quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Benfica, primado do poucochinho...

"De Munique não chegaram boas novas para a nação encarnada. A equipa de Rui Vitória continua anémica, muito longe do exigível a quem ainda na Champions com outras responsabilidades para além do cumprimento do calendário. Não há dúvida de que os últimos dois anos na liga milionária não contribuíram em nada para o prestígio do Benfica, com exibições a anos-luz de outras equipas de águia ao peito que, entre 1961 e 2014, ganharam o respeito da Europa, participando em dez finais da UEFA.
Mas chega de chorar sobre o leite derramado e passemos a questões menos nostálgicas e mais práticas.
O Benfica precisa de uma solução, porque o estado das coisas não é compatível com as obrigações do clube, nem externas nem internas. Pouco importará se essa solução será encontrada, ou não, num quadro que mantenha Rui Vitória como homem do leme. Importante é que tem a responsabilidade de tomar decisões na casa encarnada tenha bem interiorizado que o caminho que está a ser trilhado não é compatível com o investimento realizado no plantel, onde há jogadores pagos a peso de ouro que estão votados ao mais absoluto ostracismo e outros que mais não são do que sombras tristes daquilo que valem. Na equipa do Benfica, ao dia de hoje, falta confiança e sobram dúvidas. Certeza única e indesmentível é o desencanto dos adeptos, que se tem traduzido por inúmeras manifestações de desagrado. E sendo verdade que um clube não pode ser dirigido de fora para dentro, não é menos verdade que há realidades que se metem pelos olhos dentro. Segue-se o Feirense. Balão de oxigénio ou mais um passo rumo ao vazio?"

José Manuel Delgado, in A Bola

Exclusão do Futebol da redução da taxa do IVA é um atentado à moralidade politica

"Os Deputados do hemiciclo aprovaram a redução do IVA para 6% em todos os espectáculos culturais, incluindo as touradas, deixando de fora o Futebol.

A Assembleia da República aprovou a redução do IVA para 6% em todos os espectáculos culturais, incluindo as touradas, deixando de fora, conforme se temia, o Futebol.
Ficamos todos, assim, a saber que os senhores Deputados comparam o futebol profissional e o desporto em geral a espectáculos de carácter pornográfico ou obsceno, já que passa a partilhar com estes a excepção de aplicação da taxa máxima de IVA (23%).
A decisão agora tomada, que exclui o futebol da extensa redução do IVA, é um atentado à moralidade política, já que não só estabelece a referida comparação, como também expõe ao País um exemplo do que é não honrar compromissos assumidos e penalizar quem muito se sacrificou, sem reclamar, num momento de austeridade, muito difícil para Portugal.
Até 2012, o desporto partilhava com a música a aplicação da taxa mínima de IVA, contribuindo para cumprir o estabelecido no n.º 1 do artigo 79.º da Constituição da República Portuguesa: todos têm direito à cultura física e ao desporto. A exclusão da redução do IVA para os espectáculos desportivos é, desta forma, também, uma profunda contradição com aquilo que estabelece a Constituição. 
Portugal percebeu hoje que os valores civilizacionais da maioria dos Deputados na Assembleia da República excluem o Desporto, ostracizam o Futebol e não privilegiam a honra do compromisso assumido. É uma péssima imagem para o País, com prejuízos para o Desporto, o Futebol Profissional e a sociedade portuguesa em geral. Um desrespeito para com os milhões de portugueses que, semanalmente, vão aos nossos estádios, ocupando o seu tempo com um espectáculo criado exclusivamente pelas instituições desportivas.
Se há outros espectáculos que, embora muito pouco unânimes na adesão aos mesmos, recorrem à tradição cultural para justificar a redução do valor do IVA, o que se poderá dizer do futebol? Que não tem tradição na sociedade portuguesa, que é um exclusivo de uma região do país? É um absurdo!"

A (de)formação no futebol

"(...) «este modelo competitivo tem jogado no sentido oposto ao melhor estímulo para a evolução: a dificuldade, a competitividade» (...)

Os resultados recentes das equipas nacionais, ao nível da formação, parecem um indicador claro do excelente trabalho que se está a fazer em Portugal nesse sentido. E sendo que há mérito na forma como temos aproveitado melhor alguns dos futuros talentos nacionais, a maior fatia desse mesmo mérito é dos clubes que trabalham diariamente com os jogadores. Poderia começar por falar dos jogadores que se destacam de forma evidente e só aparecem nos sub-20 ou sub-21, ou no modelo que observa fundamentalmente quem não precisa de tanta observação (com foco nos clubes “grandes”), mas parece-me mais urgente falar das lacunas do nosso modelo competitivo.
Olha-se para as selecções nacionais e as convocatórias são, naturalmente, dominadas pelos jogadores do Benfica, do Porto e do Sporting. Afinal, é neles onde a maior parte dos melhores jogadores está concentrada. E é precisamente aí que reside o grande demérito da Federação. O modelo competitivo permite que os “clubes grandes” monopolizem a qualidade, e não obriga a que se aperte muito o critério na hora de se escolherem os jogadores. Isto é, as equipas mais poderosas - por terem melhores condições financeiras - têm a possibilidade de inscrever um número de equipas igual ao número de campeonatos que há para disputar no mesmo escalão, e ao nível das Associações de Futebol inscrevem-se equipas no mesmo campeonato pelo número de séries.
Podemos culpar os clubes por não estarem a dar o melhor estímulo ao nível de competitividade aos jogadores por inscreverem tantas equipas, mas os clubes defendem-se dizendo que têm o melhor modelo de treino para evoluir os jogadores, os melhores treinadores, e as melhores condições estruturais. Já para não falar que se eles não o fizerem, a equipa A, B, ou C vai fazê-lo e eles não querem correr o risco de perder talentos para os rivais. E é neste modelo que faltam normas que nos permitam chegar mais longe nas condições que oferecemos aos nossos jovens jogadores para evoluírem.
Olhemos, por exemplo, para os defesas ou para os guarda-redes das equipas de maior nomeada. A maior parte das equipas que os defrontam, pela diferença abismal de qualidade, está tão convencida que vai perder e que não pode lutar pelo resultado que joga apenas para evitar um resultado avolumado. Ou seja, fecham-se perto da sua baliza o jogo inteiro, com linhas defensivas de seis elementos, ou duas linhas de cinco elementos, com o objectivo único de retardar ao máximo os golos sofridos. Porque é certo que vão sofrer golos, e é quase certo que vão sofrer muitos, aparece a necessidade de se defenderem de um resultado muito desnivelado. Afinal, estamos num país onde os resultados na formação contam imenso, não é?!
Acaba por ser contraproducente para os guarda-redes e para os defesas das equipas grandes passarem o ano inteiro onde apenas em quatro, cinco, ou seis jogos, são colocados à prova. E no resto do tempo o que fazem? No jogo, não têm situações defensivas, perto da sua área, em volume suficiente para desenvolverem as suas capacidades; e sequer são obrigados, jogando alto, a proteger a profundidade de forma rigorosa e a sobressaírem nos duelos defensivos, porque o adversário tem tão poucas situações para sair, e tem os jogadores todos tão longe dos defesas e do guarda-redes, que dificilmente se sentem ameaçados. Como é que se desenvolvem os aspectos defensivos destes meninos, a defesa da baliza dos guarda-redes, a concentração e o rigor, se os erros que cometem dificilmente são penalizadores?! Com esta margem enorme para errar, sem penalização, o estímulo acaba por ser muito fraco na maior parte do tempo.
O mesmo é válido para os aspectos ofensivos. Estamos a falar de uma esmagadora maioria dos jogos onde o guarda-redes e os defesas não são pressionados quando têm a bola, e apenas têm que passar ao colega que está sempre livre sem qualquer risco. O maior risco é a sua própria execução, e eles também sentem que mesmo errando não haverá grandes consequências. A construção limita-se às situações em que têm todo o tempo e espaço para decidir o lance. Como é que estes jogadores aprendem a jogar com o risco de perderem a bola e a situação acabar num golo ou num lance de finalização? Como é que se tornam mais capazes de jogar sob-pressão se nunca são pressionados? Como é que aprendem a conviver com o erro?
Este modelo competitivo tem jogado no sentido oposto ao melhor estímulo para a evolução: a dificuldade, a competitividade. A transFormação do nosso modelo é fundamental para sermos mais capazes, e conseguirmos mais regularmente aproveitar e estimular melhor mais talentos nacionais. E para tal basta que no topo da cadeia se faça uma limitação no número de equipas que cada clube pode inscrever em cada escalão (duas), e uma limitação no número de jogadores inscritos por escalão (por exemplo, entre juvenis A e juvenis B, cinquenta).
Disto poderá resultar a necessidade de criação de protocolos com outras equipas, ou na criação de equipas com outros nomes por parte dos “grandes clubes”. A primeira situação seria a ideal para o desenvolvimento das equipas menos abastadas; a segunda situação, não sendo tão boa para esses clubes, continuaria a permitir um estímulo melhor para todos os jogadores, uma vez que seriam muito mais o número de vezes que todos os jogadores teriam que enfrentar jogadores melhores, com estratégias mais arrojadas para tentar vencer e não apenas para evitar perder."

O mistério de Ronaldo

"Ronaldo esta a ser tratado como um privilegiado. Que não tem os mesmos deveres dos outros. Que faz o que quer. Que joga quando quer - e quando não quer não joga.

Após a ida de Ronaldo para Itália, o jogador não foi convocado para os dois primeiros jogos da Selecção portuguesa. Especulou-se a tal respeito, mas todos aceitaram que, estando Ronaldo ainda a adaptar-se ao futebol italiano e ao seu novo a clube - ainda por cima, depois de uma transferência polémica -, era ‘simpático’ da parte do seleccionador Fernando Santos não o convocar.
Mas vieram os jogos seguintes, e Ronaldo continuou a não ser convocado. Aí o problema já era outro. Ronaldo fora acusado de violação por uma americana, Kathryn Mayorga, e não estaria psicologicamente em condições de actuar. É certo que em Itália jogava pela sua equipa, e até tinha começado a marcar golos, mas ainda assim a justificação parecia razoável.
E foi bem aceite, pois boa parte dos portugueses puseram-se ao lado de Ronaldo naquela história. Eu próprio o defendi, pois pareceu-me que se tratava mais de um caso de extorsão do que de violação. A americana aproveitou-se do facto de se ter deitado com um futebolista famoso para conseguir uma fortuna. Admito que Ronaldo tenha forçado um pouco o ato sexual, mas é óbvio que Mayorga proporcionou a situação. E não ficou afectada por isso - pois depois de saírem do quarto ainda foram dançar.
Entretanto, na última convocatória da Selecção portuguesa, para uma jornada que se apresentava decisiva, o nome de Ronaldo voltou a não constar. E sem nenhuma explicação. Como se já nos tivéssemos habituado à sua ausência e não a estranhássemos. Ou, mesmo, como se ele já não fizesse parte dos convocáveis.
É certo que o facto de a Selecção ter vindo a fazer boa figura sem Ronaldo também contribuiu para isso. Se tivéssemos perdido os primeiros jogos, outro galo cantaria: todos diriam que a culpa era da falta de Ronaldo. Assim, a ausência passou em branco.
No último domingo, Marques Mendes apresentou uma explicação engenhosa para a não convocação do jogador: o seleccionador Fernando Santos estaria a preparar «inteligentemente» a Selecção nacional para a sua saída. Mendes pôs, assim, a questão do lado do treinador e não do jogador. Não é Ronaldo que não quer ser seleccionado, é o treinador que não o selecciona para preparar a equipa para o dia da sua reforma.
A explicação não é convincente. A ausência de Ronaldo das convocatórias tem de ser muito melhor explicada.
Porque se está a criar uma situação de excepção ou privilégio que não é razoável. Um princípio fundamental para o bom funcionamento de um grupo é a existência de igualdade entre todos. É não existirem filhos e enteados. É não haver excepções nem tratamentos de favor. Ora Ronaldo está a ser tratado como um privilegiado. Que não tem os mesmos deveres dos outros. Que faz o que quer. Que joga quando quer - e quando não quer não joga.
Ora, isto, além de afectar necessariamente a unidade do grupo, levanta outro problema: o dos clubes. 
É sempre um risco para um clube ‘ceder’ um jogador à Selecção. Além das cansativas viagens a que os jogadores são muitas vezes obrigados, há a possibilidade de lesões. Recordo que, depois do Europeu que Portugal ganhou, o jogador do Sporting William Carvalho ficou vários meses sem poder jogar em consequência de uma fractura contraída na Selecção. Aliás, vários elementos dessa equipa campeã fizeram a seguir épocas péssimas, devido ao esforço a que foram sujeitos: para lá de realizarem o máximo de jogos, visto que foram à final, tiveram de jogar muitos minutos a mais, dado vários encontros terem tido prolongamento.
Assim, os clubes que fornecem atletas à Selecção, sejam clubes portugueses ou estrangeiros, interrogar-se-ão: por que motivo nós temos de ceder os jogadores e a Juventus não cede o Ronaldo? Por que razão uns são prejudicados e outros beneficiados?
Tendo em conta todas estas razões, julgo que a Federação tem a obrigação imperiosa de esclarecer o que se passa com Cristiano Ronaldo. Ou ele faz parte da Selecção ou não faz. Esta situação indefinida de nunca se saber se será convocado, e porquê, é que não pode prolongar-se por muito mais tempo."

Revolucionários

"Sempre se correu muito nesta nossa terra, nem sempre bem. Muito mais se foi correndo aqui na vizinhança, normalmente muito e bem.

Corria o ano de 2005.
Corria essa data e Portugal mastigava ainda a ressaca da derrota na final do Euro caseiro.
Sempre correu muita bola nesta terra.
Corria também, nessa data e sem ressacas, um menino chamado Miguel, corria aqui ao lado na vizinha Espanha.
Sempre se correu muito nesta nossa terra, nem sempre bem.
Muito mais se foi correndo aqui na vizinhança, normalmente muito e bem.
Miguel, o menino de dez anos, chegado dali do lado, no ponto de vista de um espanhol, chegou, viu, acelerou e venceu.
Eram cento e noventa e dois meninos, vindos de catorze países.
Foi obra.
Foi obra da boa.
Por aqui, onde sempre se correu muito e nem sempre bem, a vitória épica desse menino nosso pouco chegou para além da família e chegados.
Por cá é bola, sempre foi, jogada, discutida, acalorada, farta e desencantada. 
É bola, bola e mais bola.
Miguel Oliveira chega ao MotoGP, coisa longínqua que apenas acontecia aos outros, um mundo onde cabem os melhores vinte e dois de um bilião de aficionados pelas motas.
Revolucionário, o menino de dez anos do antigamente.
Por cá, timidamente, os holofotes e os microfones alinham-se, arqueando os sobrolhos à novidade. 
Num mundo paralelo, numa destas modernices dos dias de hoje, as redes sociais, um outro Miguel, este de apelido Costa, semeia a louca ideia de Portugal inteiro acompanhar Oliveira nos seus voos de Falcão. 
Que se veja o fenómeno voador em cada canto de cada lugar, cidade, vila e aldeia deste País.
Não dás nas vistas nas pistas mas, diz-nos, não desistas.
Cria um Forum, administra debates, promove ideias, abre espaços.
Arregimenta gente.
Miguel Oliveira MotoGP, Forum Português.
Procurai no Facebook.
Procurai, encontrai, juntai-vos à causa.
E podereis dizer, conheci outro.
Outro revolucionário.
E nós?
Aprenderemos a correr?"

Quem são os melhores do ano?

"Este ano fui convidado para fazer parte do painel dos Prémios Laureus, o que me trouxe um problema: quem são os melhores atletas do ano?
Pensei, pensei, pensei, e resolvi aproveitar este espaço para partilhar com o leitor meia dúzia de teorias. Afinal de contas é das discussões que surgem as melhores ideias.
Basicamente o que é me é pedido é integre um painel formado por mais algumas dezenas de jornalistas, sendo que cada um de nós vai indicar um atleta masculino do ano, uma atleta feminina do ano, uma equipa do ano, uma revelação do ano e um regresso do ano.
A partir das votações deste painel vai chegar-se uma lista, que será apresentada ao júri formado por antigos atletas. Este júri vai olhar para essa lista e eleger um vencedor por cada categoria.
Ora vamos lá, então.

Atleta masculino do ano.
Neste caso, e excluindo um qualquer assomo de loucura, acho que a escolha deve ser Cristiano Ronaldo.
Podia ser pelo triunfo na Champions, prova em que foi outra vez o melhor marcador, podia ser por chegar aos 400 golos nas cinco maiores ligas europeias, podia ser por momentos admiráveis como o pontapé de bicicleta em Turim, o livre que deu o empate no último minuto do Portugal-Espanha ou o golaço frente ao Man. United.
Podia ser por tudo isso, mas não é.
Acho que a escolha deve ser Cristiano Ronaldo pelo impacto que teve no futebol italiano. Há tantos anos afastado da primeira linha de mediatismo, o campeonato recuperou um lugar que já foi dele nos anos oitenta e noventa à custa do português. De repente todos os olhos se viram para Itália, e para o que pode conquistar o futebol italiano com Ronaldo. O português ressuscitou o Calcio.
Admito, no entanto, que esta será a escolha mais difícil. Afinal de contas há enormes hipóteses. Lewis Hamilton, por exemplo, conquistou o quinto título da carreira na Fórmula 1, ficando a apenas dois do histórico Michael Schumacher. Novak Djokovic venceu Wimbledon e US Open, tornou-se o primeiro a ganhar os nove torneios do Masters 1000 e acabou o ano como número 1.
Mas há mais. Marc Marquez venceu pela terceira vez seguida o MotoGP, o austríaco Marcel Hirscher venceu pela sétima vez consecutiva o Mundial de esqui, o norte americano Brooks Koepka venceu dois dos quatro Majors de golfe e o queniano Eliud Kipchoge tirou 1 minuto e 22 segundos ao anterior recorde da maratona, o que é absolutamente louco.

Atleta feminina do ano.
Neste caso parece-me que a escolha é mais fácil. Dificilmente alguém atinge o sucesso que a norte americana Simone Biles alcança constantemente. Este ano conquistou a quarta medalha de ouro seguida nos mundiais de ginástica artística, somando mais três ouros em solo, salto e equipa.
Tirando Biles, quem mais? Talvez a suíça Daniela Ryf, que venceu pela quarta vez o mundial de trialto ironman, batendo até o recorde, mas a verdade é que esta é uma competição menor. De resto, Wozniacki venceu o Open da Australia, Simona Halep venceu Roland Garros e é a número 1 do ranking em ténis, mas tudo isso me parece demasiado curto.

Equipa do ano.
Outro ponto de escolha difícil. À partida acho que a opção deve recair na Mercedes. Venceu pela quinta vez consecutiva o título de construtores da Fórmula 1 e ainda viu o piloto da equipa Lewis Hamilton ganhar o título individual. Foi um ano em grande, portanto.
No entanto, é impossível esquecer, por exemplo, a esmagadora vitória dos Golden State Warriors na final da NBA (4-0 sobre os Cleveland), para conquistar o terceiro título em quatro anos. Mais o Real Madrid (terceira Champions seguida) ou a selecção francesa, campeã mundial na Rússia.

Regresso do ano.
A escolha mais fácil. Por tudo o que representa para o golfe, e para o desporto em geral, o triunfo de Tiger Woods no US Tour não tem concorrência. Basta lembrar que o americano já não vencia um torneio do PGA Tour desde 2013 e já não ganhava o torneio dos Estados Unidos desde 2008.
De resto, só a medalha de bronze de Lindsey Vonn nos Jogos Olímpicos de Inverno, depois de um calvário de lesões que se arrasta desde 2014, merece aqui também uma referência. 

Revelação do ano.
Para terminar, Naomi Osaka. A jovem japonesa venceu o US Open, derrotando a mítica Serena Williams em dois sets, numa final que ficou para a história pelo espectáculo da tenista americana, que roubou o protagonismo a Naomi Osaka. Ante disso já tinha ganho também Indian Wells e pelo caminho chegou a número 4 do mundo em ténis. Tudo isto quando tem apenas 20 anos.
É preciso não esquecer, porém, nomes como o norueguês Jakob Ingebrigtsen, que aos 17 anos venceu duas medalhas de ouro nos europeus de atletismo, do japonês Tomokazu Harimoto, que aos 14 anos se tornou campeão nacional e venceu dois torneios do World Tour de ténis de mesa, ou do antiguano Rai Benjamin, que aos 20 anos conseguiu o segundo melhor tempo de sempre dos 400 metros barreiras.
Estas são as minhas escolhas. E as suas, leitor?"

A idade moderna: a época do sujeito

"O humanismo constitutivo da modernidade consistiu, acima de tudo, em valorizar, no ser humano, a sua capacidade de crítica e autocrítica e o seu poder para fundar o próprio destino. São estas as duas dimensões que definem a ideia clássica de subjectividade, que Heidegger e Nietzsche, e no seu poiso de observação de filósofos, não têm dúvidas ao escrever que a principal característica da modernidade é “ a morte de Deus” e “o despojamento dos deuses”. Este recuo do religioso é contemporâneo da exposição do Homem, mesmo que em frívola tagarelice, como o substituto de Deus. André de Resende, na sua Oratio pro Rostris, recitada diante de professores e alunos da Universidade de Lisboa, em 1534 (só três anos depois, a Universidade regressaria definitivamente a Coimbra) e do que melhor se encontrava, na vida intelectual da capital – André de Resende, na sua Oratio pro Rostris, expôs sucintamente o núcleo de ideias e opções fundamentais do humanismo: Nobreza das Artes Liberais: o escritor, por plebeu que seja, mas com beleza literária e um forte sopro de espírito crítico, “alcançará , com a imortalidade, fama e glória que os próprios reis invejarão”. Consciência de uma era nova, já que era preciso ultrapassar “a noite de dez séculos”, ou seja, a Idade Média, que tinha espalhado as trevas sobre o espírito humano. A perfeição literária, presente nos autores clássicos greco-latinos, deveria ser estudada e cultivada, pois que dela emergia a beleza da forma e o rigor do pensamento. O latim e o grego, indiscutíveis instrumentos da cultura. André de Resende chega ao ponto de afirmar que, sem estas línguas, ninguém poderá adquirir sólida cultura, pois que nela se expressaram os maiores sábios da humanidade. Outros autores acrescentarão o hebreu, tendo em vista o estudo da Sagrada Escritura. A pedagogia humanista, onde se misturavam os grandes filósofos gregos e latinos e os Padres da Igreja. E, por fim, a renovação da teologia, ou seja, o Velho e o Novo Testamento deveriam ser reestudados reexaminados à luz dos magnos ensinamentos de Sócrates, Platão, Aristóteles, etc., etc.
Deste reestudo e reexame das línguas clássicas, por parte dos humanistas, novos escritores e novos sábios surgiram que, ao lançarem ideias novas, punham em causa o verbalismo doutoral da escolástica, causa das causas do atraso em que jaziam as ciências dos finais da Idade Média e primeiros anos da Idade Moderna. E do majestoso friso de filósofos e sábios dois médicos resplendiam, pela sua autoridade intelectual e moral, pelo seu indiscutível saber: Hipócrates (460-377 a.C.) e Galeno (130-201). Dois médicos que passaram a ser frequentados pelos humanistas, pois que apresentavam ambos três características muito particulares: repudiavam a filiação das doenças em quaisquer poderes sobrenaturais, rebelando-se assim contra os “castigos de Deus”; estabeleceram intercorrências evidentes entre o clima, a sociedade, a cultura e as doenças; e prescreviam exercícios ginásticos, assentes em estudos anatómicos, ao tratamento de algumas patologias. Vesálio (1514-1564), ao ler em Galeno que todo o anatomista deveria familiarizar-se com os ossos humanos, manipulando-os, dispôs-se a aproveitar todos os ensejos para estudar os ossos e dissecar cadáveres, ganhando assim um conhecimento prático e teórico, invulgar para o tempo, e que lhe permitiu publicar o seu grandioso tratado anatómico, De Humani Corporis Fabrica, para melhor conhecer o corpo humano e assim melhor poder curar as doenças. Em 1569, Jerónimo Mercurialis publica em Veneza, a sua obra, De Arte Gimnastica, uma volumosa enciclopédia, em seis volumes. Para ele, a Ginástica é uma “arte médica”: por isso, a consideram o primeiro livro sobre Medicina Desportiva. Um ponto me parece dever realçar-se: a partir da Idade Moderna, a Ginástica surge integrada na Medicina, tenhamos em conta a definição de Ginástica de Mercurialis: “disciplina que tem por objeto a natureza e a propriedade dos exercícios físicos e que prescreve a maneira e as regras de como usá-los, visando uma boa saúde e uma sadia constituição física”.
Nos séculos XVIII e XIX, não diminuiu a admiração por Mercurialis e pelo seu agudo sentido de previsão que lhe permitiu abeirar-se de problemas que só, mais tarde, seriam equacionados e tentada a sua resolução. Entre as obras médicas, consagradas à Educação Física, será de realçar a do médico suíço Ballexserd, em 1762, Dissertation sur l’éducation physique des enfants depuis leur naissance jusqu’à l’âge de la puberté. Immanuel Kant define (muito cartesianamente, acrescente-se) a Ginástica: “educação daquilo que, no homem, é natureza” (Traité de Pédagogie, Alcan, Paris, 1886, p. 75). Era assim que se pensava, no século XVIII, foi assim que se pensou ainda em boa parte do século XX: importa dividir para conhecer; o ser humano é máquina, máquina tão-só e portanto na medicina, na educação física, no desporto, a investigação é da ordem da quantidade, do fisiológico, da medida; os grandes mentores a cultuar e a estudar são o Galileu, o Bacon, o Descartes, o Newton, o Comte, o Renan; desconhecimento absoluto que o método analítico e o método sintético não são antagónicos, mas complementares. A parcialização analítica é necessária, indispensável, mas seguida de uma integração sintética que complementa e restaura. No meu modesto entender, são três os momentos de um processo investigativo, na área do social e humano: percepção dos factos particulares, o que supõe análise, separação, descrição; explicação das relações que compõem o mesmo todo; percepção da totalidade, para não descambar-se na ilusão que um todo pode subsistir sem as partes, ou as partes podem subsistir sem o todo. “O sentido etimológico de sujeito (do latim sub-jectum, traduzindo:; submetido) entra em contradição com aquele que, hoje, o termo se reveste. No sentido actual, o Sujeito não é aquele que está submetido à autoridade de um soberano, definição muito clássica. Passou-se da submissão à autonomia” (Michel Wieviorka, Nove Lições de Sociologia, teorema, p. 26).
Permito-me discordar, em parte, de Michel Wieviorka. Quem vive em sociedade, em grupo, em equipa, é autónomo, mas está sujeito a regras, a normas, a instituições. É, afinal, um ser autónomo de relação. No desporto de alto rendimento, o grande objectivo é a vitória. O elemento de uma equipa, que não sentir este anseio de vitória, perde o vínculo emocional e mental que o deve ligar à equipa. Este sentimento deve viver, nele, e nos atletas, nos dirigentes, nos treinadores, nos médicos, nos fisioterapeutas, etc., etc., como sinal primeiro do grande objectivo dos treinos e das competições. Pep Guardiola, treinador do Barça, ao rever, filmada, uma jogada em que Keita teve uma oportunidade flagrante de golo, observou que, no banco dos suplentes, alguns jogadores saltaram na esperança que fosse golo, mas descobriu que outros, nem se mexeram, nem mostraram interesse pelo que se passava no “relvado”. Pois bastou essa atitude de indiferença, segundo relata um jornalista catalão, para que, todos eles, fossem dispensados, no final da época. Não digo (se é verdade o que li atentamente) que concordo com este rigor de tão afiadas unhas vingativas, mas passo a entender melhor a meticulosidade, no treino, das equipas lideradas pelo treinador Pep Guardiola. E até por que ele é interpelado na rua por gratidões anónimas que lhe apertam as mãos como se ele tivesse o segredo da perfeição… futebolística! Assumir a táctica como um valor partilhado, que beneficia todos e cada um dos elementos da equipa, assemelha-se a uma filosofia de vida, bem próxima do apotegma: “um por todos e todos por um”. No desporto e na vida, jamais confundir sujeito com indivíduo. Sem arrogantes especulações. O racionalismo inflexível dificilmente será preferível ao irracionalismo dogmático…"

Vermelhão: Infelizmente, não foi surpresa...

Bayern 5 - 1 Benfica


Independentemente dos números, nada me surpreendeu esta noite... Aquilo que já estava mais ou menos decidido, ficou decidido de vez: vamos para a Liga Europa... E se jogarmos assim, não ficaremos lá por muito tempo... Nestes dois jogos com o Bayern, além de todos os outros problemas, uma das coisas me deixou mais irritado, foi a reverência como actuámos... parece que estávamos com medo de ser mal-educados com os senhores do Bayern!!!

A jogar bem ou mal, a equipa até ao jogo com os Corruptos, vinha a conseguir resultados interessantes, mesmo contra adversários mais fortes, como aconteceu na pré-época... Mas depois desse jogo, tem sido tudo muito sofrível... dentro do campo, e no nosso coração!

A eliminação da Champions, para mim não é um 'choque', tenho defendido que nesta altura, aquilo que deve concentrar toda a nossa atenção são as competições internas, onde temos de facto potencial para vencer tudo... Mas algo terá que mudar radicalmente...

Liderança...

Benfica 4 - 0 Burinhosa

Vitória relativamente tranquila na Luz, com o Roncaglio e o Fernandinho a serem os Não Formados Localmente, a ficarem de fora... Com várias bolas nos postes, com o 'puto' na baliza e com o Chaguinha cada vez mais perto do 'normal'!!!