sexta-feira, 20 de julho de 2018

E-Calabote

"No âmbito das minhas pesquisas, encontro recorrentemente artigos que têm o condão de validar a minha percepção de um passado, se bem que vivido intensamente, cada vez mais distante. É o caso óbvio das dezenas, senão mesmo centenas, de crónicas demonstrativas de arbitragens amigas do FC Porto ao longo, sobretudo, das décadas de oitenta e noventa. Lembro-me de uma em particular com o título sugestivo 'Quem vai tramando o Benfica?' e que termina com a análise à actuação de José Silvano num Tirsense - FC Porto, em 1990. A descrição é, se lida hoje, surreal, mas não surpreende quem, como eu, sofreu impotentemente as agruras da incapacidade para, perante uma conjuntura ilegitimamente desfavorável aos nossos intentos, persistir no entusiasmo e no fervor clubistas. Partilhei-a nas redes sociais e logo me foi apontado o Calabote.
Em 2018, esta farsa, apesar de gasta, subsiste. Ao Silvano, Donato Ramos, Fortunato Azevedo, Francisco Silva, Calheiros, Isidoro Rodrigues, Martins dos Santos e outros que tais, o argumento é sempre 'Calabote', como quem diz, 'nós roubamos, mas vocês também roubaram'. Mas por estar gasta, houve quem se apercebesse de que se teria de ir ao Calabote...
O 'caso Calabote' desmonta-se facilmente e, no presente, é mais interessante constatar o poder da comunicação, especialmente se mal-intencionada. E aí não há como não referir que os vários protagonistas da farsa 'Calabote' e do combate ao penta, com as tentativas pífias da rotulação de cada título benfiquista actuaram e actuam todos sob o mesmo líder.
O mesmo que se sente à vontade para brincar com o roubo de e-mails do SLB, sabe-se lá se por não se sentir ameaçado por quem vai praticando esse crime..."

João Tomaz, in O Benfica

A vergonha continua

"O campeonato do baixo nível já começou. Ou, melhor, nunca terminou. E é bom que os adeptos benfiquistas percebam que não pode haver espaço para contemplações. Não podemos ouvir e calar, assobiar para o lado ou enfiar a cabeça na areia. Os inimigos do SL Benfica continuam activos, escondidos atrás de denúncias anónimas, teclados de computador e capas de defensores de verdade. São os mesmos de sempre.
A norte, os pobres complexados que continuam a acreditar que um dia serão grandes. A sul, os falidos e desesperados que tapam o sol com a peneira para fingir que ainda têm futuro. E em ambos os lados, lá estão eles, os amigos de comunicação social - que de jornalistas não têm nada - sempre prontos a fazer propaganda em troco de polémica, cliques e vantagens pessoais.
Nada mudou, caros amigos. Somos nós, adeptos e sócios, que temos de aprender com os erros e não os deixar passar as suas mensagens de mentira. Não discussões de café ou com colegas de trabalho só há um caminho a tomar: peçam-lhes provas de cada vez que encherem a boca a falar do Glorioso.
Esfreguem-lhe na cara os Vigos, os Apitos Dourados, os depósitos nas contas de árbitros, os Cashballs, os Geraldes e os Cristóvãos, a mentira e o ódio que são as suas - deles - razões de viver. Não pactuem com quem nos quer mal, não encolham os ombros quando nos atacam. Respondam à letra com resultados desportivos e financeiros, com a realidade da maior marca portuguesa, com o entusiasmo da maior entidade desportiva deste país que, cada vez mais, me parece menos merecedor do SL Benfica."

Ricardo Santos, in O Benfica

A pré-época de sonho

"É já amanhã, ufa. Quem planeou a pré-época do Benfica? Alguém que, com toda a certeza, não pensou nos adeptos. Jogos espaçados por uma média de cinco dias? O que é suposto fazer durante esse intervalo? Ir ao ginásio? Arrumar o quarto? Apanhar pokémons? Eu até me entretenho a assistir ao Benfica - Amavita Foot de sub-11, mas não é bem a mesma coisa. O programa definido está bem longe do aceitável. A preparação ideal deveria ser composta por três jogos ao dia: um pela manhã, um de tarde e outro à noite. Entre as partidas, a BTV estaria encarregada de transmitir o processo de recuperação dos jogadores, como banhos de gelo e massagens, as refeições, o convívio e, quem sabe?, a sexta daqueles que optassem por dormitar.
Quem não estaria interessado em acompanhar a par e passo 20 minutos do Jonas a passar pelas brasas? Será que coloca a mão na parte inferior da almofada? Dormirá inclinado para a direita, ou para a esquerda? Ou de cabeça para baixo? Há questões que um adepto precisa de ver esclarecidas.
Dir-me-ão: 'Pedro, tantos jogos seria absurdo, os jogadores iriam ficar completamente de rastos'. Indivíduos que se defendem à luz deste argumento só podem andar desatentos. Ainda não viram jogar, seguramente, o Gedson Fernandes. Até reconheço de bom grado que alguns atletas poderiam manifestar alguma fadiga, nomeadamente quase todos eles, mas sei que o Gedson teria pernas e pulmões para aguentar 270 minutos de rajada sem qualquer problema. Para além da capacidade física, o rapaz é mesmo bom de bola. É mais um craque oriundo do Seixal e, como tal, deve estar aí à porta alguma campanha contra ele.
O melhor é o Benfica requisitar já a certidão de nascimento."

Pedro Soares, in O Benfica

Um mês em cheio

"Caiu o pano sobre o 21.º Campeonato do Mundo, e pode dizer-se que já deixa saudades.
Foi de facto um mês empolgante para quem ama o futebol. Grandes jogos, grandes golos e muita emoção. Nesta era moderna, em que tantas vezes o calculismo e a especulação ditam leis, seria difícil pedir mais. E no fim, houve um vencedor justo. A França foi, sem dúvida, a selecção mais completa. Croácia e Bélgica praticaram um futebol apaixonante, mas os gauleses valeram-se de um rigor defensivo sem paralelo entre os conjuntos que mais longe chegaram na prova. Talvez já em 2016 a França tivesse a melhor equipa. Então, para nossa sorte, foi infeliz. Agora, reforçada com o prodígio Kylian Mbappé, não desperdiçou a oportunidade de garantir o segundo título mundial da sua história. E com um plantel bastante jovem, promete continuar a vencer. Portugal não cumpriu as enormes e justificadas expectativas que estavam depositadas sobre si. Não envergonhou ninguém, passou a fase de grupos como era obrigatório, mas ao primeiro obstáculo a sério tropeçou. Ficou pelo caminho cedo demais, e perante um adversário que, apesar de tudo, estava ao seu alcance. Não teve a sorte de 2016, e saiu sem deixar grande marca. Estas competições são assim: impiedosas e por vezes fortuitas.
Cristiano Ronaldo começou em grande estilo, mas acabou a sair pela mesma porta de Messi e Neymar. O palco ficou para Modric, Mbappé, Griezmann, Pogba e Hazard, todos eles príncipes em busca do trono.
Agora regressa o futebol de clubes, e com ele, o nosso Benfica. Dentro de pouco mais de duas semanas, já se jogará a sério, e rumo à reconquista."

Luís Fialho, in O Benfica

Empréstimo obrigacionista

"As boas notícias não param!
Além dos resultados desportivos, apresentamos resultados financeiros que nos enchem de orgulho. A estratégia traçada pelos nossos dirigentes revelou-se acertada. Os resultados da oferta pública de subscrição das obrigações Benfica SAD 2018-2021 ultrapassou as expectativas.
O objecto da oferta foi de 45 milhões de euros e atingiu os 57,7 milhões. Ou seja, a procura superou claramente a oferta em 1,28 vezes. Mais de três mil investidores compraram obrigações da nossa SAD. Na hora do balanço, Domingos Soares de Oliveira revelou-se animado e com razão. O nosso CEO tem sido de uma coerência impressionante, revelando sempre que a nossa estratégia passou por cumprir todos os compromissos assumidos. A finalidade desta oferta foi muito clara - consolidar o passivo num prazo mais alargado, nomeadamente através do refinanciamento de operações com vencimento próximo. A maturidade será de três anos, e o reembolso ocorrerá em 16 de Julho de 2021. Destaco a importância do sindicato bancário envolvido nesta operação - Haitong Bank, como coordenador global, e o papel desempenhado por oito instituições - Activo Bank, Banco Best, Banco Carregosa, Caixa BI, CEMG, CGD, Millenium BCP e Novo Banco. Ou seja, a melhor prova da credibilidade e fiabilidade do Sport Lisboa e Benfica e, sobretudo, dos seus dirigentes. Somos geridos por dirigentes que fazem questão de honrar os compromissos assumidos. Em 11 anos em bolsa, a Benfica SAD nunca teve um incumprimento. Infelizmente, nos dias que correm, esta faceta não é valorizada. Vivemos num país em que impera o chico-espertismo e no qual os artistas incumpridores são vangloriados. Felizmente, Luís Filipe Vieira e seus pares têm revelado uma coerência que a todos nós nos orgulha e estimula e sermos ainda mais benfiquistas e sentirmos o clube com cada vez mais intensidade."

Pedro Guerra, in O Benfica

Todos à Luz

"Chegou finalmente o dia por que todos ansiavam, e os autocarros encheram-se novamente com jovens do projecto 'Para ti Se não Faltares!', cheios de vontade de vencer e de encontrar os seus amigos de outras escolas. O dia é de amizade e competição, houve muito treino e esforço de preparação, e as equipas estão focadas no desempenho e na vitória, não haja disso a menor dúvida porque é bem visível, mas é curioso que, nos milhares de jovens que já passaram pelo projecto 'Para ti Se não Faltares!', as memórias que ficaram foram as do tempo passado nas actividades, dos treinos, discussões e saídas e, sobretudo, das amizades construídas junto de jovens de outras Escolas.
O sucesso individuais e os feitos desportivos em equipa estão lá, bem presentes e valorizados, mas o que sobressai de tudo, a verdadeira espuma desses dias, é a amizade. É como nas grandes viagens e peregrinações em que o objectivo central é atingir um local, chegar a um ponto para que todos convergem, sabendo que chegando lá superaremos mais uma etapa e seremos melhores, e que valeu a pena o esforço porque foi transformador. Só que não foi a meta que nos transformou, foi, sempre, o caminho que fizemos para lá chegar... É isso o projecto 'Para ti Se não Faltares!': a promessa de uma meta de sucesso para cada um destes jovens e, sobretudo, um caminho transformador de melhoria continua que fortalece a autoestima e reforça as competições necessárias para a vida. Um caminho de cada um consigo próprio que fortalece e catapulta para o futuro! Talvez por isso num vídeo de agradecimento recentemente oferecido pelos jovens do projecto à Fundação, uma ex-aluna,de anos anteriores do 'Para ti Se não Faltares!' respondeu ao colega que a entrevistava sobre o que tinha a agradecer à Fundação. A resposta foi simples, clara e sincera: 'Obrigada por me ajudarem a gostar de ser quem sou e por me ensinarem que não é por jogar menos bem que não conquisto o meu lugar na equipa'. Isto resume tudo na vida: gostar de ser e conquistar os sonhos!
Não é assim, também, o Benfica?"

Jorge Miranda, in O Benfica

A concorrência que nos ameaça

"Ontem, Portugal perdeu com a Itália na fase de grupos do Europeu de sub-19 e isso significa apenas que a equipa lusitana acedeu à fase final, onde mantém hipótese de chegar à ronda seguinte. Não se procure, pois, qualquer nexo de causalidade entre o desaire frente aos transalpinos e aquilo que a seguir será exposto...
O ranking Soccerex de 2018, que elenca os vinte melhores (e mais valiosos) jogadores com idades até sub-21, não contempla qualquer português. Sendo certo que os clubes nacionais - os três grandes e não só, SC Braga, Vitória SC e tantos outros - continuam a fornecer talentos em quantidade e qualidade, como explicar, para além da teoria das fornadas, umas melhores, outras menos apetrechadas, esta ausência lusa no top-20 dos sub-21 da Soccerex?
A resposta é simples: em países que descuraram a formação durante muito tempo, ressurgiu a febre das academias, voltou o investimento no futebol jovem e a vantagem que um país como Portugal, pela sua dimensão, com escassos meios de recrutamento, conseguia ter, está a desvanecer-se. Fica-nos o consolo de percebermos que está a ser seguido o modelo português, potenciado por mais meios e com uma prospecção à escala planetária. Assim se compreendem os fantásticos resultados, por exemplo, da Inglaterra, no futebol jovem, que saudavelmente contaminaram a prestação dos 'três leões' no Mundial da Rússia. Perante uma concorrência cada vez mais feroz e apetrechada, restará a Portugal não esmorecer e inevitavelmente reinventar-se, na certeza de que a via da formação é a única que pode manter o nosso futebol à tona."

José Manuel Delgado, in A Bola

Golos do Mundial

"O campeonato do Mundo terminou com a vitória da França, equipa que conseguiu o título sem qualquer derrota, somou seis vitórias e um empate, teve 14 golos marcados e 6 sofridos. Com o mesmo número de jogos realizados, a Bélgica conseguiu marcar 16 golos e sofrer os mesmos 6, sendo a equipa com mais golos marcados.
No total da prova foram marcados 169 golos, sendo que 68 deles foram obtidos na sequência de lances de bola parada. Percentagem de cerca de 40%. Indicador importante para a análise da competição. Dos 68 obtidos de bola parada, 23 foram de grandes penalidades, outros 23 de pontapés de canto e os restantes 22 de livres e lançamentos laterais, sendo que a maioria (14) resultaram de livres indirectos. Apenas 6 golos de livres directos, sendo um deles o terceiro de CR7 no jogo com a selecção espanhola.
Daqui resulta que os esquemas tácticos (retirando as grandes penalidades) representam quase 72% do total. Os penaltis 13%. Estes aumentaram o seu percentual; foram assinalados 29 penaltis, um recorde, e concretizados 23, em virtude de aplicação do VAR. Esta funcionalidade também influenciou, para melhor, as questões de ordem disciplinar.
Com estes dados, não há ninguém que possa ignorar a importância destes momentos num jogo de futebol. Reparem que Cristiano Ronaldo marcou 4 golos, sendo que 3 deles foram na sequência de bolas paradas. Harry Kane, melhor marcador da prova, marcou 6 golos, 3 de grande penalidade. Griezmann fez 4 golos, 3 de penalti.
Uma outra curiosidade diz respeito à prestação da Alemanha. Marcou apenas 2 golos em 3 jogos, sendo que ambos foram marcados no mesmo jogo, com a Suécia. Em oposição, a Bélgica foi a selecção com melhor média de golos por jogo. Uma curiosidade final: dos 23 jogadores belgas convocados, apenas um jogo na Liga belga, Leander Dendoncker, no Anderlecht. Donde se conclui que o nível competitivo é fundamental para a evolução dos jogadores e das equipas."

José Couceiro, in A Bola

O candidato Epaminondas

"Tudo inveja, tudo cabalas que os sportinguistas, há muito, perceberam. Por isso, terão de contar em Epaminondas da Silva

O dia não havia começado bem para Júlio Epaminodas da Silva. Quis o destino que, bem cedo, ao abrir a rádio, fosse confrontado com a notícia de que lhe estava vedada a possibilidade de ser candidato ao acto eleitoral do próximo mês de Setembro. Quanta ingratidão, quanta injustiça! Ele que, desde a primeira hora, havia sacrificado a sua vida, a sua profissão em prol da colectividade. Não, não e não. Como era possível!? O que mais doía era o facto de não lhe ser permitido justificar o brilhantismo de uma estratégia iniciada há cerca de 5 anos. Sim porque, no fundo, ele, Epaminondas, é que havia sido o verdadeiro mago, o génio dessa recuperação que, quase todos, foram unânimes em reconhecer, não obstante agora, virem dar o dito pelo não dito. Que interessa dizer que, nesse período, foram vendidos €200M de activos ou que anteciparam receitas no valor de €600M? Inveja e mais inveja perante o que de melhor se podia organizar ao nível de engenharia financeira. Não obstante os 100 milhões de dívida adicional ou da emissão de mais 80 milhões de VMOCs, tudo estava controlado e previsto, mesmo o tão propalado default quanto ao reembolso obrigacionista. Foi toda esta perseverança, esta crença na obra feita que o havia levado a sustentar, até ao último instante, aquele conjunto de homens bons e notáveis que, com denodo e vontade inquebrantável, permaneceram ao leme dessa nau que só uma cabala diabólica quis afundar. Foi mesmo uma cabala em que a ponta do icebergue esteve nos acontecimentos de Alcochete cuja gravidade foi empolada pela comunicação social. As forças subterrâneas, finalmente, conseguiram os seus intentos, aproveitando-se de uns meros sopapos chatos nos «meninos mimados», como afirmou o nosso grande presidente. E por muito que custe afirmar, tudo foi feito com a conivência de uma Justiça que preferiu ser cega e não ver a realidade. Assembleias Gerais Transitórias ilegais? Presidente da Mesa da Assembleia Geral legitimado? Legalidade da Assembleia plebiscitária de 23 de Junho? Tudo inveja, tudo cabalas que os sportinguistas, há muito, perceberam. Por isso terão de contar com Epaminondas da Silva, o candidato que não desdenhará um esclarecimento que junto da Assembleia da República quer junto do Grupo de Stromp para, de uma vez por todas, lhe ser reconhecida a excelência que muito poucos ousam contestar. A suspensão da sua qualidade de sócio em nada altera esta intenção, pois apenas se trata de uma mera formalidade. O que interessa é a materialidade do acto, a força do propósito, mesmo que tal envolva o abandono, ainda que temporário, do grande timoneiro. Sporting talks? Parole, parole, parole. Epaminondas dixit!"

Abrantes Mendes, in A Bola

Welcome to the ICC. Vai começar a Liga dos Campeões dos amigáveis

"A International Champions Cup, torneio de pré-época com 19 das melhores equipas do mundo, começa esta sexta-feira (madrugada de sábado, na hora portuguesa), com jogos nos EUA, na Europa e em Singapura, que juntam o melhor de dois mundos para os clubes: digressões lucrativas e amigáveis competitivos

Faltavam oito minutos para acabar o jogo quando Fabian Barthez comprovou um dos clichés do futebol: os guarda-redes são avançados frustrados. O internacional francês, então guardião da baliza do Manchester United, pediu a Alex Ferguson que lhe deixasse cumprir um sonho de infância: ser jogador de campo. E, aos 82 minutos de uma farta goleada (8-1) inglesa frente a uma selecção de jogadores de Singapura, Barthez entrou para avançado, para gáudio dos 50 mil adeptos nas bancadas - e para gargalhadas do staff.
Nesse dia, 24 de julho de 2001, Charlie Stillitano estava no Estádio Kallang a assistir àquele amigável de um grau máximo de amigabilidade. "Estavam todos a rir e brincar, até os próprios directores do Manchester United", recordou, ao "The Guardian".
Mas o director da Relevent Sports não achou graça.
E foi em 2003, quando se sentou para conversar com o vencedor da Taça UEFA, que confirmou a ideia que tinha criado naquele dia em Singapura. "Sentei-me com o José Mourinho e ele disse-me assim: 'O que que quero é jogar jogos muito difíceis'. O José foi a primeira pessoa não só a percebê-lo, mas a exigi-lo. E o Sir Alex Ferguson escreveu, mais tarde, que também aprendeu algo sobre as pré-épocas com o José".
Foi assim que, em 2003, Charlie Stillitano e a Relevent Sports começaram a organizar a International Champions Cup (ICC), torneio de pré-época que acabou com goleadas e brincadeiras burlescas, juntando o melhor de dois mundos para os grandes clubes europeus: digressões lucrativas e jogos competitivos.
Ou, pondo isto noutra perspectiva: uma maneira de fingir algum interesse em jogos de digressões que, de outro modo, pouco interesse teriam para os adeptos.
Todos querem ganhar, claro, mas também não faz mal nenhum amealhar: no ano passado, a maioria das equipas participantes acumulou €3 milhões por jogo, enquanto os cabeças de cartaz Manchester United, Real Madrid e Barcelona levaram para casa mais de €22 milhões apenas por jogarem, mais alguns "trocos" consoante as assistências dos respectivos jogos - e as assistências não são de desprezar.
A base do torneio é nos EUA (apesar de também haver jogos pontuais em Itália, na Alemanha, no Reino Unido, em Espanha, em França, em Portugal e em Singapura), porque, enquanto não há NBA e NFL para entreter os adeptos norte-americanos, há soccer - e a receita tem funcionado na perfeição. Os jogos do ICC têm batido consistentemente recordes de assistência em jogos de futebol nos EUA (93,098 no Real Madrid-Manchester City; 82,104 no Barcelona-Juventus; 80,162 no Barcelona-Manchester United) e é provável que este ano volte a acontecer o mesmo, já no Manchester United-Liverpool, no Estádio Michigan, mais conhecido por "The Big House", que costuma receber 107 mil adeptos em jogos de futebol americano.
Dentro do que é um torneio amigável, este é, de facto, dos mais sérios que pode haver, não só pelo muitos milhões que envolve, mas porque tem uma tabela classificativa, com as 19 equipas participantes (cada uma disputa três jogos) e muitas rivalidades pelo meio. Há seis clubes ingleses - Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham -, quatro clubes espanhóis - Atlético de Madrid, Barcelona, Real Madrid e Sevilha -, quatro clubes italianos - Inter, Juventus (ainda sem Ronaldo, note-se), AC Milan e Roma, dois clubes franceses - PSG e Lyon -, dois clubes alemães - Bayern Munique e Borussia Dortmund - e apenas um clube português, o Benfica. 
"Os EUA e a América do Norte como um todo são e vão continuar a ser um mercado essencial para nós", disse à "Forbes" o CEO do Liverpool, Peter Moore, para quem a conjugação que o ICC faz entre dinheiro e competitividade está no ponto certo. "É um torneio sério, não são amigáveis, posso dizer-vos. Quando, por exemplo, formos jogar contra o Manchester United, isso não será um 'amigável'. Será um jogo muitíssimo disputado. Nesse jogo em particular, os jogadores de ambas as equipas que estiveram no Mundial já estarão de volta, pelo que irão lutar novamente pelos seus lugares nas respectivas equipas. Acho que será um espectáculo magnífico", acrescentou.
Charlie Stillitano diz o mesmo. "Sabemos que isto não é a Premier League, La Liga ou a Champions League. Não estamos a tentar fingir que é, mas é um torneio muito sério no qual todas as grandes equipas querem estar para se prepararem para a época da melhor forma", disse o organizador da ICC, que este ano também apresentou outras novidades, por querer "o melhor para o futebol", assegura. 
Além do torneio masculino haverá também um torneio feminino, no qual participam Manchester City, Chelsea, PSG e as norte-americanas North Carolina Courage, e um torneio sub-14, onde participam jovens promissores dos clubes que irão participar na versão sénior da prova. "Acredito muito no poder do desporto como um veículo para ajudar os jovens a crescer e a amadurecer. Acho que não há modelos suficientes no desporto para as raparigas, por exemplo. Neste momento, não se trata de dinheiro, trata-se que querer que o futebol cresça".

Calendário de Jogos
Sábado, 21 de Julho:
Manchester City-Borussia Dortmund (02h05, SportTV2)
Bayern Munique-PSG (15h15, SportTV2)

Domingo, 22 de Julho:
Liverpool-Borussia Dortmund (21h05, SportTV2)

Quinta-feira, 26 de Julho:
Juventus-Bayern Munique (0h05, SportTV2) 
Borussia Dortmund-Benfica (01h05, SportTV1)
Manchester City-Liverpool (01h05, SportTV3)
Roma-Tottenham (03h05, SportTV2)
AC Milan-Manchester United (04h05, SportTV3) 
Atlético Madrid-Arsenal (12h35, SportTV2)

Sábado, 28 de Julho:
Arsenal-PSG (12h35, SportTV2)
Benfica-Juventus (18h05, SportTV1)
Chelsea-Inter (19h05, SportTV2)
Manchester United-Liverpool (22h05, SportTV2)

Domingo, 29 de Julho:
Bayern Munique-Manchester City (0h05, SportTV3) 
Barcelona-Tottenham (04h05, SportTV2)

Segunda-feira, 30 de Julho:
PSG-Atlético Madrid (12h35, SportTV2)

Quarta-feira, 1 de Agosto:
Manchester United-Real Madrid (01h05, SportTV3)
Tottenham-AC Milan (01h35, SportTV1)
Barcelona-Roma (03h05, SportTV2)
Arsenal-Chelsea (20h05, SportTV2)
Benfica-Lyon (21h05, SportTV1)

Sábado, 4 de Agosto:
Real Madrid-Juventus (23h05, SportTV3)

Domingo, 5 de Agosto:
AC Milan-Barcelona (01h05, SportTV2)

Quarta-feira, 8 de Agosto:
Real Madrid-Roma (01h05, SportTV)

Sábado, 11 de Agosto:
Atlético Madrid-Inter (20h05, SportTV)"

Os donos da bola

"De regresso, temporariamente, à liderança do Sporting, Sousa Cintra abordou esta semana o papel actual que desempenham os empresários no futebol. Um comentário interessante, porque nos permite comparar com uma realidade muito distante daquela que o responsável conheceu nos tempos em que presidiu o clube leonino entre 1989 e 1995. O impacto destes agentes desportivos é hoje muito maior no quotidiano do futebol nacional e internacional.
"Os clubes, hoje, estão presos aos empresários, uns sem escrúpulos nenhuns. Lidar com empresários sempre foi complicado, mas agora tornou-se um requinte muito grande. Hoje é uma coisa, amanhã outra, depois existem os outros clubes… É uma novela que nunca mais termina." As palavras do dirigente leonino acabam por marcar as diferenças entre duas épocas distintas. Ao contrário do passado, em que os agentes iam sendo vistos como parceiros de negócio, que ajudavam os clubes a desenvolver a sua actuação no mercado de transferências, hoje isso já não acontece do mesmo modo. As regras do jogo mudaram consideravelmente.
Os agentes gozam de uma maior autonomia, têm uma agenda e planificação próprias (na escolha dos jogadores e das apostas que querem fazer em determinada temporada) e acabam por impor essa vontade aos clubes. Por exemplo, os 'timings' para se efectivar a venda de um activo nem sempre são coincidentes. Aos clubes, pode ser benéfico que um jogador se valorize ao longo de ciclos de 3, 4 anos, de modo a ter um valor de mercado maior no momento da sua venda. Por seu lado, como temos visto, ao fim de uma temporada como titulares, são muitos os jogadores que acabam agora por ser vendidos, porque os agentes acabam por 'encontrar' oportunidades de negócio, acabando por convencer os atletas com a procura de melhores clubes e/ou salários.
A dificuldade em conciliar interesses de clubes e empresários na gestão de carreira dos atletas, acaba por ser um dos maiores problemas que o futebol enfrenta actualmente. Numa indústria que movimenta cada vez mais milhões nos principais mercados, é legítimo que todos procurem o melhor para si, mas os interesses de todas as partes envolvidas nem sempre saem devidamente defendidos, penalizando os clubes em parte dos casos.
Praticamente todos os jogadores são hoje representados por um agente, seja um craque de top mundial ou um atleta desconhecido, quase nenhum dispensa os préstimos de um empresário. E muitos clubes também acabam por recorrer aos seus serviços, assinando procurações para intermediação de negócios ou mesmo contratos de 'scouting' para descoberta de novos talentos. Muitos clubes mantêm mesmo relações privilegiadas apenas com alguns agentes, o que gera uma espécie de dependência nas decisões que são tomadas, que acabam por restringir muito a sua actuação no mercado, que acaba por ficar confinada a uma espécie de catálogo limitado.
A FIFA há muito que procura encontrar a fórmula certa para regular a actividade dos empresários de futebol. Muitos deles começam a investir nos passes de jogadores ou no capital de algumas SAD e essas actividades distintas podem gerar, no mínimo, a dúvida se não existirá aqui um conflito de interesses. O agente de jogadores é hoje uma figura que integra o fenómeno do futebol. O seu papel crescente na indústria é inquestionável e, na maioria dos casos, por via da enorme carteira de contactos e boas relações que foram alimentando ao longo do tempo, são eles os grandes agitadores do mercado de transferências, para o bem ou para o mal.

O Craque
Garantia de golos
Um jogador que aponta 70 golos em 90 jogos oficiais é uma mais-valia inquestionável. Não é fácil encontrar um substituto capaz de manter registo semelhante, sobretudo num mercado inflacionado, no qual as equipas portuguesas parecem estar a perder margem negocial. Daí que, a possibilidade de o Sporting conseguir resgatar Bas Dost seja a solução ideal para os leões para preencherem a vaga que têm para o ataque. O ponta-de-lança holandês é garantia de golos e viria resolver um problema na formação da equipa de José Peseiro.

A Jogada
Campeões do Mundo
O Mundial da Rússia consagrou a França no lugar mais alto. Uma vitória justa de uma selecção que, apesar de o imenso talento individual dos seus jogadores, se destacou na prova pelo seu pragmatismo colectivo, conseguindo explorar as fraquezas dos adversários e impor a sua força. Pelo meio-campo poderoso composto por Kanté, Pogba e Matuidi, passou muito do sucesso dos franceses, na recuperação da bola e lançamento do ataque. Ao contrário do Euro'2016, em que praticou um futebol mais alegre, desta vez a França teve menos exuberância e mais eficiência, sem explorar todo o seu potencial.

A Dúvida
Mudança de estilo
Espanha e Alemanha conquistaram os Mundiais de 2010 e 2014, respectivamente, com um futebol baseado na circulação de bola e controlo paciente do jogo, estilo que se observou em várias equipas ao longo da última década. Este Mundial fica marcado por uma quebra com o passado. Várias selecções optaram por um jogo mais rápido, vertiginoso e sem tanta posse para chegar à baliza adversária. Nota-se igualmente um futebol mais físico, com jogadores mais robustos, na tentativa de vencerem mais duelos individuais dentro de campo. Será esta a tendência a vingar nos próximos anos?"

António Oliveira, in Record

Comecemos por Hanermas e Thomas Khun

"Para enunciar as lições que o Mundial de Futebol, que há pouco findou, me trouxe, começo por Habermas, tentando, com ele, criticar o positivismo que, num facto ou num acontecimento, não descobre valores; criticar o conhecimento científico que se julga “politicamente neutro”; criticar, por fim, as ciências que nos dizem, com vocação contemplativa, que reflectem fielmente a realidade.
No celebérrimo A Estrutura das Revoluções Científicas, Thomas Kuhn sublinha que “uma revolução científica leva inevitavelmente ao deslocamento dos principais problemas que se colocam à investigação científica” e que os especialistas detestam mudar de paradigma, chegando mesmo a ser intolerantes e grosseiros, em relação àqueles que inventam novos paradigmas. Deste breve (brevíssimo) enunciar de tópicos do pensamento de Habermas e Thomas Kuhn, permito-me eu deduzir que o futebol não pode pôr-se à margem do contexto sócio-político, de que é simultaneamente criador e produto. Nem desconhecer o paradigma que explica as metodologias que se utilizam nos treinos e nas competições. Foi de todas as equipas a que mais me aproximava do sentimento estético. É verdade: o “onze”, onde jogavam o Alisson, o Fagner, o Thiago Silva, o Miranda e o Marcelo; o Paulinho, o Renato Augusto e o Fernandinho; o Roberto Firmino, o Coutinho e o Neymar (e outros mais ainda) – aquela selecção nacional brasileira, com o maravilhoso esplendor do seu futebol, surgia-me, filha de Apolo e Diónisos, como uma autêntica expressão da “beleza clássica”, como um modelo de sublimidade estética. Só que o futebol de alta competição não é circo e jogar num Mundial de Futebol, como se joga na praia de Copacabana, é sinal certo de derrota e de sussurro incessante de tristeza da “torcida”. Escreveu o Rogério Azevedo, n’A Bola (2018/7/7): “O futebolzinho de pé para pé caiu aos pés da objectividade”. Eu sei que poucas vezes assisti a uma exibição tão perfeita de um guarda-redes, como a do Thibaut Courtois, da selecção nacional belga. Tive, por vezes, a sensação, por uma infantil e estranha ilusão. que ele, ele só, impedira o Brasil de chegar à vitória. Mas há mais do que beleza nas grandes equipas do futebol hodierno.
Não esqueço o que aprendi com o filósofo brasileiro José Arthur Giannotti quando ambos, em 1987, em Florianópolis, fomos os conferencistas de um colóquio, aberto ao público universitário da cidade: “entre os séculos XV e XIX, entre o Renascimento e o Impressionismo, altera-se a ideia de um objecto sempre igual a si mesmo (…). Surge em seu lugar a ideia de um objecto que se modifica diante do nosso olhar, que se revela a gestalts, a apreensões diferentes: cada golpe de percepção faz aparecer uma coisa diferente. Compare-se a ideia de representação, presente em obras cubistas de Picasso (1881-1973), com a ideia de representação, presente nas pinturas renascentistas, por exemplo Michelangelo (1475-1564) ou Leonardo Da Vinci (1452-1519” (José Auri Cunha, Iniciação à Investigação Filosófica, Alínea Editora, Campinas, 2000, pp. 400/401).
Tudo é História, tudo é processo, por outras palavras: tudo se transforma, designadamente pela práxis humana. Por isso, o futebol (e o mundo onde desse futebol nasceu) de Ladislao Kubala, Di Stéfano, José Travassos, Pedroto, Matateu, Puskas, Eusébio, Coluna era percepcionado e praticado de modo bem diverso do futebol, hoje percepcionado e praticado. pelo Ronaldo, ou o Messi, ou o Neymar, ou o Mbappé, ou o De Bruyne. A transferência do Cristiano Ronaldo, por 117 milhões de euros, num contrato que prevê um ordenado, para este jogador, de 30 milhões anuais, ou seja, por cada hora vai auferir 3425 euros – a transferência de Cristiano Ronaldo era impensável, há 50 e 60 anos! O futebol era outro? Sem dúvida! Mas outros eram também a Europa e o Mundo. Hoje, a um jogo de futebol presidem as categorias típicas do mais férreo economicismo, ou seja, as finanças comandam a economia, sem um leve pendor que seja de crítica social. As invenções tecnológicas são muitas e muito eficientes. Mas o crescimento exponencial da ânsia do Lucro e da Corrupção é muito maior ainda…
O meu “herói” deste Mundial-2018? Fecho os olhos, para pensar e reabro-os para afirmar: Kylian Mbappé, um produto da “banlieu” de Paris. Nasceu, em 1998, em Bondy, uma cidade de 52000 habitantes, distante 12 quilómetros do centro de Paris. E onde muita coisa indispensável falta. Só o futebol (a mais importante das coisas pouco importantes) não falta. Nos vastos “cafés populares”, os pais, a suar tristeza, não ocultam a ideia de que está no futebol (e não na escola republicana) a réstia de esperança de os seus filhos poderem ser “alguém” e ajudarem a família a sair de uma vida próxima da angústia, próxima da revolta… perante a serena indiferença de alguns políticos, defensores da “democracia”, ou seja, de um regime político formal e não mais do que formal. Os melhores jogadores de futebol provêm, normalmente, de famílias, alienadas pelo populismo, pela demagogia, pelo descalabro das democracias políticas que o capitalismo perverteu, quero eu dizer: famílias pobres, no corpo e na alma. Na Europa, o “fenómeno” repete-se. “A recente vitória do europeísta Macron contra a populista Marine Le Pen, por bem-vinda que seja, não vai resolver a crise política da Europa, se bem que, para muitos, ele represente ou encarne mesmo, um novo ânimo da utopia europeia. O populismo que avança manifesta, precisamente, as falhas e lacunas dessa utopia, desenhando em negativo o seu avesso distópico, ao propor, perversamente, uma outra cena idílica, da Pátria reencontrada, da identidade recuperada, da Ordem restaurada – a partir do ódio e da destruição do inimigo” (José Gil, “Europa: utopia ou distopia?”, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 4 a 17 de Julho de 2018). Mundo em crise: futebol em crise, inevitavelmente. Quando eu venho dizendo, há alguns anos já, que o desporto mais publicitado e propagandeado reproduz e multiplica as taras do capitalismo que nos governa, quero dizer isto mesmo.
Não digo que não se consiga lobrigar, no futebol, minúsculos oásis, intocados pela erosão dos mais altos valores humanos e desportivos e sem as tempestades do facciosismo clubístico. Não digo que, no meio das serpentes fosfóreas de luzes dos grandes espectáculos desportivos, não se movimentem pessoas de sinceridade irrepreensível, no acatamento de uma ética que não se confunde com a razão eurocêntrica, machista, politicamente dominadora, culturalmente manipuladora e religiosamente fetichista. Mas são raros, tão raros que só podem contemplar-se com as mais expressivas e carinhosas manifestações de espanto. “Mbappé, afirma o El País, de 2018/7/2, nasce de uma família bem estruturada. Será o herdeiro natural de Cristiano e de Messi, já que o Neymar tem um modo diferente de ver a vida e de comportar-se, como pessoa”. E continua o mesmo conceituado analista do futebol internacional: “Kylian é um jovem que, num ano só, de preparação mais intensa, foi imediatamente convidado a ingressar na elite do futebol. Fez depois a pré-temporada, com a primeira equipa do Mónaco e realizou-a com um arrojo e competência tais que o consideraram, em poucos dias, imprescindível”.
Agora, no PSG, já tem lugar assegurado, na primeira equipa. Griezmann, seu colega na equipa nacional gaulesa, não esconde vibrantes palavras de louvor à velocidade de Mbappé e à sua conduta ética: “Tem a maturidade, a precocidade e a humildade de Pelé”. No que à velocidade diz respeito, a sua potência física permite-lhe correr a 37,4 km./h. Salah, avançado do Liverpool, que se julgava o mais rápido jogador da UEFA, não ultrapassa os 33,8 km. por hora!... Entretanto, o nosso Cristiano Ronaldo, num estado de inquietação permanente, de contínua ebulição, não cessa de proclamar urbi et orbi: “eu sou diferente de todos os outros”. E é – é ainda o melhor jogador de futebol do mundo. “Ainda” disse eu. Ou seja: um dia, deixará de ser! É conhecido o texto do poeta inglês, Alexander Pope (1688-1744): “A noite encobria a natureza e as suas leis. Então, Deus disse: Faça-se Newton! E a luz voltou a nascer!”. Tudo é tempo e, como tempo, somos todos iguais."

Música no coração

"Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Livramento e Chana. Há nomes que juntos têm uma musicalidade própria, única, eterna. Uma ligação tão íntima que quase não concebemos dizê-los em separado, tal a dimensão daquilo que representaram quando, por obra e graça do destino, se cruzaram num quinteto maravilha. Haverá outras associações tão ou mais lendárias (basta recordar os Cinco Violinos), mas esta também entrou na história e no coração dos sportinguistas e de todos os portugueses.
O tempo em que o hóquei em patins lotava pavilhões já lá vai, mas ficam para a posteridade jogos e conquistas que nas colecções dos jornais e nos vídeos de arquivo podemos revisitar mas nunca reviver com a mesma emoção. Em 1977, o velhinho pavilhão de Alvalade foi pequeno para acolher todos os adeptos que queriam testemunhar a primeira Taça dos Campeões Europeus ganha por um clube português. Durante anos a fio, o Réus, o Voltregá e o Barcelona levaram o título (este e outros) para Espanha. Até à época em que se juntaram no rinque Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Livramento e Chana.
Livramento foi o melhor jogador do Mundo da sua geração e deixou-nos muito cedo, há quase 20 anos. Ontem, partiu outra figura desta estrela de cinco pontas, João Sobrinho. A música ficará no nosso coração."

O drama das mulheres bonitas

"A FIFA proibiu as televisões que cobriam o Mundial de focarem mulheres atraentes. Quem define, e como, “mulher atraente”?

“Enquanto o meu corpo for belo,
É pecado ser piedosa.
É sabido que Deus gosta das mulheres,
E das bonitas, sobretudo.”
Nietzsche

Arrisco hoje ser crucificado pelos detentores e detentoras da verdade do politicamente correto, uma nova ditadura que nos vai governando e contra a qual é imperioso que nos revoltemos.
Pertenço à maioria silenciosa dos heterossexuais.
Não me considero machista, mas gosto de ver mulheres bonitas. E acho que as mulheres gostam de ser apreciadas, não só pela sua beleza, mas também por ela.
Para mim, as mulheres são do sexo feminino, e os homens do sexo masculino. O género é para a gramática.
Depois desta introdução, aqui vai o meu comentário à fantástica decisão da FIFA de proibir – repito, proibir – as televisões que cobriam o Mundial de futebol de “focarem mulheres atraentes” entre os adeptos que assistiam aos jogos.
A FIFA justificou esta medida pela sua política de “combate ao sexismo”.
Pois bem. Primeira pergunta: quem define, e como, “mulher atraente”? A partir de agora será necessária uma comissão a funcionar junto dos realizadores para avaliar o grau de atractividade de uma adepta?
Segunda pergunta: e porquê só “mulheres atraentes”? Então os homens não são também atraentes? E o perigo de filmar “crianças atraentes”?
Se a medida for para a frente, o que já não me espantaria, quem pode ser filmado entre os espectadores? Só as pessoas “não atraentes”?
Estou já a imaginar um diálogo entre duas amigas:
– Olá. Já sei que foste ontem ao futebol. Vi-te na televisão.
– O quê? Filmaram-me?
Até podemos levar estas decisões para a brincadeira. Podem ser uma piada de mau gosto.
O problema é que elas revelam uma perigosa tendência censória, um regresso cínico “à moral e aos bons costumes”, cujo outro exemplo é o de abolir os biquínis no concurso de beleza feminino que elege a Miss América.
Se se considera que usar um biquíni é desconfortável para uma mulher que concorre a um concurso de beleza, não será melhor acabar com esse tipo de concursos?
Da mesma forma, regressando ao futebol, não veremos em breve uma brigada à entrada dos estádios a proibir a entrada às adeptas vestidas com “roupas atraentes”?
Alterando um pouco a letra de um conhecido fado:
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto… é parvo!"

Lições do Mundial

"No Rússia18 disputaram-se 64 jogos (48 na fase de grupos e 16 na fase a eliminar).
Não houve equipas só com vitórias e duas perderam todos os jogos (Egipto e Panamá); desta vez não houve quem empatasse sempre...
Apenas houve um resultado 0-0 (Dinamarca-França, no 36.º jogo disputado) e dois jogos com 7 golos marcados (Inglaterra-Panamá, 6-1 e Bélgica-Tunísia, 5-2). Jogo estranho foi o França-Austrália (2-1), com 2 golos de penalti (58’ e 62’) e o outro na própria baliza (81’).
Foram marcados 169 golos (122+47), sendo 65 na 1.ª parte, 101 na 2.ª parte e 3 nos cinco prolongamentos para desempate, que foram jogados pela Croácia (3), Inglaterra e Rússia (2 cada), Espanha, Dinamarca e Colômbia.
Desses prolongamentos só um ficou logo decidido (Croácia-Inglaterra); os outros continuaram empatados (só um com golos, 1-1) e tiveram de ir a penaltis, sem nunca terem chegado ao 5.º pontapé (um terminou 3-2 e os outros 4-3).
Foram marcados 12 golos na própria baliza (9+3, nas duas fases, sendo 1 na final); 18 de penalti (16+2, sendo 1 na final); e 21 nos tempos de compensação (18+3).
Houve 5 golos de livre directo (Ronaldo, Kolarov, Kroos, Quintero e Trippier); e 4 penaltis falhados (Cueva e Sigurdsen, por cima, Messi e Ronaldo, defendidos).
A Bélgica teve o melhor ataque (16 golos), seguida da França (14), sendo que todas as equipas marcaram pelo menos 2 golos; o Panamá teve a pior defesa (11 golos em apenas 3 jogos).
O melhor marcador foi Harry Kane (Inglaterra, 6 golos), seguido de Ronaldo (Portugal), Cheryshev (Rússia), Lukaku (Bélgica), Griesmann e Mbappé (França), todos com 4.
Foram mostrados 219 cartões amarelos (157+62 nas duas fases) e apenas 3 vermelhos (na fase de grupos, 1 directo e 2 por acumulação).
A Arábia Saudita foi a equipa mais correcta (apenas 1 cartão amarelo), Panamá (11) e Coreia do Sul (10) as mais penalizadas (todas em 3 jogos).
Só no Argentina-Islândia e Uruguai-Arábia Saudita não foram mostrados cartões; sendo o máximo (8) no Bélgica-Panamá, França-Argentina e Colômbia-Inglaterra .

Alguns pontos a destacar
Sobre o VAR: de salientar a coragem da FIFA em avançar, com resultados positivos. Acusada de nomear muitos árbitros pouco habituados a actuar em grandes ambientes, a situação foi agravada pela falta de experiência na utilização do VAR; aconteceu muitas vezes aceitarem a opinião do VAR sem irem verificar.
De qualquer maneira houve vários casos em que penaltis foram marcados após intervenção do VAR (como foi o caso do Portugal-Irão, embora erradamente e, na final, com decisão discutível) e o contrário (Brasil-Costa Rica, anulada decisão após consulta).
Outros dois erros, em nosso entender, graves e decisivos, ambos no Croácia-Inglaterra, que a comunicação social praticamente ignorou: há falta atacante no 1.º golo da Croácia, o defesa realmente baixa a cabeça (ligeiramente) mas o avançado ataca a bola de pé em riste junto à cabeça do adversário, em evidente jogo perigoso; e um penalti por assinalar, a poucos minutos do fim, contra a Croácia.

Compensações: foram ajustadas e mais prolongadas do que habitualmente, em média cerca de 1’ 30’’ no final da 1.ª parte e 5’ 25´´ no final da 2.ª parte; frequentemente os minutos concedidos foram ultrapassados, sem razão aparente.
Nos prolongamentos, as compensações foram generosas, mas justificadas pelas demoras; por exemplo, na meia-final Croácia-Inglaterra, foram concedidos 6’ (2+4), proporcionalmente correspondentes a 18’ no tempo regulamentar.
Nos livres directos: os árbitros foram permissivos na distância a que formaram as barreiras. 

Guarda-redes: no geral quase todos se houveram a preceito, sendo de destacar as exibições de Courtois, Subasic, Scheichel, Rui Patrício e, no plano negativo o frango de Muslera e o deslize de Lloris na final; nos penaltis, quer no tempo normal quer nos desempates, muitas vezes, além de se movimentarem (o que é permitido) adiantaram-se antes de a bola partir, nunca tendo sido mandado repetir; exemplos, vários de Schmeichel e o de Ronaldo defendido pelo guarda-redes do Irão.

Lesões: a evidente inferioridade física de Salah, que condicionou todo o desempenho do Egipto; e a lesão de Cavani, que tornou praticamente inexistente o ataque do Uruguai no jogo decisivo.

Para o Futuro
Entendemos que 32 equipas é o máximo admissível num campeonato do Mundo, com a duração aceitável de 32 dias, como aconteceu; foi bem organizado, embora os auto-elogios da FIFA se afigurem exagerados; e os desempates por disciplina são de elogiar e de manter.
Já o falhanço das equipas africanas e asiáticas (apenas uma passou a fase de grupos) e a quebra dos colossos sul-americanos nos quartos de final aponta para o estudo de outras modalidades; que pode ser, mantendo a organização dos quatro potes pelo ranking, o sorteio subsequente seja completamente aberto, admitindo no mesmo grupo várias equipas da mesma confederação, o que irá facilitar o acesso a patamares superiores da competição.
Impera a ideia de que o VAR tira ritmo ao jogo, podemos aceitar; mas há muitas outras situações muito mais gravosas, como sejam lançamentos laterais, pontapés de baliza, formação das barreiras, guarda-redes com a bola nas mãos, marcação de livres e de cantos. Tudo isto aponta para a necessidade de fazer a cronometragem exacta, no mínimo nas compensações e nos prolongamentos, sendo natural que passe a ser uma tarefa do VAR."

Antes dos camelos e dromedários

"Vai custar, mas só daqui a quatro anos é que viveremos as sensações de um Campeonato do Mundo. Digo que vai custar porque este que acabou no domingo foi suficientemente bom para querer ver logo outro de rajada.
A próxima edição do torneio será, como sabem, em 2022, no Qatar. Antevendo a coisa em poucas palavras, significa que teremos um torneio banhado pelo Golfo Pérsico, com uma panorâmica pitoresca de camelos e dromedários. E não esqueçamos os estádios grotescamente climatizados para subtrair o peso do calor.
Lá chegaremos aos cavalos do deserto. Para já, façamos um tributo ao Rússia 2018, que foi uma prova bem divertida e que não se cinge ao momento - inacreditavelmente escavacado pelo realizador da transmissão da final - em que Hugo Lloris ergueu o troféu no relvado do Luzhniki.
Análise tácticas mais minuciosas podem ficar para outra oportunidade. Mas creio ter sido flagrante a importância do plano específico para um determinado jogo, em que se entenda que vantagem a equipa A pode adquirir com o recurso a uma nuance, de acordo com os traços da equipa B, que tem pela frente.
Roberto Martínez, coadjuvado por Graeme Jones e Thierry Henry, foi dos mais astutos nesse parâmetro, com destaque no jogo dos quartos-de-final, em Kazan, contra o Brasil. Desmantelou o 3421, tirou Carrasco e Mertens que estavam a destoar, introduziu um terceiro médio e misturou Hazard, Lukaku e De Bruyne na frente. Perfeito! O problema é que os Diabos Vermelhos, sem Meunier para as “meias”, perderam o tridente para ferir a França. A estruturação do alinhamento contra os gauleses foi fraca. A equipa deixou de ter cola e rapidamente a Bélgica percebeu que não ia ser capaz de encadear ataques, especialmente contra uma equipa tão estabilizada como a de Deschamps.
Giroud não marcou golos no Mundial? Que importa isso, avaliando tudo o resto que ele acrescentou, designadamente como colaborou na primeira linha de cobertura e na maneira como viabilizou situações de golo para os outros colegas? Comparem por exemplo, a produção de Griezmann na primeira volta no Atlético de Madrid, quando fazia sociedade com Correa, com a segunda volta, entretanto com Diego Costa a fazer dupla com ele. Giroud teve um papel semelhante ao da fera de Lagarto, capitalizando a mobilidade de Griezmann nas zonas mais recuadas para a ligação. Giroud é o melhor para melhorar Griezmann. E melhorando Griezmann fica-se mais perto de ser a melhor equipa. Já agora, há 20 anos, quantos não implicavam com Guivarc’h, o ponta de lança do Auxerre?…
Lloris foi o capitão silencioso que a França precisava. Fraquejou no golo de Mandzukic, mas, fora isso, esteve firme em toda a competição. Fez defesas espetaculares contra Austrália, Uruguai e Bélgica, embora aquela que mais arrepios provocou tenha sido a do inglês Pickford. Como é que o 'keeper Wearsider' alcançou aquela bala de Uribe?!
Eden Hazard foi o mais espectacular nos dribles, vulgarizando Paulinho, Fágner, Fernandinho e toda a Canarinha. Fora de série! Já vi De Bruyne jogar mais, embora também se compreenda que no formato inicial de 3421, em que ele participou contra Panamá, Tunísia e Japão, estava amarrado a Witsel no eixo do meio-campo. Contra o Brasil já actuou mais adiantado, com muito mais liberdade. E aí já foi outra loiça.
Não desgostei da Inglaterra, mas tenho pena que Wilshere e Lallana não tivessem ido no avião para a Rússia. Senti que Southgate não dispôs de gente mais esclarecida para lidar com o aperto croata. Torreira deu mais pedalada ao Uruguai de Tabárez, entretanto desenhado com losango a partir do jogo com a Rússia, guardando melhor as costas a Bentancur. Cavani esteve fenomenal e Fernando Santos sentiu-o de perto. A Rússia saiu-se melhor do que eu esperava e ainda eliminou a Espanha, por muito apática que a ‘Roja’ tenha parecido. Hierro também não teve o golpe de asa numa conjuntura indefinida após o episódio de Lopetegui, antes do jogo com Portugal. Ainda na Sbornaya, Golovin manteve a classe e o dinamismo do costume, enquanto Cheryshev rebentou a escala com uma entrada explosiva desde que Dzagoev se lesionou contra a Arábia Saudita.
Marrocos jogou barbaridades e foi das equipas que mais saudades deixou. Vou lembrar-me de Ziyech, Harit, Boussoufa e da intensidade impressionante da pressão e dos ataques magrebinos, mais do que algumas equipas que passaram às eliminatórias. Raciocínio idêntico pode ser feito relativamente ao Peru. Gostei particularmente de Carrillo, impecável jogando pelo flanco direito nos três jogos. 
Modric foi o maior do torneio, embora Mbappé tenha sido o mais explosivo, Kanté o mais frenético na busca e no transporte da bola, Griezmann o que melhor conectou jogo na zona ofensiva e Coutinho o que mais falta fez para nos animar nos dias finais do Mundial. Até ser afastado da prova, o carioca esteve num nível criativo formidável e foi o mais arrebatador jogador do Brasil. Mas ninguém esteva acima de Modric. O golo portentoso que marcou à Argentina estabeleceu o início de uma história fabulosa e não houve parâmetro onde o centrocampista do Real Madrid não tivesse correspondido com um comportamento excepcional. O maior!
Os alemães conseguiram o golpe certeiro de Kroos contra a Suécia que os fez acreditar no apuramento para os “oitavos”, mas caíram frente à República da Coreia e foram mais cedo para casa. Uma desilusão, mas que encontra resposta, entre vários aspectos, na má gestão do dossier Neuer/Ter Stegen.
A Argentina foi uma confusão permanente e Sampaoli não se safou. Mudanças, mudanças e mais mudanças. Adorei o golo de Messi contra a Nigéria, bem lançado por Banega, mas a falta de coesão daquela equipa foi assustadora.
A França corrigiu aquilo que tinha de corrigir depois da estreia contra a Austrália. Contra o Peru, já com Matuidi e Giroud no onze, foi diferente, para muito melhor. A assimetria do desenho, visível no desalinhamento entre Matuidi e Mbappé nos respectivos flancos, foi um dos indicadores do grande equilíbrio de forças da França, percebendo-se que todos os titulares estavam optimizados ao mesmo tempo que o conjunto ficou fortalecido e cooperante. E vimos como Giroud segurava e tabelava, com Griezmann a ligar jogo por onde quisesse. Hernández e Pavard não fizeram a qualificação, mas seguraram muito bem, talvez de uma forma que Mendy e Sidibé não teriam conseguido para libertar as roturas de quem jogasse à sua frente. Ganhou a melhor de todas as Selecções.
Onze ideal: Lloris; Vrsaljko, Varane, Godín, Hernández; Modric, Kanté, Coutinho; Griezmann; Lukaku, Hazard."

Cristiano Ronaldo e Lebron James

"Cristiano Ronaldo e LeBron James são os melhores exemplos de desportistas de sucesso, ao mais alto nível, nos dois desportos colectivos mais mediáticos à escala planetária (futebol e basquetebol). 
Com um ano de diferença a separá-los, o futebolista numa ilha atlântica (Madeira) e o basquetebolista em Akron, pequena cidade do estado do Ohio (USA), tiveram uma infância difícil na qual as mães desempenharam um papel fundamental. Gloria James tinha apenas 16 anos quando LeBron nasceu tendo o pai abandonado a família. Foi uma luta constante e uma vida dura para a jovem mãe que sozinha teve que cuidar do filho trabalhando em condições precárias para fazer face a tão difícil situação. A principal preocupação da mãe foi a de manter o filho ocupado depois das actividades escolares (fora da violência das ruas) com a oferta de uma bola de Basket e o seu encaminhamento para os treinos da equipa da escola. Por sua vez, Dolores Aveiro, mãe de 2 meninas e 2 rapazes, sendo Cristiano o benjamim do clã, nunca virou as costas ao trabalho e no apoio ao agregado familiar. Assumiu muito cedo a liderança em casa sendo, por essa razão, considerada uma mulher de armas. Para além de ser uma mãe excepcional foi sempre a melhor conselheira do filho, tendo acompanhado de muito perto a sua carreira profissional.
Cristiano foi, de certa maneira, um produto do futebol de rua, passando posteriormente para o futebol juvenil ao nível federado, que o encaminhou ainda muito jovem, para a Academia de futebol do Sporting Clube de Portugal. A sua disponibilidade motora, habilidade natural e velocidade de execução aliados à constante auto-motivação de ser cada vez melhor praticante fez com que, após o 6º ano, os estudos fossem relegados para segundo plano (com o consentimento familiar) para se dedicar, exclusivamente, à sua grande ambição: enveredar pela carreira de jogador profissional de futebol. Pelo seu lado, LeBron começou a dar nas vistas nos torneios escolares em representação do High School local (S. Vincent- St. Mary) por força da sua estatura (2,03m), capacidade física e dos imensos argumentos técnicos que lhe permitiam jogar em qualquer posição. Como consequência das suas grandes exibições nos campeonatos estaduais do desporto escolar foi nomeado, por 3 vezes, Mister basquetebol do estado de Ohio, conseguindo assim, granjear enorme reputação a nível nacional e ser considerado, desde logo, um forte candidato a ingressar directamente (sem actuar nos campeonatos universitários) numa equipa da NBA.
Nesta fase das suas vidas, ambos já se tinham apercebido que para alcançar os objectivos que se propunham, ser jogadores profissionais na respectiva modalidade, havia muito trabalho de casa (treino invisível) para fazer e que a sua concretização não passava, exclusivamente, pelos treinos regulares das respectivas equipas. Para além do trabalho específico de ginásio, era fundamental uma alimentação adequada, assim como uma vida regrada (nada de tabaco, álcool, drogas e noitadas). A única maneira para atingir o patamar seguinte implicava o cumprimento rigoroso destas regras, pois eles queriam ser os melhores entre os melhores o que obrigava à realização de alguns sacrifícios que, mais tarde, se tornariam em hábitos saudáveis.
O passo seguinte, foi a transferência de Cristiano para o Manchester United da Liga Inglesa e o recrutamento de James pelo Cleveland Cavaliers da National Basketball Association. Eram os primeiros passos nas melhores ligas profissionais de clubes de alta competição a nível internacional e a concretização de um sonho de rapazes. Daqui em diante, através de muito trabalho, dedicação, perseverança e profissionalismo dos dois atletas, a sua evolução, como excelentes praticantes, foi-se sistematizando e os resultados aparecendo progressivamente com novas conquistas pessoais e colectivas. No futebol, Cristiano foi-se enquadrando na organização do Manchester United e adaptando à preparação física e técnico-desportiva seguida nos grandes clubes profissionais do futebol inglês. Embora, as condições atmosféricas e as competições desportivas fossem mais exigentes que em Portugal, essa mudança não o atrapalhou em nada devido à sua enorme força de vontade de mostrar serviço no seu novo clube. Entretanto, foi aperfeiçoando a sua maneira de interpretar o jogo, conquistando espaço e tempo de actuação na equipa principal. Na NBA a música é outra, pois não se trata de uma verdadeira liga nacional, mas sim de uma liga internacional, onde somente os melhores praticantes a nível mundial têm assento e, por esse facto, a selecção dos atletas passa por critérios muito exigentes. No entanto, dar o salto directamente duma equipa do High School (ensino secundário) para uma formação da melhor competição de basquetebol do mundo, só é possível para alguns predestinados, como era o caso de James.
No período entre 2003 e 2009, ao serviço do Manchester United, embora sendo ainda muito jovem, Cristiano contribuíu de forma decisiva para a conquista de diversos títulos tais como: Taça de Inglaterra (2003-04), Taça da Liga (2005-06), Premier League (2006-07), Super Taça de Inglaterra (2007), Premier League (2007-08) e Liga dos Campeões (2007-08). Por sua vez, LeBron como principal referência do Cleveland Cavaliers (2003-2010), logo na sua primeira época (2003-04) foi eleito novato (rookie) do ano e, na época de 2006-07, liderou a sua equipa até às finais do playoff da NBA, tendo sido derrotado por 4-0 pelo San Antonio Spurs. Nas épocas de 2008-09 e 2009-10 foi eleito o melhor jogador da fase regular do campeonato ajudando o Cleveland Cavaliers a conseguirem mais de 60 vitórias em cada uma das referidas épocas.
Ambos estavam no bom caminho, mas a sua ambição era ir mais além, tinham outros desafios e outras conquistas em mente, pelo que na primeira oportunidade que surgisse dariam o ambicionado salto no desconhecido, na procura de situações novas e aliciantes que contribuíssem para a sua valorização pessoal, afirmação do seu enorme talento e satisfação do próprio ego. A mudança de CR para o Real Madrid e de LJ para os Miami Heat, onde se iriam juntar a outros nomes famosos das respectivas modalidades desportivas, proporcionou-lhes um outro leque de novos desafios e oportunidades de conquistas colectivas, que íam exactamente ao encontro dos seus sonhos de criança, bem como a satisfação de ambições desportivas e financeiras ao nível das super estrelas. E o sonho tornou-se realidade, um desfecho justo e compensatório para dois atletas talentosos que tinham investido todo o seu esforço e dedicação, através duma entrega sem limites, num percurso de vida difícil e de desgaste rápido escolhido quando ainda eram crianças.
Enquanto jogador do Real Madrid (2009-2018), Cristiano teve a oportunidade de mostrar todas as suas qualidades ajudando a conquistar em termos colectivos: 4 Ligas dos Campeões, 2 Ligas de Espanha, 3 Mundiais de Clubes, 2 Copas do Rey, 3 Supercopas da Europa e 2 Super Copas de Espanha a que se juntaram a título individual: 5 Bolas de Ouro, 3 Prémios UEFA como melhor jogador Europeu e 3 Botas de Ouro. Se acrescentarmos a este palmarés os 450 golos marcados em 438 jogos, entendemos que realizou um percurso desportivo notável em terras de nuestros hermanos e a nível internacional sendo, por isso, considerado o melhor jogador de sempre da história do Real Madrid. Com a selecção nacional de Portugal foi campeão europeu e é recordista de golos marcados e jogos efectuados.
Entretanto, LeBron, em quatro anos em Miami (2010-2014) na companhia de Dwyane Wade e Chris Bosh (internacionais USA) liderou os Heat à conquista de dois títulos da NBA (2012 e 2013). O seu contributo foi de tal maneira decisivo, na obtenção destes dois campeonatos que acabou por ser eleito MVP (Most Valuable Player) da época regular e das finais da NBA. Em 2014, decidiu voltar ao Cleveland Cavaliers com a promessa de conquistar o título da NBA com a equipa do seu estado natal (Ohio). Assim, em 2016, o prometido foi cumprido, com a colaboração de outros dois excelentes internacionais norte americanos, Kyrie Irving e Kevin Love. A formação liderada por James conquistou o título da NBA, após uma série final de playoffs em que estavam numa situação desfavorável (1 vitória e 3 derrotas) em confronto com os Golden State Warriors e, num volte face surpreendente, nunca antes acontecido na história da competição, alterar o desfecho final para 4-3. Acresce que LeBron James também foi campeão olímpico com a selecção nacional dos EUA nos JO de Pequim-2008 e Londres-2012.
Terminada a época de 2017-18, e após alguns desabafos públicos de alguma insastifação, quer de Cristiano Ronaldo, quer de LeBron James, face à ausência de projectos aliciantes nos respectivos clubes que fossem novos desafios e motivação extra para estes dois extraordinários atletas, ambos procuraram novas paragens. Cristiano trocou Madrid por Turim (Juventus) e LeBron viajou de Cleveland para Los Angeles (Lakers) dando, assim, início a uma nova etapa das suas vidas de desportistas profissionais, não em fim de carreira como se apregoa aos sete ventos, mas sim uma etapa complementar de consolidação do seu incomensurável valor e exemplar comportamento de dedicação profissional. Esta afirmação tem por base o cuidado que ambos dão ao treino invisível, o que faz com que as respectivas idades fisiológicas sejam bastante inferiores ás suas idades cronológicas. Não é por acaso que Cristiano Ronaldo e LeBron James são considerados os dois melhores jogadores a nível mundial no Futebol e Basquetebol e dos melhores atletas de sempre de desportos colectivos."