comunicar as diferenças, isto é, a capacidade de as diferenças serem escutadas, compreendidas e consideradas. É normal as crianças, os jovens, os adultos, os colegas de trabalho, as pessoas fecharem as suas fronteiras às diferenças e com isso comprometer-se o progresso, o desenvolvimento e a transformação” – partilhava o Detective Colombo e para sublinhar a ideia continuou – “recorda-se de como era a circulação das pessoas, no que agora se designa de União Europeia, antes e depois da União?”. “Claro, que sim” – respondia o Presidente Angie – “antes as diferenças entre os países eram mais acentuadas, as fronteiras estavam fechadas e a circulação de pessoas de nacionalidades diferentes era mais dificultada. Contudo, depois da união, as pessoas começaram a circular livremente e nem se dá pelas fronteiras, quando viajamos de automóvel, por exemplo”. “O mesmo acontece entre as pessoas quando comunicam” – aprofundava o Detective Colombo – “quando as pessoas começam pelas diferenças é como se estivéssemos na era pré-união, as fronteiras fecham-se e as diferenças têm dificuldade em circular entre os “países” (leia-se pessoas). Todavia, quando as pessoas começam a comunicar através de semelhanças, a informação circula como as pessoas o fazem agora, na era pós-união, sem resistências”.
“Ou seja, se queremos que as diferentes ideias sejam escutadas, compreendidas, consideradas e possivelmente implementadas, nas diferentes organizações, paradoxalmente ajuda começar pelas ideias semelhantes, antes de apresentar as diferenças. Por exemplo, no caso da visão, podia ter começado o tema referindo que a visão existente no Clube tinha sido resultado de um excelente trabalho de todos, que tínhamos investido muito do nosso tempo e esforço na sua construção e que a mesma nos tinha ajudado a conseguir experiências e resultados muito positivos. Depois e só depois, perguntar se reconheciam oportunidades para a melhorar. No caso da conversa com os nossos filhos, podemos começar por partilhar a situação idêntica que vivemos, o que fizemos de parecido, o que sentimos de aproximado, que resultados obtivemos, o que aprendemos com a situação e o que hoje teríamos feito de diferente, e depois dar-lhes tempo e espaço para poderem aprender com a nossa experiência e conseguirem fazer diferente do que fizemos, se desejarem obter resultados diferentes do que conseguimos, em vez de lhes dizer logo que estão errados, que têm que fazer as coisas de maneira diferente ou esperarmos que dêem com a cabeça na parede, para aprenderem” – concluiu o Presidente Angie.
O Detective Colombo olhou pela janela do gabinete do Presidente Angie e começou a observar a aurora do novo dia, uma luz surgia por trás de todos aqueles arranha-céus. A conversa tinha sido muito agradável, ao ponto de entrar pela noite dentro, o Detective sentia que também havia uma nova “aurora no modo de comunicar do Presidente” e pensava numa ideia simples, mas transformadora, que a atitude do Presidente lhe tinha relembrado: “se estamos satisfeitos com os resultados que obtemos, faz sentido repetirmos as soluções que provocaram esses bons resultados; mas, se não estamos agradados com os resultados conseguidos, é improvável aguardar melhores resultados, repetindo as mesmas soluções e, nesse caso, faz algum sentido tentar fazer algo diferente, para esperarmos alcançar resultados diferentes.”"

A difícil transição para sénior: como transformar talento em carreira?

"(...) escreve sobre os rankings no desporto: há muitos, mas serão os mais importantes?

A Cultura dos Rankings
Hoje em dia, seja qual for a área de performance em análise, assistimos à criação de “rankings” por tudo e por nada – aparentemente, ainda por “aí” vigora a necessidade de consolidar (ainda mais e muito para além do desejado) a natural apetência do ser humano em tornar as coisas comparáveis e quantificáveis... até a ele próprio.
Resta, de facto saber, se os critérios escolhidos são os correctos – o que, em boa verdade, dificilmente o serão, na medida em que se privilegia, na generalidade dos estudos e artigos, dados recolhidos no imediato, associando o sucesso a um resultado a curto prazo (numero de golos, de pontos, entre outros) e não a longo termo (carreira).
Por exemplo, em contexto académico, privilegiam-se rankings de avaliações quantitativas (obtidas por mérito ou por espreitar para o colega do lado), ao invés de atitudes de solidariedade, cidadania ou o exercício efectivo de um conjunto de competências que a vida profissional irá solicitar - softskills (já alvo de um artigo na Tribuna), até porque, também a investigação cientifica se debruça iminentemente em dar respostas a questões no imediato e, por essa razão, são difíceis de encontrar estudos longitudinais que acompanhem os sujeitos ao longo de um período alargado de tempo, com o intuito de aferir em que medida um dado desempenho se pode traduzir num dado estilo de vida (curiosamente, um destes mesmos estudos, com alunos de Harvard, acabaria por vir a revelar que o “sucesso académico” não se correlacionava positivamente com o “sucesso na vida” – curioso, não? Nem tanto – um pouco óbvio até).

O Caso do Futebol - Quantificar, Quantificar
Temos rankings para os melhores treinadores, os melhores atletas, os países que mais “produzem” atletas de categoria mundial, as academias que produzem os melhores talentos, os atletas que são identificados como jovens promessas (acabou de sair mais uma em Outubro), entre outras listagens infindáveis.
Não me recordo, porém, de ver (pelo menos com o suficiente destaque) rankings dos clubes que mais atletas tem com um curso superior, ou cujos departamentos médicos tem maior eficiência na prevenção e reabilitação de lesões, ou cujo departamento de fisiologistas melhor capacita os atletas no que respeita as suas qualidades físicas ou, cujo departamento de psicologia melhor capacita os atletas nas suas qualidades psico-emocionais, entre outros.
Será uma ideia assim tão estranha?
Não advém daqui a “qualidade” da matéria prima que chegará às mãos de um Treinador?
Não me recordo de ver nenhum ranking das academias que, de fato, produzem atletas “inteiros”, com elevadas capacidades de adaptação a um meio que necessariamente será percepcionado como “hostil”, após anos e anos de “berço” num dado clube ou, por outras palavras, academias que “produzam” pessoas que, por acaso, jogam futebol.
Não me recordo de ver (com o merecido destaque), nenhum tipo de “trofeu” ou evento público que reconheça qualidade ou, sequer, destaque o Treinador que mais jovens fez surgir, dando ferramentas para que a consolidação do talento se possa afirmar, numa transição tão difícil de “promessa” para o “status” de atleta de alta performance (ás vezes, de menino para homem...).
Não me recordo de ver ranking algum que privilegie processo.

O Espelho Que o Futebol Transporta
A escolha da modalidade do futebol não foi casual, ainda que pudéssemos estar a falar de outras tantas modalidades, escolas ou empresas – todas elas “reféns” de uma espécie de tirania pelo resultado (o que não traria problema nenhum... se soubéssemos dirigir esta energia para a qualificação de processos).
O futebol mobiliza milhões de pessoas e, lamentavelmente, poderá ser a modalidade que mais vidas “destrói” por empurrar os jovens para um projecto de vida romanceado (que todos nós, adultos, falhamos em contrariar), ao qual chegará uma reduzidíssima percentagem de atletas.
Motivados pelo gosto pela modalidade, pelo suporte familiar, pela convicção do treinador, do clube ou do empresário muitos são os jovens que, mesmo fazendo parte da tão desejada lista anual de jovens promessas, tarde ou nunca confirma o seu talento, desaparecendo muito rapidamente no anonimato.
Urge, de fato, uma reflexão aprofundada sobre as características e competências que gostaríamos de ver nas gerações que se avizinham (atletas ou não) para, desta forma, poder delinear o processo pelo qual elas deverão passar para as adquirir, potenciando a possibilidade de uma chegada a uma vida adulta autónoma e “inteira”.
Urge criar formas de reconhecimento (público?) para quem, trabalhando de forma quase “invisível”, se dedica e entrega ao processo.
E, em boa verdade, urge também que todos os diferentes interlocutores (pais, educadores, escolas, clubes, empresas,...), assumam a sua parte de responsabilidade em toda esta inadiável mudança."

O discóbolo de Míron e o atleta

"Míron (480-440 a.C.) nasceu em Elêutras, nos confins da Beócia e da Ática, perto de Atenas, no segundo quartel do Século V a.C. Foi um escultor grego do século de Péricles, aluno do escultor Hageladas de Argos (Século VI a.C. - Século V a.C.), com Fídias (480-430 a.C. e Policleto (460-410 a.C.). A sua personalidade é tão notável que, em certos pormenores, parece muito mais moderna do que é na realidade.
Começou por ser um escultor de bronze e tornou-se o artista introdutor do movimento na escultura grega do princípio do período clássico, e bem assim um escultor de momento. Os escultores posteriores não conseguiram superar a sua habilidade, na expressão do movimento através da atitude. Não se conhece nenhum original seu, mas são conhecidas cópias de Athena e Mársias, que representa a cena em que Mársias tenta apanhar a flauta que a deusa deitou fora, e cópias do Discóbolo, que representa um atleta no momento de lançar o Disco. Aqui, também a relação da arte com o real é complexa e composta.
O Discóbolo de Míron é uma escultura que representa o atleta no momento culminante do esforço, e que foi realizada entre os anos 460 e 450 a.C. provavelmente para comemorar o atleta que vencia o antigo pentatlo, mas muitas cópias têm sido feitas em mármore.
Foi uma obra celebérrima e que por isso foi inúmeras vezes copiada. O valor dessas cópias é relativo, pois basta compararmos as duas que estão na mesma sala do Museu das Termas (Roma) para vermos toda a diferença que existe entre uma e outra, tendo na nossa frente obras que estão diminuídas e até talvez mesmo alteradas.
Míron trabalhou na Atenas de Péricles e notabilizou-se pelas proporções exactas e o sentido do movimento das suas figuras, notáveis pela atitude, equilíbrio e a leveza das linhas, principalmente de atletas e lutadores, onde entre as suas obras conta-se o Discóbolo.
Rompeu com as convenções antigas e encontrou a solução, que lhe permitiu fazer saltar, mover e correr as suas personagens. A expressão e a psicologia, a individualização das suas estátuas, parecem ser para o artífice coisa secundária.
Os antigos tratadistas diziam acerca das esculturas de Míron: "Corporis tenus curiosis, animi sensus non expressit"; isto é, traduzido em linguagem corrente: "Cuidou do corpo, mas mostrou-se negligente no estudo dos estados de ânimo".
Para o efeito teve de aproveitar a técnica do bronze, que lhe permitia manter as suas estátuas em posições de equilíbrio instável, surpreendidas na realização de um movimento como o famoso Discóbolo, um jovem atlético no momento de lançar o disco.
Todo o corpo está atirado para diante, para depois produzir, no seu balanço, o impulso que lhe permitirá lançar o disco com a mão direita, enquanto a mão esquerda parece tocar a rótula, numa posição semelhante à dos atletas modernos, ao darem uma ou duas voltas antes do lançamento.
A cabeça do Discóbolo de Míron, também é muito interessante coberta de caracóis pouco salientes; os cabelos são curtos e não formam madeixas, tal como convinha à fundição de bronze.
O olhar do Discóbolo dirige-se para trás, para o disco que vai lançar com a mão direita, onde toda a atenção se concentra naquele objecto. É um instante da vida do atleta que põe em jogo toda a sua vontade, sem qualquer outra manifestação de vida espiritual.
Este é o defeito de que já os antigos o acusavam, os quais chegaram até a esquecer a sua perfeição técnica. Enquanto uns, como Luciano de Samósata (125-181), falam do Discóbolo tendo-o por uma obra-prima em todos os sentidos, outros, como o retórico latino Marco Fábio Quintiliano (35-95), dizem com desdém: "Pode haver algo mais artificial e contorcido do que o Discóbolo de Míron”? Para imitar a posição real do atleta, a estátua deveria ter os pés mais afastados, o corpo mais torcido e o disco deveria estar obliquamente inclinado.
Existem também cópias antigas das duas estátuas que formaram o delicioso grupo de Atena e do sátiro Mársias (Mitologia Grega), no momento em que este fica surpreso pela flauta que a jovem deusa acabava de inventar sem qualquer esforço. O espanto daquela criatura meia humana, meia animalesca, manifesta-se com perfeição na figura do sátiro.
Pôde restaurar-se, recentemente este grupo, mercê de uma gema gravada na qual estão representadas as duas figuras.
Os copistas romanos limitavam-se quase sempre a reproduzir o sátiro. De Atena só existe uma cópia, em Frankfurt; a deusa mal se digna olhar para a flauta de sete notas, caída no chão; pelo contrário, o sátiro parece saltar de alegria, como um animal selvagem. A sua fisionomia revela surpresa e pasmo ao encarar, fascinado, a flauta criada pela deusa.
Míron captava bem o especto sensual da natureza e sabia representar fielmente os animais. Na Antiguidade, entre as suas obras era muito apreciada a vaca de bronze, tão perfeita que, segundo diziam os poetas da Antologia Palatina, só lhe faltava mugir.
Pela primeira vez na história da arte, encontramos uma personalidade original documentada. Míron é um especialista no sentido literal do termo; para ele, o que tem interesse na vida é o movimento, enquanto no homem é a sensibilidade física. Recordemos que movimento e sensação são as grandes preocupações dos filósofos-físicos da escola de Eleia, Zenão (488-430 a.C.?) e Parménides (501-470 a.C.), contemporâneos de Míron. Este, além de grande artista, é, pelos seus gestos e preocupações, aquilo a que nos nossos dias chamaríamos um homem moderno.
Antes de Míron, encontrámos no Egipto, Grécia e Oriente obras maravilhosas, mas estas eram sobretudo expressão de uma sociedade, criações impessoais; nenhum artista se destacava do conjunto característico da sua escola. Em tempos muito anteriores produziram-se talvez obras mais belas, mais grandiosas, mais perfeitas, mais proporcionadas, mas não descobrimos uma figura de artista tão pessoal.
Na própria Grécia temos notícia de vários escultores que trabalharam nos séculos precedentes, tais como Antenor, Akermos, Crítio, Nesiotes, Onatas, se bem que a estatuária grega impressionou e impressionará sempre o homem, mais do que a arte de qualquer outro povo ou época.
Embora Míron fosse uma pessoa tão notável, pouco sabemos da sua vida. Pode ser considerado um cidadão da ática pelos muitos anos que viveu em Atenas.
É bem evidente o cunho da tradição dórica e da escola dos fundidores arcaicos; talvez pudéssemos apreciá-lo melhor se conhecêssemos as suas obras perdidas, como o Zeus que estava em Roma num nicho do Capitólio construído pelo imperador Augusto e outras estátuas de deuses e atletas das quais os escritores clássicos falam frequentemente. Só em Atenas havia quatro bronzes de Míron que representavam outros tantos vencedores nas lutas da palestra.
Foi também um grande animalista, mas este aspecto é-nos conhecido apenas pelos textos antigos que chegaram até nós. Muitas apócrifas foram-lhe subsequentemente atribuídas.
Nos Jogos da Grécia Antiga, o lançador do disco, ou Discóbolo foi, durante largo tempo do período clássico, tema muito explorado pelos artistas.
Entre as mais famosas estátuas deste género, cita-se sempre a que se encontra no Museu das Termas no Palácio Massini, em Roma, descoberta no Esquilínio, no século XVIII. Supõe-se que esta obra fosse uma cópia do Discóbolo de bronze, de Míron, célebre escultor, que pelas descrições de Quintiliano, sabe-se ter existido e sido executada naquele material.
A escultura grega atingiu no tempo de Péricles mestria consumada. Desaparecem as hesitações anteriores, aperfeiçoa-se a técnica, estuda-se os movimentos, dedica-se especial interesse ao conhecimento da anatomia do corpo humano, e surgem as obras-primas da escultura clássica, representadas por artistas cuja fama se perpetua até aos nossos dias.
Dos escultores reputados, poucos preferiam o mármore, em detrimento do bronze. Por comparação, tornava-se evidente que as cópias de mármore do Discóbolo imitavam originais de bronze.
Verifica-se de resto, que os copistas receavam a fragilidade do mármore, pelo que utilizando-o para reproduzir as formas delicadas obtidas no bronze, apoiavam muitas vezes as figuras num tronco de árvore desgracioso, que estava a mais.
De tal forma crítica é representada a figura que os artífices romanos que a reproduziram em mármore, a fizeram acompanhar de espeques e de pernos auxiliares para lhe garantir a devida estabilidade. 
Além desta, outras réplicas existem nos museus do Vaticano e de Londres, mas consideradas menos fiéis, e de menor valor artístico e documental.
O Discóbolo mármore de Alcamedes (?), uma excelente obra de arte, que se encontra no museu do Vaticano, encontra-se em boas condições de conservação.
O Discóbolo de Míron constitui uma autêntica revelação na independência e no arrojo do gesto, em toda a escultura da Antiguidade, sendo um verdadeiro milagre de vigor e de juventude.
O corpo inclinava-se para a frente, desafiando as leis do equilíbrio, onde o atleta flectia as pernas na fase final, quando se propunha projectar o disco, que segurava na mão direita. Este, era normalmente de bronze, ainda que por vezes pudesse ser de chumbo, ferro ou mesmo pedra; o seu peso variava entre 1,245 e 5,700 quilos, e o seu diâmetro entre 15 a 30 centímetros e 1 a 6 centímetros de espessura, mas seguia-se um critério de igualdade, em que todos os atletas lançavam com o mesmo Disco, adaptado à idade, ao tamanho corporal e à força do atleta.
Outras estátuas antigas que se conhecem, reproduzem o mesmo atleta ainda que em atitudes diferentes da célebre obra de Míron.
O museu de Louvre guarda um belo exemplar do mesmo género, esculpido em mármore do Pentélico, e que se julga ser cópia de uma estátua de bronze feita pelo artista grego Naucidès, por alturas da 88ª Olimpíada. Foi encontrada na Via Ápia e adquirida por Pio VI.
Hoje, existe em frente ao Estádio de Atenas, onde em 1896 se desenrolaram os primeiros Jogos da Olimpíada da Era Moderna, um Discóbolo, uma linda estátua em bronze, obra do escultor Konstantinos Dimitriadis (1879-1943). As suas obras mostram um conhecimento profundo de anatomia humana. Uma cópia feita pelo escultor encontra-se no Parque Central de Nova Iorque.
Em 1924, quando da realização dos Jogos Olímpicos de Paris, o Discóbolo foi o primeiro prémio."

Benfiquismo (MXXV)

Taça da Liga 2011
Paços de Ferreira 1 - 2 Benfica

Treinador 'à condição' e VAR 'na condição'

"Fábio Veríssimo, cada vez mais 'varíssimo', e Tiago Martins, cada vez mais 'aziago', são o paradigma do VAR-artista

1. Começo pelo fim. Um importante meio de assegurar a verdade desportiva, continua a sua rota de descredibilização. Refiro-me ao VAR, ou melhor a certos VAR que por aí andam. Afinal o que deveria ser o mais objectivo possível acaba por ser o mais adequadamente subjectivo. Decisões sobre penáltis que ninguém viu nem reclamou (vide o que deu a vitória ao Sporting contra o Chaves) ou que existiram e que os instrumentos ao dispor do VAR permitiram ajudar o árbitro de campo a tomar a decisão acertada (vide o que um jogador do Braga fez sobre um jogador do Rio Ave, ou o cometido por Brahimi no jogo do Bessa) só são alteradas pelo VAR se houver - passe o pleonasmo - certeza absoluta. Perante isto, basta 'ter' 1% de não certeza (!) para inclinar uma decisão qualquer a favor ou contra. É o que, infelizmente, começa a fazer doutrina. Pergunto se a decisão seria a mesma, caso lances citados fossem a favor da equipa contrária? E a propósito: os VAR são classificados? Fábio Veríssimo, cada vez mais varíssimo, e Tiago Martins, cada vez mais aziago, são o paradigma do VAR-artista, aliás, em conformidade com a sua impotente incompetência nos relvados.

2. No futebol está-se sempre a inovar. Desta feita, no Benfica, foi inventada uma nova forma de chicotada psicológica. Num ápice, mudança de treinador. Só que o treinador demitido e o treinador admitido são o mesmo treinador: Rui Vitória. É o que se pode chamar uma auto-chicotada psicológica. Daí que, no seu discurso de reinvestidura (leia-se conferência de imprensa), o treinador tivesse tido um discurso de rentrée.
Assim, o novo ex-treinador se apresentou na Luz, depois da luz que, overnight, o presidente viu e seguiu, qual Rei Mago em tempo de advento natalício ao encontro de Jesus (o menino, naturalmente). Aconteceu que não havia outro, nem nas areias da Arábia, nem sequer no presépio do Seixal.
Reconheço que a situação criada é difícil de enfrentar. Mas, não me sinto sossegado com a solução, que não sei se devo classificar como definitivamente provisória ou provisoriamente definitiva.
Certo ou errado, para quem vê de fora estes momentos fica a sensação de um TINA, o conhecido acrónimo do inglês 'There Is No Alternative', como é conhecida, entre outras, a receita de austeridade-tipo FMI. O repristinado técnico do Benfica ficou numa posição muito periclitante: mais seguro na proclamação, mais inseguro na realidade. Ou seja, utilizando indigente que tantos gostam de usar, temos um Rui Vitória à condição. Só ainda não sabemos qual a condição determinante, ainda que eu tenha o meu palpite que aqui não revelo.
Como benfiquista, lamento que a inexpugnabilidade da 'estrutura' tenha soçobrado e que tenha passado para o exterior uma (quase) tomada de decisão por uns poucos dirigentes. Como os jornalistas não adivinham, só posso tirar uma conclusão, tal é a de que houve mensageiro para o exterior, não sei em nome de que intuito, mas jamais em favor de qualquer nobre valor benfiquista!
Luís Filipe Vieira foi assim obrigado - com louvável transparência e não entrando nas habituais mentirolas ou disfarces muito comuns no futebol português - a reconhecer uma decisão que afinal não era definitiva, a enfraquecer o seu próprio campo de manobra como presidente e a vulnerabilizar o técnico. Perplexo fiquei com a perplexidade do director do futebol, quando às sete e meia da manhã, Vieira o informou da decisão de manter Vitória. Tudo muito confuso, permeável e permutável...

3. O certo é que a chicotada psicológica vingou, se olharmos para o resultado diante do Feirense, construindo até a vitória mais folgada esta época no Estádio da Luz e construída nos segundos 45 minutos. Mas atenção, não nos iludamos. Na primeira parte, vimos mais do mesmo: futebol lento e pastoso, ausência de jogo vertical, movimentos que não resistiam a mais do que dois ou três passes. E o que nos valeu? Dizem os sábios - numa lógica que é sempre resultadista, ou seja, o comentário é sempre em função do desfecho da partida - que a 'mensagem' do treinador ao intervalo foi decisiva. Oxalá assim tenha sido, mas cá para mim, o que foi determinante foi o golaço de Jonas que desbloqueou mental e psicologicamente a equipa. Depois, sim, jogou-se melhor, com também o melhor Rafa, e os golos surgiram com naturalidade. Um ponto mantém-se igual: o da bipolaridade da equipa que alterna, durante os noventa minutos, jogo fluído com jogo parado, entusiasmo com apatia, vontade com descrença, eficácia com incapacidade.
Nesta fase, porém, reconheço que o fundamental é ganhar. O remédio para uma crise é voltar à normalidade de vencer os jogos e contrariar as estatísticas agoirentas que enxameiam os jornais e as televisões.
Desta feita, o esquecido Zivkovic foi titular. Cervi saiu. João Félix deixou de jogar. Krovinovic ganha ritmo com três minutos em campo, quando já se estava há mais tempo a ganhar folgadamente. Samaris, esse, está proscrito (antes 'tapado' pelo genial Filipe Augusto (!), este ano atrás de Alfa Semedo...). haverá certamente razões para tudo isto, mas custa-me a perceber como é que, de supetão, jogadores titulares passam para fora e vice-versa, sem se saber bem porquê.
Ainda outra questão: no defeso, o Benfica contratou, entre outros, alguns atletas com nome feito, ou esperançosos, encabeçados por Ferreyra e continuados com Castillo, Conti, Lema, Gabriel e, evidentemente, Vlachodimos. Se exceptuarmos o guarda-redes (excelente), constatamos o até agora fracasso de todos os outros. De quem é a responsabilidade? Do presidente? Do treinador? Dos próprios jogadores? Quanto à defesa, Conti tem cara de aterrorizado quando as câmaras o focam, Lema é um mistério (ainda que me pareça melhor que Conti), e substitutos para as laterais é coisa para esquecer.
Um aspecto, porém, me deixou muito satisfeito no jogo contra o Feirense. Refiro-me ao modo genuinamente feliz e solidário com os jogadores festejaram os golos diante dos adeptos. Sentiu-se ali a libertação de energias subjugadas pelos últimos resultados (e exibições), percebeu-se também que o balneário tem preservado a unidade e a cumplicidade necessárias num plantel. Este ponto alimenta a minha esperança de que tudo continua a ser possível na senda de uma época de reconquista.

4. Coincidência ou talvez não, jogar contra o Benfica está a ser demasiadas vezes um poderoso vitamínico ou elixir para os oponentes. Senão vejamos: o Belenenses que está a fazer um excelente campeonato a jogar fora de casa, ainda não tinha vencido no 'seu campo' (Jamor). Logo se estreou a ganhar lá, na partida contra o Benfica. O Moreirense ainda não vencera fora, logo teve a sua primeira vez na Luz. O lanterna vermelha, D. Chaves, nunca mais repetiu a exibição de luxo que fez contra o... Benfica. O velhinho Arjen Robben, que este ano ainda não tinha marcado um golo na Champions e que, aliás, já não facturava há... 14 jogos, marcou contra o Benfica (e logo dois)! O Renato Sanches que ainda não se estreara a brilhar e a chutar golo, brilhou e marcou ao seu antigo clube. O treinador croata do Bayern que estava na corda bamba e que empatara os 3 últimos jogos em Munique, foi reabilitado depois da farta vitória sobre o SLB.

Contraluz
- Comparação I: De golos. Depois de, há dois anos, o Benfica ter perdido por 1-0 na Arena Allianz de Munique, foi agora goleado por 5-1. Confrontando as últimas visitas dos nossos 'grandes', haja esperança! É que em 2009 o Sporting encaixou 7-1 e em 2015 o Porto levou 6-1. Se a tendência continuar, qual das três equipas portuguesas irá ser derrotada 'apenas' por 4-1?
- Comparação II: De idades. Em Munique, a defesa do SLB: André Almeida (28 anos), Conti (24), Rúben Dias (21), Grimaldo (23), total de 96 e média de 24 anos. E o ataque do Bayern: Robben (34), Lewandowski (30), Muller (29), Ribéry (35) total de 128 e média de 32 anos. Contra argumentos, não há factos. É verdade que estes são todos craques, mas a diferença de idades também é enorme...
- Comparação III: De faltas. Em Munique o Benfica fez apenas 8 faltas (3 só na segunda parte!). Já contra o Feirense foram 15 as faltas. Vá lá a gente entender...
- Sorteio: Para o Europeu de 2020. Livrámo-nos da Alemanha, mas não do Leste. Agora que os apurados em cada grupo são quase mais dos que os eliminados, o favorito Portugal, a Ucrânia e a Sérvia disputarão os dois lugares garantidos. Só foi pena que não nos tivesse calhado Gibraltar, para jogarmos talvez no Algarve e o Estado cobrar IVA com mais 17 pontos percentuais que as touradas em Albufeira."

Bagão Félix, in A Bola

Vieira, um exemplo de liderança

"Não me espantaria que a breve prazo se assista no Benfica a uma reorganização de pastas em nome de uma estrutura mais discreta, mais eficaz e mais forte

Em Fevereiro deste ano, nos oitavos de final da Liga dos Campeões, o Liverpool goleou o FC Porto, no Dragão (5-0). Na conferência da Imprensa, Sérgio Conceição afirmou que era preciso honrar o símbolo do clube e assumir a responsabilidade pelo agreste resultado - no ambiente de rivalidades exacerbadas que marca o futebol português, abro este parêntesis para elogiar a nobreza do treinador portista ao lamentar a exposição na praça pública de um colega de profissão (Rui Vitória).
A estrutura portista sentiu um resfriado, mas nenhum sintoma de fraqueza se lhe notou. Foi comer e calar, não constando que alguma medida excepcional tivesse sido imposta, a não ser o regresso de Casillas à titularidade por troca com José Sá.
Há uma semana, o Benfica sofreu também cinco, em Munique, diante do Bayern, que em épocas anteriores presenteara o FC Porto com seis golos (2015) e o Sporting com doze na mesma eliminatória, em 2009 (cinco em Lisboa e sete em Munique). No entanto, a oportunidade foi de ouro para os espíritos mais excitados indicarem ao treinador a porta de saída e ajudarem a compor um simulacro de crise.
A estrutura benfiquista, uma das principais bandeiras de Luís Filipe Vieira, até ao momento com perfeita justificação, desta vez, porém, sujeitou-se a uma situação embaraçosa e precipitada.

No rescaldo da reunião que, presumivelmente, foi convocada para carimbar o despedimento de Vitória, e nem me importa saber quem lá esteve, sobressaiu uma descontrolada pressa de soprar para o exterior mentiras e verdades sobre assunto sério e discutido em circuito fechado. Foi uma paródia que podia ter sido menos cansativa para os mensageiros e mais divertida para os adeptos se a BTV se tivesse lembrado de fazer a cobertura do espectáculo, com comentários, reacções, debates, tudo seguido ao minuto, tipo jogo e reportagem nas cabinas.
Sobre o tema, confesso a minha ignorância. Depois de tanto ler e ouvir ainda não percebi o que, em rigor, aconteceu. Não me refiro ao que é do conhecimento público, mas ao alcance e às consequências dessa reunião cujo objectivo supremo o presidente, por razões que só ele domina, fez abortar.
Vieira foi acusado de amadorismo, de inabilidade ao colocar em si o foco da pressão e de colocar em risco o seu próprio lugar, além de outros reparos. O futuro dirá.

No futebol, como na vida, ninguém é dono da razão. Não me preocupa, por isso, que a independência que prezo seja vista como um curvar submisso por quem pensa de maneira diferente quando se trata de falar de pessoas e do que elas representam, seja qual for a cor da camisola. Isto para sublinhar que admiro a obra do presidente do Benfica, tenho respeito por ele e nada de suficientemente grave vislumbrei até ontem que pudesse abalar a confiança que me merece. Pelo contrário, a criticada e gozada mensagem da luz que lhe iluminou o caminho de sentido contrário ao que fora profusamente difundido, interpreto-a como ingénuo exercício metafórico, tradutor de quem gosta de pensar mil vezes se for preciso no assunto de modo a não patrocinar más decisões ou promover injustiças.
Foi uma atitude exemplar da sua parte. Exerceu a liderança que o cargo lhe confere e fê-lo com humildade e coragem nunca antes registadas, ao chamar a si a total responsabilidade pela surpresa que acabara de comunicar ao mundo e ao ilibar a Comunicação Social pelo folclore de notícias que a dita reunião suscitou, lançando aviso sério para dentro. Aliás, não me espantaria que a breve prazo se assista a uma reorganização de pastas em nome de uma estrutura mais discreta, mais eficaz e mais forte.

Se não houver nenhum imprevisto, sábia advertência presidencial, Rui Vitória tem o seu lugar assegurado até final da temporada. Há uma semana escrevi que estava tudo nas suas mãos e assim continua. Há o Campeonato para reconquistar, as Taças de Portugal e da Liga para vencer e uma Liga Europa, se para tanto lhe sobrar engenho, para reclamar o estatuto de candidato à conquista do troféu.
É capaz de ser de mais. Creio que ainda hoje não enxerga o choque por causa do penta que falhou e depois de muito questionado sobre a humilhante campanha na UEFA se ter lembrado que há vida além da Liga dos Campeões convenci-me que para ele, enquanto treinador profissional, a ambição tem um horizonte limitado: ganha-se hoje, perde-se amanhã, depois empata-se e por aí adiante, numa boa, sem arrelias.
Apesar dos nomes aventados e das campanhas em curso, penso que o nome do futuro treinador do Benfica sairá de uma curta lista guardada a sete chaves na cabeça do presidente. E também sobre este ponto arrisco que se tem falado muito e acertado pouco. Quanto ao resto, o trabalho de Vieira supera todas as dúvidas. A obra, a estabilidade e o projecto devem tranquilizar associados e adeptos. Admito estar enganado, mas esta crise inventada, pese o barulho que provocou, mais não é que uma pausa ligeira na construção do edifício que há de albergar o Benfica do futuro. Esse, o mesmo que, na opinião de Domingos Soares Oliveira, «será um dos dez melhores clubes europeus, garantidamente daqui a 15 anos»."

Fernando Guerra, in A Bola

Ordoñez show !!!

Benfica 7 - 2 Riba D'Ave

Chegámos ao intervalo a perder 1-2, mas uma segunda parte boa, permitiu uma vitória tranquila com o Ordoñez a dar espectáculo!

Na próxima jornada, temos jogo em Valongo! A penúltima deslocação mais 'complicada' da época!!!

Empate consentido nos descontos...!!!

Benfica 1 - 1 Sporting
Guga


Foi um jogo fraco da nossa parte, temos que admitir... as muitas alterações que esta equipa tem sofrido, jogo após jogo não ajuda. Defensivamente até temos tido jogos positivos, mas ofensivamente estamos longe do esperado...
O golo do empate dos Lagartos, foi nos descontos, mas foi justo...

Coerências !!!



Não oiçam o esterco que não viu nada(!!!), mas oiçam o Dr. Bagão Félix...!!!