segunda-feira, 4 de junho de 2018

O mundo de BdC

"«Não terá qualquer credibilidade uma decisão de tribunal que se pronuncie a favor da destituição de uma Direcção e Administração, por causa de processos de rescisão sem sentido e pro chantagens de que, se sairmos, voltam a ter condições psicológicas para ficar ou ser negociados». A frase, lida em mais um (extenso como todos) comunicado do Conselho Directivo, mostra bem o estado a que chegou o Sporting, um clube neste momento preso num mundo à parte: o mundo de Bruno de Carvalho. Um mundo que está acima de tudo, até da própria lei e dos tribunais. Um mundo onde só têm credibilidade as palavras do seu todo-poderoso presidente - mesmo que constantemente desmentidas -, que se assume também como único legislador e juiz. Um mundo em que tudo é tão maravilhoso que todos os dias aparecem notícias, plantadas por invejosos, a dizer que as coisas não são, afinal, tão maravilhosas assim. É assim o mundo de Bruno de Carvalho. Um mundo à parte do qual o Sporting, infelizmente, passou a fazer parte. E do qual não parece encontrar forma de fugir, porque por incrível que pareça há sportinguistas nele dispostos a viver. Estão no seu direito.
Quem não teve dúvidas em dele afastar-se fora, para já, Rui Patrício e Podence. E outros se seguirão, seja através de rescisões unilaterais ou de transferências que servirão para disfarçar as coisas. Até Jorge Jesus parece disposto a abdicar de um ano de contrato (e de alguns milhões de euros) para vê-lo pelas costas. Nada disto parece, contudo, suficiente para fazer pensar quem continua a segurar Bruno de Carvalho que nem vale a pena perguntar aos sócios se continuam a rever-se neste modelo de governação. E quem, mesmo assim, vai dizendo que não ou é inimigo ou é traidor. Simples. Como simples são sempre as coisas nos estados totalitários. Como o mundo de Bruno de Carvalho."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Denúncia caluniosa

"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD informa que avançará com uma queixa-crime por grave difamação e denúncia caluniosa contra a Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD, a propósito de um suposto aliciamento e assédio ilegal feito a jogadores daquele clube e cujo fundamento resulta de um simples comentário de um ex-quadro do SCP num programa desportivo.
A inusitada situação só se pode explicar pelo conjunto de ocorrências que são do conhecimento público, mas não iliba os seus responsáveis pelas levianas e graves difamações."

Alhos e bugalhos

"O contexto torna os casos da invasão violenta de um treino do Guimarães e do ataque a Alcochete incomparáveis

O Conselho Directivo (CD) e a Comissão Executiva (CE) da SAD do Sporting ou, em menos palavras, Bruno de Carvalho emitiu ontem mais um comunicado em que comparava a invasão violenta de um treino do Vitória de Guimarães por um grupo de adeptos com o ataque à Academia de Alcochete. Tudo para louvar a atitude dos atletas vitorianos que, ao contrário do que aconteceu com alguns jogadores do Sporting, não rescindiram os respectivos contratos. Um nítido caso de mistura de alhos com bugalhos ou de como é possível escrever torto por linhas direitas. Os dois casos, igualmente graves, são incomparáveis, desde logo pelas circunstâncias que os envolvem. No caso do Vitória, não há qualquer notícia de que Júlio Mendes tenha passado as semanas que antecederam os incidentes a enviar mensagens com ralhetes aos jogadores e técnicos, que os tenha censurado de forma pública e notória em entrevistas publicadas na véspera de jogos decisivos ou ainda que tivesse recorrido ao Facebook para os classificar de "meninos mimados", criticando o respectivo profissionalismo e alimentando a animosidade dos adeptos em relação à equipa. Aliás, não consta que Júlio Mendes tenha conta no Facebook e muito menos que, tendo, a use para abordar temas da gestão do clube. Serve esta explicação para concluir o óbvio: os jogadores do Vitória não rescindiram com o clube, da mesma forma como Rui Patrício e Podence não rescindiram com o Sporting; rescindiram com Bruno de Carvalho. Isso mesmo fica claro pelo facto de admitirem voltar atrás caso o presidente se demita. Simplesmente porque, ao contrário do que parece acontecer com o próprio e os restantes membros do CD e da CE, os jogadores do Sporting não confundem o clube com Bruno de Carvalho."

É vital acordar cedo

"O Benfica falhou o ‘penta’ e com isso ficou por alcançar um feito inédito na história centenária do clube da Luz. A época passada foi desastrosa e na SAD encarnada o tema foi debatido. Mas apesar das muitas pressões, Vieira soube manter a calma, segurou o treinador, está a trabalhar no reforço da equipa e mantém o rumo, apesar das inúmeras questões que rodeiam o clube.
Para não perder a hegemonia do futebol português, que parecia ter recuperado ao FC Porto, o Benfica está a trabalhar cedo. Porque no futebol como na vida, por vezes é mesmo vital acordar cedo. A SAD encarnada percebeu-o e revela um ataque ao mercado na tentativa de dar mais armas a Rui Vitória na próxima temporada, sendo certo que o clube da Luz ainda perderá algumas das suas jóias. Afinal, o Mundial está aí à porta, ainda haverá muitas movimentações de jogadores e empresários.
Ferreyra e Castillo são dois jogadores com talento, ainda que com comportamentos desportivos diferentes, mas mostram, juntamente com os nomes já contratados durante a época passada, que há vontade de inverter o rumo desportivo. Só com melhores jogadores Rui Vitória poderá fazer melhor. Mas há algo que tem tido, que por exemplo Jesus não se pode gabar: tranquilidade no trabalho. Deve agradecê-lo a Vieira."

Os Donald de Carvalho

"Este não é um texto sobre Bruno de Carvalho. E muito menos sobre Donald Trump. Este não é um texto sobre sportinguistas, nem tão-pouco sobre os americanos. Este é um texto sobre fanáticos, trolls e pessoas doentes que se movem pela demagogia e pelo populismo. Este é um texto que pretende reflectir sobre todos aqueles que usam duas palas nos olhos e que por isso acham que o mundo é monocromático.
No outro dia comentava com um grande amigo, que vive nos Estados Unidos há muitos anos, que permanece um mistério para mim como é que os americanos entregaram a presidência a Donald Trump. Depois de terem eleito por duas vezes Barack Obama - e sendo quase certo que voltariam a reelegê-lo se ele pudesse candidatar-se -, como é que se passa de Obama para Trump? A manipulação eleitoral explica muita coisa, mas não explica tudo. Houve, apesar de tudo, uma votação maciça em Trump e isso aconteceu por alguma razão.
A explicação do meu amigo tem tanto de simples como de assustadora: Trump ressuscitou muito eleitorado abstencionista, aquilo que se acreditava serem franjas da sociedade que há anos que não iam votar e que voltaram a identificar-se com o discurso de um político, depois de décadas a dizer mal de tudo e todos sem meter os pés numa urna de voto. Os racistas, os xenófobos, os nacionalistas envergonhados, todos eles foram votar em Trump porque finalmente apareceu um político que diz o que eles pensam e faz o que eles gostavam de fazer. O mais assustador não é ainda existirem estas pessoas, é percebermos, de repente, que elas existem em número suficiente nos Estados Unidos para eleger um louco para a Casa Branca.
A comunicação social americana fez o resto. Ao contrário do que se possa pensar, não foi só a Fox, a One America News, a Trump TV ou a Infowars que ajudaram Trump a ser eleito. Foram estações de referência como a CNN, ou jornais de nomeada como o The New York Times e o The Washington Post, que decidiram transformar-se numa espécie de oposição política e, com isso, ajudaram Trump a ser eleito. Quando mais de 90% das notícias publicadas pelas televisões americanas sobre Donald Trump são negativas, isso é apenas campanha gratuita para o presidente e combustível para os seus apoiantes.
O futebol é um fenómeno em tudo idêntico à política, mas para pior. E, nos dias que correm, Donald Trump está para alguns americanos como Bruno de Carvalho está para alguns sportinguistas. Sublinho alguns. Também o presidente do Sporting parece ter conseguido ressuscitar uma franja de sportinguistas que viviam escondidos pelos cafés deste país e na escuridão das redes sociais. Adeptos que, apesar de toda a loucura instalada, continuam cegos e alapados a um líder que consegue mobilizar um exército acéfalo, mas comprometido.
No outro dia, no elevador, cruzei-me com um sportinguista enquanto eu, por dever profissional, ouvia um comício de Bruno de Carvalho, disfarçado de conferência de imprensa. "Estão a tentar fazer-lhe a folha, mas ele tem toda a razão", atirou este adepto para meu grande espanto. Ainda tentei argumentar - não sendo eu sportinguista - com factos. "Repare, como é possível o presidente de um clube escrever o que escreveu nas redes sociais sobre a sua própria equipa? Que líder é este que vem publicamente desfazer os seus? E, já agora, como é que o presidente de um clube deixa que que um grupo de vândalos entre pela Academia de Alcochete para agredir a equipa futebol e não retira daí consequências?" Tempo perdido. Dois minutos de conversa (o tempo que o elevador demorou a subir quatro andares) e desisti. É impossível vencer a tese da cabala, da vitimização, do herói que resiste aos poderes instalados.
Essa é uma das principais características dos fanáticos e dos trolls: eles são, por norma, lapas daquelas difíceis de descolar. O que lhes falta em pensamento próprio e informado, sobra-lhes em verborreia sempre em defesa do líder mais populista que lhes apareça pela frente. Confundem combatividade com educação e racionalidade com demagogia. Os fanáticos e os trolls são, normalmente, cobardes que têm nas redes sociais o ecossistema perfeito para sobreviverem.
O futebol, percebi eu há muitos anos, é do domínio da irracionalidade. A todos os níveis. Dos dirigentes aos treinadores, jogadores e adeptos, é como se existisse um chip dentro de cada pessoa que a faz perder todo o discernimento, toda a razoabilidade. O Sporting é o exemplo mais recente, mas o Benfica e o Porto também o são e, neste campeonato da loucura total, ninguém pode atirar pedras.
E aqui, como nos Estados Unidos, a comunicação social não está isenta de culpas. O que se passa no Sporting é notícia e não pode ser ignorado, mesmo que se corra o risco de se estar a alimentar um "monstro". Mas há uma diferença entre informar e ser-se apenas oportunista. Montar debates estéreis, com painéis de comentadores que ora repetem lugares-comuns ora inventam "notícias" em primeira mão, é apenas uma forma básica de tentar conquistar audiências. Dar voz a quem "diz tudo sem papas na língua", ainda que nada diga, porque nada pensa, nem nada sabe, é apenas abdicar de qualquer critério editorial e só serve para alimentar um clima de ódio. E no caso de Bruno de Carvalho, como no caso de Donald Trump, não são apenas os tablóides a entrar neste terreno lamacento, são também, muitas vezes, os órgãos de comunicação social de referência. Fazê-lo, desta forma, é ajudar a alimentar um "exército" de adeptos que são atiçados a cada debate, a cada directo à porta do estádio, a cada editorial disfarçado de notícia.
Quero acreditar, ainda assim, que a maioria dos adeptos do Sporting, ou de outro clube qualquer, apenas se dá ao luxo de perder a racionalidade na emoção de um jogo de futebol. Mesmo que isso implique embirrar com o árbitro, atirar um impropério ou outro ao adversário ou ficar triste com a sua própria equipa. Porque os outros, os fanáticos, os trolls e os doentes, estão todos a mais no futebol. E, já agora, na política."

A defesa está óptima, o pior é o manicómio

"Grande foi a demonstração de capacidade da Selecção, superando claramente uma Bélgica fortíssima, a atuar em casa e a não lograr o que raramente falha: golos. Fernando Santos parece ter acertado no quarteto defensivo titular – não por acaso, o da final do Europeu – que se exibiu a alto nível, permanecendo, todavia, um velho problema. É que com a carga de jogos do Mundial vai ser preciso rodar e as quatro alternativas não estão no mesmo patamar – por experiência a mais ou experiência a menos. Recordo o erro da utilização consecutiva, há dois anos, do já veteraníssimo Ricardo Carvalho, nos três desafios iniciais do Europeu, disputados em apenas nove dias. À terceira partida, contra a Hungria, sofremos três golos, o central, de 38 anos, "rebentou" e assim fez a sua despedida da Selecção – nunca mais jogou.
Mas para mim o melhor do encontro de Bruxelas foi o último quarto de hora da primeira parte, com Gelson, Guedes e Bernardo à solta e a darem uma noção do que poderá ser a Selecção do futuro. Houvesse um "matador" de talento aproximado e ninguém teria pena de nós. Como não há, ou muito me engano – talvez André Silva esteja a um passo de nos surpreender – ou voltaremos, dentro de dias, às lamúrias habituais pela falta de um "9"...
Depois do "assédio" a Marco Silva, no final de 2017, que conduziria à baixa de rendimento do Watford e ao despedimento do então seu treinador, em Janeiro último, o Everton contratou finalmente o ex-técnico do Sporting. Conheci-o na redacção do Record, quando viu connosco vários jogos da Selecção, deixando sinais de determinação e um rasto de modéstia e simpatia. Espero, por isso, que alcance em Liverpool a estabilidade que lhe recusaram em Alvalade – foi a primeira vítima do que não se sonhava ser o desvario – mas igualmente no Olympiacos, onde não cumpriu a segunda época do contrato, no Hull City, que não conseguiu manter na divisão principal, e no Watford. Se a competência de Marco é inegável, o tempo agora é o da confirmação: tem de fechar normalmente um ciclo.
Devemos olhar para a crise do Sporting, relativizando o problema dentro do espaço reservado às necessidades de tratamento psiquiátrico: é que vivemos num pais que entrou em transe com os incêndios do ano passado mas onde mais de dois mil (!) proprietários foram agora alvo de contraordenações por não limparem os seus terrenos. Ou seja, preferem perder os bens, e até morrer, a cortar as árvores encostadas às casas, a afastar as pilhas de lenha e a retirar os montes de tralha. Sugeria até a Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, que nos tempos livres entre as asneiras que protagoniza, com os outros artistas, em Alvalade, perguntasse ao Governo – e para isso ele tem o jeito que falta a quem devia – se no que toca às propriedades do Estado, às matas das grandes empresas e às beiras das estradas o trabalho está feito. Desconfio que não. Por isso, tenhamos calma e integremos o manicómio de Alvalade na vasta rede nacional de cuidados de saúde mental. Até à hora do colete de forças, há sempre esperança."

Iniciados - 9.ª jornada - Fase Final

Benfica 9 - 0 Académica

Obrigação cumprida, e agora é jogar para o título na última jornada em Alcochete. Aquele empate em Santarém impediu os festejos esta manhã...!!! O empate chega, mas temos que jogar para ganhar, como sempre...

Juvenis - 6.º jornada - Fase Final

Benfica 5 - 0 Belenenses

O 1-0 ao intervalo foi curto... mas na 2.ª parte, as bolas começaram a entrar!
Deu novamente para rodar o plantel... até porque na próxima jornada vamos a Alcochete. Não será m jogo decisivo, mas uma vitória será um passo muito importante...

Negra na Luz...

Corruptos 91 - 74 Benfica
21-9, 18-23, 21-25, 31-17

Mais uma entrada horrível em jogo... Ainda recuperámos, estivemos a 3 pontos, mas no 4.º período voltámos a 'bloquear'!!!
Continuamos a perder a luta dos ressaltos! Hoje, atingimos números absurdos: 51/30 !!! Assim não dá...

Vamos ter a negra na Luz, na Quarta. Como se viu nos primeiros dois jogos, o factor casa, pouco importa... portanto, é melhor pensar em ter atitude defensiva forte!

Vitória...

Infante Sagres 5 - 12 Benfica

Com a desilusão da semana passada, nem reparei que jogámos ontem!!!!
Vitória normal... Com a derrota dos Corruptos, vamos provavelmente terminar em segundo lugar no campeonato!
Independentemente de tudo o resto, os empates com a Oliveirense, o Valongo e os Corruptos foram todos consequência de várias decisões apitadeiras surreais... seria suficiente para sermos Campeões!!!

“O Shéu tinha quatro dedos e o Álvaro seis. Percebi logo que o Benfica ia ser uma experiência incrível”

"Deixou o vício do álcool, está a preparar uma mudança definitiva para Lisboa e pelo caminho ainda recorda os melhores momentos da carreira. Leia a entrevista do sueco goleador à 4MEN.

Mats, o temível sueco que era alto e nada tosco, marcou uma geração de benfiquistas. Nem todos se lembrarão dos seus feitos durante os cinco anos em que representou o Benfica, entre 1987 e 1992. Marcou 87 golos em 134 jogos – só em 89/90 fez 40 golos –, ganhou dois campeonatos nacionais, uma Supertaça e esteve presente em duas finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus perdidas frente ao PSV Eindhoven e ao AC Milan de Rijkaard, Gullit e Van Basten.
Não foram apenas os golos que deixaram o sueco na memória de todos os adeptos portugueses, benfiquistas, portistas, sportinguistas e de muitos outros clubes. A humildade e boa disposição eram contagiantes e são qualidades que se mantiveram, mesmo depois dos últimos anos atribulados do antigo jogador.
No final de 2017 lançou a sua auto-biografia – “Hell and Back” (Ir ao Inferno e voltar, em tradução livre) – onde revelou os problemas com o álcool que enfrentou depois de abandonar o futebol profissional. A partir de 1994, a vida desmoronou-se: perdeu tudo, afastou-se da família e chegou a dormir nas instalações do Högaborg, clube onde trabalhava. E quem não se recorda do célebre regresso à luz para uma partida amigável, onde Mats entrou a cambalear em campo?
“Aquele jogo contra Zidane… é terrível pensar nisso. Foi demasiado. Estava bêbedo no relvado e a primeira coisa que fiz quando entrei foi cair. Foi uma viagem de um fim de semana e eu comecei a beber logo no avião. Não estava muito bêbedo, só um pouco. Lembro-me de cair quando estava a entrar no autocarro que nos levava do avião ao terminal. Fiz uma grande ferida na perna e demorou muito a cicatrizar”, revelou no livro.
A 4MEN ligou directamente para a Suécia para falar com Magnusson que é hoje um homem diferente. Confessa que está reabilitado e que está a planear mudar-se definitivamente para Lisboa. Pelo caminho, recorda alguns dos momentos mais importantes da carreira que aconteceram precisamente no Benfica.

O que ainda guarda consigo dos tempos do Benfica?
Foram cinco anos maravilhosos, tive muito orgulho em representar o Benfica e posso dizer que, hoje em dia, ainda sou 100 por cento benfiquista. Nem imagina as saudades que tenho de Portugal e de viver em Cascais. Tenho o sonho de voltar a Portugal para viver ainda este ano.

Os adeptos ainda se lembram de si?
Uau, é incrível a festa que fazem. Sou muito bem tratado por todos em Portugal e não só por benfiquistas. Os sportinguistas e os portistas que encontro dizem-me: “Olha, o Magnusson. Gostamos muito de ti.”

Porque é que os portugueses gostam tanto de si?
Os benfiquistas porque marquei muitos golos (risos). Os sportinguistas e os portistas porque reconhecem que sempre fui muito humilde, nunca me neguei a falar com as pessoas. Por exemplo no antigo estádio da Luz eu nunca punha o carro na garagem e no fim dos jogos e dos treinos ficava sempre a falar com os adeptos. Tinha uma postura humilde. Nunca me queixava quando não jogava e nunca falava mal de ninguém. Lembro-me que uma vez o Schwarz me disse: “Mats, todos os benfiquistas te amam, é incrível” e eu respondi-lhe que “não são só os benfiquistas, os portistas e os sportinguistas também me amam”. E eu posso dizer que também amo os portugueses.

Curiosamente, marcou vários golos ao Sporting, mas nunca conseguiu fazê-lo frente ao FC Porto. Era difícil ultrapassar os defesas portistas?
É verdade. Não me lembro dos nomes deles, mas os defesas do FC Porto eram muito duros. Gosto dos portistas mas não gosto do FC Porto por causa disso (risos). Por outro lado, adoro o Sporting, porque lhes marquei vários golos.
Publicou há poucos meses a sua autobiografia. Certamente que um ou vários capítulos importantes são dedicados à passagem pelo Benfica?
Claro, algumas das partes mais importantes são sobre o Benfica. Os suecos não tinham a noção do nome que eu tenho em Portugal e ficaram espantados. Agora estou a trabalhar na forma de traduzir a autobiografia para português.

Ainda se lembra do primeiro dia no Benfica?
Lembro-me que segui do aeroporto de Lisboa para Cascais, onde tinha à minha espera o Skovdhal [Ebbe Skovdhal, treinador do Benfica na altura]. Ele deu-me as boas vindas e explicou-me o que pretendia de mim. A minha estreia foi na Luz algumas semanas depois e foi horrível. Perdemos 0-1 com o Marítimo. O Skovdhal mal sabia que umas semanas depois ia ser despedido. Os meus primeiros dias foram de adaptação a uma nova realidade e era o Carlos Manuel quem me dava boleia para os treinos. Lembro-me que o primeiro jogador que vi no balneário foi o Shéu. Fiquei espantado quando ele me cumprimentou porque só tinha quatro dedos numa mão. A segunda pessoa que cumprimentei foi o Álvaro [Magalhães], que tinha seis dedos. Nunca tinha visto ninguém que não tivesse os cinco dedos numa mão e chegado ao Benfica vi logo duas. Percebi imediatamente que a minha experiência no Benfica iria ser incrível (risos).

Que outras memórias tem desses tempos?
Posso contar-lhe o que o Mozer me fez, ele era terrível. Estava sempre em cima de mim nos treinos, tinha entradas muito duras, como se fosse um adversário num jogo. Eu nem dizia nada, tinha medo dele. Um ou dois meses depois de ter chegado ele disse-me “passaste no teste, bem-vindo ao Benfica”.
Qual foi o treinador que mais o marcou no Benfica? O seu compatriota Eriksson?
Não, não, foi o Toni. Bom, primeiro que tudo, não me posso esquecer do Skovdhal, pois foi ele que me foi buscar e se não fosse ele não teria escrito a minha história no Benfica. Mas sem dúvida que foi com o Toni que joguei melhor, ele ensinou-me muito e para além de um grande treinador era uma excelente pessoa. Fora do Benfica, o melhor treinador que tive foi o Roy Hodgson, no Malmö.

Como era jogar no antigo Estádio da Luz perante 120 mil pessoas?
Era incrível. Naquele estádio sentia-se a mística do Benfica e quando estava cheio era muito difícil alguma equipa parar-nos, lembro-me do ambiente das noites grandes europeias, por exemplo nas duas meias finais da Taça dos Campeões, com o Steaua Bucareste e com o Marselha. Para quem não é do Benfica não é fácil de explicar essa mística. É como as pessoas que não têm filhos, só vão perceber como é essa sensação depois de os terem.

Jogou duas finais da antiga Taça dos Clubes Campeões Europeus, que terminaram com duas derrotas, primeiro diante do PSV Eindhoven, em 1987/88 e depois com o AC Milan, em 1989/90. Que recordações tem dessas partidas?
Lembro-me principalmente da final com o PSV. Foi incrível chegar a esse jogo logo no meu ano de estreia no Benfica. E, claro, recordo-me do penálti falhado pelo Veloso, que acabou por ditar a nossa derrota. Ainda hoje quando falamos digo-lhe que não percebo como é que ele marcou tão mal e ele fica furioso comigo, não gosta nada de recordar esse lance. Quanto à final com o AC Milan, foi uma pena não termos ganho, mas eles tinham uma equipa que assustava, com os três holandeses, o Rijkaard, o Gullit e o Van Basten. Nessa altura eu era um dos melhores pontas de lança da Europa e foi pena não ter marcado na final, mas também tive pela frente o Costacurta e o Baresi, uma das melhores duplas de centrais da história do futebol.

No percurso até à final da Taça dos Campeões de 1990/91 houve o célebre golo com a mão do Vata, no jogo das meias finais com o Marselha, na Luz. Viu logo que tinha sido com a mão?
Eu estava ao primeiro poste, tapado por um defesa. Mas o Vata não admitia, disse-nos que tinha sido tudo legal. Como naquela altura não havia tantas câmaras, conseguiu enganar algumas pessoas, mas depois todos vimos que foi com a mão (risos).

Gostaria de voltar ao Benfica?
Penso muito nisso, aliás tenho muitos amigos no Benfica, mas não está nada certo. No entanto, posso dizer que tenho a porta aberta no clube.

Veio festejar o tetra campeonato a Lisboa?
Foi lindo, principalmente a parte em que fui para o Marquês de Pombal festejar com todos os adeptos. Foi uma loucura, com milhares de pessoas nas ruas. Lisboa nessa noite estava vermelha. Também gostei muito de assistir ao jogo da consagração no Estádio da Luz e de estar perto dos jogadores.

O que acha de Jonas, o grande ponta de lança deste Benfica?
É um jogador magnífico, talvez melhor ponta de lança do que eu fui. É muito inteligente e movimenta-se bem na frente, fazendo bons passes para os colegas, isto além de marcar muitos golos, como se pede a um ponta de lança.

Deixou o futebol e foi para a Suécia. O que é que faz actualmente?
Trabalho numa empresa que faz trabalhos de ventilação. Acho que vou continuar nesse trabalho até ir para Portugal.

E entretanto, foi pai aos 49 anos.
Sim, algumas pessoas quando me vêem com o meu filho Waldenice, que tem 5 anos, pensam que eu sou o avô. Foi um milagre, porque os médicos tinham dito à minha mulher que ela não podia ter filhos. Estou numa fase muito boa da minha vida. "