sexta-feira, 28 de setembro de 2018

É impossível parar o vento com as mãos

"A UEFA, obrigada a arrepiar caminho, deu o braço a torcer a anunciou que na próxima temporada o VAR chegará à Liga dos Campeões. Mais uma vez ficou provado que ninguém consegue parar o vento com as mãos e quem escolher ficar do lado errado da histórico acabará por soçobrar. É muito provável que esta decisão já estivesse cozinhada antes da expulsão de Cristiano Ronaldo, em Valência, mas o timing da divulgação teve a ver, certamente, com o castigo envergonhado, agora anunciado, ao capitão da Selecção portuguesa. Faltará a adesão da Premier League à tecnologia de auxílio dos árbitros para se estar perante um pleno que mudará o futebol. Apesar dos defeitos que existem, as vantagens que o VAR trouxe são muito mais relevantes e daqui para a frente e desafio estará em criar melhores videoárbitros, técnicos desta arbitragem especializada que compreendam as ferramentas que têm em mãos e, ao mesmo tempo, possuam a sensibilidade de quem conhece o jogo. Creio que um mau árbitro nunca poderá ser um bom videoárbitro e o que de mais dramático tem acontecido a alguns é que, sem o álibi do erro humano e da falha que ocorreu numa fracção de segundo, vêem destapada toda a sua incompetência.
PS - As más práticas dos adeptos devem ser punidas e os clubes têm de assumir responsabilidades. Dito isto, e apesar de estar prevista, nos regulamentos nacionais e internacionais, a realização de jogos à porta fechada, trata-se de uma decisão contra o futebol, que sem público perde todo o sentido. Quanto aos juízes, que aplicam a lei (e não a fazem), exige-se que não tenham dois pesos e duas medidas..."

José Manuel Delgado, in A Bola

O tempo útil

"Escrevi nesta coluna há poucas semanas, a propósito do tempo útil de jogo que «uns querem que o cronómetro ande rápido, outros vão vendo o tempo passar sem poderem pará-lo». Aqui está um tema interessante, o controlo do «tempo de jogo». De facto, não só nas competições nacionais, como também nas europeias, temos exemplos significativos sobre esta problemática. Não se pense que são só as equipas de menor dimensão que queimam tempo. Todas o fazem, depende do momento do jogo. Ou para pôr gelo na intensidade, ou para que o cronómetro ande mais rápido. O tempo de jogo é dispar entre jogos de uma mesma competição, com diferenças por vezes significativas. Uns com tempo útil entre os 55 e 60 minutos, outros que apenas têm 50 ou menos minutos de jogo efectivo. Estas diferenças devem obrigar-nos a pensar que o equilíbrio da própria competição está em causa, no sentido em que há concorrentes que têm mais tempo de jogo do que outros. uma realidade que não é exclusiva das competições internas, porque nas provas internacionais também se verificam situações semelhantes, sendo contudo de realçar que o tempo útil em competições internacionais é superior ao das nossas competições. Por outro lado, as equipas de arbitragem, em especial o árbitro principal, têm preocupação com o tempo de compensação que em muitos casos é um problema. A isso associa-se a ansiedade dos jogadores, e também de todo a staff. O controlo do tempo deve ser feito pela equipa, mas com a bola em jogo. Todos queremos um jogo de maior qualidade, que não passa só por isto mas também por melhorar a gestão do tempo útil de jogo. Claro que também as equipas jogarem ou treinarem em pisos diferentes merece a atenção de todos nós, como o número de substituições, a calendarização das competições, as diferenças orçamentais e muitas outras questões. É importante que a discussão seja feita e que valorizemos o que melhorar a qualidade do jogo e da competição."

José Couceiro, in A Bola

Derrota em Liverpool

Everton 2 - 0 Benfica B


Muito sinceramente acho que o Benfica deveria repensar a presença nesta competição. Entre o jogo dos sub-23 em Portimão, os Juniores também esta noite, a UEFA Youth League na Terça em Atenas, e a equipa B, ficou difícil fazer um 11 competitivo...
Hoje, sofremos um golo de penalty... e logo a seguir o Everton fez o 2-0... Fomos atrás do prejuízo, mas desperdiçamos as oportunidades...

Luisão, a incompetência dos clubes no «adeus e obrigado»

"O adeus é um sentimento de perda emocional. Nele não entra a estatística, o cabeceamento para o golo, o corte decisivo, o acumulado de troféus e manchetes. No adeus sentido, em jeito de obrigado, só identifico melancolia e abraço.
Os sentimentos, as emoções, o coração acelerado, todos suplantam a mera análise desportiva. Mesmo a que justifica a excelência.
Não acredito num futebol sem heróis e só acredito em heróis bons, dignos, fiéis às causas defendidas.
Luisão é um desses heróis.
Pelo menos no universo benfiquista, do futebol com memória. E não, isto não é um trocadilho com a suposta amnésia do presidente das águias.
Chego aqui para confessar que me faz, sempre fez, confusão este tipo de despedida apressada. Fim ao matrimónio, camas separadas, adeus e obrigado. É óptimo, não foi?
Os 16 anos de águia ao peito justificavam, no mínimo, uma análise cuidada à situação de Luisão no final da época passada. Se era para continuar, então que fosse num quadro de utilidade digna.
Atirar Luisão para quinta opção na hierarquia dos centrais foi um ato de desrespeito e hipocrisia. Por um lado, anuncia-se a renovação do histórico capitão e o presidente fica bem na fotografia. O adepto aplaude, relembra a lei do xerife dentro do balneário, todos ficam felizes.
Por outro, o planeamento desportivo ignora completamente o homem que deu mais de 500 jogos ao Benfica. Inútil, um estorvo.
O desconforto pode ser negado pelas partes, mas é evidente que Luisão não queria uma última época assim. Longe dos convocados, longe do espaço onde foi feliz.
E assim, sem grande surpresa mas com uma sensação de ingratidão suprema, chegamos a Setembro e a separação é oficializada. Num estádio sem adeptos. Isto faz algum sentido?
Os clubes de futebol, não só o Benfica, são irritantemente incompetentes na arte do «adeus e obrigado». Sentem a obrigação de despedir-se dos seus ídolos, mas não sabem como fazê-lo.
Luisão devia ter saído no final da temporada anterior ou, já que renovou, ser levado a sério na presente campanha. Até ao fim. Assim, tudo soa a sorrisos forçados e a um reconhecimento artificial. 
O Girafa, insisto, merecia jogar por uma última vez para as bancadas da Luz. Cheias.

PS: sinto os casos como os de Luisão como meus. Visceralmente. Também eu senti a rejeição repentina ao fim de dez anos num clube. Muito mais pequeno do que o Benfica, mas dono do meu coração. Não é isso, afinal, o que conta?"


PS: Escolhi esta crónica, como podia ter escolhido outra, que nos últimos dias versaram este tema. É inacreditável como estes opinadores de algibeira passam julgamentos, sem o mínimo de ponderação:
- se o Benfica tivesse aberto as bancadas a meio da semana, será que 2 ou 3 mil ou se calhar 5 mil pessoas nas bancadas teriam dado 'bom aspecto' à despedida do Luisão?!
- e será que o Benfica pretende homenagear o Luisão com Estádio cheio, provavelmente no próximo jogo na Luz?!
- e sobre a renovação, não terá sido o jogador a pedir a renovação, e o Benfica, em sinal de respeito, para não contrariar o jogador que tanto deu ao clube, aceitou a renovação, sem promessas de titularidade (respeitando os outros jogadores do plantel)?!!!
- será que a melhor opção teria sido o Benfica, ter recusado a renovação, tal como aconteceu com tantas ex-glórias do Benfica, que acabaram a carreira em clubes menores?!!! Como por exemplo: Eusébio, Coluna, Águas... Nuno Gomes... etc...
É tão fácil ser 'treinador' de teclado...!!!

Paradigmas do futebol moderno

"O futebol exige hoje um aprofundado nível de preparação e conhecimento em diferentes áreas, por parte das equipas técnicas e restante staff, que são componentes essenciais para se tirar o máximo rendimento desportivo. O fenómeno é mais complexo do que olhar apenas para as dimensões da técnica (habilidades dos jogadores) e da táctica (estratégia dos treinadores). Da medicina ao estudo de dados, tudo se trabalha ao pormenor para que a equipa ganhe vantagens competitivas.
Nenhuma equipa consegue ter êxito se não tiver bons executantes. A qualidade é e será sempre um factor primordial na selecção das melhores equipas. Quem tiver jogadores mais habilidosos, mais rápidos, mais fortes nos duelos individuais e mais inteligentes na leitura do jogo, será sempre capaz de criar mais desequilíbrios e ficar próximo de ganhar.
Por seu lado, o papel do treinador é inquestionável. É quem orienta os jogadores com as suas ideias e princípios de jogo e quem consegue fazer com que estes elevem o seu jogo para um patamar superior. Um técnico que consiga fazer com que os seus jogadores rendam mais do que no passado, está a valorizar activos, a gerar novas soluções, futuras mais-valias e a tornar a equipa ainda mais forte. E cada vez mais, as principais equipas europeias procuram timoneiros capazes de trabalhar a matéria-prima com essa excelência.
Por exemplo, Leonardo Jardim, um especialista na detecção de talento e na lapidação de jovens futebolistas de elevado potencial, contribuiu e de que maneira para os mais de 700 milhões de euros que o Mónaco recebeu nos últimos anos em vendas de jogadores. No meio deste processo, conseguiu vencer um campeonato contra o poderoso PSG e manteve sempre o clube no topo do futebol francês, com presenças constantes na Liga dos Campeões. Podíamos também falar em Jorge Jesus e nos vários jogadores de Benfica e Sporting que ajudou a potenciar, em Sérgio Conceição e no reaproveitamento de recursos que orquestrou no ano passado no Dragão ou no olho clínico de Rui Vitória para identificar miúdos da formação com capacidade para singrar na equipa principal das águias.
Hoje em dia, a vertente emocional assume também um papel de relevo. Nenhum clube de topo descura o trabalho das condições psicológicas dos jogadores dentro e fora de campo. Assim poderão lidar melhor com as adversidades em momentos de competição, melhorando o rendimento. Trabalha-se motivação, concentração, autoconfiança e controlo emocional, entre outras competências psicológicas. O trabalho da psicologia no futebol (e no desporto em geral) é hoje uma realidade e surpreende que alguns clubes nacionais não tenham profissionais desta área nos seus quadros.
Mas há mais áreas para as quais o mundo do futebol hoje está atento: algumas delas são da parte física e fisiológica, que abrange a preparação dos jogadores nos treinos, a gestão do esforço e tempos de recuperação, a qualidade do sono e até a nutrição mais adequada. E há que considerar ainda a área de scouting, onde se inserem a avaliação de futuros talentos e a observação minuciosa dos adversários, assim como a análise de dados, desde a estatística dos jogos ao desempenho individual de cada jogador.
O trabalho desenvolvido por uma equipa deve ser rico em aprendizagem e trocas de experiências. Com os inputs de várias áreas de conhecimento, um jogador pode adicionar novas competências. É este exigente trabalho de detalhe que resulta num objectivo global comum. Quando se diz que a sorte dá muito trabalho no futebol, a explicação também passa por aqui.

O Craque – Um jogador marcante
Uma relação com cerca de 15 anos gera laços fortes. E ainda mais tratando-se de um jogador como Luisão, que se foi tornando uma figura carismática e um líder de balneário no Benfica. A carreira do central brasileiro chega agora ao fim. Foram 538 jogos (muitos deles com a braçadeira de capitão), 47 golos e 20 títulos conquistados ao serviço dos encarnados, números que estão, nos dias de hoje, ao alcance de poucos e que farão dele uma inquestionável glória da história recente do Benfica. Foi um jogador marcante nas últimas décadas do futebol português.

A Jogada – Boas impressões do Wolves
O Wolverhampton, de Nuno Espírito Santo e mais 7 jogadores portugueses, regressou à Premier League e podemos dizer que as coisas têm corrido bem. Em 6 jornadas, a equipa perdeu apenas por uma vez e conseguiu empatar com o Manchester City de Pep Guardiola e o Manchester United de José Mourinho, os dois primeiros classificados da época anterior. Testes de fogo superados que parecem confirmar a competitividade na maior liga do mundo. Ainda falta muito para se ver até onde a armada lusa do Wolves pode chegar, mas a primeira impressão é positiva.

A Dúvida – Pouco Gelson em Espanha
Depois do conturbado processo de saída do Sporting, Gelson Martins optou pelo Atlético de Madrid para dar continuidade à carreira. O internacional português considerou que as ideias de Diego Simeone potenciavam a sua forma de jogar, mas o arranque da experiência na liga espanhola está longe de ser o desejado. Somando apenas 57 minutos de utilização, resultantes de 3 vezes em que foi suplente utilizado, esta escassez de tempo de jogo começa a gerar alguma surpresa. Ainda em período de ambientação ao clube ou a exigência de Diego Simeone pede mais ao futebol do avançado?"

Modric e a crónica de uma distinção justa

" “Cristiano leva estas coisas muito a sério”, disse Luka Modric, a propósito de o atacante da Juventus, ex-colega do croata no Real Madrid, não ter estado presente na cerimónia de atribuição dos prémios The Best.
Se calhar, leva. E, se calhar, não devia levar. Convenhamos que existe logo uma parcela de incoerência na ideia do prémio, em si, que faz com que estas hierarquias possam não ser muito lógicas e de rápida assimilação. Numa modalidade colectiva, nunca será plenamente objectiva a forma como se distingue um jogador dos outros.
Uns, para estabelecer comparações que não são comparáveis, vão atirar as estatísticas mais baratas, como assistências e golos, que até já são medidas na Bota d’Ouro. Sendo honestos, como o fomos na altura em que torcíamos para que Iniesta ou Xavi fossem consagrados no seu devido tempo, não será preciso propriamente socorrermo-nos de um dado estatístico para para avaliar a destreza de um centrocampista que segura toda a equipa e que é mais determinante que os outros. A consistência como alguém entende a dinâmica do jogo, se posiciona, gira sob pressão e soluciona problemas que não são traduzíveis, assim de repente, em números de passes curtos acertados ou assistências, pode ser tão ou mais importante quanto o número de golos de um avançado. São tarefas distintas, todas elas necessárias.
Mas se quisermos falar de golos, Giroud faz facilmente de advogado do diabo, como fez Guivarc’h há vinte anos: tinham praticamente a folha em branco nas selecções gaulesas campeãs do mundo e foram importantes, à sua medida no apoio e no desgaste, nas respectivas campanhas triunfantes. Como estamos todos mergulhados no oceano da subjectividade, teremos sempre quem queira valorizar mais um elemento do que outro. E acho que ainda dá para admirar todos eles, pelo menos eu tento.
Posto isto, à Michelle da 'Resistance', 'listen very carefully because I shall say zis only once', que é como quem diz: vou dar os meus elementos e fechar este assunto até ao próximo ano. Se tem de haver um prémio, gosto da ideia de o atribuir a Luka Modric como melhor jogador entre 3 de Julho de 2017 e 15 de Julho de 2018, o segmento temporal que está estabelecido para distinguir o melhor jogador da FIFA.
Como esse espaço temporal inclui o dia da final de Moscovo, naturalmente o desempenho no Mundial tem relevo no “desempate”. E tem ainda mais relevo porque é a maior prova da modalidade e porque ela é mais especial, pois acontece de quatro em quatro anos. Faz sentido que, daqui a um tempo, olhando para trás, a cronologia bata certo com os maiores heróis das provas mais sensacionais. Se houver alguma utilidade neste tipo de prémios, é exactamente para o estabelecimento dessas marcas históricas.
Modric foi finalista vencido, mas foi, provavelmente, o futebolista mais completo e o que teve mais impacto na prova. Peço desculpa por não conseguir trazer ‘print screens’ com dados estatísticos que reforcem isso, mas quem quiser observar o futebol de forma mais integral e não por resumos de dois minutos onde cabem todo o amontoado de golos e assistências, reconhece que o homem se agigantou e jogou barbaridades, carregando a Croácia às costas. A Croácia…
Mas Griezmann e Mbappé também não foram excepcionais? Foram. Griezmann começou a crescer com Diego Costa na segunda volta pelo Atlético, ganhou a Liga Europa e, no Mundial, foi fulcral na ligação da equipa de Deschamps. Mais fulcral até que o beep-beep do PSG. E não esqueçamos Varane, com essa particularidade de que não só ter sido campeão mundial de selecções, como também campeão europeu de clubes na equipa de Modric e de Cristiano.
A razão pela qual excluo Varane das minhas escolhas para ser eleito número 1 é pela tal categoria subjectiva que me assiste, de poder valorizar quem melhor se relaciona bom a bola, de quem comanda graças ao controlo. Quero dar valor a isso. Naturalmente falamos da eleição de um intérprete singular numa modalidade colectiva e aí admito que este troféu deva obedecer aos êxitos de clubes e selecções (a Croácia não foi campeã mundial, mas não deixou de ter muito êxito…).
Para além disso, um compromisso deve ser feito com o estilo, a classe e a técnica do jogador, que faz aquilo que mais nos surpreende. E aí talvez Luka Modric tenha sido o jogador que, na temporada de 2017/18, melhor tenha conseguido esse equilíbrio de factores colectivos e individuais, com especial peso para o Mundial esmagador que protagonizou, lembrando como suportou igualmente o meio-campo do Real Madrid na Champions para que, por exemplo, e sem tirar o valor aos remates do monstro do Funchal, também Cristiano pudesse marcar uma quantia significativa de golos. Pobre Modric, que não consegue explicar às pessoas como se governa um meio-campo não tendo volume de golos e de assistências para estampar nas redes sociais.
Devemos lembrar que nos reportamos ao desempenho da época desportiva, na qual Leo Messi conquistou uma dobradinha pelo Barça. Os blaugranas não foram longe na Champions e os argentinos, tal como os portugueses, não foram longe na Rússia. Messi é o jogador mais fabuloso da atualidade, mas não é essa categoria que é pedida na eleição do The Best 2018.
Houve um jogador especial que facilmente veria com justiça no pódio: Kevin de Bruyne. Ao longo da época, foi o mais regular na quantidade de exibições fora-de-série, com a camisola do Manchester City. O belga contribuiu excepcionalmente numa época em que os Citizens foram campeões ingleses com 100 pontos (!) e com recurso a um jogo deslumbrante, que fica na memória e não se esquece. Perde e ganha para Salah em um outro aspecto, ganha e perde para Modric noutro, nomeadamente no facto de ter feito um Mundial menos fulgurante que o craque de Zadar. De Bruyne não foi campeão europeu de clubes como foi Modric, e até foi eliminado por Salah nessa Champions, mas vencer a Premier League com 100 pontos e a jogar com aquele nível de precisão nas acções mais impossíveis, torna-se inesquecível. Hazard foi o mais frenético driblador do Mundial e tem sido o mais estrondoso da Europa neste arranque oficial de temporada, mas a última época de Conte no Chelsea trouxe dificuldades aos Blues.
Daqui a uns anos, vamos olhar para esta época 2017/18 sob vários tópicos. Foi a temporada do deslumbrante Manchester City, da consagração do Real Madrid como tri-campeão europeu e sobretudo do Mundial ganho pela França, torneio onde Modric foi esmagador. O croata foi o que melhor agregou os desempenhos mais memoráveis nos eventos mais especiais e, no meio dos comentários e análises que se fizeram à atribuição do The Best, confesso a minha estranheza com um argumento disparatado que cheguei a ouvir. Sugeria-se que Modric só ganhou e que Cristiano só perdeu este prémio pelo facto de o croata ser jogador do Real Madrid e de Cristiano já ter deixado o emblema de Chamartín, esse que, de acordo com as teorias mais ou menos conspirativas, manipula tudo com a sua máquina política e mediática. Isto é uma tese tão pueril que nem se dá conta que anula o mérito assombroso do CR7 quando foi eleito nos anos anteriores com… o Real Madrid.
Outro argumento pobre que fui ouvindo é o de que não faz sentido Modric ser distinguido porque Iniesta e Xavi não o foram, por exemplo em 2010. Para já, há um painel composto por antigas figuras do futebol que funciona como júri. Não é a FIFA que determina o vencedor de forma automática. Por outro lado, se se admite que Iniesta, Xavi ou até Sneijder teriam tido mais relevo naquele ano do que Messi, e que essa “falha” até pode ser vista como um erro histórico no rol de vencedores da Bola d’Ouro, acho que é bem melhor não voltar a cometer outro erro histórico.
Realça-se a primeira vez em que um jogador de um território pertencente à ex-Jugoslávia foi eleito como melhor da Europa/Mundo. Dzajic (1968), Savicevic (91), Pancev (91), Mijatovic (97) e Suker (98), estes dois na condição de ‘blancos’, estiveram nos pódios das votações finais nos seus respectivos anos, mas não tiveram a distinção máxima. Durante a cerimónia de entrega dos prémios, Modric teve palavras de reconhecimento a Boban, seu ídolo no crescimento futebolístico e a verdade é que o centrocampista do Real Madrid é, hoje, a maior figura de uma nação futebolística que já celebrou muitas proezas graças ao talento absurdo de Prosinecki.
Teria gostado de ver Guardiola entre os três finalistas do prémio de melhor treinador em vez de Dalic. Aliás, acho que a FIFA poderia pensar em segmentar futuramente o melhor treinador e o melhor selecionador. As outras categorias já não são muito fáceis de meter no mesmo saco, quanto mais esta. Quanto ao prémio Puskás, a bicicleta explosiva de Cristiano em Turim teria tido o meu voto, mas a partir do momento em que a eleição passa pela votação da "malta" na net, compreende-se facilmente que a comunidade árabe e todos os adeptos do Liverpool espalhados pelo mundo também tenham torcido por Salah.
Mas fica a dica de Modric: não levar isto tão a sério. O melhor, mesmo, é abrir os horizontes para apreciar tudo."

Com o que nós pagamos, merecíamos outra Justiça

"A Justiça portuguesa merece uma séria reflexão

Existirem juízes a acharem que uma mulher inconsciente está a seduzir os agressores que a violaram, não só é triste e ridículo, como é também um retrato fiel da justiça portuguesa. Presa no tempo, a cheirar a mofo, com computadores velhos e gente com aspecto cinzento a vaguear (vestidos com o uniforme de Hogwarts) pelos corredores dos tribunais.
Uma Justiça onde os juízes têm poder a mais, onde as secretarias dos tribunais fecham às 16 horas, onde as escolas de Direito têm formalismos pacóvios e idiotas (pelo menos aos olhos de quem tenha menos de 95 anos) e onde os tribunais demoram séculos a tomar decisões, mas dão-se ao luxo de fecharem um mês e meio no verão (claro está) para “férias judiciais”.
Um juiz em início de carreira ganha, vencimento bruto, praticamente 2250€ euros por mês, ao que temos de juntar o “subsídio de compensação” de 1224€, o que no total dá 3467€. Este valor vai subindo com as responsabilidades e também com os anos de serviço, em muitos casos aumentado ainda por “despesas de representação”. No tecto da carreira, um juiz chega a ganhar valores que variam entre os 6000€ e os 9000€, consoante o tribunal e as suas funções.
O que nós contribuintes pagamos aos nossos juízes e funcionários judiciais deveria chegar para estes fazerem aquilo que qualquer funcionário em qualquer empresa privada que pague estes valores faz: trabalhar de sol a sol, de noite em noite, de fim de semana em fim de semana, até que não haja um único processo pendente. “Primeiro a obrigação e depois a devoção”, foram estes os valores que sempre me ensinaram em casa e foram esses os valores que sempre transportei para o trabalho.
A Justiça portuguesa merece uma séria reflexão. O problema é que esta reflexão tem que ser feita de fora para dentro e não de dentro para fora, como invariavelmente se faz. Este é um problema da sociedade e que afecta directa ou indirectamente todos os portugueses e não apenas aqueles que trabalham no mundo da justiça.
Ou seja, por outras palavras, a quem trabalha na Justiça até pode interessar que as coisas continuem como estão – porque no final do dia quem se vai lixar não são eles, vamos ser nós, contribuintes normais e reles “utentes” dos nossos serviços de Justiça, a continuar a pagar a factura dos atrasos e incompetência do nosso sistema jurídico.
Está na hora dos partidos políticos (pelo menos os moderados) fazerem um verdadeiro pacto de regime sobre a Justiça. É preciso fazer uma limpeza e é preciso que esta limpeza comece já."

Allianz CUP, o modelo de negócio, por trás do modelo competitivo

"O que a Liga Portugal fez em termos financeiros e retorno mediático pode e deve ser medido através de números concretos.

Este é um bom exemplo de centralização dos direitos televisivos e comerciais, sobre a alçada de gestão directa da Liga Portugal. A única competição que tem estes moldes em Portugal. O que a Liga Portugal fez em termos financeiros e retorno mediático pode e deve ser medido através de números concretos.
Por onde se começou a trabalhar? Pelo produto, através da reformulação do modelo competitivo e a criação de uma Final Four – uma semana de festa dedicada ao futebol, ao desporto e ao município onde se integra.
Não podemos ignorar os números – cerca de 100.000 pessoas, que passaram pela Fan Zone de Braga, 52.273 espectadores no estádio, e um evento que passou a ser um dos líderes, no que concerne ao retorno mediático de eventos a nível nacional, com 95 milhões de "advertising value equivalency" e 4 milhões de impressões resultantes apenas da actividade de promoção e comunicação da Liga Portugal durante uma semana.
Uma renovação de parceria que gerou maior retorno para o futebol profissional, maior visibilidade para as sociedades desportivas e fez renascer a paixão dos adeptos por esta competição.
Este é assim um modelo de excepção de retorno para as marcas que se juntam à Liga Portugal, potenciando, além da sua visibilidade, as activações e o "engagement" que podem realizar junto das suas audiências, como a ligação à comunidade durante uma semana única de festa. A próxima está já marcada de dia 19 a 26 de Janeiro, em Braga."

Nunca excluam Berlusconi

"O antigo PM italiano e, para o que nos interessa, ex-presidente do AC Milan, está de volta ao futebol. Comprou o modesto Monza, que pretende fazer subir, subir e subir até ao topo O antigo chefe do governo italiano Silvio Berlusconi, presidente do AC Milan durante 31 anos, regressou ao futebol através da aquisição do Monza, do terceiro escalão, pela sua ‘holding’ Fininvest, foi hoje anunciado.
“A Fininvest S.p.A. concluiu hoje a aquisição de 100% das acções do clube SS Monza 1912”, refere em comunicado a ‘holding’, que acrescenta que Adriano Galliani, braço direito de Silvio Berlusconi no AC Milan, foi nomeado director administrativo do clube.
Menos de 18 meses após vender o AC Milan, a ‘holding’ familiar de Berlusconi, a Fininvest, adquiriu o Monza, da Série C, através de um acordo que vale entre 2,5 e 3 milhões de euros.
Berlusconi, de 81 anos, três vezes primeiro-ministro italiano, vendeu o AC Milan a um consórcio chinês, em Abril de 2017, por cerca de 740 milhões de euros, após ter conquistado 29 troféus em 31 anos.
O fundo norte-americano Elliott Management assumiu o controlo do AC Milão há dois meses, depois de os proprietários chineses terem falhado o prazo para pagar parte do empréstimo.
Os novos proprietários do Monza tencionam levar o clube, líder do grupo B da Série C, com três vitórias, para a Série A, o que a acontecer será a primeira vez nos seus 106 anos de história."

Diplomacia desportiva: como o desporto tem o poder de mudar o mundo

" “O desporto tem o poder de mudar o Mundo” - Nelson Mandela, um dos maiores líderes políticos do final do séc. XX, assumiu desta forma clara a relevância do desporto na cena política internacional.
Os exemplos das manifestações de atletas contra o racismo nos Jogos Olímpicos do México em 1968 ou, muito recentemente, da aproximação das Coreias nos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, comprovam esta capacidade de, através da diplomacia desportiva, se alcançarem resultados impensáveis noutros domínios.
A sã convivência, no plano desportivo, de atletas de nações em conflito, são exemplos para o Mundo, felizmente exponenciados pelo impacto mediático do desporto. O desporto, como actividade social, não difere das restantes no que diz respeito à necessária compatibilização de regras nacionais e internacionais, tendo de estar pronto para a globalização e a competitividade, designadamente entre diferentes modalidades desportivas. Disso mesmo é exemplo a disputa por um lugar entre as modalidades olímpicas, que ciclicamente vemos acontecer.
Esta questão assume vertentes distintas, sendo naturalmente uma delas a competição em termos internacionais e, em função da mesma, a sua organização internacional, resultante da associação das federações nacionais em federações internacionais ou europeias, no caso português.
A presença de um país na cena internacional faz-se com a presença nas grandes organizações internacionais, comprovando uma vontade expressa de compromisso do país perante a mesma. Por maioria de razão, também a presença activa em federações continentais ou mundiais comprova a forma como cada país está comprometido com a evolução das modalidades desportivas.
Assim, não surpreende que as grandes organizações internacionais desportivas tenham dirigentes com longa tradição nas modalidades e uma presença assídua nas reuniões internacionais, permitindo um conjunto de relações que os levam a ser eleitos para os cargos mais relevantes das mesmas.
É também este o objectivo de qualquer federação portuguesa ou do Comité Olímpico de Portugal em termos europeus ou internacionais. Assim, recentemente conseguimos eleger três membros para órgãos do Comité Olímpico Internacional ou dos Comités Olímpicos Europeus – e só agora temos, pela primeira vez em décadas, a Presidência de uma Comissão dos Comités Europeus, ao fim de cinco anos de mandato nacional. Mas é um facto que, ainda assim, existe um bom número de dirigentes desportivos nacionais em federações internacionais.
Este dado, que é determinante e reconhecido por todos os que participam no movimento desportivo e olímpico internacional, deve ser tomado em linha de conta numa reflexão sobre a limitação de mandatos nas federações desportivas nacionais, que naturalmente limita também a capacidade de influenciar, de poder estar nos centros de decisão internacionais das modalidades, colocando-nos numa posição de inferioridade em relação às federações desportivas de outros países.
Assim, não se mudando o Mundo, podemos fazer com que os objectivos estratégicos das organizações desportivas nacionais possam mais facilmente estar em consonância com os internacionais."

Youth Olympic Games (YOG): Buenos Aires – 2018

"Os Jogos Olímpicos da Juventude foram criados por iniciativa de Jacques Rogge, antigo Presidente do Comité Olímpico Internacional, a exemplo do que já tinha acontecido com as Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia, quando exercia o cargo de Presidente dos Comités Olímpicos Europeus. Após a aceitação oficial da proposta de JR, o projecto dos YOG foi aprovado no plenário da 119ª Assembleia Geral do International Olympic Committee (IOC), efectuada em 2007 na cidade de Guatemala. Este evento desportivo internacional destinado aos jovens (entre os 15 e os 18 anos), de ambos os sexos, que se encontram no percurso da alta competição, procura incutir nos jovens desportistas uma filosofia de vida em que o desporto deve ser entendido como um meio de valorização pessoal, através do desenvolvimento das suas qualidades motoras e intelectuais, na participação na competição duma forma esforçada, leal e fraterna e na promoção e defesa dos valores do olimpismo. Em consonância com esta decisão, os primeiros Youth Olimpic Games (YOG) foram marcados para a cidade de Singapura em 2010.
Os jogos realizam-se nos meses de Verão (férias escolares) de quatro em quatro anos, intercalados com os YOG de Inverno, tal como acontece nos tradicionais Jogos Olímpicos. Têm um conceito único, não são uns mini jogos olímpicos, mas sim um evento multi-desportivo (10 a 12 dias de duração), secundado por imensas actividades extra desportivas, integradas num inovador programa educativo e cultural apropriado a este escalão etário. Competição, Aprendizagem e Partilha são três palavras chaves que traduzem a intenção da inclusão de outras modalidades desportivas no programa desportivo, introduzir novos modelos competitivos que ao serem experimentados poderão, por sua vez, ser aproveitados por outras modalidades desportivas.
Não devem ser construídas novas instalações desportivas. O conceito de desenvolvimento sustentável defendido pelo movimento olímpico diz-nos que é preciso enquadrar as diversas competições desportivas em instalações apropriadas às respectivas modalidades, sem cair em exigências de carácter especializado ou refinado ao nível da alta competição. O número de desportistas participantes está limitado a 3.800 atletas, nos jogos de Verão (204 países) e 1.100 nos de Inverno (entre 70 e 80 nações). Atendendo a que um evento desportivo desta natureza não atrai os grandes patrocinadores internacionais, foi decidido que as despesas de organização deste evento seriam suportadas, em conjunto, pelo Comité Olímpico Internacional e pela cidade responsável pela organização dos YOG.
Enquanto membro da Comissão das Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia dos Comités Olímpicos Europeus (1997 a 2002), participámos em diversas reuniões nas quais tivemos a oportunidade de sugerir que após a consolidação das JOJE (actual Festival Olímpico da Juventude Europeia) com bons resultados, o Comité Olímpico Internacional deveria procurar implementar uma actividade semelhante nas outras regiões continentais. Entendíamos e continuamos a pensar que esta etapa era de fundamental importância no desenvolvimento do movimento olímpico internacional, na educação olímpica dos jovens desportistas dos diferentes continentes e de promoção do espírito olímpico, como se estava a processar a nível europeu.
Quando o Comité Olímpico Internacional decidiu organizar os primeiros Jogos Olímpicos, em 2010, em Singapura, percebemos a intenção de Jacques Rogge que, no momento da sua saída da Presidencia do IOC, gostaria de o fazer pela porta grande. Assim, nada melhor que deixar como herança olímpica a criação dos YOG à juventude olímpica mundial. Julgamos que a estratégia de Jacques Rogge foi bem delineada, embora sintamos que à maioria dos continentes ainda faltava percorrer uma etapa fundamental, a organização dos Festivais Olimpicos da Juventude nas suas respectivas regiões.
Entretanto, no continente africano a Associação dos Comités Nacionais Olímpicos Africanos organizou, em 2010, os 1ºs Jogos African Youth Games (AYG) na cidade de Rabat (Marrocos) com a participação de 1008 atletas, de 40 países em 16 desportos. Os segundos jogos tiveram lugar em 2014, na cidade de Gaborone (Botswana) com a presença de 2.500 jovens praticantes, de 54 nações em 20 modalidades desportivas e os 3ºs AYG efectuaram-se recentemente (19 a 28 de Julho de 2018), na cidade de Algiers (Argélia), com a participação de 3.098 atletas, de 54 países em 35 desportos. O facto, destes jogos africanos se terem realizado pouco tempo antes dos YOG, significa que os mesmos tiveram como principal objectivo o apuramento dos representantes africanos para as edições anteriores dos Jogos Olímpicos da Juventude (Singapura e Nanjing) e, agora, para os de Buenos Aires-2018.
Na América do Sul, os 1ºs Jogos Sul-Americanos da Juventude foram organizados pela Organizacion Deportiva Suramericana (ODESUR), na cidade de Lima (Perú), de 20 a 29 de Setembro de 2013, com a participação de 1.200 atletas, de 14 países em 19 desportos. Os segundos efectuaram-se em Santiago (Chile), entre 29 de Setembro e 8 de Outubro de 2017, com a presença de 1.279 desportistas, de 14 nações em 20 modalidades desportivas. Os próximos jogos estão previstos para a cidade de Rosário (Argentina) em 2021. A ODESUR teve o cuidado de organizar os Jogos Sul-Americanos da Juventude nos anos anteriores ao dos Jogos Olímpicos da Juventude o que demonstra que as suas organizações têm objectivos distintos do que o simples apuramento dos seus representantes.
Os Asian Youth Games (AYG) foram organizados pelo Olympic Council of Asia (OCA) e tiveram o seu início em 2009, na cidade de Singapura (Singapura), de 29 de Junho a 7 de Julho, com a participação de 1.237 atletas de 43 nações e abrangeram 9 modalidades desportivas. Os segundos AYG foram efectuados em 2013 na cidade de Nanjing (China), de 16 a 24 de Agosto, com a presença de 2.404 atletas, de 45 países, em 16 desportos. Como se pode verificar estes dois eventos funcionaram como testes experimentais às organizações, nos anos seguintes (2010 e 2014) dos Jogos Olímpicos da Juventude, realizados nas mesmas cidades do continente asiático.
Na Oceania, a obsessão de privilegiar o apuramento dos seus atletas é muito semelhante ao que a maioria das federações internacionais fazem. Nesta situação, organizaram torneios de apuramento por modalidade, em diferentes locais e datas, de acordo com a implantação da modalidade, no período de férias do verão.
Numa rápida retrospectiva histórica verificamos que os primeiros Jogos Olímpicos da Juventude foram realizados na cidade de Singapura (Singapura), de 14 a 26 de Agosto de 2010, com a participação de 3.524 atletas em representação de 204 nações, abrangendo 26 desportos. Os 2ºs jogos foram efectuados em Nanjing (China), entre 16 e 28 de Agosto de 2014, frequentados por 3.579 desportistas de 203 países e envolveram 28 modalidades desportivas.
No que diz respeito aos Jogos de Inverno, os 1ºs tiveram lugar na cidade de Innsbruck (Austria), de 13 a 22 de Janeiro de 2012, com a presença de 1.059 atletas, de 69 nações e envolveram 7 desportos de inverno. Os 2ºs realizaram-se na cidade de Lillehammer (Noruega), de 12 a 21 de Fevereiro de 2016, com a participação de 1.100 atletas em representação de 71 países, abrangendo 7 desportos. Os 3ºs estão previstos para 2020, na cidade de Lausanne (Suiça), no período de 9 a 22 de Janeiro, abrangendo 8 desportos de Inverno. Aqui, o sistema de rotatividade dos eventos não tem funcionado na medida em que os dois primeiros YOG tiveram lugar no continente asiático e, no que diz respeito aos YOG de inverno, os dois primeiros realizaram-se na Europa e o próximo também tem destino europeu.
Dentro de dias (6 a 18 de Outubro) temos os 3ºs Jogos Olímpicos da Juventude (YOG), na cidade de Buenos Aires (Argentina), com a participação de cerca de 3.500 jovens desportistas (entre os 15 e os 18 anos) , em representação de 203 nações, distribuídos pelas 32 modalidades do programa: andebol de praia, atletismo, badminton, basquetebol, boxe, canoagem, ciclismo, dança desportiva, equestre, escalada, esgrima, futebol, ginástica, golfe, halterofilismo, hóquei, judo, karaté, lutas amadoras, natação, patinagem de velocidade, pentatlo moderno, remo, rugby de sete, saltos para a água, taekwondo, ténis, ténis de mesa, tiro, tiro com arco, triatlo, e vela.
A Argentina é um país que está a atravessar uma enorme crise financeira. Esta semana o peso argentino acumulou uma desvalorização histórica frente ao dólar. A desvalorização acelerada da moeda argentina já atingiu este ano os 50%. A previsão é de mais inflação. Assim, o cenário a curto prazo não é promissor. Por essa razão, não se vai efectuar a tradicional Cerimónia de Abertura contributo importante para a redução das despesas da responsabilidade da cidade de Buenos Aires. Embora esta organização não tenha os encargos previstos com os tradicionais Jogos Olímpicos, existem despesas fixas com a logística do evento que não se podem evitar. Esperamos que a realização deste evento não agrave a situação financeira da capital argentina, evitando-se assim a repetição do que se passou nos últimos Jogos Olímpicos com a cidade do Rio de Janeiro."

Eu, professor me confesso!... - Parte 1

"Nota Prévia – Tendo em atenção o início deste ano letivo e a sua importância para incorporar através do conhecimento as razões que nos fazem sonhar com um futuro, onde possam habitar sinais de esperança, irei reflectir neste espaço que muito me honra, componentes de ordem pessoal, seccionadas por algumas partes. Dedico-as a todos os alunos, colegas, pais, dirigentes desportivos, treinadores e demais responsáveis educativos, que igualmente procuram através da formação, da educação, do rendimento e da competição, preparar para a conquista do futuro e com a imagem duma radiosa esperança, viver para vencer!...
Após ter efectuado 6 anos na Força Aérea na qualidade de especialista voluntário, com um objectivo bem definido que se colocava na hipótese de continuar a estudar, pois a “partida” de meus avozinhos que me deram o pão, a educação e a razão, levou-me a um estado de verdadeira agonia, desespero e saudade, não conseguindo responder às exigências aprendidas primeiramente na Escola Primária com a D. Dorinda e Professor Bernardo Neto, depois no Externato Sílvia Cardoso e no Colégio de Vizela e no final avaliadas nos Liceus de Guimarães e Alexandre Herculano.
Por isso, depois de trabalhar 9 meses numa fábrica de móveis como controlador de mão – de - obra, vi-me chamado para a recruta na Ota em Maio de 1968, tendo feito a especialidade de Operador de Radar em Montejunto, sendo colocado em Janeiro de 1969 até Maio de 1974, no G.D.A.C.I. (Esquadra 12) de Paços de Ferreira. Tudo isto para referir que entrei para a tropa com a frequência do antigo 5º Ano e quando passei à disponibilidade me encontrava na universidade de Coimbra a cursar Direito, depois de ter passado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sem nunca me ter submetido a qualquer exame oral.
Mas como estava um pouco desiludido com as matérias da justiça, após ter concorrido para um lugar livre de Professor de Educação Física na Escola Teixeira de Vasconcelos de Paredes, aí fiquei colocado, dada a pouca aderência e até formação neste mercado de trabalho.
Estávamos a 7 de Janeiro de 1975. Pedi um fato de treino emprestado e percorri 10 km com muita expectativa, mas pouco para dar, dado pouco conhecer nesta área… eu que tinha apenas jogado Futebol, mas sendo suplente dos suplentes!...
Lembro a primeira conversa com os meu primeiros alunos de cujo nome sempre me ficaram na memória: Flávio (irmão do Carlos Daniel), Virgílio, Ruão, Zé Eduardo, Maciel, Mário João… e lhes recomendei: “meninos: tragam uma toalha e sabonete e como reparam nós temos aqui água bem quentinha para tomar banho no final das aulas e quando chegarem a casa a vossa mãezinha vai-vos dizer: ai que o meu menino cheira tão bem!”...
Começou uma imediata relação de afeto inscrita na vontade de no outro dia avançar. Comprei um livro de Basquetebol e em casa treinei … 2 passos com a bola na mão … lançamentos na passada … pois das corridas aos pares e as técnicas clássicas do Futebol …disso eu me desenrascava. Lembro que mal o meu Austin 1000 aparecia na curva da Escola, logo via os meus alunos aos saltos de contentamento!...
Um dia tive de faltar para ir fazer um exame a Coimbra e quando ao outro dia apareci, logo recebi dos meus alunos as queixas e azedume: “nós ontem aqui à espera e o Professor nem sequer apareceu?!”... Então dei comigo a pensar: “quando eu chego, entro em alegria e apoteose, quando falto há uma global tristeza. Isto não acontece com outras disciplinas, bem pelo contrário!.”.. Tomei uma das melhores decisões da minha vida – “vou mudar de curso”!.... O I.S.E.F. do Porto estava para iniciar as suas actividades formativas, inserindo os seus estudos na Universidade do Porto e foi apenas uma questão de realizar exames médicos e fazer a mudança de Faculdade, efectuando o 1º Curso 1976/81. Depois era uma luta diária de aulas para aprender o que melhor ensinar e fazer as viagens de Paços – Paredes; Paredes – Porto; Porto – Paredes e Paredes – Paços.
Nada fácil para quem pouco sabia. As aulas de Atletismo no C.D.U.P. com o Professor Pompílio Ferreira nas corridas com barreiras (uma vez espalhei-me na vala de água e andei 15 dias a coxear) … nos lançamentos (outra vez até parece que levantava voo junto com o lançamento do martelo!...). Como nesses dias da modalidade não podia levar carro, tomava a camioneta dos trabalhadores das 6.15 (era um cheirinho a bacalhau frito que vinha das marmitas…) e com o conjunto Maria Albertina ou António Mafra a debitar na rádio o seu reportório, fazíamos uma animada viagem até ao Porto. Tomava o eléctrico até à ponte da Arrábida e subia o elevador para cedinho aguardar na pista os meus colegas. O Professor até dizia: “Ó Neto vem de tão longe e é sempre o primeiro a chegar!”... Talvez por essa nota de assiduidade no cumprimento de horário, associada à avaliação da parte teórica, me levasse sempre a dispensar das orais!...
Na Ginástica … aquilo era um verdadeiro terror, quer na barra fixa (com as mãos a sangrar dos “bifes“ que se soltavam); do cavalo com arções (com os joelhos, adutores e outras partes do corpo a latejar de dor); nas argolas (ainda hoje mantenho uma dor com a mudança de tempo nas articulações do ombro e uma micro rotura no tendão do supra espinhoso, originada quando me preparava para dar meia volta com base na passagem da força estática para a dinâmica); nas paralelas, etc, aquilo era mesmo um terror com gemidos a toda a hora!...
Como no 1º ano não havia Natação …tudo bem. Agora no 2º ano, bem julguei que ia morrer. Vou contar apenas mais esta: no dia das provas de diagnóstico, o Professor Bravo Queirós exigiu que cada aluno trouxesse umas calças com cinto apertado, sapatos com atilhos e camisa abotoada com 6 botões, para fazer a prova na parte funda da piscina e avaliar o tempo de cada um para a sua realização, retirando a roupa. Ora havia um grave problema é que eu nem sequer sabia nadar!...
No dia da prova, bem cedinho, sem “pregar olho”, encomendei a minha vida à família … beijei os meus filhos ainda pequeninos e lá pedi á minha mulher que colocasse umas velinhas e rezasse na hora da dita cuja. Também nesse dia não levei o carro e recordo bem que na passagem da “Pacense” na Feira do Cô (Penamaior), junto à casa do Seabra (que vendia urnas e fazia funerais), até olhei para o lado!... Quando cheguei à piscina da Boa Hora, lá fui referir ao Professor que não sabia nadar, se me deixava fazer a prova na parte baixa da piscina, etc ao que ele me retorquiu: “nem penses, entras na parte funda e desenrasca-te … o mais que te posso fazer é deixar agarrar-te a esta vara quando estiveres aflito”.
Nem imaginam a agonia … parecia que ia entrar num poço sem fundo, muito embora tivesse pedido a alguns colegas meus que voavam sobre a água, para me deitar a mão em caso de urgência. Olhem amigos, os sapatos foi coisa fácil, sacudi-os para o fundo, quanto à camisa, rebentei com os botões duma só vez, agora as calças … Deus me livre, estive um bom tempo em luta, bebendo o que nunca bebi e resignando-me à minha pouca sorte. Sei que demorei 3m e 45 s a fazer a prova, quando o meu colega mais ágil apenas demorou 35 s. Mas o melhor vem a seguir. Estive durante o ano lectivo nas horas do almoço a aprender a nadar (com boias, coletes, etc) e no final do ano, perante o exame final em que a parte teórica era de dificuldade máxima, com referências a biomecânica e neurofisiologia de movimento, obtive 16 valores, consegui nadar 3 x 25 metros estilos e dispensei da oral. Uma enorme percentagem da turma, (que até nadava de forma exemplar), mas que no exame escrito tinham notas inferiores a 5, reprovaram.
O Professor tinha esta máxima: “executar os movimentos com correcção é importante, mas mais importante é saber ensinar como, quando e porquê se pode fazer melhor. Não estou aqui para avaliar campeões, mas para avaliar aqueles que são capazes de fazerem campeões”.
Ainda hoje recordo esta explicação na minha qualidade de formador de treinadores. Quando há necessidade de executar com eficácia um determinado movimento técnico, o André Villas Boas, ou o Zé Mourinho, ou o Carlos Queirós, etc … utilizam os melhores exemplos para a experimentação e vão sugerindo competências pedagógicas para a sua eficácia de melhoria. Caso contrário, teríamos o Pelé, o Maradona, o Eusébio …etc, como os melhores treinadores do mundo e porventura quem obtém actualmente esse estatuto, nem sequer constava no ranking de excelência.
Continuei com a dupla função de ensinar e aprender, ouvindo Professores que marcaram este meu temp(l)o sagrado da minha existência, no que considero o melhor curso do mundo e que ao longo desta reflexão os meus queridos leitores irão perceber bem porquê!...
Continua!… Por isso … até breve!..."

Esclarecimento

Conta de Instagram do camisola 10 do Benfica foi pirateada.

"Nunca, em tempo algum da minha vida, seria capaz de me colocar a mim, ao meu treinador e ao Sport Lisboa e Benfica numa situação destas. É completamente falso que tenha colocado qualquer comentário ou ratificado qualquer comentário depreciativo. Quem me conhece sabe bem disso e todos sabem o enorme respeito que tenho pelo meu treinador Rui Vitória. A minha conta de Instagram foi pirateada, uma vez mais, algo que já tinha acontecido na semana passada e a alguns jogadores, como tem sido notícia recentemente."

Vermelhão: Premeditação...

Chaves 2 - 2 Benfica


Eu avisei... Tudo seria feito para o Benfica não chegar em vantagem ao jogo da próxima jornada...

Este jogo nunca devia ter sido realizado, a partida estava marcado para as 20h15... a bola só rolou depois das 21h15 !!! Era previsível que as condições do campo, equilibrassem o jogo, além da alta probabilidade de haver lesões...

Não contentes com isto, com o Benfica a conseguir reagir (jogando bem ou mal isso não interessa para o caso) e a chegar ao 1-2... dá-se o momento do jogo: absurda expulsão do Conti... Repito absurda... Vão alegar que houve uma entrada de sola, não houve. Houve uma falta com o bico da bota, e depois quando o Conti está no chão, o pé fica preso na relva e os pitõns ficam à mostra... Falta claramente para Amarelo... sem a mínima dúvida!!!
A não actuação do VAR no penalty sobre o Gabriel é simplesmente criminosa!
Não me vou alongar na análise do jogo, porque o Tugão, é tudo menos futebol... Sim, o Benfica principalmente no início da 2.ª parte podia ter 'matado' o jogo, mas neste tipo de jogos, com resultados apertados aparece sempre um qualquer Capela...!!! Este Capela, o ano passado, no famoso jogo em Tondela, onde deu descontos até aos Lagartos marcarem, não viu nesses descontos, uma entrada assassina do William... nem marcou falta!!!
Vamos jogar com os Corruptos, sem o Conti e provavelmente sem o Jardel e sem o Gabriel (e vamos ver se não está mais ninguém lesionado!!!)... provavelmente em desvantagem pontual...
O lamaçal está cada vez mais sujo... já ninguém tem vergonha!

Sabe quem é? Até a bronquite sarou - Luisão

"O caminho aberto pelo avô (e as flores estragadas); O truque contra a lama nos pés (e a noite dos 15 mil euros)

1. O avô, passara (discreto) pela Portuguesa, era Mário Miguel Silva, chamavam-lhe 'Goiaba' - e, depois, andou pelo Cantusio, o Mogiana, o Campinas e o Ponte Preta. Pela Ponte Preta abriu o pai a aventura no futebol, era Mário Luís da Silva, chamavam-lhe 'Amaral' - de lá saltou para o Guarini, o Junior do Paulista, o Paulista de Jundaí, o Serra Negra, o Itapira e o Amparo.

2. Por Amparo, no interior de São Paulo, à beira de Campinas, 'Amaral' conheceu 'Arlete' - e por lá nasceu ele. A mãe contou-o: «'Ander' cresceu com um problema de bronquite, depois que começou a jogar à bola, sarou». (Ainda hoje é por 'Ander' que todos o tratam na intimidade - apesar de ter sido pelo superlativo do seu segundo nome que ele rasgou a história...)

3. Ao 'Amaral', o futebol não lhe deu riqueza. Por isso o filho, não teve nada uma infância de fausto: viviam numa casinha modesta, para se chegar à estrada era preciso calcorrear-se um quilómetro por picada fora, entre o cafezal - e ele arranjou, despachado, truque que os irmãos seguiram: «Se queríamos ir para a cidade, quando chovia para não chegar com os ténis cheios de poeira ou de lama, a gente colocava um saco de plástico em cada pé - quando tomava o asfalto era só tirar, que o pé continuava brilhando».

4. Tendo de cinco anos, 'Amaral' criou em Amparo uma escolinha de futebol - e levou-o com ele: «No primeiro dia, não apareceu mais ninguém, era só nós dois. Me lembro de dizer: 'Vamos embora' - e de papal responder sério: 'Não, vamos é treinar'. Pegou bolinha de borracha, ele tocava para mim, eu tocava para ele. Tudo o que sou, foi ele que me ensinou - e quando comecei a crescer, me disse: 'Tu não vai ser mais volante não, vai jogar de zagueiro» (e sim, foi assim, que deixou de ser o que começara por ser: trinco).

5. Por todo o tempo que tinha, queria andar com os irmãos ao pontapé na bola. «Problema era arranjar campinho - e era o azar de Dona Jacira. Como a nossa era rua de terra sem saída, a gente fazia o gol na porta dela, onde ficavam as flores, a gente batia e quebrava». (Jacira revelou-se ao Globo: «Sim, os garotos acabavam com as minhas flores, eu botei cerquinha até para ver se adiantava, mas eles nunca fizeram malcriação com a gente..»).

6. Os irmãos era o Alex (que agora joga no Wilstermann - e pelo São Paulo também chegou ao escrete) e o Andrei (que anda pelo Santo André). «Acho que só não saíram mais jogadores porque a outra é menina». (e de cabeça rapada, todos jogam...)

7. Do carioca saltou para Rio Branco, tentou (em vão...) o São Paulo e o Corinthians - no Juventus foi a grande figura da equipa que em 1998 ganhou o campeonato paulista de juvenis. No Cruzeiro venceu a Copa Brasil de 2000 e de 2003 - e o Benfica o foi buscá-lo, a troco de um milhão de euros.

8. Uma vez afirmou: «Zagueiro bom não pode sorrir dentro do campo» - o primeiro título de campeão no Benfica saiu-lhe directamente da cabeça para história: o empate podia ser paraíso de Sporting (ou FC Porto) e, chegando onde Ricardo não chegou, fez golo aos 84 minutos. O guarda-redes jurou que foi com a mão - Paulo Paraty, ficou na dúvida. O fiscal de linha garantiu que não, que foi com a cabeça - e Paraty confirmou na TV: «sim, foi golo legal».

9. Pelo Brasil venceu a Copa América de 2004 e a Taça das Confederações de 2005 e 2009. Quique Flores dissera poético o que outros acharam: «É o meu guarda-costas em campo» - e a 26 de Abril de 2015, contra o FC Porto, fez o jogo 329 com braçadeira de capitão (e bateu o recorde de Coluna). Não foi só: 20 títulos no Benfica só ele conseguiu: 6 campeonatos, 3 Taças, 7 Taças da Liga, 4 Supertaças - em 538 jogos (mais só Nené fez, fez 578).

10. Chamaram-lhe 'Pirulito', chamam-lhe 'Girafa' - e na história há o reverso da medalha. Em 2007 foi apanhado, pela madrugada, a conduzir o seu Porche Cayenne, com excesso de álcool - tribunal aplicou-lhe 40 horas de trabalho comunitário, o Benfica multou-o em 15 mil euros (10% do seu ordenado). Em Agosto de 2012, com o Fortuna Dusseldorf, o árbitro queixou-se de que o agredira (e que, na queda, o levara ao desmaio). Tribunal comum condenou-o a indemnização de 60 mil euros, a justiça desportiva já o punira com dois meses - e ele nunca deixou de dar ideia de que Fischer exagerara o «teatro» que fez."

António Simões, in A Bola

De Braga a Luisão

"Teste a líderes segue para Chaves e Jamor (horrível!: 2 Belenenses!!!9. Enorme vénia a Luisão, grande capitão! Pena que ele e o presidente tenham caído no erro de se atrasar 3 meses

Chaves e Belenenses seguindo-se a... Braga, como teste a líderes. Semana quente: a meio dela, Champions e Liga Europa; e, a finalizar, quentíssimo Benfica - FC Porto.
O teste de Braga confirmou: ali reside equipa com ganas e capacidade para 'fazer vida negra' aos gigantes: muito promissor comando técnico e bom plantel - embora ainda não ao nível do existente no Dragão, na Luz e em Alvalade. Calendário árduo teve o novo Sporting. À 5.ª jornada, 2.ª dura aferição do seu potencial: conseguira resistir, com empate, na Luz; falhou atingir esse mínimo perante o tal desafiador mor de superpoderosos - e mais o galvanizou... Atenção: nota-se que o futebol do Sporting vai progredindo em consistência. Paradoxo? Quanto a mim, na Luz, quase só defendendo, teve protecção de 'estrelinha'; em Braga, jogou taco a taco - faltando-lhe a finalização 'by Bas Dost (longa baixa clínica é problemão) e o melhor de Bruno Fernandes e Nani.
Agora, a dupla de líderes enfrentará complexas deslocações. Benfica em casa do Chaves, vindo este em escalada: empate no Dragão (Taça da Liga), triunfo no Bessa, SC Braga visitando Belenenses SAD (horrível litígio, criou dois Belenenses!!!; que tortura para os adeptos!!!9 na improvisada 2.ª casa 'azul': Jamor, onde a equipa de Silas esteve o fiozinho de rasteirar FC Porto...
Sporting: que ressaca de derrota? Mesmo em Alvalade, o Marítimo vai querer exibir porquê, na classificação, se encontraram lado a lado...
Benfica - FC Porto já bem à vista! Importante a forma como ambos saírem da 2.ª ronda europeia: um na Grécia (imperioso vencer!), o outro recebendo Galatasaray (triunfo dará jeitão!). Logo, nem pensar em poupanças imediatamente antes do grande duelo!

Luisão. O final possível - preservando o essencial, mas, claramente, não o desejável - quando o grande 'capitão' e o presidente perceberam, enfim!, como os últimos 3 meses estavam sendo absurdamente acabrunhantes para todos. Sim, para todos, pois decerto também para o treinador e para o plantel.
Desde a pré-época, se tornara óbvia a soma de muito estranho com... erradíssimo Conti e Lema, passou a ter excesso de defesas centrais (5!). Depois, e rapidamente, ficou a nu o (escusado) problemão: nas escolhas do treinador, o prestigiadíssimo Luisão era o último desse lote (7 minutos num jogo de preparação e nunca mais sequer convocado). Idade (37 anos) e o que se passara na temporada anterior - Luisão lesionou-se, menino Rúben Dias 'agarrou' titularidade - são evidentes motivos. Então porquê contrato foi renovado para mais esta época? Vontade do jogador - anunciado ser a última -, aceita pelo presidente, em nome do muitíssimo que Luisão já dera ao clube.
Difícil/ingrato ficou o papel do treinador. Capitão é capitão - e, neste caso, com especialíssimo enorme peso! Mas Rui Vitória foi bem claro. logo no início, em conversa privada com Luisão, ter-lhe-á definido o princípio de que não contraria com ele nas mais firmes escolhas. Mais tarde, fez questão de frisar publicamente: 'Rúben Dias e Jardel, dupla da última época, são os meus titulares'. Logo, também os recém-chegados Conti e Lema teriam de aguardar - e é isso o que se tem verificado. Absoluta lógica.
Luisão e Luís Filipe Vieira, com 3 meses de atraso, entenderam o cenário, imutável. O mais importante jogador do Benfica no balanço dos últimos 15 anos (!) não poderia finalizar brilhante carreira chocantemente se arrastando, durante longo/penoso ano!, em tamanho ocaso.
Luisão voltou a ser brilhante - na comoção do seu longo e excelente discurso (de improviso) despedindo-se, como jogador, bem como nas respostas aos jornalistas. A cerimónia, com todo o plantel, treinadores, amplo 'staf' e, claro, dirigentes, teve muita dignidade, desde logo porque não numa sala, sim em palco no relvado da Luz. O possível - sem adeptos nas bancadas -, face a contrarelógio com decisão assumida de um dia para outro. Decerto, Luisão virá a ter o que muitíssimo merece (para além de prevista outra carreira no Benfica): homenagem com jogo, multidão vibrantemente lhe dizendo 'Obrigado, grande Capitão!'.
O futuro muito melhor se constrói quando não se desliga a tão importante Memória."

Santos Neves, in A Bola

A taxa Robles no futebol

"A FIFA está preocupada com os montantes pagos pelas transferências e está a pensar criar uma taxa de luxo sempre que o valor pago for superior ao que realmente vale o jogador, cujo preço será definido por um algoritmo que vai cruzar critérios estatísticos, desportivos e históricos. É uma proposta de sucesso duvidoso porque, como tantas vezes na politica, ataca-se um problema a jusante. Não acredito que criar uma taxa Robles iria afastar aqueles que gastam €100 milhões num jogador. À excepção da Juventus e a contratação de Ronaldo, quem pode depender verbas desse calibre não vê o futebol numa lógica empresarial. Magnatas de latitudes exóticas ou fundos estatais de países pouco amigos da democracia usam o futebol como alavanca social ou geoestratégica, onde o prejuízo é diluído com uma injecção de capital imediata. Se a FIFA (e já agora a UEFA) querem mesmo punir quem não tem fair play financeiro, a melhor solução seria entrar numa Champions com pontos negativos. A ideia nem é nova: é de José Mourinho.

- Qualidade no Algarve
Ver Nakajima ou Jackson Martinez no Portimonense é recuar ao pré-Bosman quando havia muitos craques no nosso campeonato além dos grandes. Tratem-nos bem: são espécies raras.

- Assistências nos Açores
O Santa Clara tem média de quase 4000 espectadores/jogo. Não é brilhante, mas positivo no quadro nacional. O que também diz muito da liga portuguesa. Dá que pensar.

- Prémios FIFA
As ausências de CR7 e Messi no The Best confirmaram que o prestígio destes prémios já teve melhores dias. Nada contra Modric ser o melhor, mas CR7 não ganhar o prémio Puskas é para rir."

Fernando Urbano, in A Bola