Os B's e o regresso do Bruno Lage

Hoje foi o dia da apresentação da nossa equipa B.
Num ano 'diferente', com a introdução do escalão dos sub-23, ainda existem muitas dúvidas de como será feita a gestão dos jogadores.
Com os 28 jogadores que se apresentaram hoje, mais os 5 que estão na Selecção de sub-19 (a preparar o Europeu) e ainda com alguns que iniciaram a época no plantel principal, mas podem 'cair' para a B, temos um plantel de quase 35 jogadores!!!
Mesmo com alguns prováveis empréstimos, a equipas da 1.ª Liga, parece-me que este plantel, irá fazer os dois campeonatos: II Liga e o de sub-23 !!!

GR: Zlobin, Duarte, Azevedo
DD: Ramirez, Pinheiro
DC: Ferro, Kalaica, Zec, Lystcov, Loureiro, Álvaro
DE: Amaral, N. Tavares, Jorginho, Frimpong
M: Vukotic, Mendes, Dálcio, Dantas, Pinto, Guga
Ext: Edi Semedo, Vinicius, Conceição
Av: Carter, Anjos, Saponjic, Soares
A estes que se apresentaram hoje, devem-se juntar o Florentino, Nuno Santos, Dju, Jota e o Zé Gomes.

A grande 'novidade' que já não era novidade, foi a apresentação oficial do Bruno Laje como treinador da equipa B.
Depois de vários anos na formação do Benfica, aventurou-se pelas Arábias e acabou por ser adjunto do Carvalhal em Inglaterra. Regressa assim a casa, um dos treinadores com mais 'cartel' nos seguidores da formação do Benfica!

Muito mais bola; menos resultado

"Não sei se foi pecado, mas foi um jogo fechado. Também não sei se foi pecado, mas foi um jogo aberto. Contradição? Não, de todo. Fechado na postura do Uruguai, que beneficiou, é verdade, de um golo cedo, um golo tranquilizador, que condicionou a sua acção posterior e perturbou os nossos intentos. Aberto, no que diz respeito ao resultado, imprevisível até ao apito final, mesmo depois da igualdade garantida pelo combinado luso, a que se seguiu um novo remate certeiro do antagonista. 
Portugal andou sempre à frente do jogo, ao invés do que sucedeu nos três embates antecedentes. Paradoxalmente, ficámos atrás no resultado. Parece contraditório, mas não é. Ter bola não é tudo, ter golo é (quase) tudo. Portugal teve mais bola, Uruguai teve mais golo. Porquê? Porque ter bola pode ter defeito, ter golo é sempre perfeito.
A turma adversária batalhou muito, foi sempre abnegada. Até quando levou um soco de Pepe, soube reagir à tontura, com ideias precisas, cabeça pensante, pés firmes. Portugal lutou, lutou muito, quase até à exaustão, mas perdeu na eficácia, ante uma muralha sem brechas, humilde e tão singela quanto infalível. Foi o triunfo do futebol cerrado com episódicas e bem-sucedidas aventuras ofensivas, frente a uma equipa disponível, trabalhadora, mas carente de soluções eficazes.
Campeões da Europa em título, abandonámos o grande certame com alguma precocidade e a consequente lamentação. Faz sentido, ainda que possamos ‘namorar’ no infortúnio, por exemplo, a Alemanha, a Argentina, a Espanha. Este Mundial pode reservar outras surpresas e, cada vez mais, os colectivos bem formatados, mentalmente muito sólidos e inteligentes na gestão do jogo, podem ganhar ascendente, mesmo contrariando apostas maioritárias.
Agora, que futuro para Portugal? Nenhuma razão para dramatismo, muitas razões para optimismo. Temos de nos agarrar ao nosso estilo, à nossa tipicidade. Temos bola, gostamos de bola, sabemos de bola, queremos bola. Verdade que estilo sem sucesso dói e retira poder. Adultera personalidade, afasta convicção, castra confiança. Mas estilo é sempre estilo e, bem gerido e melhor interpretado, tem tudo para conduzir ao sucesso.
O estilo, o nosso estilo, aquela forma tão portuguesa de jogar, é o trajecto que conduz ao poder. Bola, muita bola, sempre bola. Habilidade, destreza. Imprevisto. Se temos reconhecida vocação e indubitável paixão, Portugal só pode estar sempre presente nos grandes acontecimentos do futebol. Não é crença, é mesmo certeza."

Golo à Eddy Merckx

"Hoje joga a Bélgica e, em dia de defrontar o Japão, destacamos Marc Wilmots, um dos maiores futebolistas belgas da sua geração que, no Japão, em 2002, foi Eddy Merckx, o maior dos ciclistas belgas.
Eleito por três vezes atleta Mundial do ano, Eddy tem a carreira associada ao número cinco: venceu 525 etapas, ganhou o Giro por cinco vezes e o Tour por outras cinco (e por Espanha ainda deu uma Vuelta).
Este Merckx encarnou no seu conterrâneo Wilmots, que, no Mundial da Coreia do Sul/Japão, deu a Volta aos japoneses com golo em pontapé de bicicleta.
No entanto, o médio Wilmots representa mais para os belgas do que um golo Giro de um dos ‘meninos bonitos’ da terra. Como Merckx, também Marc está associado ao cinco — o número de vezes que o futebolista belga pedalou pelo Tour Mundial: quatro como jogador (de 1990 a 2002) e uma como treinador (2014).
Enquanto jogador, Marc marcou também cinco golos em Mundiais e poderá estar, em parte, associado ao último dos cinco títulos do Brasil. Em 2002, foi-lhe anulado um golo que poderia furar o penta brasileiro, conquistado pelo pelotão de Scolari.
Nos oitavos-de-final e com o resultado ainda a zeros (o Brasil venceria por 2-0), o jamaicano Peter Prendergast alegou uma falta inexistente para anular o golo. Talvez o árbitro quisesse garantir ‘No more trouble’, um dos sucessos do seu compatriota Bob Marley, e tivesse optado por dar música aos belgas, pressentindo o título do samba, ritmo com mais pedalada.
Como seleccionador pode ainda gabar-se de ter dado a Volta às maiores selecções do Mundo em 2015, quando os belgas alcançaram o topo do ranking do Pelotão Mundial da FIFA.
Após terminar a carreira, a vida de Wilmots deu uma Volta e foi a jogo no campo da política, chegando a ser eleito para o Senado belga. Apesar de bem preparado fisicamente, terá percebido que aquelas etapas eram muito sinuosas e abandonou a prova. Estava de Volta ao futebol. Ter-lhe-á faltado pedalada?!
Hoje, para vencerem os japoneses, os belgas deverão seguir o conselho dado por Merckx a todos os que querem ter sucesso: "Pedalem, pedalem muito!""

Um dos sonhos por realizar

"Desde o início do Mundial que tinha o desejo de ver as selecções russa e portuguesa frente a frente na final, em Moscovo, mas os milagres são uma coisa muito rara nos nossos dias. Até já estava a pensar nos temas dos textos para novos episódios da série ‘Ronaldo no país dos sovietes’: por exemplo, sobre Nijni-Novgorod, onde Portugal eliminaria a França, sobre São Petersburgo, uma das pérolas da cultura e da arte europeias. Mas Cavani atirou por terra metade do meu sonho. Não há mais nada a fazer e, para que rime, somos um povo condenado a sofrer, a esperar e a crer.
Resta, porém, a selecção russa, que, a despeito de tudo, conseguiu eliminar e mandar para casa uma das selecções mais fortes do Mundo, a espanhola. Não, não apoio os futebolistas russos por terem derrotado os nossos vizinhos, mas por terem dado uma lição de humildade; no fundo, David venceu novamente Golias. Além disso, agrada-me a vitória de um povo que me acolheu durante quase 40 anos.
Uma equipa que, no início da competição, não era levada a sério pelos especialistas, já passou aos quartos-de-final e poderá não ficar por aí. As comparações são sempre muito complicadas e, por vezes, sem grande sentido, mas a selecção russa faz lembrar a equipa portuguesa no Euro’2016: superando, com enormes dificuldades, um a um os obstáculos, até chegar à vitória final.
Isto faz com que o futebol seja um desporto cada vez mais bonito, com resultados inesperados, sem favoritos claros. A Espanha jogou mais do que a Rússia, tal como, no dia anterior, a Selecção portuguesa fez frente ao Uruguai, mas perdeu e vai também ter de regressar a casa antes do programado.
O futebol ganha adeptos em novos continentes e muitos dos tradicionais favoritos e campeões já foram afastados da prova: Alemanha, Argentina, Espanha, Portugal, enquanto que selecções como a nipónica atinge cumes nunca antes alcançados.
Voltando à equipa russa, estes últimos êxitos poderão ser um ponto de viragem no próprio futebol russo, fazer com que este recupere as glórias do desporto-rei na União Soviética, com que apareçam novos nomes neste desporto.
Espero que esta vitória não seja aproveitada para fins políticos menos limpos e chauvinistas. Espero que ela contribua para que a direcção russa prefira disputar vitórias desportivas e não militares na casa dos vizinhos. Mas talvez esteja a sonhar, pois escrevi este comentário logo após o apito final no Lujniki, com muitas emoções à mistura."

Como lidar com a decepção

"É difícil escrever estas palavras neste momento. É difícil escrever cada uma destas letras, parecem-se demasiado com os segundos que, há pouco, passavam um a um no ecrã da televisão. O Mundial tem esta intensidade, joga-se a euforia e a decepção. O árbitro encheu o peito de ar para fazer ouvir aquele apito final há poucos minutos. Agora é o momento da decepção.
A rapidez com que ultrapassamos este sentimento diz alguma coisa sobre a maneira como estávamos a viver ou, se quisermos ser ainda mais exigentes e psicanalistas de nós próprios, sobre a maneira como vivemos. Quantos de nós disseram "eu já sabia" ao reagirem ao golo de Cavani aos 7 minutos? Quantos começaram logo a mentalizar-se de que a selecção iria perder apenas para, preventivamente, se resguardarem contra o incómodo desta decepção? E, depois, quando o Pepe empatou, quantos voltaram instantaneamente a acreditar?
É difícil redefinir expectativas, sobretudo quando se passa do tudo para o nada. Este lamento não é sequer uma crítica, é apenas uma constatação. A frustração não precisa de ficar no seu grau zero, no seu nível mais primário: o ressentimento, alguém tem de ser culpado, alguém tem de pagar.
Acho normal que, ao longo dos noventa minutos, tenhamos passado por fases de descrença, mas quem não alimentou uma pontinha de esperança a cada centro, quando a bola cruzava o ar e já havia quem se preparasse para saltar na área? Teria bastado uma única feliz coincidência: uma cabeça e a bola a interceptarem-se, uma a bater num certo ponto da outra.
É difícil. Num único jogo, fica para trás todo o esforço da fase de grupos e, mesmo, do apuramento que, como sabemos, não era garantido à partida. Mas que outra opção nos resta? Não há maneira de desfazer o que aconteceu. Podemos encontrar explicações na lógica que escolhermos para acreditar de novo: não foi desta vez, mas haverá outras oportunidades.
Pessoalmente, neste momento, prefiro pensar que talvez tenha sido preferível perdermos agora com o Uruguai do que, daqui a pouco, nos quartos de final, sermos obrigados a eliminar a França. Pobres franceses, há que ter alguma humanidade. Para eles, seria demasiado doloroso perderem duas vezes seguidas com Portugal em competições desta grandeza. Logo a seguir, nas meias-finais, se tivéssemos de eliminar o Brasil, também não seria fácil. Afinal, são o nosso país irmão.
Assim, ao sairmos com o Uruguai, um pequeno e simpático país, demos uma alegria a cerca de 3 milhões e meio de pessoas. Fizemos a nossa boa acção."

Eliminação precoce após bons 45 minutos

"Portugal fez contra o Uruguai a sua melhor prestação no Mundial?
Talvez, mas indiscutível é que a segunda parte foi a melhor na prova. A equipa teve bola e algum critério. Foi em busca do golo, chegou com justiça ao empate e depois acabou por sofrer em contrapé, quando estava claramente por cima e via o adversário a fraquejar. De seguida, até ao final, foi sempre a Selecção a procurar o golo. Mas a estrelinha que tantas vezes se notou no Europeu de 2016, agora não apareceu...

Qual foi a grande arma dos sul-americanos?
A eficácia de um atacante com a qualidade de Cavani. O dianteiro do PSG não precisou de muitas oportunidades para marcar dois golos e, dessa forma, fazer a diferença. De resto, o Uruguai foi o que se esperava: uma formação muito sólida (e agressiva) a defender, letal na hora de encarar a baliza contrária e experiente a gerir o ritmo que mais lhe convinha.

A titularidade de Ricardo Pereira no corredor direito era expectável?
Não, de todo. E não está em causa a sua valia. Contudo, uma eventual rotatividade na posição faria mais sentido durante a fase de grupos. Por outro lado, Cédric até vinha sendo dos elementos mais regulares da equipa. Foi uma surpresa.

Portugal sai de cena sem que alguns jogadores tivessem mostrado tudo?
Sim. E foram vários, alguns dos quais passaram completamente ao lado da competição. Gonçalo Guedes, que até conquistou a titularidade durante a preparação, talvez seja o caso mais óbvio. Mas da defesa ao ataque não faltaram desilusões. Em alguns momentos até parecia que estávamos a ver outros jogadores...

Há razão para Bernardo Silva só se ter destacado no duelo de despedida?
Aparentemente, a mudança para a zona central favoreceu-o. A segunda parte de nível da equipa tem muito a ver com a sua subida de produção. É óbvio que a postura defensiva do opositor também acabou por ter a sua contribuição.

Ronaldo podia ter feito mais alguma coisa?
Uma estrela como ele pode sempre fazer mais. Mas, como tantas vezes se diz, uma equipa não pode ser só um jogador. É verdade que a sua inspiração ontem não foi a melhor, mas sem o Ronaldo normal se calhar a equipa tinha regressado mais cedo..."

Foi uma vergonha e a culpa foi do Ronaldo

"E acabou, assim, o Mundial para Portugal. Uma vergonha. Habituaram-nos a ganhar e agora fazem-nos uma desfeita destas.

Buuuuhhhhh! Que miséria de mundial que Portugal fez! São uns coxos, não jogam nada, parecia que estavam com vontade de ir de férias. Acabou, assim, o Mundial para a nossa selecção. Portugal arrumou as botas nos oitavos de final e foi para casa, perdendo 2-1 contra o Uruguai. Ir para casa nos oitavos de final? Vergonhoso. Estar apenas entre as 16 melhores selecções do mundo? Não foi para isto que eu festejei o título de campeão da Europa! Faltou lá o Éder! É inadmissível levarem um povo ao engano: ganham um Europeu, dão-nos o gosto nunca antes provado da vitória, habituam-nos a ser optimistas e a acreditar até ao fim, para, agora, nos defraudarem as expectativas desta forma? Não se faz. É uma vergonha.
O Ronaldo começa com um hat-trick contra a Espanha e depois nem um golo consegue marcar ao Uruguai? O Ronaldo não sabe gerir as nossas expectativas, que ficámos, assim, à espera que ele pudesse resolver todos os jogos. Aliás, a culpa é toda dele ou já se esquecem de que ganhámos o Europeu porque ele se tinha lesionado e estava no banco? Ah, pois, o Ronaldo em campo só atrapalha porque faz com que todos os outros jogadores de Portugal pareçam medíocres e isso afecta-lhes o ego e não jogam nada. O grande problema do jogo contra o Uruguai é que jogámos muito bem e todos sabemos que Portugal, se queria ser campeão do mundo, tinha de jogar mal e para o empate. Depois de repormos a igualdade quisemos resolver o jogo em vez de jogar pelo seguro e ir para a marca das grandes penalidades e foi o que se viu. Este Fernando Santos não percebe nada disto. Aposto que este ano, de papo cheio, rezou menos a Nossa Senhora. Rezou com menos força ou alguma outra equipa rezou mais.
Estamos a ficar mal-habituados. Antigamente, era normal nem irmos ao Mundial, depois, passou a ser normal ir e voltar logo para casa. Agora, tudo o que seja menos do que ir a uma meia-final é derrota. Vejam lá o quanto a nossa autoestima e optimismo aumentou desde há uns anos. Sonhamos mais alto e sem problema de o dizer. Havia, na cabeça de muita gente, a crença de que poderíamos ganhar o Mundial. Repito: nós, portugueses, achávamos que era possível ganharmos um Mundial de Futebol. Que é feito do negativismo tuga? Dos queixumes e humildadezinha que tanto nos caracteriza enquanto povo? O que o Fernando Santos, Ronaldo e companhia nos fizeram é inadmissível. Tal como numa relação, sentimo-nos enganados e vamos precisar de tempo para voltar a confiar que é possível. Resta-nos a compensação de que a Alemanha ainda foi mais cedo para casa. A vida é assim, as coisas melhoram sempre quando há alguém que está pior do que nós."

Nós, e no singular

"Os nós fazem-me confusão. Os nós de gente, a mistura nem sempre equilibrada dos sentimentos, os nós cegos que vão crescendo na garganta, também eles impossíveis de desatar.

Sochi - Não gosto de fios. De nenhum fio. Chego à bancada de imprensa do estádio, mergulho a mão na mochila e os fios dos carregadores do computador, do telemóvel, do iPad surgem-me embaraçados uns nos outros, provocantes, presos em nós cegos que ultrapassam os limites da imaginação e exigem dos dedos movimentos que só estão ao alcance de prestidigitadores. Fico pasmo, mudo. Como se uma rede de fios embaraçados me tivesse tomado conta do cérebro e do raciocínio. Chego até a ter medo. 
Não gosto de nós. Volto a meter os fios dentro da mochila na esperança de que voltem a ser fios normais e não uma mistura de todos os cabos presos a uma ligação quase familiar, quase fraterna. Depois tirá-los-ei, um de cada vez, num milagre de desmultiplicação de filamentos.
Os nós fazem-me confusão. Os nós de gente, a mistura nem sempre equilibrada dos sentimentos, os nós cegos que vão crescendo na garganta, também eles impossíveis de desatar. Onde andas tu que não te conheço mais? Onde andamos nós, que já não nos conheço a ambos? Que fios continuam a ligar-nos, que cordéis nos prendem se nem sequer os distinguimos, quais os meus, quais os teus? Como se desata esta confusão que dói? Nós, nós sim, mas nós no singular. Fomos nós, ou apenas cegos? E, no entanto, já pensaste bem? Fala comigo, por favor, enquanto a noite não se transforma de vez num brilho ácido de manhã.
Eu e tu: dificilmente duas palavras ficariam melhor juntas."

Morrer por um golo

"O que causa espanto é a enorme dificuldade de marcar golos. Só pode ser por isso que são tão celebrados.

Continuo mistificado com as reacções dos portugueses aos resultados da selecção. Portugal foi eliminado mas há muitas pessoas que estão contentes porque Portugal jogou bem. Os resultados são os que ficam registados. Para a história não fica uma única alínea para dizer ao futuro quem é que jogou bem e quem é que merecia ganhar.
Aliás basta ver os excelentes resumos no site da FIFA para saber a única coisa que interessa: golos. Os resumos - todos com a duração de 2 minutos e 11 segundos - resumem-se aos golos e, quando não há golos que cheguem, aos golos falhados.
Golos falhados não são oportunidades de golo. Nem sequer são golos. É por não serem golos que são falhados. Quando se diz que uma equipa teve muitas oportunidades de golo o que se quer dizer é que não conseguiu marcar golo muitas vezes. Para além dos golos a sorte tem uma influência enorme. Ninguém manda na sorte. E a sorte tanto pode ser justa - recompensando o merecimento - como injusta.
Aquilo que fica desta selecção é que fez tudo para ganhar. Mais do que isso não se pode pedir. De resto o Uruguai marcou mais um golo do que nós - e isso chega. Não é novidade nenhuma. Já fomos nós a beneficiar dessa simplicidade. E já nos lixámos por causa dela.
O que causa espanto é a enorme dificuldade de marcar golos. Só pode ser por isso que são tão celebrados. Mesmo os melhores jogadores do mundo vêem-se aflitos para marcar um golo. Os golos são preciosos. O futebol, de facto, dá-lhe a importância que merecem. Isso ao menos está certo­."

Derrota de Portugal "trama" comércio

"O campeonato é sempre uma caixinha de surpresas e muito poucos apostariam que o actual campeão em título, a Alemanha, seria eliminada na fase de grupos e a Espanha também já estivesse de malas aviadas.

Nos dois primeiros jogos a eliminar do Mundial, os dois melhores jogadores do planeta receberam guia de marcha para casa: as suas selecções foram derrotadas, embora a Argentina de Messi, o homem que tem dividido o título de melhor do mundo com Ronaldo, tenha saído pela porta pequena, vergada por uma França que não lhe deu hipóteses.
Aliás, Messi foi o que costuma ser na equipa das pampas: muita parra e pouca uva... Portugal também não foi brilhante, mas Ronaldo, apesar de tudo, ainda fez quatro golos, três dos quais contra a Espanha...
O campeonato é sempre uma caixinha de surpresas e muito poucos apostariam que o actual campeão em título, a Alemanha, seria eliminada na fase de grupos e a Espanha também já estivesse de malas aviadas.
Voltando a Portugal, é óbvio que a selecção tem um grande futuro pela frente se os novos talentos como Bernardo Silva ou Bruno Fernandes, por exemplo, puderem expor todo o seu talento. Fernando Santos, que ficará para sempre na História como o homem que nos deu o título de campeão europeu, é um treinador defensivo e tem muito receio de arriscar, mas esperemos que perceba que se os jogadores portugueses têm tanto sucesso nos principais clubes europeus, têm de conseguir explanar esse brio na selecção nacional.
Futebolices à parte, o afastamento de Portugal deve ter feito estragos consideráveis na economia das grandes superfícies. No dia do jogo com o Uruguai, os hipermercados e as mercearias locais foram invadidas por pessoas sequiosas de “mimos” para acompanharem o encontro dos oitavos-de-final. Mesmo numa das principais casa de caracóis de take-away de Lisboa, dois polícias ajudavam a controlar o trânsito...
Não é, pois, difícil imaginar que, além do amor ao país, os responsáveis do comércio devem ter ficado bastante desiludidos com a ausência do encaixe financeiro previsto. E, em Portugal, ninguém teve uma ideia tão genial como aquela que os vendedores de televisões usaram no Brasil: “É na tela (televisão) que viu o Brasil a ser humilhado por 7-1 na última copa (campeonato) que vai ver a da Rússia?”, lançaram os publicitários. Como resultado, as vendas de televisões aumentaram quase 50%. Haja imaginação."

Adeus, Mundial

"Já fomos. E não vos vou mentir, estava à espera de que chegássemos mais longe.

Gosto muito desta altura do Mundial e este foi o primeiro – na minha existência – em que havia realmente alguma esperança de que pudéssemos ganhar. Claro que esta esperança vem muito do facto de termos tão presente na nossa mente que somos campeões da Europa, assim como do facto de termos tão ausente da nossa mente que fomos campeões da Europa sem jogar nada de jeito.
O pior é que nem foi o caso de ontem. Jogámos bem, corremos, lutámos e o Ronaldo e o Quaresma estiveram muito perto de desfazer a cara do árbitro à base de cabeçada, mas nada disso chegou para ganhar ao Uruguai que resolveu ser o Tondela a jogar na Luz. Defendeu com aproximadamente 576 jogadores e depois atacou (2 vezes) com a eficácia de quem engravida quando perde a virgindade.
Os golos do Cavani foram incríveis, verdade. Aquele senhor de cabelo de taxista dos anos 80 é uma maravilha a mandar a bola lá para o fundo das redes (expressão muito usada na gíria futebolística, como se de uma poesia se tratasse), mas temos de falar de Luis Suarez. Será que é realmente necessário ser tão palhaço? Aqueles truques de dar cambalhotas sozinho para o chão, aprendeu no Chapitô? Será que faz falta estar constantemente a fazer teatrinhos tão maus que nem num casting dos Morangos com Açúcar passava? Cada vez que alguém passa a menos de um metro dele e provoca uma brisa que o roce, lá vai o rapaz dar três mortais para trás e cair a rebolar no chão enquanto chora que nem uma carpideira antiga. Chega a ser embaraçoso de ver. O Uruguai devia ser desqualificado só por jogar aquela vergonha ambulante de chuteiras calçadas.
Enfim, é só bola, está tudo bem, claro. Mas gostava de que tivéssemos ganho. Aliás, eu gostava tanto de que tivéssemos passado que até estava disponível para aceitar um acordo do género: Portugal campeão do mundo, na condição de eu ter de ouvir o António Tadeia a comentar todos os jogos de futebol que eu visse no resto da vida. E atenção que eu sofro mesmo muito cada vez que oiço o Pedro Chagas Freitas do futebol a falar.
Daqui a quatro anos há mais."