sábado, 9 de junho de 2018

Fernando Pimenta Tricampeão da Europa

Mais uma grande vitória do Fernando Pimenta, provavelmente o mais ambicioso atleta português da actualidade!!! E não estou a exagerar!!!
É o primeiro título europeu com a 'camisola' do Benfica, mas não deixa de ser um Tricampeão em K1 1000m!!!

E não vai ficar por aqui!!! Amanhã vamos ter o Fernando no K1 500m e no K1 5000m! Se no K1 o Ouro vai ser muito complicado, na prova de fundo é novamente o favorito!

A dupla Portela/Vasconcelos no K2 500m também se qualificou para a Final, tal como o João Ribeiro no K4 500m onde tem a companhia do Emanuel Silva, do David Varela e do Messias Baptista. Vamos ter 4 Finais amanhã, com atletas do Benfica, nestes Europeus de Belgrado.
Como é óbvio desejo sucesso para todos, mas estou particularmente esperançoso nas nossas meninas, podemos ter uma embarcação com aspirações Olímpicas!

PS: Uma nota para o Recorde Nacional da nossa nadadora Diana Durões, nos 1500m Livres. Com mais este resultado de excelência a Diana é neste momento a recordista nacional, dos: 200m, 400m, 800m e dos 1500 Livres!!!

Na Final...

Benfica 2 - 1 Braga

Não foi nada fácil... o Braga fechou-se bem, marcou praticamente no primeiro remate que foi à baliza, num contra-ataque, contra a corrente do jogo... e o Benfica demonstrou muitas dificuldades em entrar no 'bloco' adversário, a jogar com as linhas muito 'baixas'!!!
Chegámos ao empate a jogar em inferioridade numérica (após mais uma parvoíce do Roncaglio!), num grande trabalho do Fernandinho... e depois o Robinho inventou o golo da vitória!!!

Os jogos da Final serão completamente diferentes, o Benfica do Joel tem sempre demonstrado muito mais dificuldades neste tipo de jogos (fomos eliminados o ano passado), do que contra o Sporting. Na última partida com os Lagartos, para a Taça, tivemos mal (com várias ausências...), permitimos demasiados contra-ataques, algo que normalmente não acontece...

Suspeito que o Roncaglio vai levar um castigo 'elevado', ficamos com o Cristiano, que até já tem experiência de Finais de Play-off!
Temos equipa para ganhar, mas vai-se jogar muito fora das 4 linhas...!!!

Mais uma 'goleada' do Joel, no final do jogo!

Fim de época...

Benfica 10 - 4 Grândola

Despedida... numa época que correu abaixo das expectativas.

Destaque para a despedida do grande Trabal..!!!

Juvenis - 7.ª jornada - Fase Final

Sporting 1 - 3 Benfica


Vitória esperada, com grande domínio... com o golo dos Lagartos a ser marcado perto do final...

Faltam três jornadas, com dois jogos em casa e com uma deslocação a Guimarães... Os Corruptos têm amanhã uma partida difícil em Braga... Mas neste momento, só dependemos de nós...

A selecção de 2018 é muito melhor do que a de 2016

"Falta uma semana para o arranque do Mundial e o jogo com a Argélia foi excelente para desfazer dúvidas. Há muito que não se via uma exibição tão esclarecedora da nossa selecção e logo em vésperas de um importante torneio, quando é normalíssimo haver montanhas de incertezas na cabeça dos adeptos e também, haja respeito, na cabeça do seleccionador. Isto de ter de escolher 11 entre 23 jogadores é um quebra-cabeças. É verdade que a selecção argelina não é grande espingarda, mas não foram apenas as suas insuficiências que autorizaram Bruno Fernandes, Gonçalo Guedes e Bernardo Silva a desfazer todas as dúvidas sobre quem devem ser os titulares das posições em que se exibiram no Estádio da Luz naquele que foi o jogo de despedida da Selecção antes da partida para a Rússia. 
Houve ocasiões em que Fernandes, Guedes e Silva até exageraram. Já estava toda a gente mais do que convencida de que aqueles três tinham, como se costuma dizer, "agarrado o lugar", e eles, estilhaçadas as dúvidas, continuavam a elevar a sua arte e as suas eficácias a um patamar francamente indecoroso. Por causa destes (e também por causa de outros) é que a selecção portuguesa de 2018 é muito melhor do que a selecção de 2016 que, há dois anos, conquistou em França o título de campeã da Europa. O facto de ser muito melhor não significa que tenha a obrigação de vencer o Mundial nem de andar lá perto. Não, nada disso. Um Campeonato do Mundo não é um Campeonato da Europa. Graças ao progresso da ciência, é certo que Cristiano Ronaldo está cada vez mais novo e também é verdade que esta nova vaga de jogadores portugueses se apresenta como empolgante, mas nada garantirá na Rússia a sequência de golpes de sorte que pautou a caminhada portuguesa até ao tal título continental naquela noite parisiense. Uma coisa dessas não volta a acontecer. É pena.
As claques não fazem falta nos estádios de futebol, como se viu anteontem na Luz. Casa cheia, apoio incondicional, público comum. Os que dizem que as claques fazem falta porque dão mais alegria às bancadas e mais cor e cânticos ao espectáculo, não sabem do que estão a falar. Por claques entenda-se, obviamente, grupos de desordeiros protegidos pelo colapso do Estado e pelas pessoas que dizem que as claques fazem muita falta ao futebol.
O líder (ou ex-líder, tanto faz) da claque entrou ontem no tribunal algemado, com as mãos atrás das costas e arrastado pelo braço, sem-cerimónia, por um polícia. Imagine-se, um polícia a faltar ao respeito a um líder de uma claque e em público. Que problema tremendo. Nestes casos, no entanto, é bem melhor ser polícia do que ser jogador. Um jogador ainda bem recentemente foi admoestado pelo patrão por ter desconsiderado em público um VIP do hooliganismo: "Por que fizeste aquilo ao chefe da claque? Agora tenho um problema tremendo…" Já não há respeito."

Novela sem fim

"Em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. A frase ajusta-se aos últimos acontecimentos da novela em que mergulhou o Sporting e que dificilmente terá final feliz. A decisão do tribunal, que indeferiu a providência cautelar apresentado pela Mesa da Assembleia Geral para que o Conselho Directivo garantisse os meios necessários à AG destitutiva de dia 23, deu argumento para novo episódio: entende Jaime Marta Soares que o juiz o legitimou como presidente da MAG e, consequentemente, a própria AG para os sócios votarem a saída do presidente; entende Bruno de Carvalho que não, que o tribunal indeferiu o pedido formulado por Marta Soares para o legitimar como presidente em exercício da MAG, dando, por isso, razão ao CD. Neste caso, que infelizmente para os sócios e adeptos do Sporting não é ficção (embora às vezes pareça), a verdade estará no meio.
Lendo o acórdão, o juiz entende que Jaime Marta Soares é ainda, de facto, o presidente da MAG, mas deixa claro que, não sendo isso que está a decidir - e tendo em conta que uma providência cautelar tem de ser decidida com urgência - não ser exigível, para esta decisão em concreto, «um juízo de certeza» ou «uma prova aprofundada», bastando ter «indícios suficientes da verosimilhança de tal direito» ou «probabilidade séria» desse facto. Ou seja, na leitura do juiz há «indícios suficientes» de que Jaime Marta Soares continua a ser presidente da MAG, pelo que a AG destitutiva é legítima. Mas não era, percebe-se, isso que estava em causa...
A reter nesta nova guerra aberta em Alvalade é que nem um tribunal consegue acabar com as diferenças entre os dois lados da barricada. Cada um lê o que quer, como quer e passa a mensagem que quer. E no meio fica o Sporting, que não consegue vislumbrar uma saída para a crise. E o relógio não pára, convém, que alguém se lembre disso."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Sporting à beira de um ataque de nervos

"A novela até mete um médico que sofre de burnout e um jornalista de avental que descobriu o futebol aos 60 anos.

Não fosse a seriedade do assunto e teríamos a melhor telenovela de sempre: Sporting, um clube à beira de um ataque de nervos. Confesso que me diverti imenso com as peripécias da continuação de Bruno de Carvalho, já que na telenovela aparece um médico que, notoriamente, sofre de burnout; um jornalista que o único desporto que praticou foi de avental e que descobriu o futebol aos 60 anos para agora ser fiscalizador; um ex-político que tenta intelectualizar o desporto, com algum caviar à mistura, calculo; um bombeiro que adora deitar gasolina quando o seu papel deixa muito a desejar neste processo todo; e um presidente que se deve sentir Dom Quixote a lutar contra moinhos de vento.
O percurso de Bruno de Carvalho é muito parecido com o de Vale e Azevedo, o presidente benfiquista que era idolatrado por muitos sócios até cair em desgraça e ser derrotado por Manuel Vilarinho – só um presidente muito vulnerável poderia perder tais eleições... Bruno, que há três meses foi ‘reconduzido’ com mais de 90% de apoio dos sócios, está agora a ficar totalmente isolado, já que a sua guarda avançada ou está presa ou com medo de aparecer.
Assim sendo, uma manifestação a exigir a sua demissão, com as tais personagens pitorescas, conseguiu reunir quase 500 adeptos, enquanto a suposta contramanifestação reuniu meia dúzia de gatos pingados. Bruno sabe perfeitamente que, se se sujeitar a novas eleições, poderá ter o mesmo destino de Vale e Azevedo e ser derrotado por uma figura de segunda linha. No actual estado de desgraça, Bruno de Carvalho não quer arriscar ir a eleições com medo de perder o poder. Se a sua guarda pretoriana não estivesse com os problemas que está, tudo seria diferente.
Na novela sportinguista até surge um homem ligado à extrema-direita e que cumpriu pena de prisão por vários crimes, sendo inclusivamente acusado de ter estado envolvido nas agressões que levaram à morte de Alcindo Monteiro, um jovem cabo-verdiano que foi morto só por não ser branco. Machado quer candidatar-se à liderança de uma das claques do Sporting, e talvez este seu gesto obrigue, finalmente, o Governo a pôr cobro ao forrobodó que se vive nos grupos de adeptos que espalham o terror por onde passam quando as suas equipas vão jogar fora. Já para não falar das agressões que cometem sobre os adeptos das outras equipas.
Certo é que o Sporting atravessa um período que o poderá levar a viver uma das suas piores épocas de sempre: sem treinador, a 20 dias do recomeço da época, sem saber com que jogadores poderá contar, com uma liderança sem rei nem roque, o clube aproxima-se do abismo. Os sócios têm a palavra, mas pelos vistos a obsessão de Bruno de Carvalho poderá dificultar ainda mais a vida do emblema de Alvalade.
Por fim, é penoso ver aqueles que sempre apoiaram Bruno de Carvalho, mesmo quando este dizia as maiores alarvidades, a fugirem dele como o diabo foge da cruz. Faz pena ver Eduardo Barroso à beira de um ataque de nervos na televisão a tentar explicar o inexplicável. Quando as pessoas se têm em tão grande conta, julgando-se o centro do universo, é natural que o seu ego as faça descarrilar. Bruno de Carvalho, verdadeiramente, só está a ser tão atacado pelos acontecimentos de Alcochete. Antes disso, todos estiveram com ele e só agora é que começaram a chutar na mesma direcção. O ainda presidente sportinguista deve estar a pensar o céu lhe caiu em cima da cabeça e não tem nem o Astérix nem o Obélix para o defender."

O que diz o Juiz

"O despacho do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa sobre a providência cautelar apresentada por Marta Soares para viabilizar a assembleia geral do dia 23 sentencia o seu indeferimento mas está longe de ser uma derrota para o presidente da Mesa da AG. Pela mão do juiz pode ler-se que fica "sumariamente demonstrada a existência da qualidade do requerente [MAG] e indiciariamente a convocatória da AG por quem de direito". Ou seja, Marta Soares é reconhecido como presidente da MAG e a assembleia foi convocada de forma legítima.
O juiz considerou no entanto não estarem reunidos "os meios adequados a acautelar que a AG não se transforme num risco para a integridade física dos participantes". E por isso ‘chumbou’ o pedido de Marta Soares. O argumentário do juiz é pouco claro, mas o seu receio em dar luz verde à realização de uma AG que pode gerar violência é evidente e foi o motivo que o levou a rejeitá-la.
A tese de que o juiz não reconhece legitimidade a Marta Soares é falaciosa por uma razão simples: é que ele tem de decidir pelo todo da providência e não apenas por alíneas. E como numa delas seguia o pedido de Marta Soares para exercer as suas funções de líder da MAG nessa AG, conclui-se errada e enganosamente que esse cargo não lhe é reconhecido."

Cadeira de pesadelo

"Não será fácil encontrar alguém com tão pouco a perder que aceite treinar o Sporting de Bruno de Carvalho

1. Sá Pinto diz que "não estão reunidas as condições para voltar ao Sporting" e Scolari explica que "neste momento" não pode aceitar o convite, provando definitivamente que não, o burro não é ele. Encontrar alguém que aceite treinar o Sporting está a revelar-se tão complicado como era fácil de prever depois de tudo o que aconteceu nas últimas semanas, mas também perante a expectativa de tudo o que pode suceder nas próximas. Será preciso alguém muito - como dizê-lo sem ferir susceptibilidades? -, "especial" para aceitar um convite de Bruno de Carvalho nesta altura, quando a memória da forma como Jorge Jesus foi tratado ainda está fresca como uma ferida aberta e o futuro do clube é uma incógnita. Porque se era difícil encontrar alguém capaz de lidar com um presidente que não pensa duas vezes antes de dinamitar um balneário inteiro, que festeja as vitórias na primeira pessoa do singular e sacode a responsabilidade pelas derrotas para os ombros de terceiros, é pouco menos que inverosímil fazê-lo numa altura em que ninguém pode saber que plantel restará em Alvalade depois de a poeira das rescisões assentar e, sobretudo, quando aquilo que se discute é se este presidente ainda tem legitimidade para tomar decisões desse calibre.
2. O Real Madrid ganhou muito com Cristiano Ronaldo e Cristiano Ronaldo ganhou muito com o Real Madrid. Se chegou a hora de seguirem caminhos diferentes, a única certeza que sobra é que tanto um como o outro vão continuar a ganhar. De resto, o anúncio da separação até pode ter chegado na altura certa. Afinal, Ronaldo chega ao Mundial a precisar de ganhar como nunca e todos sabemos do que ele é capaz quando é preciso."

O Mundial da minha nostalgia

"Após 32 anos e oito Campeonatos do Mundo, este será o primeiro Mundial em que não estarei. Por decisão pessoal e consciente.

É deveras curioso como pode a mente humana causar-nos tanta surpresa. Exemplo pessoal, que não me importo de partilhar convosco: sentir nostalgia, antes da razão objectiva de a sentir.
Não me arrependo - e julgo que não virei a arrepender-me - de não estar fisicamente presente no Mundial da Rússia. Todas as coisas têm o seu tempo e nunca foi meu projecto de vida profissional andar a bater recordes de longevidade.
Acompanhei oito Campeonatos do Mundo. Desde 1986, não perdi nenhum. Desde 1986, não perdi nenhum. Adorei ter estado durante dois longos meses, naquele frenesim histórico do México, em 86; no pachorrento Itália 90; no Mundial contra natura dos Estados Unidos, em 94; no esplendor da vitória da França racialmente plural, em 98; no longínquo, mas sofisticado Coreia/Japão, primeiro Mundial do século XXI; no legítimo orgulho lusitano de uma das nossas selecções maiores, no Alemanha 2006; ainda no fantástico primeiro mundial africano na África do Sul (última aparição pública de Nelson Mandela) em 2010; por fim, no Mundial brasileiro, feito e sentido por nós como em casa de família, no ano de 2014.
Rússia seria, pois, o meu nono Mundial de Futebol. Tudo por junto, seriam 36 anos de andanças pelo Mundo, a ver um dos melhores espectáculos do nosso planeta, em relação ao qual, admito, me liga uma profunda e sempre inesquecível paixão. Fico-me por 32 anos de globetrotter de Mundiais de futebol e já me parecem muitos.
Regresso ao essencial da razão: tudo tem o seu tempo, não corro atrás de recordes de longevidade e, o mais importante, não sinto ter o direito de adiar o futuro de alguns dos mais jovens e competentes jornalistas de A Bola.
A ideia de que sempre seríamos capazes de fazer melhor do que outros, a todos nos assalta, mas há muito que exigi, a mim próprio, a disciplina, e também a coragem, de ser eu a tomar decisões que outros, mais tarde ou mais cedo, haveriam de ter de tomar. Provavelmente com desconforto, e, inevitavelmente, com dor.

Portugal chegará à Rússia com a boa responsabilidade de ter o título de campeão europeu. Não o obriga a ser campeão do mundo, não lhe exige, sequer, um lugar no pódio, mas não lhe pode ser indiferente.
Tenho, confesso, algumas expectativas sobre a Selecção. Em primeiro lugar, porque tem excelentes jogadores; sem segundo lugar porque, com bons jogadores, Fernando Santos saberá fazer uma equipa competente, que não quererá necessariamente dizer luminosa; em terceiro lugar, porque acho que temos a obrigação de chegar aos oitavos de final e seria muito engraçado passar esta barreira e defrontar a França nos quartos de final, coisa que, atendendo ao cruzamento dos grupos, pode muito bem suceder.

Cristiano Ronaldo ou Messi? Qual deles será a estrela maior neste Campeonato do Mundo? Uma resposta com elevado grau de risco: Neymar.
Se pudesse ser eu a decidir, obviamente Cristiano. Por dever pátrio. Não creio que o Mundial da Rússia me dê esse prémio de compensação pela minha ausência pessoal. Creio que Neymar despontará, finalmente, como estrela maior e como legítimo sucessor de dois génios, que ficarão para sempre na História do futebol.
Acredito muito em Neymar, porque chega, enfim, a um Campeonato do Mundo sem grandes desgaste competitivo; porque tem uma bela e prometedora equipa e, o mais importante de tudo, porque é, também, um fantástico talento do futebol mundial.

Quem aceitará salto no escuro?
Nas actuais condições de instabilidade e de ambiente traumático, nenhum treinador com qualidade e com o mínimo bom senso pode aceitar o convite de ser o próximo treinador do Sporting. É uma salto no escuro que só um aventureiro, ou um necessitado de palco de fama, nem que seja em regime transitório, poderá dar. Jesus arranjou uma maneira airosa para se ir embora; Sá Pinto descartou, com dignidade, o convite; Scolari rejeitou habilmente a aventura. É inevitável: o cerco aperta-se e o futuro torna-se obviamente muito previsível.

Apesar de tudo, senhor professor
Um professor chega a uma televisão e confrontado com o alarme de quase metade dos alunos do segundo ano não saberem dar uma cambalhota diz, em prosápia doutoral: «E que mal tem isso? eu naquela idade também não sabia dar cambalhotas». Claro que podemos tentar abstrairmo-nos da imagem do homem volumoso de carnes e de gorduras que ocupou o ecrã da televisão para desvalorizar o caso à custa da sua inaptidão, mesmo assim, importa que se diga que as crianças precisam muito de crescer com desenvolvimento motor."

Vítor Serpa, in A Bola

Samba do desperdício

"Nos jogos da primeira fase, coloco Philippe Coutinho e Paulinho no meio, com Willian e Neymar nas alas, para desbravar defesas? Ou será demasiado ousado e desrespeitoso para Suiça, Costa Rica e Sérvia?
E nos jogos a eliminar: opto por Fernandinho, para garantir mais solidez, empurro Coutinho para a direita e abdico de Willian? E Renato Augusto, titular ao lado de Paulinho no apuramento e meio lesionado neste fim de época, passa a suplente de vez?
Dada a ausência de Daniel Alves, escolho Danilo ou Fagner? Ou, em vez dos dois, jogo com o versátil Marquinhos, abrindo espaço definitivamente para Thiago Silva compor uma dupla de centrais mais experiente com Miranda?
Tite, como Löw, Lopetegui, Sampaoli, Deschamps, Martínez ou Santos, tem as suas dúvidas – boas e naturais – antes de iniciar o Mundial.
Mas, algo distingue o seleccionador do Brasil, a selecção do Brasil e o futebol do Brasil dos outros: a quantidade de supostos convocados - mais: de supostos titulares – que ficaram pelo caminho no ciclo de quatro anos entre um Mundial e outro.
É verdade que a Alemanha de Löw tem o caso de Götze, que depois de marcar o golo do título em 2014, aos 21 anos, falha agora 2018, na plenitude dos seus 25, e a selecção portuguesa abdicou de Nani, que ainda no Euro-2016 era um indiscutível. E que Sané, Morata, Icardi, Martial, Nainggolan e outros também não fazem parte das contas dos técnicos por motivos táticos mais ou menos surpreendentes.
Mas, Tite não chamou quatro dos cinco jogadores que após o fracasso de 2014 a imprensa brasileira acreditou que fossem a base da recuperação do prestígio canarinho. Em vez de se estar hoje a falar de Marquinhos, Renato Augusto ou Coutinho, todos então a quilómetros de distância da selecção, previa-se naquele tempo que o seleccionador brasileiro estivesse às vésperas do mundial russo a montar um puzzle ofensivo com Pato, Oscar, Lucas Moura e Ganso ao lado do inevitável Neymar. Uma capa da revista Placar titulava mesmo “De Pato a Ganso”, a propósito da renovação.
No entanto, Pato, 28 anos, e Oscar, 26, engordam a conta bancária na China na mesma proporção em que definha o seu estatuto no futebol internacional.
Lucas Moura, 26, perdeu espaço no Paris Saint-Germain – ironicamente por culpa do amigo Neymar – e ainda busca ser opção no Tottenham.
Ganso, 28, não é apenas um fracasso do Sevilha mas já um caso crónico de inadaptação ao futebol do século XXI.
O problema não é novo: já em 2014, seria de esperar que Robinho (na altura com 30), Kaká (com 32), Adriano Imperador (também 32) e mesmo Ronaldinho Gaúcho (34) repartissem todos, ou alguns deles, a liderança técnica da equipa e evitassem que todas as ansiedades brasileiras caíssem nas costas de Neymar, assim como caíram os joelhos ferozes do colombiano Zúñiga.
Jogadores que baixam drasticamente de forma ou se perdem no caminho não é incomum – falámos em Götze e Nani e podíamos falar de mais umas dezenas. E como o Brasil, por uma série de razões, produz mais futebolistas do que qualquer outro centro, é natural que, como se diz por aqui, “a fila ande” mais depressa. E mais implacável.
Mas, mesmo assim Robinho, Kaká, Adriano, Ronaldinho, Pato, Oscar, Lucas e Ganso, só num ciclo de um mundial e meio ou dois mundiais, é desperdício a mais até para uma selecção tecnicamente excedentária. O mesmo desperdício que se revela em tantas outras áreas de um país que sofre do flagelo da fome como poucos apesar de ser fértil como nenhum outro; o mesmo desperdício que permite que, mesmo roubando-se tanto dinheiro ao longo de tantos anos, ainda haja tanto potencial de riqueza no Brasil.
Concedamos que Kaká tem o álibi das lesões sucessivas que lhe toldaram o arranque, a força e a velocidade, as características que fizeram dele, em 2007, o melhor do mundo. E que Lucas ainda vai a tempo de se tornar um ala relevante no contexto do futebol europeu e mundial.
Mas, os outros foram-se perdendo mais por desleixo do que por outro motivo qualquer. Um desleixo que não é exclusivo dos talentos brasileiros mas que é muito mais comum no gigante sul-americano do que noutro lugar: uma vez multimilionários e com alguns sucessos individuais ou colectivos na carreira, perdem o ânimo, a vontade, o brio. Como se ganhar dinheiro, para escapar do tal flagelo da fome que eventualmente terá pairado nas suas infâncias, fosse o seu principal, às vezes único, propósito.
É um fenómeno cultural brasileiro que merece atenção.
Entretanto, mesmo com tanto desperdício, feliz de um treinador, como Tite, que ainda pode hesitar entre jogadores da estirpe de Thiago Silva, Marquinhos, Coutinho ou Willian."

España se mueve

"Patrocinado pelo Ministério da Educação, Cultura e Desporto da nossa vizinha Espanha, o Conselho Superior de Desportos (equivalente à nossa Secretaria de Estado do Desporto – De acordo com o Decreto Real 2195 /2004, de 25 de Novembro que regulamenta a sua estrutura e funções) publicou, em 2017, o Anuário de Estatísticas Desportivas. A publicação apresenta uma selecção dos resultados estatísticos mais relevantes de âmbito desportivo, com o objectivo de facultar uma ferramenta para o conhecimento e evolução desportiva dos nuestros hermanos. Neste trabalho, resultante de um exaustivo e amplo estudo do sector desportivo em Espanha, podemos analisar as estimativas relacionadas com o emprego no sector desportivo, empresas ligadas ao desporto, despesas públicas na aquisição de bens e serviços desportivos, investimento do orçamento do estado no desporto, formação académica na área do desporto, comércio exterior de bens desportivos, turismo desportivo, desporto federado, formação de treinadores, controle antidopagem, hábitos desportivos da população espanhola, influência da actividade desportiva na saúde, instalações desportivas, desporto escolar e universitário.
1 – Emprego vinculado ao Desporto
O emprego vinculado ao desporto em 2016 abrangia 194.000 pessoas. Em 2017 cresceu para 203.300 pessoas, o que se traduz num aumento percentual na ordem de 4,79%. O número de pessoas vinculadas ao desporto em 2017 corresponde, em termos relativos a 1,1% do emprego total. Este tipo de emprego é caracterizado por uma maior formação académica superior à média.
2 – Empresas relacionadas com o Desporto
De acordo com o Directório Central de Empresas o número de empresas, cuja actividade económica principal é desportiva cresceu para 34.203 em 2017. Os resultados alcançados confirmam o crescimento verificado nos últimos anos.
3 – Despesas na aquisição de bens e serviços desportivos
Em 2016, as despesas com bens e serviços desportivos representaram 0,9% do gasto total nacional, com um valor na ordem dos 5.000 milhões de euros. A componente mais significativa destas despesas diz respeito aos serviços recreativos e desportivos (78,1%).
4 – Investimento Público no Desporto
A verba investida no Desporto, em 2016, pela Administração Geral do Estado foi de 144 milhões de euros (0,01%). As Regiões Autónomas, por sua vez, também dispenderam 303 milhões de euros, que em termos do PIB se situa em 0,03%. A Administração autárquica também investiu 2.075 milhões de euros no desporto local (0,19% do PIB).
5 – Ensino Desportivo e Formação Académica
No ano escolar de 2015/2016, 28.173 alunos frequentaram cursos profissionais de desporto, tendo-se registado um aumento de 6,3% relativamente ao ano anterior. No ano escolar de 2016/2017 , 9.884 alunos frequentaram o Regime especial de ensino desportivo. No Ensino Superior, 1,4% da totalidade dos alunos universitários estavam ligados aos cursos de ensino desportivo o que corresponde a 21.365 alunos.
6 – Comércio exterior de bens desportivos
As exportações de bens desportivos, em 2017, atingiram um valor de 1.024,5 milhões de euros, em contrapartida com os 1.996 milhões de euros verificados nas importações. A União Europeia foi o principal destino das exportações espanholas e a maioria dos bens importados vieram da China e da União Europeia.
7 – Turismo Desportivo
Em 2017, 4,1% das viagens realizadas pelos residentes em Espanha por motivos de férias e actividades recreativas, essencialmente ligadas ao desporto, atingiram os 4 milhões de viagens. A entrada de turistas internacionais, por motivos desportivos, cifrou-se em 1,3 milhões de pessoas o que corresponde a 1,8% do total de turistas. As receitas do turismo ligado ao desporto atingiram 956 milhões de euros no turismo interno e 1.250 milhões de euros no turismo internacional.
8 - Desporto Federado
O número de atletas federados, em 2015, totalizava 3.505.306 e, em 2016, subiu para 3.586.133 praticantes. Nos homens, em 2015, estavam inscritos 2.750.316 nas federações desportivas e em 2016, o número cresceu para 2.814.387. Nas senhoras, em 2015, havia 753.990 atletas federadas, tendo esse número aumentado para 771.746 no ano seguinte. Se tivermos em consideração o número de praticantes e a distribuição percentual pelas regiões e comunidades autónomas, verificamos que a Catalunha liderou, em 2016, essa classificação com 615.322 atletas (17,2%), logo seguido pela Andaluzia-514.321 (14,3%), Madrid-451.169 (12,6%), Valencia-382.684 (10,7%), Galiza-224.570 (6,3%), País Basco-213.734 (6%), Castilla y León-179.352 (5%), Canarias-158.799 (4,4%), Aragón-145.948 (4,1%), Castilla-La Mancha-124.354 (3,5%), Asturias-97.114 (2,7%), Murcia-95.681 (2,7%), Baleares-92.871 (2,6%), Extremadura-87.787 (2,4%), Navarra-76.734 (2,1%), Cantabria-71.599 (2%), La Rioja-32.681 (0,9%), Melilla-9.381 (0,3%) e Ceuta-8.762 (0,2%).
9 – Formação de Treinadores
Na formação de treinadores, a estatística refere-se tanto á formação realizada exclusivamente pelas federações, como as formações efectuadas, no período transitório, que são promovidas pela administração desportiva das regiões e comunidades autónomas com o apoio das federações. No âmbito do desporto federado em 2015, participaram 18.297 alunos em 610 cursos realizados. A acções de formação no período transitório habilitaram 3.224 treinadores através de 188 cursos efectuados.
10 – Controlo Antidopagem
O número de amostras analizadas em 2016 foi de 3.772 (1,1 análise por cada 1.000 desportistas federados), sendo 2.117 extraídas durante as competições (56,1%). Da totalidade das amostras analizadas 2.540 foram realizadas a homens (67%) e 1.232 foram efectuadas a senhoras (32,7%).
11 – Hábitos Desportivos da População
Em 2015, de acordo com os resultados apresentados, 53,5% da população com mais de 15 anos de idade participaram em actividades desportivas. A maioria (86,3%) fizeram-no com grande intensidade, pelo menos uma vez por semana. Por sexo, em termos anuais, verifica-se que a diferença entre as mulheres (47,5%) e os homens (59,8%) vem diminuindo, progressivamente, a caminho de uma igualdade que se espera que seja breve. No que diz respeito à influência dos pais na prática desportiva dos filhos, 41,6% da população que tem filhos menores de 18 anos, confessa que realiza habitualmente com eles algumas actividades de âmbito desportivo. Cerca de (42,2%) dos pais de filhos menores também os levam aos treinos e (35,2%) às respectivas competições.
12 – Reflexo da Actividade Desportiva na Saúde
Os dados apresentados oficialmente no biénio (2011-2012) no que concerne à prevenção da saúde indicam que 21% da população (entre os 15 e os 69 anos) realizou na última semana uma actividade física intensa no trabalho ou num local apropriado ao ar livre, 19,8% uma actividade moderada e 43,2% uma ligeira. Aqueles que realizam habitualmente uma actividade física intensa ou moderada (44,7%) já se aperceberam que o seu estado de saúde melhorou.
13 – Instalações Desportivas
Em Espanha, em 1997, o número de instalações desportivas apontava para 66.670 tendo, entretanto, aumentado para 79.059 em 2005. Este significativo crescimento tem muito a ver com o trabalho desenvolvido pelas regiões e comunidades autónomas, pelo que é importante mostrar a sua distribuição geográfica que, nalgumas zonas, é diferente da dos praticantes federados. Andalucia – 12.831, Catalunha – 12.478, Castilla y León – 7.933, Madrid – 6.524, Valencia – 5.474, Galiza – 5.216, Castilla La Mancha – 4.518, Canarias -4.313, Baleares – 3.579, Aragón – 3.313, País Basco – 3.218, Extremadura – 2.419, Asturias – 1.896, Murcia – 1.615, Cantabria – 1.471, Navarra – 1.346, La Rioja – 722, Ceuta – 97 e Melilla – 96.
14 – Desporto Escolar e Universitário
Os resultados indicam que 6.920 jovens, em idade escolar, participaram nas fases finais dos campeonatos de Espanha do desporto escolar e 3.541 alunos do ensino superior estiveram presentes nas competições nacionais do desporto universitário. Nas provas nacionais do desporto escolar participaram 3.481 rapazes (50,3%) e 3.439 meninas (49,7%) e nas do desporto universitário competiram 1.990 estudantes do sexo masculino (56,2%) e 1.551 do sexo feminino (43,8%). Uma crescente aproximação das meninas a caminho da igualdade com os rapazes na prática desportiva, que consideramos relevante.
Durante quatro anos tivemos a oportunidade de trabalhar com o Comité Olímpico Espanhol, Governo Regional de Murcia e autarquia da cidade de Murcia, capital da Região Autonóma, numa grande organização desportiva europeia no âmbito do movimento olímpico (Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia). Como tal, pudemos constatar que existe uma cultura desportiva enraizada na juventude e na generalidade da população que não tem comparação com o que se passa entre nós. Os programas escolares englobam actividades desportivas variadas numa perspectiva de desenvolvimento motor global das crianças e de ensino desportivo diversificado evitando a especialização desportiva precoce. Os departamentos desportivos autárquicos organizam as actividades do desporto escolar e o governo regional apoia a manutenção e construção de instalações desportivas, assim como a participação em provas nacionais e internacionais consideradas fundamentais para o desenvolvimento desportivo regional. Aqui ao lado, existe um universo desportivo completamente diferente do nosso. O desporto português devia olhar mais para o desporto espanhol."

Nota-se a dependência de Benfica

"A SAD deu-nos a contratação de Ferreyra e Castillo, jogadores de qualidade, mas que precisamos de ver jogar.

Faltam dois dolorosos meses para ver de novo o SL Benfica num jogo oficial de futebol. Falta um mês para ter o aperitivo de uma amigável. (seja o Carouge, seja o Vitória de Setúbal). Como me dizia um grande benfiquista esta semana, estou a ressacar de Benfica. Nesta fase é que se nota a nossa dependência. Como paliativo deu-nos a SAD a contratação de Ferreyra e Castillo. Jogadores com qualidade mas que precisamos de ver jogar. Vamos ter mundial, vamos ter Selecção Nacional, mas é muito tempo de espera.
Mourinho, com honestidade, e sem ceder ao politicamente correcto, assumiu esta semana que quer que os seus jogadores venham mais cedo embora, pois precisam de férias antes da nova época.
Há de facto um conflito de interesses entre o querer os seus jogadores a ir mais longe e valorizar-se, e o precisar dos atletas para as competições no início de época.
Escrevia no seu artigo de A Bola esta semana o meu amigo Rogério Alves que para se entender o Sporting é preciso um curso de direito. Lamento desiludir o Rogério, mas deve ser preciso um doutoramento, pois eu, com uma licenciatura em Direito, advogado há vinte anos, cada vez percebo menos. Vamos ter seguramente de aumentar o nível de exigência académica neste curso de Sportinguismo que nos é dado de forma sistemática pelos média. Ainda bem que este é um problema do Rogério Alves e não deste vosso amigo. Mais uma vantagem de ser Benfiquista.
Quem parece ter-se visto livre do pesadelo é Jorge Jesus, o Médio Oriente é zona calma quando comparada com Alcochete. Não tenho dúvidas de que Jesus vai achar o rei Salman um democrata. Bem sei que a Arábia Saudita proíbe tendências oposicionistas e críticas e quem conduz os seus destinos, é um país onde não são permitidas eleições, mas para quem vai hoje de Alvalade isso não constitui nem novidade nem problemas. Definitivamente, o categorizado treinador português fez uma opção tranquila e sossegada.
O Benfica venceu de forma definitiva o caso dos Vouchers com a decisão do tribunal arbitral, como são cinco as operações onde directa ou indirectamente, o nome do clube está envolvido, e não conheço os conteúdos de nenhum, resta-me esperar que seja rumo ao penta."

Sílvio Cervan, in A Bola

Orçamento 2018/19

"De uma primeira leitura do orçamento do SLB para a próxima temporada, destaco, desde logo, a estabilidade do resultado positivo, de cerca de 6 milhões de euros. Tem sido esta tendência das últimas temporadas, o que nos permite encarar o futuro com optimismo. Entre as várias componentes do orçamento, há duas que me merecem, sempre, maior atenção: Quotização e investimento nas modalidades.
Quanto à primeira, o crescimento sustentado das receitas de quotização é assinalável. Ano após ano, e sem aumentos do valor da quota, é estabelecido um novo recorde: 14,6 M€ em 2015/16; 15,8 em 2016/17; 16,4 em 2017/18 (previsão); 16,6 em 2018/19 (orçamentado). Esta tendência é fruto de uma política comercial agressiva (promoção e segmentação), da implementação de instrumentos de retenção dos associados e do estabelecimento de parcerias resultantes em vantagens para os sócios. É preciso ter em conta, no entanto, que estes montantes verificam-se em temporadas de sucesso no futebol, o que me desperta a curiosidade para perceber se, na próxima temporada, se conseguirá atingir o valor orçamentado.
A previsão para a época agora finda é um indicador favorável. Relativamente às modalidades, folgo em verificar que o investimento tem crescido sem que a sustentabilidade económica e financeira do clube seja colocada em causa (aumento de 1,7 M€).
Apesar da desapontante época desportiva, estivemos em todas as decisões e, tendo em conta e pecúlio obtido na última década, trata-se de um ano atípico. Muito honestamente, prefiro ter um ou outro ano atípico a, em prol de um eventual sucesso esmagador imediato, eventualmente hipotecar várias épocas futuras. Estamos no bom caminho!"

João Tomaz, in O Benfica

Obececados

"Regresso a esta crónica depois de umas semanas de ausência. Andei lá por fora a trabalhar e perdi in loco o início da novela de Alcochete, seguida de todo o folhetim de desespero e incredulidade que não deixa de passar nas televisões portuguesas. Claro que a Internet me possibilitou acompanhar - com a distância higiénica necessária - todo o esquema montado, as agressões, as reacções e o para-arranca sai ou não sai. Sinceramente, meus amigos, mete dó. E mais dó me mete - já a roçar a pena - quanto vejo e oiço dirigentes e adeptos do Sporting Clube de Portugal a denunciar (ou será implorar para que não aconteça?) tentativas de contacto do Sport Lisboa e Benfica com jogadores insatisfeitos do plantel de Alvalade. A sério? Isto é mesmo a sério? Onde é que esta gente andava nos anos 1990 quando Paulo Sousa e Pacheco foram elevados à categoria de imprescindíveis e se mudaram para o estádio ao lado da churrasqueira?
Coitados... em vez de se preocuparem com o crime praticado nas instalações arrendadas da academia, com a sobrevivência financeira, com a preparação de uma nova época ou com a substituição - ou não... - do seu presidente, o grande medo deles é que o Benfica vá lá buscar alguns dos profissionais agredidos física e psicologicamente naquele que deveria ser o seu templo imune a ameaças, o balneário.
Será a pequenez de tal dimensão, que, nem naquele que é o momento mais baixo da sua história param de pensar no Benfica? É impossível conseguir entender gente assim. Há algumas semanas, votaram em assembleia-geral para dar poderes quase ilimitados a uma direcção com provas dadas de megalomania e prepotência. O líder que queriam fez birra e ganhou. Nesta semana, foram acenar lenços brancos para as proximidades do metro do Campo Grande e cantar, como se estivessem à espera do milagre do sol. Ou, no caso deles, do rei-sol. Haja paciência."

Ricardo Santos, in O Benfica

Batatada

"Desde a Idade da Pedra, os humanos envolvem-se em disputas territoriais. Mas há umas que pela sua dimensão mortífera são mais relevantes.
Entre 1618 e 1648, a Guerra dos Trinta Anos provocou um número estimado de mortos entre 3000000 e 11500000 pessoas. Começou como um conflito religioso e a determinado passo ninguém já sabia porque estava em guerra. Muitos dos exércitos tinham mercenários em suas frentes de batalha, que trocavam de lado sempre que a oportunidade parecia interessante.
Entre 1804 e 1815, as Guerras Napoleónicas, provocaram um número estimado de mortos, entre 3500000 e 6500000 pessoas.
Napoleão Bonaparte achava-se muito bom, mas esqueceu-se do Inverno russo!
Entre 1998 e 2003 a Segunda Guerra do Congo provocou um número estimado de mortos entre 3800000 e 5400000 pessoas.
Entre 1917 e 1921, a Guerra Civil russa provocou um número estimado de mortos entre 5000000 e 9000000 pessoas.
O objectivo era acabar com a monarquia czar, mas durante muitos anos ninguém se entendia que regime deveria seguir-lhe.
Entre 1862 e 1877 a Revolta Dungan provocou um número estimado de mortos entre 8000000 e 12000000 de pessoas.
Uma guerra de etnias sem concretização prática nenhuma.
Entre 1369 e 1405, as investidas de Tamerlão provocaram um número estimado de mortos entre 15000000 e 20000000 de pessoas.
O objectivo era conquistar território na Ásia, e o Império Timúrida chegou a ter mais de 5,5 milhões de quilómetros quadrados. À conta de quê? De mortes!
Entre 1914 e 1918, a Primeira Guerra Mundial provocou um número estimado de mortes entre 15000000 e 65000000 pessoas. Com que objectivo? A confusão que se sabe.
Entre 1815 e 1864, a Rebelião Taiping provocou um número estimado de mortes entre 20000000 e 60000000 pessoas.
Esta 'rebelião' foi na verdade uma grande guerra civil no sul da China, liderada por um cristão, Hong Xiuquan, que dizia ser o irmão mais novo de Jesus Cristo.
Entre 1616 e 1662, a disputa entre a dinastia Ming e Qing, na China, provocou um número estimado de 25000000 mortos.
Uns revoltaram-se contra os outros, Qing contra a dinastia Ming, mas, depois de perderem, venceram e fazem parte dos jarros de porcelana actuais.
Entre 1207 e 1472, as investidas Mongóis provocaram um número estimado de mortos entre 30000000 e 60000000 de pessoas.
Uma vontade enorme de conquistar território, que teve um resultado num império de mais de 12 milhões de quilómetros quadrados.
Entre 755 e 763, a rebelião de An Lushuan, provocou um número estimado de mortos entre 33000000 e 36000000 pessoas.
O general An Lushuan, durante a dinastia Tang, resolveu declarar-se imperador de uma parte da China, o que não agradou à dinastia que reinava sobre o pais. Foram 8 anos de confrontos que continuam mesmo depois da morte de An Lushuan - e terminaram com a subjugação dos rebeldes e afirmação, mesmo que frágil, da dinastia Tang.
Entre 1939 e 1945, a Segunda Guerra Mundial, teve um número estimado de mortos entre 40000000 e 72000000 pessoas.
Foi o que se sabe!
2011 a (data ainda não conhecida= a guerra do relvado onde a Dinastia Ticuna pretende tomar o poder pela via imperial, subjugando todas as dinastias O número de pessoas envolvidas e na ordem dos 6 milhões, segundo os próprios relatos do chefe da Dinastia."

Pragal Colaço, in O Benfica

Por favor, não incomodar: Mundial a chegar

"Falta menos de uma semana para arrancar o Campeonato do Mundo. Curiosamente, também falta menos de uma semana para eu me despedir da minha família e amigos até dia 15 de Julho. Assim poderei evitar algumas situações desagradáveis, como por exemplo a minha mãe julgar que pode entrar em diálogo comigo durante um Honduras - Equador. De facto, há pessoas que não sabem estar e, como se vê, a minha mãe é uma delas. Arrisco a dizer que só uma invasão de cinquenta indivíduos encapuzados seria capaz de me arrancar da frente da televisão da sala à hora do Rússia - Arábia Saudita na próxima quinta-feira.
Posso confidenciar que a der o sentido da vida. De que valeria a nossa existência sem um Mundial de quatro em quatro anos? 'Valeria pelo Benfica' - responde, e bem, o leitor. É óbvio que basta o Benfica para a nossa presença na Terra ter significado, não consigo discordar. No entanto, a verdade é que o Campeonato do Mundo tem um peso relevante na história do Glorioso. Particularmente o de 1966, onde o artilheiro-mor, Eusébio, brilhou com nove golos apontados. Portugal tombou o Brasil, campeão do mundo quatro anos antes (Chile 62) e quatro anos mais tarde (México 70). Eusébio e companhia sambaram diante dos lendários Pelé, Rildo e Jairzinho. Quem nunca viu a supersónica reviravolta frente à Coreia do Norte, onde o King, quem mais, carregou a equipa às costas? Portugal só sucumbiu aos pés dos ingleses, que viriam a levantar o troféu. Há quem viaje até Inglaterra para visitar o Palácio de Buckingham, a Tower Bridge ou o Stonehenge. Eusébio voou até Terras de Sua Majestade para se inscrever na eternidade do futebol."

Pedro Soares, in O Benfica