quarta-feira, 6 de junho de 2018

Eliminação

Benfica 90 - 96 Corruptos
18-25, 18-22, 15-18, 29-15, 10-16

Tinha avisado que o factor casa não era importante. Voltámos a entrar a 'dormir' como tem sido costume... no 4.º período fizemos de facto uma recuperação fantástica, mas falhámos nos últimos segundos quando podíamos ter garantido a vitória no tempo regulamentar... No prolongamento condicionados com o número de faltas, não tivemos cabeça e força para ganhar...
Hoje, o diferencial nos ressaltos não foi tão grande como tem sido habitual, mesmo assim voltámos a perder a luta dos ressaltos, sinceramente não se compreende...!!!

O meio receio a meio da época, concretizou-se: não pode perder os dois melhores jogadores a meio da época (sendo que um foi por lesão)! E sim, reafirmo, o candidato na Final será a Oliveirense, não serão estes Corruptos...

Não tem sido uma época boa para as modalidades de pavilhão, no Basket apesar de alguns troféus durante a época, perder o Campeonato e a Taça é muito mau... Terá que haver alterações...

Nomes para todos os gostos e desgostos

"'Hapoel', em hebraico, está ligado à palavra trabalhador e ao Histadrut que representa uma poderosa organização sindical de esquerda.

1. No defeso que nos oferece abundantemente notícias reais, alegadas e falsas, o labirinto da crise leonina e o pré-Mundial da Rússia, também gosto de estar no meu próprio defeso. Assim sendo, continuo na rota das curiosidades à volta do futebol até para me tentar convencer do seu lado bom.
Hoje dedico-me à onomástica clubista. Assunto que, há anos, já abordei numa antiga coluna neste jornal.
As denominações completas dos clubes têm semelhanças com os nomes das pessoas. Têm nome próprio, apelido, alcunha, e até acrónimo, sigla e, não raro, uma aproximação e pseudónimo (ou até heterónimo), ou como agora sói dizer-se marca. No caso dos clubes, em vez da filiação de sangue, surge a filiação de lugar ou toponímia. Há ainda os símbolos e mascotes, mas isso fica para outra altura. Por exemplo, no caso do meu clube, Benfica é o nome próprio, Sport o apelido, Lisboa a toponímia, encarnados o pseudónimo, águias o heterónimo, lampiões uma alcunha e esseelebê a sigla.
Em regra, a própria palavra clube faz parte da denominação do clube. É como se nós tivéssemos todos o apelido 'pessoa'. E, além dela, futebol está generalizado no nome, ainda que o clube tenha mais desportos.
Sendo a Inglaterra o berço do futebol, foi natural a sua influência. Neste ponto um clube se distingue dos demais: o Clube Futebol Os Belenenses (curiosamente mais conhecido por O Belenenses, numa errada conjugação do artigo definido singular e do substantivo plural!). É que os outros optaram pelo anglicismo de escrever 'Futebol Clube' e não à portuguesa, Clube de Futebol.
Depois temos Sport, desde logo no SLB e em muitos outros clubes. Assim, como o apelido Sporting, que, todavia, no SCP passou a nome próprio, tido André André. Já os Sporting de Braga, Faro, Espinho, Covilhã, Tomar, Cuba e outros dão mais pelo nome da cidade. Há ainda clubes que são Sporting e que muita gente desconhece: Portimonense Sporting Clube e Sporting Clube Olhanense.
Há também a designação Grupo ou Clube Desportivo (Feirense, Chaves, Aves, Cova da Piedade) e Associação (Académica).
Outro apelido também frequente é o de União (do britânico United), umas vezes tratado no feminino como a União de Leiria, outras no masculino como o União de Lamas (ou da Madeira, que curiosamente não tem o nome da ilha) ou ainda o caso que, embora referido no feminino, raramente é chamada de União (a Oliveirense).
Um outro muito conhecido sobrenome, às vezes alcandorado a nome próprio, é o Atlético. Cá, entre outros, o Atlético Clube de Portugal, o Casa Pia Atlético Clube, o do Cacém, Malveira, Marinhense, Riachense, Valdevez. No estrangeiro, há o de Madrid e o de Bilbau (este na variante basca de Athletic), o Ossasuna, o Atlético Mineiro e o Paranaense no Brasil, ou apenas incluído na designação completa do River Plate, Boca Juniors, Vélez Sarsfield na Argentina, do Peñarol no Uruguai, do Petro Luanda ou de Panathinaikos, na Grécia.
Mais apelidos comuns: Desportivo (das Aves ou de Chaves) cá e e o Deportivo (da Corunha) na Galiza, a Académica (de Coimbra ou de Espinho) e Académico, o Estrela (Amadora, Figeuirense), o Eléctrico (de Ponte de Sor), o Recreio (de Águeda), e os bem portugueses Lusitano (Évora e V. Real de S. António) e Lusitânia (Lourosa e Açores), Primeiro de Maio (Naval e Sarilhense).
Portugal
Portugal é pouco comum na denominação. Destaca-se o SCP que, segundo o seu presidente, é o único clube dos grandes que é de Portugal. Logo me lembrei do Atlético Clube de Portugal. Eu, pela minha parte, sinto-me às mil maravilhas na cidade e no bairro...
Há ainda o Clube Desportivo e Recreativo Portugal (da Moita), o Clube Desportivo Portugal (do Porto), o Clube Ferroviário de Portugal (de Marvila, Lisboa). E um clube da 3.ª divisão espanhola chamado Portugalete, nome de um município no País Basco.
Quase todos os clubes principais têm, no seu código onomástico, o nome da cidade ou, pelo menos, da sua zona ou bairro. Curioso é o caso do Benfica que tem inscrito o nome da sua cidade natal (Lisboa) e um dos seus bairros (Benfica) embora tenha dado à luz em Belém. Na 1.ª e 2.ª divisões só os dois Vitórias, o Gil Vicente, o Nacional e o União (madeirenses) e o Real (de Massamá) não referem o seu berço. E há 'O Elvas' que dá pelo nome da cidade precedida pelo artigo masculino.
Interessante é a saga dos Vitória, de nome próprio. O de Setúbal, que não tem a cidade na denominação, é Vitória Futebol Clube. O de Guimarães, tal e qual o de Setúbal, com uma mudnaça subtil no apelido: Vitória Sport Clube. São dois dos casos em que clubes são chamados quase sempre por um nome de raiz toponímica que, porém, não têm na denominação. Tal qual a minha avó materna que era Leonor e que toda a gente tratava por Rosinha. Mas há mais Vitórias com menos vitórias: o de Sernache (embora de Cernache), o de Lisboa, o do Pico, o dos Olivais, o de Santarém, o Mindense, etc. Na Europa Central há Viktoria e Viktorie para todos os gostos.
Também não faltam os clubes ligados ao mar: o Beira-Mar de Aveiro, o de Monte Gordo e o de Almada, o Marítimo, o S, Félix da Marinha, o Mira-Mar, o Marinhense e o Marinhais. Ou, por via dos descobrimentos, o Vasco da Gama de Sines. Por fim, o Estoril-Praia que, fora da época balnear, deixa cair o Praia para ser tão-só Estoril.
Na Madeira, há uma certa barafunda geográfica. É que dos 3 principais clubes, o que tem a palavra Madeira no seu nome oficial não é como tal reportado. E os outros que não têm referência geográfico acoplaram o nome da região. Assim, o Marítimo da Madeira é mais conhecido por Marítimo do Funchal. O Clube Desportivo Nacional toma o nome comum de Nacional da Madeira e o Clube Futebol União é, para todos os efeitos, o União da Madeira!

2. Passando para outros países europeus há também 'genéricos' clubistas. No Reino Unido com todos os United em competição com todos os City. Ou, ainda, os Rangers de Glasgow e os Quem Park Rangers. Em Espanha há também um Sporting (de Gijon), um Racing (de Santander) os Atléticos de que já falei, e, claro está, a profusão do monárquico Real para todos os gostos (Madrid, Saragoça, Sociedade, Bétis, Valladolid, Oviedo, etc.) e Reial Espanyol em versão catalã. E ainda os geminados Celta de Vigo (também Real) e Celtic de Glasgow. Por falar em Real, por cá temos o Real Sport Club (de Massamá), o Real Clube Brasfemes (AF Coimbra) e o Real Clube Nogueirense (AF Aveiro). Em França, além dos Olympique como o de Lyon, Nice e Marselha (à semelhança dos vários Olympiakos gregos), há também um Sporting e um Atlético na Córsega (Sporting Clube de Bastia e Athletic Clube Ajaccio). O camponíssimo Real Madrid é assim para os monárquicos e só Madrid para os republicanos.
Na Alemanha temos alguns Fortuna (o mais conhecido é o de Dusseldorf), alguns Bayern que quer dizer Baviera (de Munique e não só) e Borussia (nome em latim de Prússia) de Dortmund ou M'Gladbach. E há o equivalente ao União que é o Eintracht (de Frankfurt).
Em Itália o futebol é transgénero. Clubes que começando por Asociazione, Unione ou Società são tratados no feminino. Por exemplo a Roma, a Lazio, a Fiorentina, a Sampdoria, a Udinese. Mas, à italiana, nem sempre é assim: a Juventus Football Club é feminina talvez por ser a 'Vechia Signora', o Nápoles é masculino embora se chame Società Sportiva Calcio Napoli, e o Milan deveria ser feminino pois tem como nome completo Associazione Calcio Milan.
Na Europa de Leste (ex-URSS e seus satélites) subsistem os gloriosos, bélicos e propagandísticos 'genéricos' de regime: CSKA (Clube do Exército) de Moscovo ou de Sófia, Lokomotiv, Torpedo, Spartak, Sparta, Dínamo (Dínamo de Kiev, de Tbilissi, Zagreb e até de Dresden na antiga RDA), Zenit, Estrela (Vermelha de Belgrado ou Steaua de Bucareste), Partizan.
Acrescem os relacionados com a origem eslava como Slavia, Slovan, assim como Levski, Dukla e Shaktar (nome de um antigo sindicato da URSS). A Polónia - não por acaso - resistiu a esta avalanche de nomes (apesar de ter o Legia, que quer dizer legião), bem como a Hungria pela raiz não eslava do seu idioma, mas onde há Vasas para todos os gostos.
Por fim, regista-se a circunstância de quase todos os clubes israelitas serem Hapoel (de Haifa, Jerusalém, Telavive, etc., ao todo 39!), Maccabi (Nazaré, Haifa, Natanya, Tel Aviv, 15 no total) ou Beitar (Jerusalém e mais 10).
Trata-se de uma divisão algo política e ideológica que, de vez em quando, dá problemas. Hapoel, em hebraico, está ligado à palavra trabalhador e ao Histadrut que representa uma poderosa organização sindical de esquerda. Maccabi, (conotada com o centro político) advém de um exército rebelde judeu, os Macabeus, e simboliza a resistência. Beitar, conotado com a direita, resulta de uma expressão ligada a movimentos sionistas juvenis. Soube-se há pouco tempo que o de Jerusalém se vai chamar Beitar Trump Jerusalém por agradecimento à mudança da embaixada americana para aquela cidade!
Já o APOEL cipriota é o acrónimo de Athletikos Podosferikos Omilos Ellion Lefkosias, que quer dizer Clube de Futebol Atlético dos Gregos de Nicósia."

Bagão Félix, in A Bola

A MAG no exílio num hotel lisboeta

"A Mesa da Assembleia Geral do Sporting (MAG) no exílio teve de recorrer a uma sala de hotel e não ao auditório Artur Agostinho, para fazer uma declaração de suma importância para o futuro próximo (e não só...) do clube de Alvalade. Esta imagem de Jaime Marta Soares e seus pares, acompanhados pela Comissão de Fiscalização, mostra a realidade de um clube tomado refém, que aguarda pela intervenção da Justiça para que seja reposta a legalidade. Entregue que foi a providência cautelar que a MAG julga ser suficiente para obrigar o Conselho Directivo (CD) a agir de acordo com os Estatutos, subsistem razões de natureza prática que podem concorrer para que uma reunião magna para destituição de Bruno de Carvalho e dos seis dirigentes que lhe garantem quórum, não se realize a 23 de Junho. Quanto tempo vai demorar o juiz a decidir? E depois disso, será que o CD vai acatar a decisão e se o fizer, irá colocar à disposição do processo de organização da AG os meios humanos e logísticos necessários?
Pelo andamento da carruagem, pelo fanatismo com que o que resta do CD se mantém agarrado ao poder, não será por demais antecipar que poderá vir mais conflitualidade a caminho. No entanto, no meio de tudo o que tem acontecendo ao Sporting, é perceptível uma consciência colectiva em crescendo, um clamor que aumenta, em favor de eleições já. Este movimento afigura-se imparável e é muito provavelmente por perceber que não terá hipóteses de vencer qualquer acto eleitoral, seja numa AG destrutiva, seja uma AG electiva, que Bruno de Carvalho procura pela viado golpe o que lhe foge pelo caminho da democracia."

José Manuel Delgado, in A Bola

UEFA confirma legalidade dos 'vouchers'

"Após audiência disciplinar realizada no dia de ontem, em Nyon, na Suíça, o Comité de Apelo da UEFA veio rejeitar o recurso interposto pelo Sporting Clube de Portugal contra a decisão do Comité de Controlo, Ética e Disciplina da UEFA de não instaurar qualquer processo disciplinar ao Sport Lisboa e Benfica na sequência da denúncia efectuada por aquele clube relativamente ao denominado processo “Kit Eusébio/Vouchers”.
Esta decisão confirma também aquela que foi proferida a 21 de Novembro de 2016 pelo Inspector Disciplinar e Ético da UEFA.
Estamos, pois, perante a terceira e última decisão da UEFA, rejeitando definitivamente a participação disciplinar do SCP sobre este tema.
O Comité de Apelo da UEFA vem, assim, corroborar também todas as anteriores decisões tomadas pelas diversas instâncias desportivas nacionais (Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol e Tribunal Arbitral do Desporto).
Uma vez mais, sem surpresa, veio a confirmar-se a legalidade de procedimentos do Sport Lisboa e Benfica com esta prática institucionalizada de cortesia, efectuada sempre após os jogos, de forma pública e independente das vicissitudes e resultados dos jogos que o SLB disputou, quer ao nível das competições nacionais, quer ao nível das competições internacionais."

Um gestor da arte dos outros

"Numa sociedade de aparências e futilidade, o futebol tem acompanhado os novos tempos. As maiores vítimas desse processo são os mais discretos que, por intervenção no jogo e temperamento, são indiferentes à ditadura da imagem, tornando-se mundo à parte das leis de mercado. João Moutinho faz simplesmente o que deve, como se interpretasse a tarefa sem concessões imorais à tresloucada dinâmica das decisões heróicas. Não resolve jogos com truques de magia, antes inspira os companheiros a despertarem de períodos em que se afastam da realidade, caem na sonolência e perdem o fio à meada. JM prefere viver o futebol por dentro. Valoriza a cabina, o treino, o jogo, a camisola, a bola, e nunca se deixou seduzir pelos apelos exteriores de entrevistas, publicidade, marketing e revistas cor-de-rosa. Vive em contracorrente com as necessidades mediáticas que debilitam o mistério do balneário, a união da equipa como se fosse uma família, o orgulho de competir, o sentido de representação e a verdadeira essência do que significa vencer.
JM cuida da equipa e do jogo. Há outros, com soluções artísticas mais ricas, que se expressam avulso com a bola e interferem nos duelos como desequilibradores; são tenores em fato de gala, maestros exuberantes, solistas aplaudidos de pé por plateias rendidas ao talento no estado mais puro que o instinto pode ter. Muito mais do que um operário, JM é futebolista da cabeça aos pés, um gestor da arte dos outros, que interfere na ação de todos e, por consequência, multiplica a produção da equipa. É uma completa enciclopédia no modo como une as pontas dispersas do colectivo e faz despertar em cada um as orientações do treinador; como chama a atenção a desvios comportamentais, a descoordenações, a falhas posicionais, a deslumbramentos ou adormecimentos momentâneos. O reportório de um craque é ilimitado mas todos, como ele, devem desconfiar das musas. Por isso se diz que nunca joga mal.
Em Bruxelas, onde Portugal se testou em larga escala, foi dele o primeiro sinal do que era preciso fazer para mudar: respirar fundo, arregaçar as mangas e começar a trocar a bola com a coerência dos predestinados. Não tirou coelhos da cartola mas tocou a reunir e criou as condições de estabilidade que permitiram aos craques, por fim, serem visitados pela inspiração. JM foi a rede do trapézio da Selecção, o impulsionador moral de um novo futebol que Portugal teve de jogar para sair da Bélgica com bom resultado e, mais do que isso, com a imagem salvaguardada como campeão europeu.
A qualidade individual será sempre a base do futebol mas nada se consegue sem a coordenação de todos os elementos em jogo. É preciso uma ideia, um projecto e cumplicidade generalizada para que tudo se cumpra na plenitude. Dar homogeneidade às diferenças e torná-las solúveis no jogo e na produção criativa é a arte de um jogador que traz equilíbrio, inteligência e harmonia ao eixo central do terreno, onde promove segurança e equilíbrio atrás e dá claridade e soluções à frente. Sendo um elemento congregador, JM contraria a submissão e combate a previsibilidade. Cumpre ordens superiores (as do treinador), segue o senso comum mas defende sempre pontos de vista originais. Assimila o que o treinador concebe mas dá-lhe cunho pessoal. Nunca é ferramenta sem cérebro. 
Jogadores como JM não são autossuficientes – ao contrário de outros que precisam apenas da bola para estabelecerem diferenças e aproximarem as equipas das vitórias. Não ganham sozinhos e precisam de uma equipa à volta para atingirem o máximo de si próprios; com eles não há garantia de vitória mas sem eles o futebol não é fiel à sua história; a presença em campo não equivale a dizer que esteja descoberto o caminho para a glória mas sem eles não vamos a lado algum.

Pepe continua a ser referência 
A revolução no eixo central da Selecção começará depois do Mundial
Pepe continua a despertar paixões exacerbadas. Aos 35 anos, é voz corrente que fez muita falta ao Real Madrid e, agora que está em vésperas do Mundial, há algumas potências europeias que procuram resgatá-lo ao Besiktas. O luso-brasileiro costuma ter boa resposta nos grandes palcos e, tem-no mostrado cabalmente, está em excelente condição física. Permanece como referência defensiva de Portugal.

Gonçalo Guedes é impressionante
É incrível a coordenação motora de alguns jogadores com a bola nos pés
Gonçalo Guedes levou a Ducati para Bruxelas mas a bomba demorou a carburar. O jovem pode jogar no centro mas, para isso, tem de aperfeiçoar alguns movimentos; precisa de enquadramento e de rotinas com quem lhe está próximo. Quando Fernando Santos o pôs nas faixas foi um perigo: se embala é imparável; a velocidade atingida não a perde com a bola; as decisões que toma são sempre contundentes.

Sumptuosidade de João Mário
Há jogadores para quem a Seleção é refúgio para as agruras do dia a dia
João Mário é um caso de estudo. Não é possível que um jogador com tanto requinte, subtileza e diversidade táctica; com visão e técnica tão evoluídas, não se tenha imposto no Inter Milão e tenha demorado até conquistar o seu espaço no West Ham. Vê-lo ao serviço da Selecção será uma forma de recuperar a sumptuosidade com que joga e faz jogar. É sempre bom ver em acção um dos melhores médios europeus."

A agitação que faz a felicidade dos primeiros


"FC Porto e Benfica já foram os dois primeiros na última Liga e estão a ter o defeso com que sempre sonharam. Os dragões arriscam-se a deixar fugir o mais promissor dos jogadores da sua formação nos últimos anos, mas até isso tem passado quase sempre despercebido. No lado do Benfica, acalmou a tentativa de golpe que visava afastar Rui Vitória para um exílio dourado, e a reformulação do plantel já vai seguindo caminho com tranquilidade. Tudo porque vem aí o Mundial e, especialmente, porque o Sporting tomou conta da actualidade em mais um “hara-kiri” de difícil explicação. Os rivais agradecem.
Claro que, fiéis à teoria do inimigo externo, os mais fervorosos sportinguistas acham que a culpa é toda da comunicação social. São um pouco como aquele indivíduo que se mete no topo do Empire State Building, ameaça saltar e depois acha estranho que apareçam as televisões em direito. A auto-destruição do futebol do Sporting, já envolve direcção, oposição e até as outras modalidades, cujas vitórias servem para desvalorizar as “princesas” do futebol, que nem sequer podem levar uns “apertos” e umas ameaças. Esquecem-se os defensores destas teorias que nessas outras modalidades, o Sporting tem equipas mais fortes do que os adversários – e sim, até acho que no futebol, este ano, também a poderia ter tido – mas que os jogadores podem andar por aí completamente despercebidos sem que ninguém os reconheça, quanto mais lhes faça mal.
Ao mesmo tempo, o FC Porto vai avançando para uma temporada que tem tudo para ser melhor do que a anterior, porque o Fair Play Financeiro vai necessariamente afrouxar e porque, apesar de ser muito questionável que deixe sair, ao mesmo tempo, Ricardo Pereira e Diogo Dalot, tem o escrutínio público em modo “desligado”. Pinto da Costa e Sérgio Conceição terão dois meses para construir uma equipa com menos limitações do que as que tinham há um ano, quando ainda por cima tiveram de se debater com a polémica da “deserção” do treinador de Nantes e a novidade que era estarem proibidos de se reforçar a não ser com o regresso dos emprestados. Isso não é garantia de sucesso – até porque só pode ganhar um – mas é pelo menos uma base bem mais favorável do que a de 2017. 
No Benfica, as nuvens negras estão a afastar-se no horizonte, aproximando-se de Alvalade. Se os dirigentes se viam a braços com polémicas judiciais, o Sporting viu-se rodeado das suas próprias. Se o plano para exilar Rui Vitória – ao qual o treinador chegou a reagir, puxando dos galões daquilo que conseguiu nos seus três anos no cargo – ameaçava criar instabilidade no comando técnico, o caso entre Bruno de Carvalho e Jorge Jesus fez parecer o que se passava na Luz uma brincadeira de crianças. Vitória vai ter também toda a tranquilidade para preparar um plantel menos desequilibrado do que o de 2017/18, com mais opções de qualidade atrás, que foi onde o último Benfica mais fracassou, e com uma avaliação mais segura do rendimento que pode dar Jonas, o homem que mais faz a diferença."

Dignidade esquecida

"1. Quando Bruno de Carvalho foi a votos, apresentou a sua equipa, a sua comissão de honra, o seu programa e os seus apoiantes.
Foi nesse conjunto que os sócios votaram.
São conhecidas as renúncias de parte importante dos órgãos sociais, a retirada de indefectíveis, as clivagens na base social que suportava a candidatura, a desmobilização, as críticas públicas - e muitas vezes contundentes - à sua actuação.
Os pressupostos sobre os quais, a actual direcção do Sporting alicerça a sua legitimidade, deixaram de existir, pelas razões mencionadas. O Brunismo de hoje, é uma versão mirrada e pálida, da euforia "bardamerda", da noite das eleições.
2. Os lamentáveis acontecimentos da Academia foram muito mais do que um ato de terrorismo. Aquelas agressões, feriram muito mais do que jogadores e equipa técnica; atingiram o âmago dos valores sportinguistas, permanecem como uma chaga dolorosa e sobretudo, levantaram uma série de dúvidas profundas e sistemática, sobre os métodos de governance do clube, a relação com as claques e a sua manipulação, a política de relacionamento com os jogadores e muito mais.
Mesmo que a direcção do clube e a administração da SAD não sejam responsáveis pelo que sucedeu em Alcochete, numa pura óptica de relação causa-efeito, nem por isso podem sacudir responsabilidade institucional, porque o que aconteceu não foi por acaso, foi antes o perverso corolário de um modelo de gestão, centrado no voluntarismo comportamental e comunicacional do presidente da direcção.
Os acontecimentos da Academia não podem ser, como os fogos de Pedrogão, culpa de ninguém, porque um clube como o Sporting, mesmo com a gente que o dirige, deve rege-se por imperativos éticos, que a política, infelizmente, parece já ter perdido.
3. Dos fatos que integram a justa causa de rescisão unilateral do contrato do Rui Patrício, ressalta uma cristalina evidência: o actual presidente da direcção é parte de um grande problema e não é parte de nenhuma solução.
A forma e o conteúdo das comunicações, que o presidente da SAD se arrogava o direito de dirigir aos jogadores - pergunto ao abrigo de que modelo de governance ? - não podem deixar de criar junto destes justificado mal-estar e ressentimento.
Tanto mais, provindas de quem cavalgava, com colagem adesiva, os êxitos desportivos da equipa de futebol; ou já nos esquecemos das voltas olímpicas e dos agradecimentos arrebatados no final dos jogos?
Enquanto a actual direcção se mantiver, a SAD corre o risco de mais rescisões, porque - agora percebemos porquê - os jogadores não vão com a cara do Bruno.
A política de relacionamento com os profissionais falhou e o risco de permanência da direcção, é o risco de perda irremediável de activos valiosos e da solvência da SAD.
Compreendem agora, porque falo em dignidade?"

O dinheiro e a felicidade

"Nos últimos anos, Jorge Jesus foi o mais popular, o mais amado e também o mais odiado dos treinadores do campeonato português. Venceu muitas vezes, mas também perdeu com estrondo e “comprou” algumas polémicas. Ao fim de tantas épocas ao mais alto nível, ver Jorge Jesus partir para o campeonato saudita é quase como perceber que um grande actor aceitou ter um papel secundário num filme de qualidade duvidosa. O cachê até pode ser alto, mas sabemos que dificilmente vai chegar ao oscar.
O Al-Hilal é uma potência do futebol saudita e asiático, só que é fácil perceber que o clube de Riade não estava no mapa dos sonhos de um treinador que foi tricampeão português, que disputou duas finais da Liga Europa, venceu seis Taças da Liga, duas Supertaças, uma Taça de Portugal e também uma Taça Intertoto (no Sporting de Braga). O currículo, lido assim num fôlego, permite relembrar todo o impacto que Jorge Jesus teve em Portugal nos últimos anos, num percurso marcante e que ficará assinalado de forma muito impressiva no futebol nacional.
O interesse dos sauditas encostou um convite milionário a uma apressada vontade de sair, permitindo a Jorge Jesus o afastamento dourado de um turbilhão que lhe provocou marcas (até físicas) que provavelmente nunca esquecerá.
Com a saída ‘limpa’ (sem custos financeiros relevantes) de Jorge Jesus, Bruno de Carvalho poderá imaginar que conquistou mais um trunfo, mas a “arrumação” da casa já não chega para permitir uma aparência de normalidade no clube do leão. O Sporting vive um quotidiano marcado por uma guerrilha institucional e por muito que se esforce por apresentar medidas e exibir mudanças, o presidente do clube de Alvalade já não consegue mascarar uma crise demasiado profunda (nem através da propaganda dos meios de comunicação do clube).
O Sporting é hoje uma espécie de criatura com duas cabeças, em que cada uma tenta puxar o corpo (e o clube) para o lado que mais lhe convém. É verdade que a parte mais direta das responsabilidades repousa nos ombros de Bruno de Carvalho, mas a inacção prolongada de Jaime Marta Soares e da Mesa da Assembleia-Geral (quando já existiam sinais claros de autoritorismo presidencial) potenciou uma situação de apego egoísta ao poder, que deverá agora seguir uma longa e pouco edificante batalha judicial.
Nesta altura é mais fácil sentar à mesma mesa Donald Trump e Kim Jong-un do que juntar Bruno de Carvalho e Jaime Marta Soares. E isso é uma péssima notícia para o Sporting.
Tudo isto passa a ser apenas uma memória recente (e em breve difusa) para Jorge Jesus, que não conseguiu sair do futebol português por uma porta que o pudesse levar até à primeira divisão europeia. Os sete milhões de euros anuais que o Al-Hilal vai pagar a um dos melhores treinadores portugueses ajudarão a minimizar a frustração de não trabalhar (por agora) num dos grandes campeonatos europeus, mas Jesus é movido a títulos e nem sequer uma enorme quantidade de dinheiro será capaz de apagar alguma infelicidade. Pelo passado recente no Sporting e por um futuro próximo afastado dos grandes palcos.

P.S. - Depois de uma temporada cheia de casos e com pouco espaço para debates sobre futebol e aqueles que o protagonizam, o Mundial da Rússia poderá ser uma "ilha" retemperadora para todos aqueles que se entusiasmam mais com o jogo do que com as polémicas, as estratégias comunicacionais e os "casos de polícia" (que a Justiça deverá tentar resolver de forma célere e eficaz). É também por isso que, nas próximas semanas, transformarei esta crónica num espaço semanal de análise do Campeonato do Mundo da Rússia. Esperemos que o ruído interno não ofusque o brilho do grande torneio planetário."

Corrupção, ética e "brandos costumes"

"O afã de encontrar crimes e suspeitos no campo político corre o risco de criar um ambiente de "caça às bruxas" tão pernicioso para a democracia como o foi o laxismo dos "brandos costumes".

A historiografia, a literatura e o jornalismo têm-se encarregado de desfazer o mito criado pelo Estado Novo de que Portugal é um país de brandos costumes, mostrando que desde tempos remotos os portugueses praticaram actos e crimes horrendos. Esse mito seria aliás simbolicamente retomado pelo ex-primeiro-ministro, almirante Pinheiro de Azevedo, no "Verão Quente" de 1975, quando, durante o discurso que proferiu na manifestação do Terreiro do Paço de apoio ao seu Governo, um petardo rebentou no meio dos manifestantes. Há gritos, correria, fumo por cima da multidão e chamas por todo o lado, mas o almirante não se intimida e clama: "O povo é sereno."
Sejam ou não um mito, os "brandos costumes" e a "serenidade" do povo fazem parte da cultura dos portugueses e estendem-se a largos sectores e áreas da sociedade, traduzindo-se não já em crimes e outras formas de violência física mas em comportamentos no mínimo laxistas e pouco ortodoxos, não obstante a evolução do quadro legal relativo à corrupção e a existência de códigos de ética e de conduta na actividade política, nas empresas e nas instituições públicas e privadas.
Acontece, porém, que os comportamentos individuais e colectivos não se mudam por decreto. Se aprofundarmos um pouco a cultura dos "bons costumes" e o "deixa-andar" a que ela conduziu, encontramos ainda hoje práticas antigas que antes eram ignoradas ou toleradas, mas que à luz dos princípios da transparência, da ética ou da moral são hoje criminalizados ou, pelo menos, socialmente reprovados. São exemplo dessas práticas a cunha, o pequeno favor, as ofertas como recompensa de benefícios, as contas marteladas, as moradas falsas para conseguir escola melhor para os filhos, os júris de conveniência, os concursos “à medida”, os currícula com dados falsos. Tudo isto se mantém e é transversal a vários sectores da sociedade.
Atendo-nos ao campo político, a recente polémica das viagens dos deputados das regiões autónomas remete para práticas habituais em viagens oficiais de presidentes da República, em que as comitivas têm direito a ajudas de custo equivalentes às do próprio Presidente, ainda que os membros, incluindo os convidados, tenham alojamento e alimentação assegurados. Empresários, políticos, artistas, entre outros, beneficiaram desse estatuto.
Se olharmos para o campo jornalístico há também situações de "brandos costumes", por exemplo, as viagens a convite de empresas e instituições públicas e privadas, das quais resultam reportagens sobre a entidade convidante (não falando já dos luxuosos convites de Ricardo Salgado a jornalistas de economia).
No campo judicial, assistimos em 2012 no Congresso dos Magistrados do Ministério Público a práticas de "brandos costumes", traduzidas no patrocínio de bancos e seguradoras, alvos potenciais da investigação do próprio Ministério Público, para além de "parcerias" com órgãos de comunicação social, perante os quais é suposto o Ministério Público manter uma absoluta independência.
Servem estes casos para afirmar que a sociedade portuguesa é corrupta? De maneira nenhuma. Porém, eles sugerem a necessidade de uma abordagem mais rigorosa, sistemática e extensiva de fenómenos como a corrupção, o tráfico de influências, os conflitos de interesse, as incompatibilidades, entre outros, por parte quer do poder político, a quem cabe legislar, quer do poder judicial, a quem cabe investigar e julgar, quer do poder mediático, a quem cabe investigar e divulgar com independência perante o poder político e o poder judicial.
O papel dos media na denúncia do fenómeno da corrupção e na consciencialização dos cidadãos para a defesa do interesse público é reconhecido por instituições internacionais como a ONU, a OCDE, bem como por organizações políticas (UE), económicas (Banco Mundial, FMI) e não governamentais como a Transparência Internacional. A percepção da corrupção é influenciada pelo tipo de cobertura jornalística, nomeadamente pela chamada “indústria mediática do escândalo”. Entre nós, de acordo com os índices de percepção da corrupção, os portugueses acreditam que a corrupção é o principal problema do país. Porém, dados oficiais mostram que o número de processos sobre corrupção é diminuto quando comparado com a percepção da corrupção obtida através dos media.
No quadro mediático actual, caracterizado pelo tabloidismo e pela luta de audiências, há novas formas de corrupção resultantes da promiscuidade entre, por um lado, a política e os media e, por outro, a justiça e os media. De facto, os mecanismos tradicionais de distanciamento que deviam existir entre estes três campos não existem ou são diluídos na voragem informativa. O afã de encontrar crimes e suspeitos no campo político corre o risco de se passar do oito ao oitenta e criar um ambiente de "caça às bruxas" tão pernicioso para a democracia como o foi o laxismo dos "brandos costumes"."

Calúnia grave

"1. O Sport Lisboa e Benfica repudia com toda a veemência a notícia de hoje do Jornal de Notícias que afirma que o SLB foi investigado “por suspeita de fraude fiscal e branqueamento”. Tal informação é falsa e carece de qualquer fundamento.
2. O Sport Lisboa e Benfica confirma que, no âmbito de uma investigação que envolve empresas terceiras, foi solicitada e recolhida informação junto dos serviços do Clube pelo facto de serem entidades que nos prestam serviços.
3. O Sport Lisboa e Benfica não pode deixar de realçar que mais uma vez funcionou uma Associação Criminosa, mais uma vez fomos levianamente difamados e mais uma vez assistimos a uma violação grosseira do segredo de justiça, desvirtuando factos e procurando centrar no SLB a investigação. 
4. Tais factos não poderão deixar de ficar sem a devida perseguição criminal.
5. Por tais razões avançaremos com uma queixa-crime no DCIAP e requereremos que todos os Agentes da Polícia Judiciária e todos os Magistrados que intervieram nestas diligências colaborem connosco na descoberta da identidade destes criminosos por tendência."

Chiquinho: do pelado do Roriz ao Benfica

"O percurso do jogador de 22 anos contratado pelo Benfica, relatado por quem com ele se cruzou

«O único treino que ele faltou, só para verem como levava já a sério as coisas, foi num dia em que o carro do pai avariou e ele não pôde estar presente. Lembro-me que mandou uma mensagem a pedir desculpa, por não ter podido.»
Francisco Leonel Lima Silva Machado. Ou só Chiquinho. O miúdo que cresceu para o mundo da bola, aos oito anos, na UDS Roriz, concelho de Santo Tirso, de onde é natural, chegou ao Benfica. 
Chiquinho é um menino de «trato fácil» e que, após o treino nas camadas jovens, já gostava de «ficar a treinar com os escalões acima». Criava «bom ambiente no balneário» e gostava «de aprender com os mais velhos».
Di-lo quem o viu nascer, crescer e afirmar-se no futebol. Das escolas do Roriz à equipa principal da Académica, com eterna passagem pelo Leixões, onde subiu a sénior, além do Gondomar. Da formação no Boavista e no Pasteleira, até à passagem pela Croácia, aos 21 anos.
«Começou a jogar no Roriz com oito anos. Foi uma fase em que começámos a valorizar a formação. Começou a jogar nos infantis com a idade de escolinha, um escalão acima da sua idade», começou por dizer Francisco Bessa, presidente do Roriz, ao Maisfutebol.
Criava «bom ambiente no balneário» e gostava de aprender com os mais velhos. «Era um miúdo muito pacífico, não levantava problemas. Onde ele estava havia alegria. Às vezes era demais. Dizia-lhe “Chiquinho, vais levar nas orelhas”. Era agradável», sublinhou o dirigente, cuja versão é corroborada por Cadú, antigo colega de equipa.
«É um palhaço, um jogador que gosta muito de brincar no balneário, uma excelente pessoa. Contudo, gosta de ouvir. Pedia-me conselhos e também falava com o Manuel José. Perguntava se estava bem ou mal. Se achava que devia melhorar aqui ou ali. É importante, na idade dele, querer aprender», refere.
No início, bem ao lado de casa, São Martinho do Campo, ficou no Roriz até aos 10 anos. Era o clube nona filial do Boavista. Tal levou Chiquinho aos axadrezados em 2006, para depois rodar no Pasteleira, onde ficou até aos iniciados. Não prosseguiria devido à crise no Bessa, que ramificou jovens da formação por FC Porto e Leixões.
Chiquinho, como André Pereira, rumou ao emblema do Mar.
«Estava ali um pequeno profissional»
Chegado ao Leixões, Chiquinho encontrou o treinador Rogério Torres, que o recorda como alguém que já se destacava. O «menino» que já encarava tudo com profissionalismo.
«Via um conjunto de características, já naquela idade, que o futebol profissional requer: o modo de encarar os treinos, aprendizagem. Fazia antecipar que podia chegar a outro patamar. Juntando isso à personalidade, era um pequeno profissional que estava ali, com 14 anos», atira Rogério.
Da relva ao balneário, «um dos primeiros a brincar e a criar bom ambiente». Mas só até ao treino. «Quando iniciava o treino, mudava o chip. Treinava com o máximo de concentração», lembra Rogério. De facto, como diz Francisco Bessa, «estava ali uma pedra por lapidar».
Chiquinho aterrou em Matosinhos rotulado de extremo e foi assim que ali evoluiu. «Gostava de pegar na bola, ir para cima do adversário. Apesar de pequenino, era explosivo. Procurava finalização com o pé direito, ou o movimento do avançado para assistir», prossegue Rogério.
O miúdo cujo pai sempre levava aos treinos desde o Roriz, falhou uma única sessão no Leixões no primeiro ano. Aquela em que o carro do pai, na viagem de 45 minutos/quilómetros, avariou e que motivou o pedido de desculpas do jovem jogador. «Notava-se que eram pessoas modestas, mas responsáveis e que faziam todo o gosto que o Chiquinho estivesse em todos os treinos. Apesar de ser de longe, pautava pela assiduidade», sublinha o técnico.

«Não queria saber se as meias estavam rotas»
O mero desinteresse pelos livros cedo encontrou motivação de sobra na bola. «O que ele queria era treinar. Era raçudo, era fo****. Já tinha um cabedal…», aponta Francisco Bessa.
Denota essa vontade o dirigente do Roriz quando diz que «ele não queria saber se as meias estavam rotas ou se as botas estavam estragadas». A médio ou extremo, Chiquinho queria era jogar. «Mais do que andar ali a dar uns chutos na bola». A ponte entre o passado no pelado de Roriz e o profissionalismo do presente.
Na época passada, o experiente central Cadú cruzou-se com Chiquinho. Apenas meio ano, já que o médio rumaria ao NK Lokomotiva, da Croácia, em Fevereiro de 2017.
De quem está perto do fim aos que agora despontam, Cadú lembra «um número oito como já não se vê há algum tempo, defende e transporta bola até à área». Um jogador que procurava conselhos para melhorar, no meio da dificuldade.
«Houve uma fase em que o treinador o meteu um jogo ou dois no banco e ele vinha perguntar onde é que podia melhorar. Na idade dele é importante, é uma pessoa muito humilde», destaca o defesa. 
Suor, esforço, dedicação, alicerces inabaláveis para chegar ao Benfica. Segundo Francisco Bessa, o seu menino «tem tudo para ser um dos melhores médios portugueses»."