domingo, 23 de setembro de 2018

Sexismo, radicalismo e estupidez

"É a era das redes sociais e das virgens ofendidas. Há sempre alguém muito insultado, ou que se finge de insultado, pronto a disparar mensagens de ódio, considerando que tudo o que os outros dizem e fazem é sexismo. Calma, muita calma. A discriminação de género – assim como qualquer outro preconceito – é um assunto demasiado sério para ser banalizado em posts raivosos. Demasiado importante (e grave) para que alguns procurem apenas aproveitar-se do tema e alcançar uns quantos caracteres de fama.
Emre Can, da Juventus, foi a última vítima destes puritanos de teclado. No final do jogo com o Valencia, o alemão recorreu ao twitter para mostrar a sua indignação pela expulsão do colega Cristiano Ronaldo: "Isto é uma falta para cartão vermelho? Acabo de ouvir que foi um puxão de cabelo. Não somos mulheres, jogamos futebol." De seguida, parecia que o mundo lhe tinha caído em cima. Sim, Emre, o futebol não é apenas um jogo de homens. É de todos. E de todas. É de quem quiser jogá-lo. E as portuguesas, então, jogam bem que se fartam. Cada vez melhor. Mas retirar de contexto, para atacar de forma barata, é fácil. E o sexismo, ou qualquer outro tipo de preconceito, não se combate com radicalismo.
Ainda assim, a polémica estalou, cresceu e o jogador teve de pedir desculpa. É o mundo em que vivemos. Tudo ofende. A censura do social media. Fica a dica para muitas dessas pessoas: quando puderem, em vez de andarem no twitter a atacar tudo e todos, vão ao estádio ou liguem a televisão e vejam um bom jogo de futebol feminino. É uma forma mais interessante de promover a igualdade."