segunda-feira, 28 de maio de 2018
Chiquinho
O Benfica anunciou hoje a contratação de Chiquinho, ex-Académica, com 22 anos.
Em condições normais, não fará parte do plantel principal... mas...!!!
Vi-o jogar no Benfica B - Académica, no Seixal, onde decidiu praticamente o jogo sozinho, tentei seguir os seus jogos, e fiquei bastante agradado. Repito, provavelmente será emprestado a uma equipa da I Liga, mas se fizer a pré-época no plantel principal poderá surpreender...
É um médio-ofensivo, que jogo preferencialmente no lugar do Jonas no 442; no 433 pode ser o médio mais ofensivo; e que marca golos...
Actualmente no Benfica, existe uma critica sistemática e às vezes 'violenta', quando contratamos jovens - portugueses ou não -, que não tenham 'fama' de agarrar um lugar no plantel principal... O paradigma mudou, ainda me lembro da chegada do Vítor Paneira ao Benfica, hoje ninguém 'aposta' neste tipo de jogadores... Hoje é difícil um miúdo com potencial 'escapar' ao scouting dos 'grandes', mas às vezes acontece, e acabam por despontar mais tarde... pode ser que o Chiquinho ainda vá a tempo!!!
Uma última nota, o rapaz é mesmo Benfiquista!
Sporting como laboratório da sociedade
"O Sporting, a partir da deriva populista em que mergulhou, tornou-se como fértil para a arregimentação extremista. Que está aí.
Os sócios do Sporting com capacidade para intervir na Assembleia Geral (AG) do clube marcada para o próximo dia 23 de Junho têm uma responsabilidade histórica em mãos. É deles que depende o futuro dos leões, serão eles a determinar o rumo que o emblema de Alvalade vai seguir. Por isso, retomo a ideia que há deixei expressa noutros momentos, o Sporting será aquilo que os seus sócios quiserem que seja. A circunstância por que o clube passa é grave, são conhecidas as divisões internas, as dificuldades de relacionamento entre os órgãos sociais, a crise com jogadores e técnicos, os processos de Alcochete (e os que ainda estão a chegar) e o caso Cash-Ball, que segue o seu caminho na justiça. Claramente, num primeiro momento, será pedido aos sócios do Sporting que se pronunciem sobre a continuidade de Bruno de Carvalho e dos seus elementos do Conselho Directivo que lhe dão quórum. Mas mais do que discutir pessoas, o que estará sobre a mesa é decidir sobre uma maneira de estar a ser, uma forma de dirigir o clube que tem sido marcada pela polémica e também pela ostracização de muitos sportinguistas, numa deriva que tem minuto de forma quiça irreversível a unidade que deve fazer parte do ADN de qualquer clube.
Como ficou claro na mais recente intervenção do líder da ultradirecta nacional, Mário Machado (que deve ser lida em toda a sua extensão social e política), o Sporting tornou-se em campo fértil de arregimentação extremista, o senso comum anda à deriva e é esse equilíbrio que o clube precisa de recuperar, sob pena de se perder o sentido que manteve viva a chama leonina, desde 1906.
O que vai estar em causa na AG de 23 de Junho é muito mais do que uma substituição de órgãos sociais; aquilo a que os sócios do Sporting serão chamados a pronunciar-se tem a ver com o clube a que querem pertencer. Não valerá muito a pena regressar, aqui e agora, aos argumentos a favor e contra Bruno de Carvalho, esses têm sobejamente debatidos e comentados. O que importará mais, neste momento, é a chamada de atenção que deve ser feita, quanto à transcendência da decisão a que vão ser chamados. Porque, repito, o Sporting será aquilo que os seus sócios quiserem que seja. Se ficarem em casa, só eles saberão porquê...
Ás
Gareth Bale
Bale chegou a Madrid para ocupar o lugar de Cristiano Ronaldo e não foi capaz de cumprir esse sonho de Florentino Pérez. Perdeu espaço e BBC desfez-se, entre lesões e exibições arrastadas do galês. Porém, o que Bale não conseguiu em afirmação, obteve num rasgo do génio que é, em Kiev. Fica na história merengue.
Ás
José Gonçalves
Acabou o Giro na 14.ª posição, depois de ter mostrado, por montes e vales transalpinos, uma qualidade enorme. No ocaso de Rui Costa nas grandes Voltas, Gonçalves diz presente. Não será Froome (genial, mas manchado pela suspeição da última Vuelta...) mas é um daqueles ciclistas que nos faz ligar a TV e ver as grandes corridas.
Ás
Carlos Resende
Há muitos anos que admiro Carlos Resende, primeiro como anedebolista de classe mundial, depois como técnico de elite, mas sempre como alguém que soube respeitar e fazer-se respeitar, independentemente dos emblemas que defendia. Está de parabéns pela conquista da Taça de Portugal, against all odds...
A angústia do guarda-redes no momento do 'flop'
«Ainda não consegui dormir. Peço desculpa aos companheiros, adeptos e staff. Sei que cometei dois erros graves e que vos desiludi...»
Loris Karius, in guarda-redes do Liverpool
Erros colossais com plateia global. E agora? Como pode Loris Karius recuperar do desastre de Kiev? Assumir a culpa, ajuda. Mas ajuda ainda mais o conforto que sentiu de companheiros, dirigentes e adeptos que foram solidários e não ameaçam invadir a Alcochete dos reds para espancá-lo. Em Liverpool, ganham todos e perdem todos. You'll never walk alone, é uma forma de vida...
Cristiano sucessor de Di Stéfano e Eusébio
Em nenhum momento Di Stéfano e Eusébio tiveram o reconhecimento planetário de CR7. Outros tempos, outros modos. Mas, no imaginário dos adeptos do Real Madrid e de Portugal, Cristiano Ronaldo é o sucessor de um e outro. Sem que se caia na tentação de comparar épocas diversas, CR7 é mais um imortal...
A gíria da caserna
Frederico Varandas, médico demissionário do Sporting e putativo candidato à presidência do clube, tem patente militar e cumpriu uma comissão em teatro de guerra, no Afeganistão, pela qual recebeu, do Estado, uma medalha de reconhecimento Bruno de Carvalho não foi à tropa, por razões comuns a muitos outros portugueses, que não eram obrigados a tal. Nada seria estranho neste quadro se o presidente do Sporting, de olhos postos em Frederico Varandas, não tivesse dito que tinha mais honra militar que o médico, rematando a ideia com uma frase que diz tudo a quem conhece os códigos da caserna (que passam ao lado de Bruno de Carvalho...): «Nunca se abandona um colega num cenário de guerra». Colega? Na tropa? Como diria Octávio Machado, vocês sabem do que estou a falar..."
José Manuel Delgado, in A Bola
Semelhanças e diferenças entre Bruno de Carvalho e José Sócrates
"Ambos tentam compensar défices na auto-estima com um narcisismo doentio, embora José Sócrates mantenha o contacto com o real, enquanto Bruno de Carvalho perde essa relação através do delírio paranóide
Muitos cidadãos portugueses já terão comparado as personalidades de Bruno de Carvalho e José Sócrates. Não haja dúvidas que ambos apresentam aspectos narcísicos muito significativos no seu funcionamento mental. Por exemplo: ambos apresentam ideias de grandiosidade e megalomania, gostam de ser o centro das atenções, estão fortemente autocentrados e dependem fortemente dos estímulos externos para a regulação da sua auto-estima, utilizam a desvalorização dos outros como forma de preservar uma imagem de territorialidade e superioridade que é só deles e são arrogantes, entre outras características que descrevem uma personalidade narcísica.
No entanto, apesar de ambos partirem de um narcisismo patológico, os caminhos psicopatológicos que o psiquismo de cada um escolheu vão desembocar em pontos de chegada bem diferentes.
Vejamos então: José Sócrates apresenta aspectos psicopáticos inegáveis que o terão levado à prática de crimes de corrupção que assumiram danos inimagináveis para a Economia do nosso país. Fê-lo, com certeza, com claridade de consciência no que respeita ao desrespeito pelas condutas sociais, éticas e morais que regem a nossa vida em sociedade. Ou seja, trata-se de uma “loucura sem delírio”, segundo o psiquiatra Esquirol, ou de uma “psicose agida” de acordo com psicanalistas contemporâneos. Assim sendo, em José Sócrates a tendência à falsidade, a ausência de remorso, o desprezo pelos demais cidadãos à sua volta e as suas irritabilidade e agressividade (por exemplo com jornalistas) são as suas notas dominantes.
Pelo contrário, Bruno de Carvalho não parece ter um componente psicopatológico psicopático tão apurado mas apresenta aspectos paranóicos (ligados à sua personalidade) e paranóides (na estruturação do seu delírio) na relação com o real. Para tal, basta assistir a uma das suas conferências em que afirmou não se demitir: aqui deparamo-nos com palavras que pertencem à temática paranóide por excelência como são os casos de “ataque sem precedentes”, “ameaças”, “conluio”, ou ainda “deslealdade”, entre outras. Por outro lado, Bruno de Carvalho perde a relação com o real, na medida em que cada vez está mais isolado, o que lhe aumenta os sentimentos de suspeita, humilhação, e desconfiança progressivamente maiores, formando-se um circuito vicioso paranóide. Quanto mais usa a projecção das suas angústias para os outros, mais esvaziado fica. Ao contrário de Sócrates, a temática paranóide só exacerba o rancor.
Em jeito de conclusão, ambos procuram compensar os seus défices na auto-estima com um narcisismo doentio embora Sócrates mantém o contacto com o real, fazendo mesmo um uso perverso e manipulando-o como se estivesse acima de todos nós, mas tentou fazê-lo de forma dissimulada e com a ajuda de outros especialistas nestas manobras do crime público. Já Bruno de Carvalho, perde a relação com o real através do delírio paranóide que o leva a atacar os outros (incluindo os presidentes da república e da assembleia da república), pois sente-se ele próprio atacado e perseguido. A situação do perseguido-perseguidor foi bem descrita por Lásegue na Psiquiatria Francesa.
Uma vez traçados os diagnósticos, resta saber se há tratamento para estes dois casos. Arriscaria dizer que na psicopatia não há tratamento eficaz, e na paranóia existe mas trata-se de um percurso dificílimo. Para efeitos de futuro, fica o desafio da prevenção que está nas mãos de todos, desde os profissionais de saúde até à sociedade na sua amplitude máxima. Em suma, mais uma vez estamos em presença do exercício da cidadania para a prática do bem no mundo de hoje."
Obrigado, querido Sérgio!
"Carles Puyol, lenda viva do Barcelona e da selecção espanhola, convida os responsáveis catalães à reflexão: com o melhor Barça da história, como pôde o Real Madrid ganhar quatro das cinco últimas ligas dos Campeões? A resposta imediata será a do talento. Zidane soma nove títulos conquistados em dois anos e meio – e isso é matemática, como diz aquele divertido senhor na televisão. Haverá outra explicação: é que se existem camisolas que ganham jogos, elas são do Real. A final de Kiev foi, aliás, um exemplo desse fenómeno. Acossados no seu meio campo, levavam os madridistas um banho de bola quando o Liverpool ficou sem metade da alma – e do seu futebol – com a retirada forçada de Salah. Era o primeiro rombo.
Gareth Bale é daqueles predestinados a quem a sorte sempre sorri. Castigado por lesões, passa boa parte do ano a ouvir música nas salas de fisioterapia. Nas cinco temporadas em Madrid, disputou 189 partidas e marcou 88 golos. Já Cristiano Ronaldo participou em 239 jogos e apontou 249 golos, nas mesmas cinco épocas – uma pequena diferença! Pois veio do galês improvável o segundo golpe para Klopp e sua gente: um pontapé de bicicleta, dos que Bale consegue a cada 10 anos – e providencial para uma nova transferência milionária – adiantou decisivamente o Real. E numa noite em que Cristiano se mostrou desinspirado, o guarda-redes do Liverpool encarregou-se de constituir, e logo com carga dupla, o terceiro choque para os homens que nunca caminham sozinhos. Foi demasiado? Foi, mas o Real Madrid é assim, pelo que a meditação proposta por Puyol é capaz de ser insuficiente. Ou o Barça arranja uma vaca maior ou não se safa. Não há "doblete" que valha uma Champions, essa é que é a verdade.
Sou madridista mas não vejo só a luz que emana do Bernabéu. Reconheço, por isso, que Sergio Ramos, não tendo feito falta, apostou no óbvio desequilíbrio de robustez física para "atropelar" Salah. Não teve intenção de o afastar? Credo, que ideia! Entra com tudo, sim, e depois se vê. E viu-se. Viu-se o egípcio a sair, abraçado por Cristiano e por quem mais? Pelo nosso querido e eficaz Sergio. Um amigo teu, estimado Carles.
A situação no Sporting passou de penosa a surrealista. Nos canais de TV, multiplicam-se os debates e esgrimem-se argumentos tão batidos que acabam por funcionar a favor do presidente. Aliás, a intolerância dos indignados esmorece a cada dia que decorre sem notícias das prometidas rescisões dos jogadores. Escrevia-se ontem, no Record, que eles aguardam a demissão do líder, o que significa que esperam sentados. Basta ver como os membros dos corpos sociais que se demitiram são insultados e ameaçados nas próprias instalações do clube – andarão por lá alguns dos arruaceiros que fugiram de Alcochete e que a polícia tarda em identificar? – para se perceber a capacidade de regeneração anímica do mal e para se esbarrar no factor talvez mais preocupante: a energia em stock destinada à resistência do "grupo dos 7", que parece chegar para o que há-de vir. Algo de novo, no entanto, nos trazem os ventos de Alvalade: a percepção da competência de Jaime Marta Soares para estas vidas. Na minha, com tristeza o digo, está próxima do zero."
Porque não se proíbem as claques no futebol?
"«Lembra-te que o fracasso é um acontecimento, não uma pessoa».
Zig Ziglar
Os mais recentes acontecimentos na Academia de Alcochete, que tiveram como protagonistas elementos de uma claque desportiva de um dos principais clubes de futebol do nosso país, veio colocar mais uma vez na ordem do dia as razões da existência (ou não existência) das claques no futebol.
Apesar de nunca ter sido defensor de que devemos legislar ao sabor de acontecimentos hípermediáticos – e muitas vezes explorados até à exaustão pela negativa –, considero pertinente, com a ocorrência de mais estes incidentes graves em Alcochete, que se discuta se deveremos aderir a soluções já assumidas noutros países que proibiram a existência de claques no futebol.
Porque este foi mais um de muitos outros incidentes perpetrados por elementos de claques nos últimos anos em Portugal. Incidentes de que resultaram desde mortos até feridos graves, passando por destruição de bens, tudo dentro e fora dos estádios. E muitos deles, até, em dias em que não decorreram jogos de futebol.
O histórico da criação de claques atesta que quem as criou e integrou no início, e maioritariamente, eram pessoas bem-intencionadas, responsáveis, e que nunca terão imaginado que as claques viessem a provocar tantos problemas e fossem usadas como conjuntos de pessoas nocivas ao desporto em geral e ao futebol em particular.
Permitam-me que confidencie algo que presenciei no recente jogo em Alvalade entre o Sporting e o Benfica.
Convidado por um amigo para ir ver o jogo, levei connosco os meus dois filhos mais velhos (felizmente não se conseguiu à última hora bilhete para o mais novo).
À entrada para o estádio fomos revistados pelas forças de segurança, com todo o profissionalismo.
Já na bancada, assisti antes, durante e depois do jogo a episódios perpetrados pelas claques dos dois clubes.
Desde a claque do clube da casa, logo nos primeiros minutos do jogo, atirar literalmente contra o seu guarda-redes e a sua baliza vários artefactos pirotécnicos (como entraram, se foram revistados como nós à entrada?), até à claque do clube visitante possuir material pirotécnico do mesmo calibre.
Para além disso, como ficámos perto da claque do clube visitante, tive curiosidade de ir olhando, vendo e ouvindo a sua actuação no estádio. E eu, que já não tenho idade para me surpreender e escandalizar (porque a esse propósito, infelizmente, já vi e vivi muita coisa), percebi que, no meio daquela gente – com os seus rituais, os seus cânticos, a sua carga emocional irracional –, mesmo pessoas medianamente bem formadas ficam contagiadas pela negativa. Vi como alguns estavam vestidos no início e como saíram. Vi como se comportaram de início e no final. Percebi que a maioria não vê o jogo mais do que poucos minutos. Estão ali por todas as razões menos essa.
Julgo que o alarme social e desportivo criado à volta das claques de futebol é demasiado grave para que façamos de conta que isto passa e é normal. Até ao próximo incidente? Até às próximas mortes?
As claques dos últimos anos pouco ou nada têm que ver com a sua genética e com as razões que levaram à sua criação.
As claques de hoje pouco ou nada acrescentam de positivo ao futebol, antes pelo contrário. São instrumentos negativos e perigosíssimos para a segurança, para a sã convivência entre adeptos, famílias, rivais.
Não fazem falta. Sem a sua existência, tal e qual são hoje e naquilo em que se transformaram, o desporto e o futebol serão mais atractivos, seguros e melhorarão em muito vários indicadores.
Faz, pois, sentido que se equacione a sua proibição e a sua extinção. Aliás, o exemplo inglês é muito inspirador sobre estas matérias.
Não duvido que existam pessoas bem-intencionadas em várias das actuais claques. Mas são uma minoria.
A maioria, os líderes e alguns dos seus financiadores são infelizmente pessoas que veem as claques como instrumentos para a manutenção de pequenos, médios e grandes poderes. Mesmo quando vemos factos associados ao desporto exageradamente mediatizados, como tem acontecido, tudo aquilo que tenha a ver com as claques do futebol tem de merecer a prioridade legislativa e política."
Propriedade dos Clubes de Futebol
"Desde que a FIFA decidiu banir a partilha de direitos económicos com terceiros, os fundos e investidores mudaram o foco dos seus investimentos para a propriedade de clubes.
Entre os dias 30 de Outubro e 3 de Novembro de 2018, realiza-se, no Porto, o 62º Congresso da União Internacional dos Advogados (UIA).
Na sessão da Comissão de Direito de Desporto, incluída no programa do Congresso, serão apresentadas as conclusões do “Estudo sobre a Propriedade de Clubes”, que resulta de uma parceria entre a UIA e o ICSS INSIGHT, sob supervisão do “Financial Integrity and Transparency in Sport” (FITS).
A transformação do futebol numa indústria à escala global, atraiu grandes investimentos nos últimos anos. Parte desse investimento provém de fontes desconhecidas.
Nesse contexto, a questão da propriedade dos clubes de futebol tornou-se crucial para fins jurídicos, financeiros e de integridade das competições.
Desde que a FIFA decidiu banir a partilha de direitos económicos com terceiros, os fundos e investidores mudaram o foco dos seus investimentos para a propriedade de clubes.
Os problemas estão identificados e prendem-se com: (i) falta de transparência na aquisição e nos acordos que são feitos; (ii) aquisição por indivíduos falidos, desonestos e criminosos condenados; (iii) lavagem de dinheiro; (iv) corrupção; e (v) investimentos para apostas ilegais.
Por outro lado, a propriedade de diversos clubes coloca questões difíceis em termos de integridade das competições, no caso da mesma pessoa ser proprietária, tiver controlo ou influência sobre mais do que um clube na mesma competição.
Em Portugal, a Lei 101/2017 de 28 de Agosto, passou a obrigar a revelação das entidades que adquiram sociedades desportivas e as respectivas participações societárias. O DL 10/2013 foi alterado, mas de uma forma leve e pouco clara (não se prevê a revelação do chamado “último beneficiário efectivo”). Passados nove meses da sua publicação, a FPF ainda não tem um registo organizado dessas entidades.
Por outro lado, em Portugal: (i) não existe qualquer controlo ou autorização prévia à aquisição de uma sociedade desportiva; (ii) não temos um “fit & proper test” sobre os administradores – qualquer criminoso pode ser administrador de uma SAD em Portugal; e (iii) não existem regras adequadas de boa governança, transparência e verificação de conflitos de interesses.
Tivemos casos recentes, como o histórico Atlético Clube de Portugal, que foi usado e abandonado por “investidores” sem escrúpulos. Outros se seguirão!
Em resumo, temos uma legislação e regulamentação insuficiente, que não protege os clubes e que urge alterar. A bem da integridade das competições!
Tema para analisar e debater no Congresso da UIA."
“Só custa começar a varrer. O resto é pura poesia”
"Se qualquer pessoa sensata mandasse, se o pudesse fazer despida de burocracias regulamentares, de impedimentos legais ou de constrangimentos pessoais, o futebol em Portugal seria, seguramente, um lugar diferente.
Como em tudo o que é apaixonante, mediático e importante, não é preciso inventar nada. O mérito mesmo é ter a coragem de importar modelos de sucesso e implementá-los. Adaptá-los à nossa realidade. Aplicá-los com independência e sem subserviência. Com rigor e sem medo.
Olhemos para o exemplo inglês.
Na década de oitenta, as tragédias de Heysel Park, primeiro e Hillsborough depois, atiraram a credibilidade do futebol britânico para a sarjeta. Fruto de dezenas de mortes evitáveis, a UEFA impediu as equipas inglesas de participarem nas suas competições.
Aproveitando uma questionável estratégia política, a Sra Thatcher - ainda hoje mal amada naquelas bandas - pediu a Lord Taylor que propusesse medidas que erradicassem a violência nos estádios. Assim nasceu o famoso "Relatório Taylor".
De entre mais de quarenta ideias apresentadas, umas menos outras mais exequíveis (a criação do BI do adepto só falhou porque, na altura, a tecnologia era primitiva), saíram as bases daquela que foi a maior mudança de paradigma do futebol em Inglaterra.
Governo e futebol decidiram por mãos à obra... e aos bolsos. Convencidos que aquele não seria um gasto exorbitante mas um investimento inevitável, mexeram em tudo. Tudo mesmo.
Nos estádios, todos os lugares passaram a ser sentados. Acabaram os fossos e gradeamentos, foi proibida a venda de álcool, os acessos foram facilitados e as saídas sinalizadas. Introduziram-se stewards (bem preparados), e recorreu-se menos à polícia, cuja presença física criava imagem de repressão. Passou a haver revista exaustiva à entrada e, sobretudo, iniciou-se algo crucial na época, que foi a vídeo-monitorização de todos os adeptos.
É certo que houve custos, que os bilhetes dispararam e que a capacidade dos estádios diminuiu, mas esses foram danos colaterais de um bem maior.
Criou-se a Premier League e com ela, profissionalizou-se um jogo que tinha, até então, demasiados tiques de amador.
As acções de sensibilização aumentaram e as campanhas para o fairplay dispararam. Maciçamente.
Aos poucos, os clubes foram percebendo que, todos juntos, valiam muito mais do que cada um por si. Curiosamente, foram os "grandes" os primeiros a encaixar essa ideia.
O profissionalismo trouxe acréscimo de qualidade, o que seduziu um número crescente de patrocinadores. Jogadores dos quatro cantos do globo sentiram-se gradualmente atraídos, tal como os operadores televisivos, que competiram duramente pelos direitos de transmissão.
Em poucos anos, o futebol negro, banido e pré-falido tornou-se numa referência mundial.
Ciente dessa evolução, as legislações desportiva e criminal adaptaram-se e passaram a punir, de forma absolutamente exemplar, quem fosse acusado de condutas ilícitas: os regulamentos tornaram-se implacáveis com agentes desportivos e clubes que prevaricassem, que ultrapassassem limites e a lei passou a perseguir o hooliganismo, sem dó nem piedade.
Muitos "adeptos" foram banidos de vez e outros tiveram que se apresentar na esquadra da zona de residência à hora que jogava a sua equipa. Outros foram obrigados a entregar o passaporte 5 dias antes da sua equipa jogar no estrangeiro. Quem falhasse, tinha bom remédio: era preso na hora. Sem "ses" nem "mas".
Ainda hoje é assim.
As câmaras que existem no interior dos estádios permitem identificar (facialmente e facilmente) potenciais arruaceiros e esses deixam de poder entrar em recintos desportivos. Lá dentro e antes de cada jogo, inspeciona-se tudo, de forma exaustiva. Cadeira a cadeira, bancada a bancada. Não há nada que possa ser lá deixado antes do apito inicial.
À porta, fica tudo o que é considerado perigoso. Não entram tochas, petardos nem qualquer outro artifício pirotécnico. Não entram garrafas, isqueiros, nem bolas de golfe dissumuladas nas zonas genitais de rapazes... e raparigas. Há testes de alcoolemia sempre que se justifique e selecção criteriosa dos locais onde são distribuídos adeptos de uma e de outra equipa.
Há um agente de autoridade afecto a cada clube profissional, responsável por identificar adeptos potencialmente perigosos e actuar sobre eles.
Nos estádios da Premier League, não há vedações. Muitos dos adeptos, que esgotam as bancadas, sentam-se junto aos bancos técnicos (literalmente colados a eles), onde estão activos que valem milhões e milhões de libras. Nunca aconteceu nada.
Outros estão apenas a um, dois metros do relvado. E não entram lá para dentro. Nunca entram. Nem atiram objectos. Nem se portam mal. Nem ameaçam jogadores. Nem perturbam o árbitro assistente. Nem se batem. Porque será?
De facto, está tudo inventado mesmo.
A simbiose de medidas preventivas, com fortes campanhas de sensibilização e, acima de tudo, com a criação de um enquadramento regulamentar e legal rigorosos, é a única receita capaz de levar a bom porto o futebol em Portugal.
Se houver envolvimento e trabalho de equipa, há resultados.
A actual sensação de impunidade atingiu patamares patológicos. Hoje todos dizem (e parecem fazer) o que querem, quando e como querem, porque podem. Não parece haver forma de travar a falta de ética e as alegadas práticas criminosas que parecem multiplicar-se ao segundo e florescer ao minuto. Cada dia que passa, é um dia de suspense, que parece aguardar por notícias trágicas de coisas que se faz ou diz fazer.
Está tudo feio. Demasiado feio.
E a co-responsabilidade de quem pode mudar o rumo dos acontecimentos aumenta. Na verdade, não é mais criminoso o que faz do que aquele que, podendo evitar, deixa fazer. São crimes diferentes, mas são crimes.
A FPF - que muito tem lutado no sentido de tentar mudar o rumo dos acontecimentos -, a Liga Portugal e porventura, os poderes político e judicial (que mostram agora claros sinais de intolerância), têm neste defeso oportunidade de ouro para fazerem o que fizeram os nossos amigos ingleses... há quase trinta anos!
Apliquem, com celeridade e firmeza possíveis, a legislação em vigor. Apertem a malha da que virá depois e mostrem ao povo que quem manda, pode. E quem pode, consegue.
Percebam que, neste momento, estamos todos do vosso lado.
Do lado do futebol que bane os malandros, os imorais e os chico-espertos. Do lado do futebol que é seguro, que é emocionante e que enche os nossos corações com esperança e emoção.
Já vos disse... só custa começar a varrer. O resto é pura poesia."
Sporting: o fantasma do êxodo
"Se um deles tivesse sofrido, por exemplo, uma agressão que o impedisse de jogar por algum tempo, não teria direito a uma indemnização por isso? E não seria o Sporting a ter de a pagar?
Os sportinguistas, sejam apoiantes ou adversários de Bruno de Carvalho, não querem discutir o tema por razões óbvias: porque ele é incómodo não apenas para o presidente mas para o clube no seu conjunto.
Refiro-me à possibilidade de os jogadores pedirem a rescisão dos contratos, alegando justa causa.
Os jogadores são os ídolos dos adeptos. São eles que os fazem vibrar com as suas proezas dentro do campo. Por isso, os adeptos do Sporting, gostem ou detestem Bruno de Carvalho, nem querem ouvir falar de saídas. Até porque serão sempre os melhores a sair mais facilmente: Rui Patrício, William Carvalho, Bruno Fernandes, Gelson Martins, Bas Dost, Coates, mesmo Acuña e Fábio Coentrão.
Se o movimento de rescisões avançar, o Sporting ficará quase sem equipa. E perderá centenas de milhões de euros, pois as transferências destes jogadores em condições normais renderiam muito dinheiro.
Mas sejamos racionais: os jogadores (e já agora os treinadores) terão ou não motivos para pedir as rescisões unilaterais dos contratos?
A questão nem me parece muito polémica. O patrão tem a obrigação de garantir a segurança dos seus trabalhadores. O local de trabalho tem de ser um sítio seguro. Nenhum patrão pode pedir aos empregados que trabalhem em condições de insegurança.
Ora, em Alcochete, o Sporting revelou-se incapaz de garantir a segurança dos seus trabalhadores. Com uma agravante: sendo estes trabalhadores figuras públicas, sujeitas a amores e ódios, a entidade patronal tinha um acréscimo de responsabilidade na sua protecção. Tinha a obrigação de ter cuidados acrescidos. E isso não aconteceu de todo. Não só os atletas ficaram em situação vulnerável, expostos à ira dos adeptos, como foram mesmo objecto de agressões.
Não foi só a sua segurança que não foi garantida - foi a sua integridade física que foi violada.
E isto responsabilizaria sempre a entidade patronal, fossem os agressores adeptos ou não do clube. O Sporting não garantiu, dentro das suas próprias instalações, a segurança dos seus atletas, ponto final.
Nestas condições, os jogadores e os técnicos têm todos os motivos para pedir a rescisão unilateral dos contratos com justa causa. Mais: julgo que têm motivos para pedir indemnizações ao clube.
Se um deles tivesse sofrido, por exemplo, uma agressão que o impedisse de jogar por algum tempo, não teria direito a uma indemnização por isso? E não seria o Sporting a ter de a pagar?
Mas a indemnização também será devida pelos danos físicos sofridos ainda que não incapacitantes, e sobretudo pelos danos morais. Julgo que aqueles jogadores e aqueles treinadores nunca tinham passado por situações tão difíceis, tão aflitivas, tão humilhantes para o seu brio profissional. E isso tem um preço."