sábado, 11 de agosto de 2018

Uma águia com duas caras

"É hábito dizer-se que a última imagem é, sempre, a que fica. E embora seja, em parte, verdade, seria de tremenda injustiça avaliar a entrada do Benfica nesta Liga 2018/2019 pela imagem que deixou no derradeiro quarto de hora do encontro de ontem com o Vitória. Porque para trás ficaram muitos minutos, em especial os primeiros 45, de um futebol que chegou e sobrou para empolgar a Luz e que mereceriam, até, um desfecho mais dilatado do que aquele com que a partida terminou. Mas é assim o futebol, o jogo só acaba quando o árbitro apita para o final e, apesar do empolgamento demonstrado durante boa parte da estreia da águia no campeonato, terão os benfiquistas de contentar-se como alívio de não terem visto o festa estragada por aqueles momentos de desconcentração...
É fácil, depois do jogo terminar, encontrar culpados para um sofrimento que os adeptos dispensariam:
1) as substituições de Rui Vitória, em especial a segunda, que tirou Fejsa de campo e lá colocou Alfa Semedo -  a questão é: que treinador não o faria a ganhar por três e com um jogo importantíssimo para a chegada à fase de grupos já na terça-feira?
2) a menor qualidade de quem entrou e, por consequência, o desequilíbrio de um plantel ainda por concluir - a última parte é, porventura, verdade, mas talvez seja prematuro sacrificar já Alfa Semedo, porque o problema terá sido mais colectivo do que individual.
Terá, o Benfica, sofrido de um mal que já afectou outras equipas. A ganhar fácil, desligou e começou a pensar no próximo jogo. Não apenas um, mas toda a gente. Felizmente para a águia não passou de um susto. Seria, até, injusto que se transformasse em mais que isso."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Reconquista

"Quem facilita na contratação de guarda-redes não ganha títulos. Quem contrata guarda-redes de topo está a um degrau de os ganhar

Se disser que Jardel foi dos melhores em campo e que este imperial na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, que Grimaldo fez um grande jogo ou que André Almeida foi determinante na segunda parte, até parece que o Benfica jogou à defesa contra o Fenerbahçe. Mas tal não é verdade. O Benfica, sem ter realizado com excelente exibição, mereceu vencer. Só o Benfica podia ter ganho um jogo no qual só o Benfica quis ganhar. O resultado de 1-0 num jogo da Liga dos Campeões é um bom resultado, mas depois do jogo fica a sensação de que faltou mais um golo para viajar com mais tranquilidade a Istambul. Marcar foi importante, não sofrer foi determinante. Nesta fase da época (como nas outras), os comentários e análises dos jogos são feitos com base nos resultados. Se eliminarmos o Fenerbahçe seremos óptimos e seremos péssimos de formos eliminados. Estatisticamente estamos mais perto de eliminar este adversário, mas as estatísticas não ganham jogos.
Vi o jogo entre o Sparak Moscovo e o PAOK, n'A Bola TV, e fiquei com a ideia de que o Fernerbahçe é superior. Embora os russos tenham uma equipa superior, têm na baliza um guarda-redes de 20 anos, o que a este nível é fatal. Quem facilita na contratação de guarda-redes não ganha títulos, quem contrata guarda-redes de topo está a um degrau de os ganhar, por isso faz sentido ver o Real Madrid fechar o Thibaut Courtois.
Hoje, com o V. Guimarães, teremos um jogo bem mais difícil do que contra os turcos. O V. Guimaráes sai melhor para o ataque, constrói mais jogo e será bem mais perigoso ofensivamente. na cabeça dos jogadores só pode estar o jogo de hoje, porque, por agora, só hoje é importante. De momento para o Benfica, terça-feira é longo prazo.
Castillo, que entrou bem na terça-feira, não é opção para hoje por castigo vindo do México. É motivo para dizer: Quem não tem Castillo, caça com Ferreyra. A reconquista do campeonato é assumidamente (e bem) o objectivo principal esta época. Ganhar ao V. Guimarães é o primeiro patamar desse objectivo. Começar a reconquista do título, frente ao V. Guimarães, parece até um sinal profético e de respeito pela historia de Portugal."

Sílvio Cervan, in A Bola

Europeus...

Em Berlim, ontem, vários Benfiquistas voltaram a entrar em competição...
O Ricardo dos Santos, ficou em 7.º lugar na Final dos 400m, com 45,78s. Mesmo assim acabou por fazer história sendo o primeiro português numa Final dos 400m nos Europeus. Curiosamente, o Ricardo na Final acabou por fazer o pior tempo destes Campeonatos!!! Os 45,19s das Meias-finais podiam ter dado inclusive o Bronze!!!

A Marta Pen qualificou-se com facilidade para a Final dos 1500, que será disputada amanhã. A Martinha pode chegar às medalhas, vamos ver como corre a corrida. Os 1500m é sempre uma prova onde existem muitas variáveis...

O Diogo Ferreira voltou a ficar aquém do seu 'normal' numa grande competição. Parece que a 'maldição' dos Varistas portugueses, continua...!!! O Diogo saltou com sucesso 5,36, mas falhou a 5,51 ! 20cm abaixo do seu melhor!!!

Incluída na estafeta dos 4x400m a nossa Rivinilda Mentai portou-se bem... a equipa portuguesa fez o melhor tempo da época, mas não conseguiu a qualificação...

PS: Em Glasgow, o Europeu de Triatlo não correu bem aos nossos atletas: o João Silva terminou na 36.ª posição, e o Miguel Arraiolos não terminou o segmento de ciclismo...
Na estafeta mista, com o João Silva, o Miguel Arraiolos e a Melanie Santos (além da Helena Carvalho), terminámos em 7.º, longe do nosso potencial...

É tempo de revolucionar o mercado de transferências

"Em nome da transparência e do Fair Play, é tempo da FIFA se deixar de intenções e colocar mãos à obra.

É tempo de mudar a forma como o mercado de transferências funciona. Entre prazos para contratações, limites de contratações, limites à quantidade de jogadores por clube, tectos salariais e tectos de transferência, muito há a fazer no que à regulação e regulamentação do mercado de transferências diz respeito. Inglaterra, como em tantas outras ocasiões, deu o primeiro passo ao definir o fecho da janela de transferências praticamente 24 horas antes do início da Premier League, mas há muito mais a ter de ser feito.
Hoje, o The Times dá conta dos planos da FIFA para a regulamentação do mercado de transferências. Segundo a publicação inglesa, é do interesse da entidade que regula o futebol Mundial introduzir um mercado de transferências standardizado a nível global, com a janelade transferências a manter-se aberta durante um mês, mas a fechar no dia imediatamente anterior ao início de cada um dos campeonatos. Ou seja, tal como hoje fecha o mercado em Inglaterra, devia também fechar em Portugal, França, Holanda ou Turquia, apenas para citar alguns exemplos de campeonatos que se iniciam esta sexta feira. Tal como já deviam, então, ter fechado em países como a Bélgica, a Dinamarca, a Polónia ou a Rússia que levam já algumas jornadas disputadas.
Há muito que os treinadores defendem o fecho antecipado dos mercados de transferências e Inglaterra foi a primeira grande liga a dar esse primeiro passo ao definir o fecho da janela de transferências para o dia anterior ao início da Premier League - e apenas com uma jornada disputada no Championship. Ainda assim, apesar de tal ter sido votado pelos próprios clubes ingleses, esta é uma medida que os coloca em desvantagem, e em perigo, esta temporada, face aos maiores clubes europeus. Veja-se o exemplo do Manchester United que, segundo a imprensa internacional, poderá perder Pogba para Barcelona entretanto e não ter como precaver a saída de um jogador nuclear, enquanto o clube catalão terá ainda mais de vinte dias para o fazer chegar a Camp Nou. E, nos dias que correm, em que o jogador tem um poder superior ao do clube, tal é preocupante.
Mas não são só as transacções directas que têm de ser uniformizadas, reguladas e regulamentadas. É tempo da FIFA meter mãos à obra e revolucionar por completo a forma como as transferências são feitas a nível Mundial. É tempo de haver finalmente transparência no mercado e tempo de terminar com a lamaceira ao qual este está associado. É tempo de limitar a quantidade de jogadores que podem estar associados a apenas um clube para bem da verdade do futebol. É tempo de terminar com as transferências negócio. Com o entreposto de jogadores. É tempo de terminar com o tráfico de influências.
A FIFA já em Fevereiro deu a entender essa intenção, mas de boas intenções está o inferno cheio. Cabe à organização que tutela o futebol mundial mostrar que se livrou das amarras da corrupção e está verdadeiramente interessada em lutar pelo fair play desportivo e financeiro. É tempo de tornar o futebol mais claro. É tempo de limpar o futebol. “É importante incluir regras como limites de jogadores num clube e limitações para os jogadores cedidos”, disse então Infantino. Uma verdade. 
“Para além do tecto salarial, de forma a distribuir melhor o dinheiro pelos jogadores, o presidente da FIFA garantiu ainda que pretende que exista maior controlo nos negócios, de forma a “evitar a corrupção, os subornos e a lavagem de dinheiro”, escrevemos nós em Fevereiro. Uma verdade. Mas de Fevereiro a Agosto passaram já seis meses e nada foi feito nesse sentido. Urge que após o fecho do mercado, este seja finalmente revolucionado como a FIFA prometeu. Urge colocar um travão à loucura que impera no mesmo.
Urge lutar pela competitividade. Urge travar as desigualdades. Urge entender porque o modelo competitivo norte americano é tão bem sucedido e urge trazê-lo para o futebol. Urge responsabilizar os clubes pelo mau scouting e planeamento e não permitir que equipas sejam delapidadas de seis em seis meses. Urge deixar de penalizar os clubes que bem trabalham. Urge deixar de ser tão fácil um jogador forçar a saída de um clube, ao mesmo tempo que urge permitir que os jogadores sejam também tratados como gado. Urge colocar um travão ao tráfico humano desportivo. É que se ao nível de elite os jogadores são pagos a peso de ouro, tal é uma gota no oceano que é a realidade de um futebol movido a interesses.
A FIFA quer o fim do mercado de inverno; quer o mercado de verão a fechar antes do arranque dos campeonatos; quer a limitação de empréstimos; quer a criação de um tecto salarial em todos os clubes, quer a regulamentação das comissões pagas a agentes e intermediários. Nós queremos tudo isto, mas queremos acima de tudo que tal não passe da intenção e chegue ao papel. Já lá vão seis meses desde a confissão de intenção. Em nome da transparência, é tempo de revolucionar o mercado e a forma como o mesmo funciona."

Olimpismo tóxico

"Numa espécie de olimpismo tóxico, que nada tem a ver com o ideário de Pierre de Coubertin ou com a filosofia de vida que deve presidir ao Movimento Olímpico, as oligarquias pública e privada da superestrutura do desporto nacional, incapazes de responder às verdadeiras necessidades do País e dos portugueses em matéria de promoção da prática e da cultura desportivas, foram tomadas por um esquizofrénico desejo de conquistarem medalhas olímpicas, como se as medalhas olímpicas pudessem esconder o estado calamitoso em que se encontra o vértice estratégico ideológico da estrutura orgânica do desporto nacional.
Ao estilo marialva do “magister dixit”, a institucionalização do processo de desenvolvimento sustentado na conquista de medalhas olímpicas arrancou em 2004-2005 à margem de toda e qualquer consulta às federações desportivas e demais agentes desportivos. Então, numa eufórica infantilidade, para os Jogos Olímpicos de Pequim (2008), chegaram a ser anunciadas seis medalhas olímpicas a conquistar pela Missão Olímpica portuguesa. Ora, como seria de esperar, devido à delirante previsão, à incompetente chefia da Missão e a uma presidência absolutamente incapaz, o que acabou por acontecer em Pequim foi uma vergonha não só nacional como internacional. O então presidente do COP, perante o espanto do País, apresentou a sua demissão à comunicação social durante o decorrer dos próprios Jogos Olímpicos.
Terminados os Jogos, quando o País esperava a assunção de responsabilidades por parte das olímpicas lideranças, à boa maneira portuguesa, a nomenclatura política então em funções proferiu uma das máximas mais tóxicas das que alguma vez foram proferidas no Movimento Olímpico nacional: - Como não são os dirigentes que correm, que lançam ou que saltam não se lhes podem pedir responsabilidades. E tudo continuou na mesma durante mais oito penosos anos.
O problema é que a referida metáfora fez escola no desporto nacional. E, hoje, os dirigentes desportivos agarrados ao poder, perante os maus resultados desportivos conseguidos, não se preocuparam sequer em perguntar se eles foram devidos: (1º) À inadequação do modelo de desenvolvimento instituído; (2º) À deficiente estrutura organizacional; (4º) À estratégia errada para a organização do futuro; (5º) À carência de meios de planeamento; (6º) À ausência de sistemas de controlo; (7º) Ao desperdício de recursos humanos materiais, financeiros e informacionais; (8º) À incompetência da liderança; (9ª) À incapacidade dos dirigentes; (10º) À inaptidão da tutela política. Pelo contrário, começaram, imediatamente, a saltar para as conclusões e a afirmar solenemente que, como não foram eles que correram, que lançaram ou que saltaram, não se sentiam responsáveis pelos fracos resultados desportivos da sua própria gestão. Em resultado, nas últimas edições dos Jogos Olímpicos, os grandes responsáveis pelos fracos resultados acabaram por ser os atletas!
Por isso, não nos podemos admirar que após os JO de Londres (2012) e, sobretudo, do Rio (2016), perante os piores resultados desde 1992, depois das habituais ameaças de demissão para impressionar o basbaque, com o acalmar dos ânimos e a mobilização dos correligionários do costume, lá tivemos de assistir à habitual cantilena: - desculpem lá…, mas como não foram os dirigentes que lançaram, correram ou saltaram não se lhes podem pedir responsabilidades. Em consequência, suas excelências dispuseram-se ao alto sacrifício de continuarem mais quatro anos a usufruir de um poder que não são sequer capazes de compreender. E o País anda nisto há quase trinta anos.
O problema do desporto nacional não está na falta de qualidade dos praticantes, nem na qualidade dos técnicos. Não está na carência de recursos financeiros. Não está na necessidade de mais instalações desportivas nem de mais clubes, associações ou federações que, à parte de algumas excepções, até funcionam com razoável eficiência e eficácia. O grande problema do desporto nacional está nos dirigentes políticos e desportivos do vértice estratégico que anunciam “novas agendas para o desporto” e, ridiculamente, elegem o desporto como “desígnio nacional” para, depois, se limitarem a garantir e mal a logística aos atletas que competem nos eventos internacionais. Quer dizer, têm revelado a mais confrangedora incapacidade para equacionarem um coerente processo de desenvolvimento do desporto para o País que somos e não aquele que eles, nas suas catarses de usufruto do poder imaginam. Em consequência, a par de atletas que, por iniciativa própria, o apoio dos clubes e o esforço das suas famílias, conseguem resultados extraordinários, a estrutura ideológica e organizacional do desporto nacional está, desde 2004, olimpicamente descerebrada, em “roda livre” e a caminho do caos.
Na realidade, não são os dirigentes desportivos que correm, que lançam ou que saltam. Mas são os dirigentes desportivos que são responsáveis: (1º) Pela defesa dos princípios, dos valores, do credo e da missão das instituições que lideram; (2º) Pela estrutura orgânica e os fluxos que fazem as organizações funcionar com eficiência e eficácia; (3º) Pela definição de objectivos que, de acordo com a missão da organização, vão organizar o presente a partir de um futuro que desejam construir; (4º) Pela estratégia de desenvolvimento que há-de conduzir ao consumar dos objectivos determinados; (5º) Pelo planeamento e programação que, no espaço e no tempo, coordenam os esforços, os recursos e os meios envolvidos; (6º) Pela captação de recursos financeiros; (7º) Pela parcimoniosa afectação dos recursos, humanos, materiais e financeiros; (8º) Pela organização dos mecanismos de controlo; (9º) Pelo envolvimento social; (10º) Pela liderança partilhada uma vez que, ao contrário daquilo que alguns parecem pensar, eles não são donos das organizações que lideram. Por isso, quando falham, se tiverem uma réstia de dignidade, resta-lhes darem o lugar a outros. 
Depois dos fracassos que foram as últimas três Missões Olímpicas, continuar a defender que os dirigentes desportivos não podem ser responsabilizados pelos resultados desportivos porque não são eles que correm, que lançam ou que saltam é defender uma olímpica mediocridade dourada que, salvo uma ou outra excepção, tomou conta do dirigismo desportivo nacional. É defender uma das metáforas olímpicas de maior toxidade já produzida no País na medida em que, para além de desresponsabilizar os dirigentes desportivos pela ausência de resultados desportivos, quer na base, quer no topo da pirâmide de desenvolvimento, acaba, também, por proteger os dirigentes políticos pela completa ausência de políticas públicas que deviam garantir para o desporto nacional um processo de desenvolvimento com um mínimo de dignidade."

Gargalhadas na Baixa, canalhadas na Caixa

"Cada um nasce para o que merece, já diria, com o seu maravilhoso simplismo, o Mário-Henrique Leiria

Ouvir Pedro Proença compungido de preocupação pelo futuro dos clubes portugueses é como sentir estalar gargalhadas na Baixa ao tempo do Artur Corvelo, d’“A Capital”. Há gente que não se enxerga, já diz o povo. Recorro ao exemplo de um episódio sórdido. Mergulhado no descanso de uma vilegiatura (ah!, aí estão as férias!), comecei a receber, no telemóvel, fotografias porcas de um número desconhecido. Como vinham por WhatsApp, traziam dependurado o focinho do mensageiro. Seria de ignorar, não fora o abuso. O quadrúpede de 28 patas, vim a saber, era um empregadito manhoso da Caixa Geral de Depósitos, um tal Marcelino Augusto Lopes.
O nome, de um ridículo pomposo, poderia ser pseudónimo. Não era. Existia mesmo, o lapardão. Se o divino Eça fosse vivo, ter-lhe-ia dado as clássicas bengaladas à porta da Baltreschi. Não havendo Baltreschi, estão prometidas ao labrego as taponas devidas a um patego de tal calibre. Lá está: o que incomodou mesmo foi o abuso! Lá porque me viu num ou outro programa de TV, pôs-se à vontadinha. Levei a mal à CGD por ter sido usado, ao que soube, um telefone da empresa. Apresentei uma reclamação; garantiram rapidez na resposta. Dez meses mais tarde recebi a nota oficial: não encontravam nada de censurável no comportamento da alimária. Ou seja: patrocinaram a canalhice. 
Cada um nasce para o que merece, já diria, com o seu maravilhoso simplismo, o Mário-Henrique Leiria. Proença pode falar muito e muito ligeiramente sobre a prova que organiza, mas as suas palavras leva-as o vento: desde que está à frente da Liga, assistimos à degradação sistemática da qualidade do campeonato. O ignaro mariola das porcarias continuará a fazê-las, a coberto do patronato, porque essa é a sua essência boçal, até ao momento em que alguém mais enfastiado lhe deite a mão ao cachaço e lhe aplique uns abanões. Quanto à Caixa, nunca tive lá conta. Há gente à qual não confio nem um tostão."

Nova época de futebol em Portugal: as discussões que não VARiam

"Ninguém quer saber do futebol para nada desde que o seu clube ganhe. E por isso a discussão de fundo não tem lugar e não é sequer tema central quando se iniciam períodos eleitorais como aquele em que se vive no Sporting.

Depois das emoções do mundial de futebol, da vitória dos nossos magníficos sub-19 e do tradicional interregno ocupado com o desfile dos reforços nas capas dos três jornais desportivos diários, o país do pontapé na bola prepara-se para o início dos campeonatos nacionais. Muito para além das discussões correntes sobre os principais lances e acerto das decisões dessa nova figura, que dá pelo nome de VAR, há, no plano internacional, um conjunto de movimentações que deveriam fazer reflectir aqueles que gostam do chamado desporto rei.
E para isso, nada melhor do que olhar para uma fotografia global que resulta de uma análise, reportada ao ano anterior, efectuada pela FIFA, e constante de um documento designado por "Global Club Football 2018 Report". O trabalho resulta de um questionário enviado a 211 associações, membros da FIFA e teve uma elevada taxa de participação, considerando que 187 delas responderam efectivamente. Pelo meio, alguns dados estatísticos que resultam de uma análise das competições organizadas por cada um dos membros e dados adicionais recolhidos pela FIFA. E neles, obvio destaque, sob a nossa perspectiva, para as duas competições mais importantes do velho continente: Champions e Europa League. Num quadro curioso, a FIFA analisa, por grupos de 9 anos, o número de países que alcançaram as finais das duas referidas competições. Portugal vai fazendo números interessantes na Europa League, mas a Champions é uma quimera cada vez mais difícil de alcançar. Aliás, no período 2011/2017 há apenas 4 (!) países que colocaram equipas nas finais: Espanha, Alemanha, Itália e Inglaterra.
Portugal sofre já este ano as consequências da performance das equipas nacionais ao perder um lugar na Champions. A (pouca) discussão que se ouve centra-se na responsabilidade de cada um dos clubes na descida do ranking do país e não naquilo que se deve fazer para recuperar.
Um outro dado interessante, e ainda menos discutido em Portugal, é a questão dos direitos de transmissão televisiva. Nos 190 países em que a FIFA recolheu informação, 171 optou pela negociação colectiva. Metade dos que optaram pela negociação individual estão na CONCACAF (confederação norte americana) e na Europa, Portugal tem apenas a companhia da Arménia, do Chipre e Ucrânia. Portugal caminha, por isso, para uma posição de orgulhosamente só nesta matéria, incapaz de compreender que a venda colectiva tem inequívocas vantagens no momento da negociação, fruto de uma maior capacidade negocial pela possibilidade de alienação em "pacote". O rácio de assimetria da receita televisiva por posição classificativa agravou-se de 2010/2011 (5,7x) para 2015/2016 (14,9x) de acordo com os dados da EY apresentados em Março nas Jornadas anuais da Liga. O que significa apenas que os 3 grandes seguem na sua senda individualista, cuidando ser possível querer saber apenas das suas posições, sem perceber que o aumento da competitividade, que uma melhor distribuição da receita permitiria, a médio prazo, um aumento das suas próprias receitas. Só que, em Portugal, a pressão dos adeptos centra-se na vitória no próximo jogo e na próxima competição. Ninguém quer saber do futebol para nada desde que o seu clube ganhe. E por isso a discussão de fundo não tem lugar e não é sequer tema central quando se iniciam períodos eleitorais como aquele em que se vive no Sporting por estes dias. A Liga, por seu turno, não tem força suficiente para impor a solução e assistiu, impávida, a uma recente discussão pública simplista em que se mediam contractos para dizer que "o meu é melhor que o teu".
Um outro dado revelador do que se passa em Portugal (por comparação com as demais ligas europeias), traduz-se no número de equipas campeãs nos últimos 10 anos. Partilhamos as 2 equipas com a Croácia, Gibraltar, Grécia, Escócia, Sérvia, Suíça e Ucrânia. Nos 4 países que colocaram equipas nas finais da Champions no período 2011/2017 a Espanha, a Itália e a Alemanha têm 3 equipas e a Inglaterra tem 4.
Vamos, por isso, iniciar o campeonato! Por entre as tradicionais discussões de arbitragem que não VARiam, ouviremos as repetidas queixas da intensidade da competição. Recorde-se apenas – nessa altura - que naqueles 4 países que levam as suas equipas ao Olimpo das competições europeias, Portugal partilha as 18 equipas com a Alemanha. Porque na Inglaterra, em Itália e em Espanha são mais 2 equipas na liga principal, com a mesma segunda volta.
Que role, pois, a bola e que ganhe o melhor (desde que seja o meu clube, claro)!"

Começa hoje

"Inicia hoje a edição 2018/19 do campeonato português. Porto, Benfica e Sporting ainda não têm os plantéis selados, mas, pelo menos no Dragão, ficou assente que Marega não sai já para o West Ham. Ao mesmo tempo, a novela-Jonas ainda não conheceu o seu epílogo. Na Luz, os adeptos anseiam pelo desfecho da história que envolve o melhor intérprete do elenco, enquanto o rumor do retorno de Ramires também alimenta o sonho benfiquista. O Benfica é o clube anfitrião para o primeiro jogo do campeonato. Receber o Vitória, agora treinado por Luís Castro, é um desafio ainda mais difícil por se realizar ensanduichado pelos embates com o Fenerbahçe.
Fazendo um pequeno parêntesis acerca da terceira pre-eliminatória da Liga dos Campeões, convenhamos que o apuramento do Benfica para a fase dos play-off ainda não está garantida. O Benfica foi bem superior aos turcos na Luz, sobretudo na segunda parte. Não ter sofrido golos em casa é um trunfo para o Benfica, mas Rui Vitória também deve ter percebido que Cocu foi a Lisboa sem particular ambição, na esperança de jogar todas as fichas em Istambul, já com Souza no meio-campo, André Ayew no lado direito do ataque e também Soldado na frente em vez de Alper Potuk. O Benfica até pode vir a exaltar mais as situações de contra-ataque no estádio Şükrü Saracoğlu, mas a capacidade para o Fenerbahçe se lançar para o ataque deverá ser bem superior à da primeira mão. Irá Jonas a jogo na Turquia?
Gostei da forma como o Porto se bateu com o Aves, na Supertaça, em Aveiro. As lesões de Brahimi e de Tiquinho até podiam ter sido mais nocivas, mas Corona jogou bem, numa noite em que era obrigatório não sentir a falta de Marega. Até porque o Benfica ainda está sem Krovinovic (deve voltar a jogar em Setembro) e porque o papel de Jonas está indefinido, parece-me que o Porto, mesmo com as baixas de Marcano e de Ricardo, é o candidato ao título que menos adulterou a sua forma de querer dominar o adversário. Potência, agressividade, chegadas rápidas à frente e equilíbrio total nas coberturas são factores que mantêm fortalecido o Dragão para esta época. Continuando Casillas na baliza, é meio caminho andado para a equipa não perder estabilidade.
Para além disso, Otávio continua a ser visto como uma unidade importante para assegurar dinâmicas na passagem do corredor direito da zona média para o centro. Tanto ele como Herrera movem-se bastante bem na recepção na meia-direita, ajudando a que um dos atacantes (Marega ou André Pereira) se projete com mais espaço na aproximação à grande área, onde Aboubakar já está à espera da bola. Simultaneamente, na outra faixa, Alex Telles e Brahimi fazem uma dupla formidável. Sérgio Conceição aguarda a disponibilidade de Danilo para o meio-campo, mas Sérgio Oliveira tem mais uma meta de afirmação e não vai ser fácil tirar-lhe o lugar do onze.
O Sporting é o clube sobre o qual mais pontos de interrogação se colocam. Depois do pesadelo em Alcochete e mediante os sucessivos tumultos directivos, não tem havido muito sossego em Alvalade. De qualquer forma, alguns danos foram minimizados, logo constatados nos regressos dos três B: Bruno Fernandes, Battaglia e Bas Dost. Peseiro não fez o grosso da pré-época com o ponta de lança holandês e veremos de que modo é que a bola lhe vai chegar. As combinações entre Nani e Bruno Fernandes prometem elevar o padrão técnico leonino, mas terá de haver iniciativa para possibilitar cruzamentos para aproveitar o recurso de jogo aéreo de Bas Dost. Jefferson, no lado esquerdo, é uma excelente unidade para o efeito. Mathieu lidera cada vez melhor o eixo defensivo e digamos que a baliza não fica mal entregue a Viviano, autor de um erro inusitado contra o Marselha, que, aliás, não retrata o guarda-redes toscano. O percurso na Sampdoria deu-nos a conhecer um guarda-redes pouco extravagante, mas muito regular na protecção da baliza. É tudo menos aquilo que mostrou naquele instante contra o OM.
Peseiro orienta, hoje, uma equipa bem mais competitiva do que aquilo que o cenário de múltiplas rescisões sugeria para a época 2018/19. Ainda assim, estão, neste momento, um degrau abaixo de Porto e Benfica. Talvez depois do fecho do mercado de Verão possamos ser mais conclusivos, sobretudo se se concretizar a chegada de Diaby para o ataque. A montante, seria sensato procurar um médio-centro credenciado e com bom controlo de bola, para que o Sporting ultrapasse a barreira da etapa inicial de construção. O pós-William vai conhecer, agora, os seus efeitos."

Vermelhão: Susto...

Benfica 3 - 2 Guimarães


Grande primeira parte... e não foram só os golos. A equipa pressionou, trocou a bola... e até demonstrou capacidade criativa no último terço, algo que nos jogos da pré-temporada não aconteceu... É óbvio que este Guimarães é a equipa mais 'fraca' que defrontamos ultimamente (excepto Napradek e Setúbal), mas notou-se confiança... e melhor entrosamento. Sendo que o Gedson movimentou-se melhor nas situações de ataque organizado, dando mais linhas de passe ofensivas!

As excepções, foram somente duas: cabeceamento para boa defesa do Odysseias (após domínio com o braço dum jogador adversário)  e mau passe de Jardel, que deu em nova grande defesa do Odysseias e bola no poste...!!!
Estas distracções, não podem acontecer...
No segundo tempo, com 3-0, que podiam e deviam ser mais, entrámos com intenção de controlar o jogo, a baixa velocidade, e a verdade é que até às substituições 'resultou'! O jogo estava 'morto', não criámos muito perigo, mas o Guimarães também não...
O problema das substituições, deveu-se a uma opção declarada de começar a 'preparar' o jogo da próxima Terça em Istambul!!! Os jogadores que saíram, foram aqueles que se pensou precisarem de 'descanso' para a Champions: Cervi e Fejsa... Enquanto o jogo desta noite, dava indicações que o Pizzi e até o Gedson estavam a perder 'gás'... que o próprio Salvio já não defendia, as primeiras opções para sair foram outras...
O Alfa vai provavelmente 'levar' com as críticas em cima, mas não foi só culpa dele...
O MVP é fácil: Pizzi... Mas tanto o Salvio como o Gedson foram importantes nos golos. Aliás o Salvio e o Grimaldo têm sido dos melhores neste início de época. Hoje o Cervi não marcou, mas jogou melhor do que no jogo contra o Fener!!!
Como já afirmei antes, o Gedson melhorou bastante hoje. Ainda faltam alguns pormenores, ainda perde a bola infantilmente, ainda comete alguns erros de decisão, mas defensivamente a boa pressão após perda de bola que o Benfica faz, deve-se muito a ele... e ofensivamente, já percebe qual o espaço que deve ocupar...
Odysseias bem... vão dizer que ele largou uma bola para a frente que não devia, mas o remate era difícil...

Com 3-0 estava a ser um jogo 'brilhante', o  'susto' até pode ser útil para todos entenderem que o caminho ainda é longo... Cada jogo será uma batalha!