quarta-feira, 16 de maio de 2018

Dia da vergonha do desporto luso

"O dia 15 de Maio de 2018 vai ficar conhecido, não só no mundo sportinguista mas em todo o universo do desporto português como o dia da vergonha.
Quando se procuram razões para situações extremas, normalmente uso dois métodos de busca.
O primeiro é o cherchez la femme, e é a mulher de Rui Patrício a dar uma pista preciosa: «Quem 'orientou' este e outros 'gestos' que ponha a mão na consciência... já foi longe de mais... isto não é futebol, muito menos actos dignos de seres humanos».
O segundo é o follow the money e neste particular José Maria Ricciardi foi lapidar: «isto vai pôr em causa a situação financeira e patrimonial do Sporting, com jogadores a poder rescindir por justa causa e o Sporting perder milhões. Esta Direcção não tem condições para continuar».
Aquilo a que se assistiu ontem em Alcochete foi o culminar de um processo de radicalização, foi o mais acabado exemplo do retrocesso civilizacional a que se tem vindo a assistir através da actual Direcção leonina.
Se os sócios e adeptos do Sporting se sentem confortáveis e solidários com a forma como é levada a cabo a gestão do seu emblema, se entendem que, de facto, o presidente pode basear a sua liderança no elogio da loucura, então não podem queixar-se destes episódios, que não aconteceram vindos do nada. Porque o que sucedeu na Academia não foi mais do que uma interpretação violenta da doutrina vigente. Sejamos absolutamente claros e é pela terceira vez, em curto espaço de tempo, que escrevo o seguinte: 'O Sporting será sempre aquilo que os seus sócios quiserem que seja'."

José Manuel Delgado, in A Bola

A barbárie tem rosto

"Portugal e o Mundo assistiram a um dos episódios mais negros da história do futebol. Um país que se diz civilizado não pode aceitar o que se passou em Alcochete. Um clube como o Sporting, não pode admitir o que aconteceu na sua própria casa. Foram cenas de terror e de barbárie que nenhum ser humano pode tolerar e que merecem profunda censura, repúdio e indignação.
As primeiras palavras devem ser de solidariedade para todos os profissionais do Sporting que viveram um dia de terror. É inimaginável o que passaram, os momentos de horror próprios de um clima de guerra que tiveram de encarar e que nunca, mas nunca, deveriam estar associados ao desporto. Não há palavra de conforto que possa fazê-los esquecer a violência e o medo que enfrentaram. Coragem, é a única que nos ocorre. É capaz de ser curta para a dimensão do sofrimento. 
O exército de bandidos que invadiu Alcochete estava de cara coberta. Mas a barbárie tem rosto. E não é apenas aquele dos que cobardemente o escondem mas que todos sabem quem são. Há outros responsáveis que permanentemente instigam ao ódio e à violência sem qualquer respeito pelo próximo, sem nenhum sentido de urbanidade e que insistem em aparecer como vítimas quando estão entre os culpados."

Imagens de guerra

"Sem legendas, a imagem daquele grupo de adeptos, de cara tapada, a correr em direcção aos portões da Academia de Alcochete, poderia ser retirada de um documentário de guerra. Um exército - era disso que se tratava - disposto a desafiar a Justiça e as leis basilares de vida em sociedade para agredir um grupo de pessoas - e aqui não interessa se são jogadores, treinadores ou roupeiros.
Há poucas palavras para definir tudo o que aconteceu ontem à tarde. Há, no entanto, um significado simbólico na invasão ao balneário. É um espaço sagrado para os jogadores, um templo exclusivo para o plantel, de onde nada deve sair e onde ninguém deve entrar, pelo menos sem bater à porta. Com aquela invasão, aquele exército quis dizer que é dono do clube, desde a bancada ao balneário. Aquele exército quis dizer que é maior do que o clube.
Estes são os exércitos que os clubes - e isto não é um exclusivo do Sporting - criaram e alimentaram nos últimos anos. Obviamente que aquela invasão não resultou de uma concentração espontânea ou de um impulso pelos maus resultados recentes. Foi algo pensado, planeado, possivelmente como parte de um plano maior.
Bruno de Carvalho quis fazer disto um caso de polícia, equiparando-o a situações do dia-a-dia, como se nada tivesse ocorrido bem dentro no coração do clube. O presidente tem a sua realidade, ou pelo menos parece querer convencer o mundo de uma realidade alternativa. Fazia-lhe bem um banho de realidade real. Ou tudo pode piorar para o Sporting."

A vergonha

"Eu não sei quem está por detrás das agressões perpetradas aos jogadores e equipa técnica do Sporting. Sei apenas que são seguramente um bando de cobardes, não só pelo que fizeram, mas por tê-lo feito de cara tapada e à traição. Provavelmente nunca se saberá quem foi.
Hoje o Sporting faz a manchete de toda a informação nacional e internacional pelas piores razões; estamos ao nível do gangsterismo, da escória, da mentalidade doentia, do pior que há no desporto. A Grécia, ao lado disto, são meninos de coro.
Sei, porém, quem foi o instigador. Não digo que o tenha feito intencionalmente, mas, como diz o povo, quem semeia ventos colhe tempestades. Quem critica publicamente os jogadores, da forma como foi feito, arrisca-se a instilar, nos espíritos mais primários, uma onda de revanchismo justicialista.
Quem descura a segurança dos jogadores, depois dos premonitórios acontecimentos na garagem do estádio no domingo à noite, arrisca-se a que eles fiquem indefesos e molestados por agressões. Quem fica calado, quando é lançada sobre o guarda-redes e capitão do clube, no jogo contra o Benfica, uma chuva de petardos – hoje não tenho dúvidas que foi intencionalmente – cria nos perpetradores um sentimento de impunidade e de ascendente sobre o clube.
Quem não verbera publicamente as tentativas de agressão e confrontos, que os jogadores foram vítimas no aeroporto do Funchal, está a condescender, mais uma vez, com subversões, relativamente a quem manda no clube. Não vale a pena agora vir dizer que isto não é o Sporting. Isto não é o Sporting há muito tempo!
Se eu fosse dirigente do Sporting tinha vergonha na cara e pedia a demissão, pedia desculpa aos jogadores e aos técnicos e pedia desculpa aos sócios, simpatizantes e a todo o Portugal. E sumia-me. 
É possível que isso não venha a acontecer porque o respeito pelo clube é uma palavra vã, usada para esconder um permanente deslumbramento, tiques de autoritarismo e ordenado certo ao fim do mês. O Sporting é o que não é quem nele actualmente manda.
No domingo, se houver jogo – e espero que haja – vou de gravata preta e fumo no braço, porque estou de luto, porque parte do Sporting morreu às mãos de energúmenos para as bandas de Alcochete. Convido todos os sportinguistas a fazer o mesmo e mostrar assim o nosso repúdio, tristeza e reprovação."

Presidente não, adepto sim

"Numa singular entrevista ao ‘Expresso’, Bruno de Carvalho enalteceu a sua figura de presidente-adepto, anunciando-a como o paradigma do dirigismo desportivo do futuro. Não posso estar mais em desacordo. É, justamente, esta confusão comportamental que tem conduzido à grave desagregação institucional que o Sporting presentemente atravessa. Adepto e dirigente partilham, como é óbvio, uma causa comum, mas gerem-na de forma necessariamente diferente. O adepto vive as situações com imediatismo, calor e sentimentos à flor da pele, o dirigente com perspectiva institucional, frieza e lucidez. Misturar as duas coisas tem tido os resultados que são conhecidos.
Acresce que nesta última semana, Bruno de Carvalho não tem sido nem uma coisa nem outra; é evidente que ele não jogou no Funchal, mas fez tudo o que não devia – nomeadamente a entrevista ao ‘Expresso’ – e a sua simbólica ausência para desestabilizar a equipa e desacreditar o treinador. Isso nenhum adepto nem nenhum dirigente faria.
Fá-lo Bruno de Carvalho, porque, patentemente, quer arranjar bodes expiatórios, que não ele, em caso de insucesso e quer recuperar para si o protagonismo que o treinador, por força das circunstâncias, tem adquirido nos últimos tempos.
Entre a Champions e a sobrevivência, Bruno de Carvalho não quis correr riscos e escolheu esta última.
Não tenho dúvidas que o adepto Bruno vive o Sporting vinte e quatro horas por dia e lhe dedica todo o seu empenho e diligência. Como adepto, Bruno é insuperável.
Só que não chega, porque como presidente, acumula equívocos e trapalhadas que lançam o clube para um permanente estado de instabilidade, que parece até ter um prazer quase mórbido em alimentar.
O Sporting não pode viver assim.
Bruno de Carvalho faria um favor ao clube e a si próprio se se retirasse. Nunca como adepto, mas como dirigente, que deu o seu melhor, mas não conseguiu. Servir o Sporting significa também ter a humildade de reconhecer quando é hora de dar lugar a outros.
Esse pousio daria até ao cidadão Bruno tempo e oportunidade para resolver os seus problemas familiares, que naturalmente o afectam, mas que é matéria de reserva de intimidade da vida privada de cada um e me custa ver relatada pelo próprio nas páginas do ‘Expresso’. Nesta época de defeso os sportinguistas têm de começar a pensar seriamente no pós-Bruno."

Foi chato

"Há uns tempos ergueu-se um muro em Alvalade. De um lado ficou Bruno de Carvalho, do outro Jorge Jesus e o plantel do Sporting. Havia uma pequena barreira desde a época passada, mas as críticas do presidente no Facebook, depois da derrota com o Atlético de Madrid, colocaram um gigantesco monte de pedras a separar o presidente da equipa. E agora já nada será capaz de derrubar esse muro. Nem sequer este ataque, que exigiria, em condições normais, uma resposta com firmeza e união.
A barbárie chegou a Alcochete um dia depois de Jaime Marta Soares ter dito que não havia sinais de crise. Tal como os músicos do "Titanic", o presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting ignorou o rombo gigantesco e continuou a tocar, alegre e irresponsavelmente, mudando de opinião ao ritmo das marés.
O dia de ontem não foi apenas o mais negro da história do Sporting, foi também um dia de luto para todo o desporto português. Os culpados indirectos são vários e nem todos usam máscaras e capuzes. 
Aparentemente, a consciência não pesará a Bruno de Carvalho, que acredita que a crítica fácil, pública e emocional não potenciou uma situação de contestação irracional, selvagem e criminosa.
O presidente deu a cara para falar do ataque a Alcochete (no "conforto" da televisão oficial do clube, sem direito a perguntas de jornalistas), mas depois da óbvia condenação articulou um discurso errático e com máximas que parecem ter sido retiradas de um número de "stand-up comedy" de mau gosto: "foi chato ver a preocupação dos familiares" ou "temos de nos habituar, porque o crime faz parte do dia a dia" são frases que ninguém esperaria ouvir depois da Academia do Sporting ter sofrido um ataque primário, de contornos medievais e absolutamente inaceitáveis.
Também há culpas por omissão, de uma classe política que adora o futebol das zonas "vip", das vitórias garbosas e dos golos épicos, mas que parece ser incapaz de criar legislação que previna e puna de forma verdadeiramente exemplar a violência e o incitamento à violência no futebol, uma modalidade que por vezes parece um Estado dentro do Estado. A prová-lo está a confrangedora reacção do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto. Sem um esboço de medidas, sem uma afirmação de vontade de forçar uma mudança. Apenas palavras vazias e sem consequências.
Bruno de Carvalho nunca terá perdoado o facto de Jorge Jesus se ter colocado ao lado dos jogadores depois das críticas geradas pela derrota com o Atlético de Madrid. O desaire da Madeira acabou apenas por ser o rastilho útil para uma situação de divórcio que é agora absolutamente inevitável. No entanto, o ataque de Alcochete apenas serviu para demonstrar que Jorge Jesus é, actualmente, o verdadeiro e único líder do futebol leonino. Num dia de terror foi o último a deixar a Academia, também ele agredido e humilhado, certamente ferido num orgulho de uma carreira longa, com muitas vitórias e sem memória de uma página tão gravemente triste.
As culpas indirecta terão de ser apuradas dentro do Sporting, mas a prioridade terá de ser o afastamento do clube, do futebol, do desporto e da sociedade do grupo criminoso que invadiu Alcochete e que agrediu jogadores, técnicos e funcionários, usando bastões e tochas.
Foi chato, disse Bruno de Carvalho.

P.S. - Para além das agressões em Alcochete, o Sporting vive dias agitados por causa da investigação a um alegado esquema de corrupção com possíveis ramificações no andebol e no futebol. À Justiça o que é da Justiça, mas a suspeita coloca desde já mais uma sombra numa das maiores potências desportivas do país.
Em sentido contrário, o elogio a Fábio Coentrão. O defesa não vai ao Campeonato do Mundo da Rússia, mas mantém intacta a alma de campeão. Coentrão fez uma autoavaliação, percebeu que não tem condições físicas para servir a Selecção Nacional nas melhores condições e excluiu-se das possíveis escolhas de Fernando Santos. Mesmo de fora, merece aplausos."

Agora o futebol quer chamar a polícia?

"É o novo mantra da intelligentsia futebolística: “À Justiça o que é da Justiça, ao desporto o que é do desporto”. É só mais uma forma de cobardia: ninguém tem coragem de enfrentar clubes e adeptos. 

Não se deixem enganar: o que aconteceu esta terça-feira em Alcochete não é só um caso de polícia. Foi comovente ver como toda a gente, de políticos a dirigentes desportivos, falou sobre as agressões aos jogadores do Sporting com as mãos a segurar o Código Penal. Parecem tão sérios, não parecem? Mas essa é apenas uma forma cobarde de evitar tomar decisões difíceis; e é uma forma de entregar um tema incómodo às secretarias dos tribunais, onde ficarão durante anos antes que alguém entre na cadeia.
Eis o novo mantra da nossa intelligentsia futebolística: “À Justiça o que é da Justiça, ao desporto o que é do desporto”. Onde é que já ouvimos isto? Claro que a Justiça tem que fazer o que costuma fazer. Mas o desporto, e quem manda no desporto — sendo que quem manda no desporto adora aparecer nas televisões a dizer que manda no desporto –, fica apenas a assistir, de camarote, à longa liturgia de detenções, acusações, julgamentos e recursos de um ou dois (ou vinte) adeptos violentos, como se não precisasse de fazer mais nada?
Depois da invasão do centro de treinos de Alcochete por um bando de encapuzados, formou-se uma interminável fila de nulidades retóricas. O secretário de Estado do Desporto apareceu nas televisões, muito cheio de si e empertigado, a declarar que os agressores “não são adeptos do desporto”, mas “criminosos”. A Liga de futebol profissional repetiu a mesma coisa, quase palavra por palavra, num comunicado onde escrevia que “os executores destes comportamentos não são adeptos de futebol, mas sim criminosos”. A Federação Portuguesa de Futebol, toda ela impotência, limitou-se a pedir que “as autoridades públicas não olhem a recursos para levar perante a justiça os responsáveis por actos criminosos que não podem deixar de ser punidos”. Pedro Proença, presidente da Liga, afirmou, contristado, que “o futebol não é isto”. E o inamovível Bruno de Carvalho disse à Sporting TV, com a tranquilidade de quem fuma um charuto, que “isto é um caso de polícia, não é desportivo”.
“Não são adeptos do desporto”? Claro que são. “Não é um caso desportivo”? Claro que é. “O futebol não é isto”? Claro que é. O ponto, aliás, está precisamente aí: o que está em causa neste momento é aquilo em que se transformou o futebol português — numa república independente onde não há lei nem punição, onde só há deslumbramento e subserviência.
Basta olhar para a nossa classe política: o primeiro-ministro e os ministros aparecem, inchados, nas bancadas presidenciais dos estádios; os deputados, submissos, recebem os presidentes dos clubes no parlamento; os presidentes de câmara, solícitos, entregam as sedes dos municípios às equipas que vencem campeonatos; os políticos no activo, excitados, participam em debates na televisão que competem com circos.
E basta olhar para as autoridades: os adeptos em viagem na autoestrada destroem estações de serviço sem que haja detenções; a Segunda Circular é transformada num enorme parque de estacionamento em dias de jogo sem que haja multas; as claques lançam petardos sem que haja sanção.
Durante anos e décadas, os evidentes crimes que existem no mundo do futebol foram escondidos e protegidos por políticos engravatados, por responsáveis engravatados e por comentadores engravatados. Hoje, quando tudo se tornou insustentável, estão a tremer de medo, como sempre. Incapazes de enfrentar clubes e adeptos, fazem de conta que não é nada com eles e dizem, virginais, que o melhor é chamar a polícia. Agora é que querem chamar a polícia?"

Não há nada de excepcional na mediocridade do futebol

"Os problemas de criminalidade organizada e de corrupção são infelizmente de todos nós. E se uma empresa, chame-se Sporting ou outra coisa qualquer, é instigadora, autora ou de algum modo favorece e beneficia destas práticas criminosas, tem de ser punida como associação criminosa que é. 

Não há já grande paciência para quem venha pedir “reflexões profundas sobre o nosso futebol”, intervenções do Governo, novas entidades públicas e invectivas afins também agora a propósito das recentes agressões a jogadores e equipa técnica do Sporting. Que os clubes de futebol acoitam com alegria uma quantidade imensa de gente desocupada e de comportamento no mínimo duvidoso é coisa sabida há décadas, das autoridades policiais e de todos os demais, a começar pelos dirigentes dos clubes que disso também beneficiam. E isso nunca levou a nenhuma medida concreta, a não ser as determinadas pelos tribunais em processos judiciais, a pessoas concretas.
E os dramas do Sporting? Este clube tornou-se, é verdade, uma experiência sociológica em permanência, na sua oferta mais recente e bastante ritmada de insultos, pancadaria e declarações públicas primando pela elegância. Vive também a circunstância, nunca vista, da relação entre os seus presidente, treinador de futebol e jogadores, ser mais emotiva e descompensada do que a novela das nove, o que se deve, já não há dúvidas, ao facto da personagem principal, Bruno Carvalho, ser a mistura mais perfeita que conseguimos entre Sinhôzinho Malta e Al Capone, o que ele certamente verá como um elogio. E é certo também que uma horda de cidadãos entrou por propriedade privada adentro e espancou e insultou os supostamente seus heróis de infância, no momento em que se noticiava, com bastante concretude, episódios de corrupção por parte de dirigentes deste clube e logo a propósito de uma modalidade inócua como o pobre do andebol. Ufff! Parece ser tudo isto demasiado para tão pouco tempo?
Receita por partes.
Os problemas de relacionamento pessoal num clube de futebol resolvem-se da mesma forma que os demais problemas do foro íntimo noutros contextos, com uma mistura de psicoterapia, direito e bom senso. Se o último faltar, terá de ser compensado provavelmente por doses superiores dos primeiros. 
Os problemas das empresas privadas, mesmo que se chamem clubes de futebol, que vêem os seus funcionários e os seus projectos implodir diariamente quase em directo nas televisões, são em primeiro lugar problemas seus, dos seus administradores e dos seus accionistas e não são problemas do País, apesar de muitos nos quererem convencer do contrário, a começar pela imprensa que vive da morbidez do adepto e do exacerbar do futebol para além dos seus limites naturais. Resolvam-nos, se quiserem, mas não nos convençam que os dramas de Jorge Jesus ou de outro qualquer funcionário são dramas nacionais.
Já os problemas de criminalidade organizada e de corrupção, esses, infelizmente são de todos nós. E se uma empresa, chame-se Sporting ou outra coisa qualquer, é instigadora, autora ou de algum modo favorece e beneficia destas práticas criminosas, tem de ser punida como associação criminosa que é. E se alguém, em seu nome ou na defesa de um qualquer ideal a si associado, acha adequado espancar pessoas, destruir património ou pagar a árbitros (1500 euros? Aquilo anda mal pelo andebol...), também há leis e instituições para lidar com isso. Afinal, como dizia um ilustrado, “o crime faz parte do dia a dia”. Pois faz. Mas só se for do seu, com certeza."

O “Prolongamento” será o novo normal

"O mundo que anda à volta do futebol e que pouco tem a ver com o que se joga em campo não se rege, ao contrário do que os mais distraídos pensam, por regras diferentes do resto da sociedade. São as mesmas. Tudo o que de bom e de mau acontece no futebol acontece na política, por exemplo. A diferença é que, tirando meia dúzia de fanáticos, as pessoas sabem que o que acontece na bola não determina a sua vida, o que torna irracionalidade ainda mais fácil. Isso, a brutal exposição mediática e o dinheiro envolvido criam fronteiras diferentes das que estabelecemos para o debate político. É por isso que nenhum dos actuais presidentes dos três grandes teria qualquer hipótese numa carreira política. Nem sequer Pinto da Costa. A esmagadora maioria das pessoas sabe distinguir os dois planos. Mas isso não quer dizer que eles não se infectem.
Quando a situação do meu clube está algures entre a tragédia e a comédia, não me vou meter no meio de um filme cujo guião, se existe, me ultrapassa. Espero que o pó assente, que as notícias deixem de se contradizer e não será aqui que comentarei o tema. Nem sequer comentarei a gravíssima suspeita de corrupção no andebol que, a confirmar-se, não pode deixar de ser condenada por todos, sportinguistas incluídos. Com as devidas consequências. Só quem dá o exemplo pode reclamar para si um qualquer tipo de autoridade moral.
Mas quero falar de outro fenómeno que tem efeitos no futebol e fora dele: os programas de debate entre adeptos mais ou menos conhecidos. Não quero pôr tudo no mesmo saco. Programas como “Play-Off” (domingo, SIC Notícias) ou “Trio d’Ataque” (domingo, RTP3) são, para além das picardias normais da bola, relativamente sóbrios. Continuo a não perceber bem o sentido de ter adeptos a analisar jogos de forma apaixonada num canal que pretende informar, transportando para o futebol a lógica do confronto democrático da política que obviamente não se lhe aplica. Mas isso, por si só, não faz mal a ninguém.
Só que o calor dos debates em vários programas, onde para não variar o surgimento da CMTV contribui para degradar um cenário que já não era famoso, fez com que os programadores percebessem que havia ali um filão. Que ter pessoas a insultarem-se ao vivo era tão barato e tão rentável como ter uma dezena de idiotas fechados numa casa a falarem durante semanas sobre coisa nenhuma. O mote foi ir buscar uma figura moralmente repelente como Pedro Guerra, de quem devemos dizer que foi coerentemente rastejante no jornalismo, na política e no futebol. Perante a impossibilidade de qualquer pessoa normal debater com tão aberrante figura, a TVI24 percebeu que tinha ali um bom conceito para um programa de entretenimento. Juntando um humorista do Sporting e um homem truculento do Porto no programa “Prolongamento” (segunda-feira) poderiam garantir episódios suficientemente caricatos para atrair telespectadores. É como o acidente na estrada, ninguém quer ver mas todos páram para olhar.
Aquilo não foi um deslize. Aquele programa vive do espectáculo da falta de civilidade, levando a paixão futebolística até à simulação mais abjecta da intolerância. Não ficará pelo futebol. Programas como “Prolongamento” criam novos normais na forma como se debate em televisão.
Como seria de esperar, a espiral de insultos entre pessoas que obviamente não se respeitam mas que decidem juntar-se todas as semanas acabou, ontem, numa ameaça de violência física. Depois de José de Pina ter chamado “animal” a Pedro Guerra, este levantou-se para pedir explicações. Ainda o programa devia estar no ar e já as imagens se tinham espalhado pelas redes sociais. Toda a gente, muito chocada, foi ver. Eu também e aqui estou a dar protagonismo àquela coisa. Sendo certo que aquilo não é um deslize, um momento menos feliz de um programa de televisão, como já aconteceu noutros. Apesar de estar num canal de informação, aquele programa que vive do espectáculo da falta de civilidade, levando a paixão futebolística até à simulação mais abjecta da intolerância. Aliás, apesar da zanga que o jornalista que modera o programa tentou transmitir, a TVI não parece estar nada incomodada com o sucedido e até mostrou imagens de copos partidos no fim do programa. Faz tudo parte do show.
Supostamente, trata-se de um programa sobre futebol. Dando espaço ao ódio entre adeptos, faz pior ao futebol do que faria à política um programa da mesma natureza. Porque se o futebol já puxa, pela sua natureza tribal, o que de mais irracional existe em todos nós, acender o rastilho do ódio é muito mais fácil. Temos muito mais tolerância para um fanático do nosso clube do que temos para um fanático da nossa cor política.
Mas não se julgue que este tipo de programas ficará circunscrito ao futebol. Esta é uma nova forma de se fazer dinheiro. E tendo mais audiências do que qualquer programa de debate político, é inevitável que políticos com menos escrúpulos e menor preparação tendam a aproximar-se deste estilo. Até porque começa a haver alguma transumância entre os dois mundos e uma confusão de estilos, como se viu com a candidatura de André Ventura, a convite de Passos Coelho, à Câmara Municipal de Loures, transportando para o debate político o mesmo grau de facciosismo real ou simulado e a mesma irracionalidade que se espera num debate entre adeptos. O que programas como “Prolongamento” criam é novos normais. E os novos normais não são apenas novos no futebol. São novos na forma como figuras públicas debatem na televisão, dando o exemplo para a forma como nos tratamos em público. E isto é ainda mais poderoso quando sabemos que a democratização do debate trazida pelas redes sociais, que facilitam o anonimato, está a criar novas regras no debate público. 
Uma das coisas que me distingue de alguém que seja liberal na economia é achar que a maioria das coisas tem um valor social antes de ter um valor de mercado. Eu não sou jornalista ou comentador para vender jornais e ter audiência, quero vender jornais e ter audiência porque acredito, mal ou bem, que o que faço tem um papel social. Acredito que a comunicação social, como palco onde se cruzam todos os poderes, tem um papel estruturante na forma como vivemos em sociedade. Hoje, não tenho qualquer dúvida ao afirmar que, genericamente, a maioria do que se faz na televisão portuguesa, e especificamente em canais que se dizem de informação, é socialmente nocivo. Que estão a degradar a vida em sociedade e a democracia. Como recuso a censura, não tenho solução para isto. Só dispenso discursos comovidos no dia da liberdade de imprensa por parte dos que, por acção ou omissão, a põem em perigo criando condições para o colapso da democracia."

Em defesa da verdade desportiva

"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD está a acompanhar atentamente todos os acontecimentos decorrentes da operação hoje tornada pública sobre as investigações em curso junto da Sporting SAD e que alargam os alegados actos de corrupção aos jogos da Primeira Liga da actual época de futebol profissional.
Nesse sentido, aguardamos que as entidades competentes da Justiça desportiva e cível desenvolvam o seu trabalho com o necessário rigor e tranquilidade em defesa da verdade desportiva.
Neste momento, não podemos deixar de realçar que a omissão e o silêncio de todas as autoridades sobre o grave crime de roubo da correspondência privada do SLB, e a sua pública divulgação através de um pretenso porta-voz, terão certamente contribuído para afirmação de um clima de total impunidade e de errada percepção de que o crime compensa.
O crime organizado de que a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD foi vítima, as ameaças sistemáticas sobre as equipas de arbitragem e a eventual corrupção de atletas, numa época marcada por uma aliança de opacos contornos entre os seus rivais, mancharam irremediavelmente a salutar competição em diferentes modalidades."

Circus Lagartus - II Episódio !!!!


Só uma nota: com a tipo de liderança ditatorial que o Babalu tem, quem pensar que os dirigentes ou funcionários do Sporting, fizeram isto por sua iniciativa, está completamente a leste...!!! Rodeado de tarecos e bobys - simples yes man's -, como é óbvio, não só tinha conhecimento de tudo, como muito provavelmente foi ele o 'inventor' de todos os esquemas!!! Aliás, a aparente incompetência e ingenuidade como tudo foi feito, dá mesmo a entender que o Babalu foi o 'realizador' de tudo isto...!!!

Picoly, a figura da semana

"No dia 27 de Março de 1966, indiferentes ao escândalo do roubo da Taça Jules Rimet, que deveria ser entregue em julho no Estádio de Wembley ao capitão da selecção campeã mundial de futebol, o electricista David Corbett e o seu cão Pickles passeavam descontraídos por Beulah Hill, jardim no sul de Londres. De repente, Pickles farejou qualquer coisa embrulhada em papel de jornal, esticou a coleira e latiu: encontrara, antes da Scotland Yard, o cobiçadíssimo troféu, sete dias após o roubo.
Às custas, entre outras, da selecção portuguesa de Eusébio e companhia, seria ao capitão inglês Bobby Moore que caberia a honra meses depois de levantar a taça descoberta por Pickles. E o cão foi, claro, convidado para o banquete de celebração, com rainha e tudo, já com a medalha de prata da National Canine Defence League orgulhosamente ao pescoço.
Nove anos antes, Laika dera um pequeno passo para uma cadela mas um grande salto para a humanidade só por entrar no Sputnik 2. E, sem a contribuição dos seus cães, provavelmente Pavlov não passaria hoje de um anónimo cientista russo.
O pastor-alemão Rin Tin Tin e o collie Pal (o ator, macho, que interpretou Lassie no cinema) fizeram sucesso décadas a fio em Hollywood. Nunca ganharam um Oscar? Harrison Ford, John Malkovich, Greta Garbo ou Deborah Kerr também não.
E um dos portugueses mais próximo do poder global, talvez mais ainda do que o papa João XXI ou do que o secretário-geral da ONU António Guterres, foi Bo, o cão-de-água que privou com a família Obama na Casa Branca.
Serve esta introdução para dizer que não é nenhum desprestígio, num país com 206 milhões de ilustres habitantes, que a figura da semana tenha sido um cão. Picoly, além de trending topic (assunto do momento na rede Twitter) à escala global na semana passada, fez disparar em 3260% as buscas por Marcela Temer no Google.
O motivo é simples: Marcela, o seu filho Michelzinho, uma agente do Gabinete de Segurança Institucional e Picoly, o jack russell terrier do casal presidencial brasileiro, circulavam pelo Palácio do Alvorada quando o cachorro caiu nas águas do lago Paranoá. Aflita, Marcela pediu ajuda à agente. Ao ver que ela não reagia, a própria primeira-dama atirou-se ao lago, vestida, para salvar Picoly. A notícia chegou ao público porque a agente acabou afastada das suas funções ao expor Marcela a uma situação de risco.
O Brasil fez então jus à fama de "fábrica de memes": "Boa Marcela! Cumpriu o seu dever mas agora afoga o Temer no Paranoá", disse um internauta. "Cachorro do casal Temer tenta o suicídio", afirmou outra. "Despediu a funcionária porquê? Queria que ela fizesse boca a boca no cachorro?"; "Bela, recatada, do lar e esclavagista, eis a primeira-dama que é o orgulho da direita"; "Esse presidente é tão incompetente que nem o cachorro dele sabe nadar"; "E esse país está tão na m... que nem os paparazzi arrumam uma foto do momento pra gente rir"; e por aí adiante, ao ponto de transformar Picoly na figura da semana no Brasil.
Apesar da forte concorrência humana: desde logo do herói Tatuagem, como era conhecido Ricardo Pinheiro, o homem que salvou crianças e idosos de um incêndio num prédio no centro de São Paulo e acabou por morrer porque o edifício desabou na exata hora em que ia ser recolhido pelos bombeiros. 
Ou Dario Messer, o operador financeiro, ainda foragido, por trás de um esquema investigado pela Operação Câmbio Desligo, fase da Lava-Jato com potencial para multiplicar por 30 o impacto das anteriores.
Ou Joaquim Barbosa, o juiz que prometia agitar as eleições de Outubro mas desistiu de concorrer.
Ou Marcello Siciliano, o vereador carioca com nome sugestivo que a polícia acredita tenha mandado matar a ex-colega Marielle Franco.
Ou, claro, o eterno Lula, que, feliz por receber na cela uma esteira eléctrica, prometeu sair da prisão ainda mais bonito do que entrou. 
Ou, mesmo, o inevitável Jair Bolsonaro, o candidato de extrema-direita que é o rei dos trending topics e prometeu mais uma vez esta semana dar uma arma a todos os brasileiros de bem para combater os bandidos vagabundos. Uma espécie de "quem tem medo compra um cão" em versão boçal do representante do Brasil que ladra mas não morde."

Semear ventos, colher tempestades

"Esgotaram-se as hipóteses de Bruno Carvalho se manter à frente do Sporting.

O dia 15 de maio ficará para sempre como o dia mais triste da história do Sporting, quiçá do futebol português, com as criminosas agressões a jogadores, técnicos e membros da equipa médica no até agora bucólico e tranquilo cenário da Academia de Alcochete, perpetradas por um grupo de cerca de cinco dezenas de energúmenos escondidos por detrás de máscaras que tornaram o seu ato ainda mais cobarde.
Estamos todos por saber quais são as consequências de toda a ordem para uma colectividade centenária que, pelo seu prestígio e pelo seu passado, não merecia passar por momentos tão degradantes.
Não está apenas em causa a final da Taça de Portugal, que vai realizar-se não se sabe em que condições, mas todo o futuro do clube, tais são os danos patrimoniais causados por actos inaceitáveis que poderão, inclusive, comprometer a sua sobrevivência.
Depois de discursos, entrevistas e outras aparições públicas a despropósito nos últimos tempos, o Sporting-futebol chega agora a um beco de difícil saída, não podendo deixar de ser assacado o maior quinhão de responsabilidade a uma só pessoa, o seu presidente.
Pelo que foi possível ouvir nas últimas horas, esgotaram-se as possibilidades de o actual presidente se manter em funções: o divórcio, que é visível, entre o líder leonino e a estrutura do futebol, levam-nos a essa conclusão.
E se dúvidas persistissem, bastaria ter ouvido as suas inenarráveis declarações ontem à noite à televisão do clube, nas quais foi incapaz de reconhecer, como sempre tem acontecido, as enormes responsabilidades que lhe cabem pelo estado deplorável a que fez chegar uma colectividade que bateu no fundo com estrondo bem audível.
Bruno de Carvalho tem vindo sucessivamente a semear ventos. Nos últimos dias, mas particularmente ontem, colheu tempestades de consequências imprevisíveis, por enquanto.
Quanto ao futebol, e depois do que se viu ontem, fica a pergunta inevitável: que jogadores, que treinadores, desejarão vestir a camisola do Sporting se o ambiente infernal deste tempo não vier a ser desanuviado?"

Alcochete

"Quando as estações televisivas fazem longos directos com os borra-botas em coluna fascista atravessando a cidade à ida e vinda de um jogo de futebol. Quando se mandam polícias pastorear borra-botas pela cidade. Quando os líderes dos clubes são boquirrotos. Quando as capas de jornais desportivos privilegiam as palavras dos boquirrotos em vez do rasgo corrido de Gelson. Quando colunistas de jornais aceitam mostrar-se indigentes, já que o assunto é, julgam eles, só de camisola e emblema. Quando essa arte e ciência que encanta miúdos e velhos é comentada em prime time por tipos talvez de meia-idade e certamente com um terço de inteligência. Quando, com muito share, insultos recíprocos são trocados por gente paga, cara e cara separadas por um palmo mas nunca havendo um gesto honrado que desagrave os desaforos lançados nos perdigotos. Quando as assembleias gerais presididas por bombeiros incendiários têm mais destaque do que o acto luminoso do Perdigão, do Desportivo de Chaves, a cuidar de uma bola. Quando os talentosos Paulinho, do Braga, e o Rafa, do Portimonense, são menos conhecidos do que o Pedro Guerra e o Francisco J. Marques, cujas conversetas têm o dom de tornar a alma dos adeptos mais pequena. Quando se vandaliza em grupo uma estação de serviço e já nem se noticia porque o autocarro dos gatunos e brutos vai a caminho de um estádio... Então, quando tantos miseráveis quandos se acumulam, arriscamo-nos a ver um admirável, forte e grande Bas Dost ferido e com uma lágrima por nós todos."

Bruno pôs os adeptos contra os jogadores, o resultado está à vista

"Bruno de Carvalho não foi um dos encapuzados nem o encomendador do ataque, presumo. Mas pode ser considerado o seu instigador. A forma como tem lidado com os jogadores – criticando-os em público, ameaçando com processos disciplinares e acusando-os de serem “meninos mimados” – deixou os adeptos mais primários em “ponto de rebuçado”, à espera da primeira oportunidade para descarregarem a sua frustração nos atletas

diz o ditado que “quem semeia ventos colhe tempestades”. Bruno de Carvalho pode recusar toda a responsabilidade e emitir comunicados a condenar os acontecimentos inaceitáveis de ontem à tarde. Mas a verdade é só uma: existe um elo directo entre o tom do discurso do presidente do Sporting e a invasão da Academia de Alcochete.
Foi Bruno de Carvalho quem mandatou aquela milícia de ultras para agredir atletas e elementos da equipa técnica? Provavelmente não, mas o simples facto de haver quem coloque esta pergunta já diz muito.
O clima em Alvalade, tanto quanto sabíamos, já era de guerra civil. O que vimos ontem na televisão fez lembrar um cenário de batalha campal num qualquer país do Terceiro Mundo. Jogadores e técnicos, por muito conturbado que fosse o momento, nunca imaginariam que iam viver momentos de pânico como os de ontem. E a maioria deles, se já estavam ressentidos, duvido que alguma vez consigam reconciliar-se com a massa adepta e até com o clube.
De quem é a culpa?
Bruno de Carvalho não foi um dos encapuzados nem o encomendador do ataque, presumo. Mas pode ser considerado o seu instigador. A forma como tem lidado com os jogadores – criticando-os em público, ameaçando com processos disciplinares e acusando-os de serem “meninos mimados” – deixou os adeptos mais primários em “ponto de rebuçado”, à espera da primeira oportunidade para descarregarem a sua frustração nos atletas. Discursos disparatados têm consequências imprevisíveis. 
No domingo, após a derrota na Madeira, as tentativas de agressão no aeroporto constituíram o ensaio geral (e o presidente do clube nada disse sobre o assunto...). Ontem, em Alcochete, foi a sério.
Há uns dias, enquanto assistia a um mau jogo de futebol, cheguei a uma conclusão digna de La Palice, mas nem por isso menos verdadeira: é muito mais fácil destruir do que construir. Bruno de Carvalho está a ir por esse caminho perigoso. E o risco de não ficar pedra sobre pedra no Sporting parece cada vez mais perto."

Que se demita, e já!

"Bruno de Carvalho está a mais no Sporting Clube de Portugal. Deveria demitir-se de imediato. E, em caso de que não queira fazê-lo de livre vontade, reconhecendo as suas responsabilidades pessoais neste clima de terror instalado à volta do clube, deveria ser demitido o mais rapidamente possível em Assembleia Geral

Bruno de Carvalho não tem condições, de educação e cultura, para a função de Presidente do Sporting Clube de Portugal. É isso, aliado ao voluntarismo e à paixão mais doentia, que ele confunde com amor ao clube, que está a desaguar na realidade das últimas horas.
A invasão do centro de Alcochete, com a agressão a jogadores, treinadores e restantes funcionários ligados ao dia a dia da equipa de futebol, é uma tragédia desencadeada pela incompetência social de Bruno de Carvalho. É evidente que ele não domina nem tem consciência dos fenómenos que desencadeia com as suas palavras e acções.
Este acto criminoso na Academia de Alcochete, com o ataque de 40 delinquentes à equipa, decorre daquilo que tem sido a gestão do clube nas últimas semanas e da guerrilha que o presidente, de forma leviana e ignorante, lançou contra a sua própria equipa.
Bruno de Carvalho está a mais no Sporting Clube de Portugal. Deveria demitir-se de imediato. E, em caso de que não queira fazê-lo de livre vontade, reconhecendo as suas responsabilidades pessoais neste clima de terror instalado à volta do clube, deveria ser demitido o mais rapidamente possível em Assembleia Geral. Marta Soares já não tem álibi para prolongar a sua colaboração com este clima de destruição do clube, que inclui até as recentes suspeitas de compra de jogos do campeonato de andebol do ano passado.
O Sporting pode estar na véspera de uma crise inimaginável: ver todos os seus principais jogadores rescindirem o contrato com justa causa; de perder centenas de milhões de euros! De ver os melhores jogadores reforçarem rivais a custo zero. De partirem sem representarem mais-valias para o clube. 
Mais: depois de situações destas, que jogadores de qualidade poderão querer representar o Sporting nos próximos anos? De assinar por um clube em que os adeptos fanáticos das hordas mais organizadas reagem a impulsos típicos das zonas mais perigosas do mundo?
Bruno de Carvalho tem poucas horas para reflectir e tirar as ilações devidas, porque não é possível ver as coisas de outra forma: o Sporting vive uma situação de verdadeiro PREC.
O presidente é um adepto alucinado, incapaz de entender que no futebol existem três resultados possíveis e que nenhum investimento do mundo pode alterar essa situação. Se os orçamentos fossem tudo, não haveria competição desportiva. Apresentavam-se as contas e atribuíam-se os títulos automaticamente.
Felizmente, não é assim.
Infelizmente, Bruno da Carvalho pensava que era assim. E deu nisto."

Demitam-se se faz favor!

"Haja vergonha nos dirigentes (e já agora no Governo)! Ontem assisti estupefacto ao culminar de um crescendo de violência no futebol português. Pior do que ontem se passou em Alcochete, acho impossível de acontecer, embora seja sempre possível que adeptos enfurecidos e inspirados por movimentos terroristas invadam centros de treino ou estádios e disparem sobre jogadores ou inocentes. Longe vá o agouro mas de violência em violência, todas impunes, espero que finalmente termine por aqui e alguém aja a doer.
Muito se tem dito desde ontem, muitas verdades irrefutáveis hoje são debitadas por gentes que nunca combateram a violência que desde há anos grassa na bola, sempre em crescendo. Há muito escrevi que no caso de existirem homicídios no futebol há muito autores morais destes actos que se escondem depois de instigar a violência. Dizer algo que não tenha sido dito fica difícil porque condenar a violência crescente desde há muito é hoje uma verdade de La Palisse. Muitos reclamam atitudes do Governo, esquecendo que o futebol tem mecanismos próprios mas que não são exercidos. O Governo nunca se quis meter na bola indígena, talvez por receio de perder votos ou outras razões que não vislumbro mas das quais constato as consequências, assistindo passivamente ao que se passa e quando ontem deu a cara foi apenas para falar da segurança na final da Taça, domingo no Jamor (em linguagem de futebol, falhou um penalti!).
Mas onde andam estas gentes que dirigem a bola nos últimos meses, semanas ou anos? Assistem como todos nós ao grassar da violência sem quaisquer espécie de processos contra todos os autores, sejam dirigentes (por acção ou omissão que a fomentam), agentes das centrais de comunicação dos grandes clubes (sempre por acção) e redes sociais, a vomitar permanentemente ódio defendendo os seus Clubes como outrora se defendiam castelos na Idade Média – matar para não ser morto.
Bem falantes, Fernando Gomes (de quem pessoalmente muito gosto) e Pedro Proença (com quem pessoalmente me dou bem) deviam pura e simplesmente demitir-se, nem que fosse por vergonha das respectivas omissões em exercer os seus poderes através de actos concretos. O Mundial está à porta? Deixem lá que os jogadores têm as equipes técnicas que os orientam e não precisam de dirigentes “bananas” para os acompanhar. Precisam de dirigentes a sério que não tenham medo de punir exemplarmente quem prevarica por palavras durantes anos ou meses ou semanas a fio. Agora com a “casa arrombada (Alcochete), é que vêm trancas à porta”?
Haja vergonha nos dirigentes (e já agora no Governo)! Demitam-se para não serem demitidos. Venha uma nova geração de gentes a dirigir para mudar este futebol indígena que mais do que envergonha o Sporting (ou pelo menos as gentes de bem deste grande Clube), envergonha o país!"

Reinventaram o “mata-mata”: a perda total e completa da identidade do futebol português

"A primeira vez que ouvi esta expressão aconteceu num momento em que tive a oportunidade de trabalhar com o Homem (de “H grande” – Luiz Filipe Scolari) que, acima de tudo, liderava pelo respeito – pelo respeito do(s) Atleta(s), pelo respeito da Organização e do País que o acolheram – e, com isso, gerou compromisso, orgulho e sentido de pertença e “missão” em todos nós.
Liderar pelo respeito do indivíduo, da diferença de crença e opinião, em boa verdade, sempre trouxe bons resultados (tal como se encontra documentado na generalidade da literatura científica sobre a Liderança e Excelência de Desempenho) e, na altura, não foi excepção... num curto espaço de tempo, Scolari tinha o respeito dos seus Atletas, da Organização que o acolheu e, inequivocamente (e como muitas imagens de arquivo assim o demonstram), o de uma Nação.
Hoje, enquanto escrevo este texto, tentando deixar de lado a incredulidade (e vergonha) acerca dos eventos acabados de ocorrer... só me cabe pensar que, de facto, parece que alguém se lembrou de reinventar da pior forma esta expressão, num ensaio infeliz de um filme de faroeste de 5ª categoria. 
Se o que foi relatado acerca da agressão a atletas e jogadores na Academia de Alcochete traduzir, mesmo que de forma amplificada, o que por lá se passou, lamentavelmente, apenas estamos a assistir a mais um episódio de um fenómeno que se vem instalando já há alguns anos e que mais não é do que a perda total e completa da identidade do futebol português.
E tal sucede, não pela ação de uma série de “encapuzados”, mas pela inércia de todos os organismos que tarde ou nunca responsabilizam os “operacionais”... e, pior ainda, quem os instrumentaliza. Um grupo de adeptos invadiu a Academia do Sporting, terça-feira à tarde, e agrediu jogadores e treinadores do clube.
Lamentavelmente, a impunidade de quem pratica, a impunidade de quem planeia é ainda o nosso DNA e vai continuar a sê-lo se quem detém o poder e a responsabilidade de actuar (quem lidera!), uma vez mais, não se detiver a analisar este fenómeno de “mata-mata” que se agiganta no futebol e na sociedade em geral e não tomar medidas urgentes e necessárias para o estancar.
Hoje, o Sporting Clube de Portugal protagonizou o primeiro episódio de um “mata-mata” que, se não for veementemente repudiado por cada um de nós, pelas organizações que podem e devem actuar, se torna aceitável... e, apenas um “piloto” de uma série de muitos outros episódios que, lamentavelmente e inevitavelmente, se instalarão de futuro.
Este não é um problema do Sporting Clube de Portugal, é um problema de todos os clubes... Não é um problema de “Liderança”, é um problema de “Lideranças”, não é um problema de quem é liderado mas de quem se deixa liderar de forma instrumentalizada e, em última análise, é um problema de quem se abstém, de quem não participa, de quem não escolhe... e de quem apenas se queixa das escolhas feitas por outros.
No Desporto e na Sociedade em Geral, a culpa dilui-se entre quem, na sua esfera de acção (pequena ou grande) escolhe apenas assistir e não participar, não dar voz.
Este é, de facto, um texto que não gostaria de ter escrito mas que encontra justificação na vergonha e tristeza que qualquer profissional, que se move no desporto pelo quase extinto fair-play, está a sentir neste momento.
Tolerar agressividade é ser conivente, tolerar agressividade é “agredir” da pior forma porque é tornar aceitável o que é completamente inaceitável."

Liderança significa serviço

"Não é o Sporting que tem de agradecer a Bruno de Carvalho pelos serviços prestados, mas Bruno de Carvalho que tem de agradecer ao Sporting pela oportunidade de servir. O que realmente importa deve ser sempre o Clube, nunca o ego dos seus dirigentes. Se o presidente do Sporting compreendesse isso, não teria problemas com a equipa.

O desenvolvimento de um país também se mede pela força das instituições da sua sociedade civil. O Sporting é uma dessas instituições, um clube que, há mais de cem anos, nasceu da união de pessoas que quiseram contribuir para um mundo melhor, guiado pelos valores e ideais do desporto. Mas a liderança dessa instituição centenária está entregue a uma pessoa que, tendo em conta o comportamento recente, demonstra não compreender que só ocupa a presidência por uma razão: servir o Clube.
Em primeiro lugar, porque liderança significa serviço. Não é o clube que tem de agradecer a Bruno de Carvalho pelos serviços prestados, mas antes Bruno de Carvalho é que tem de agradecer ao Sporting pela oportunidade única que lhe foi concedida para trabalhar em prol da comunidade formada por todos os seus sócios e adeptos.
Em segundo lugar, em toda e qualquer circunstância, o que importa é o Clube, não o ego do seu presidente. Não interessa se os jogadores dizem mal do presidente, ou se não lhe enviam mensagens de parabéns pelo nascimento da filha; na verdade, não interessa se o treinador e os jogadores se estão a borrifar para o presidente, desde que não o estejam para o Clube. E se isso acontece, tanto num caso como no outro, é sempre culpa do presidente, porque se não é capaz de merecer o respeito da equipa então não tem capacidade para desempenhar as funções para as quais foi eleito.
Em terceiro lugar, o respeito conquista-se. Se Bruno de Carvalho liderasse pelo exemplo e colocasse o clube à frente dos seus interesses pessoais e estados de alma, não só os jogadores não estariam contra ele como a maioria dos seus opositores ficaria sem argumentos. Não tenho dúvidas de que a equipa estaria do lado de Bruno de Carvalho, se o presidente assumisse a responsabilidade tanto por aquilo que corre bem, como pelas coisas que correm mal, como se espera de um verdadeiro líder. 
Mas um verdadeiro líder não alimentaria o clima de ódio e populismo que culminou nas bárbaras agressões contra o treinador e os jogadores do Sporting em Alcochete, num dia triste para o clube, para o desporto e para Portugal.

Nota: Como sabe quem me conhece, nunca dei muita importância ao futebol e não sou aquilo que geralmente se entende por “adepto”. Mas há muito tempo que isto deixou de ser apenas sobre futebol, como o chocante incidente de hoje em Alcochete demonstrou definitivamente. E o problema não está apenas no Sporting."

Desonestidade intelectual ou “Doutrina da mentira plausível’’

"O País está moralmente doente, as pessoas estão a perder os “arquétipos” (valores) e o Estado está a tornar-se uma abstracção!

Quando o cidadão António Costa afirma, na qualidade de primeiro-ministro, que a diversidade e pluralidade de opiniões e formas diversas de estar na sociedade, leia-se “geringonça”, é enriquecedora para a Democracia, sabe muito bem que está a trair, em termos de raciocínio e de honestidade intelectual, tudo o que aprendeu na Faculdade de Direito, escola que forma juristas (juízes, advogados e magistrados do Ministério Público), já que se está a equiparar a Jerónimo de Sousa quando diz, em plena Assembleia da República, que é “Democrata” e “Patriota”. 
Começando por Jerónimo, o camarada do PCP sabe que estudou pouco, porque não tinha tempo e trabalhou muito, mas aprendeu a mentir, com um sorriso cínico, com o ex-líder da bancada comunista, e hoje presidente da Câmara Municipal de Loures, quando afirmou, publicamente “que tinha dúvidas se a Coreia do Norte era uma democracia ou não”.
Bernardino Soares também é jurista... Palavras para quê??!??
Quanto ao primeiro-ministro ele mente embora esteja convencido de que aqueles que o ouvem acreditam que “aquilo” é verdade. Mas se voltasse à Faculdade de Direito e o afirmasse, era certamente excluído porque os professores não iriam tolerar um candidato a jurista que não entende uma coisa tão simples como isto: não se pode misturar água com azeite, ou melhor, democratas com fascistas, ou ainda melhor; aqueles que querem impor a ditadura e até tentaram, pelas armas, em (11/ 03/ 75) implantá-la, em Portugal.
Aqui, e agora, lembramo-nos de António José Seguro, politicamente mal afastado do activo, traído pela ambição de alguns que venderam os princípios a troco de um “lugar ao Sol”, na política. Mas os académicos, e outros, não esquecem, e na altura devida, lá estarão, democraticamente, a votar... 
Quando alguns políticos afirmam que o País está na “senda do progresso”, e que nunca esteve tão bem como agora, respondemos com uma só pergunta; “e os princípios, pá?” É que um regime com gente sem princípios, sem vergonha, sem respeito por eles próprios, e pelos outros, é o quê??? 
Democracia é que não é, contudo aproxima-se da anomia, que pode degenerar em anarquia! 
Gramsci dizia “que só a verdade é revolucionária” e alguém acrescentava que existe uma “Doutrina da mentira plausível”, ou seja, da desinformação, tão cara nas aulas do Prof. Adriano Moreira, há 46 anos, aulas que António Costa não frequentou porque era apenas um jovem...
Enfim, parece que temos que pedir ao Padre Melícias que dê alguns conselhos ao Dr. António Costa, que de facto não anda muito bem acompanhado politicamente.
É que o País está moralmente doente, as pessoas estão a perder os “arquétipos” (valores) e o Estado está a tornar-se uma abstracção!
Quando lemos a imprensa diária percebemos que quase tudo está mal: são as escolas, sem condições para funcionar, são os professores que não têm condições anímicas para exercer o seu magistério, não há resposta na saúde, por parte do “S.N.S”, há médicos a processar o Estado por violação de regras básicas por parte do Estado, são as polícias (forças de segurança) e os militares a protestar porque não há aumentos, não se pensa sequer em repor o serviço militar obrigatório, mas é possível aos 16 anos o “João” ir à Conservatória do Registo Civil e dizer que quer passar a ser chamado de “Maria”, são as artistas a posarem nuas, nas revistas, mas que exigem ser tratadas com respeito, quando elas não se dão ao respeito, é a violência doméstica, são as adopções na “IURD”, é um membro de um ex-governo socialista a receber dinheiro de um banqueiro, é um ex-dirigente dos Serviços de Informação a ser julgado na “praça pública”, e a afirmar que os serviços, no dia-a-dia, têm métodos e procedimentos ilegais, professores pedófilos, padres, no activo, a terem filhos, políticos em gabinetes ministeriais a dizerem que são licenciados sem o serem, outros a afirmar que davam aulas numa escola nos EUA, sem nunca lá terem estado, outros, quer no Governo, quer em partidos políticos, a admitirem publicamente, e com muito orgulho, a sua homossexualidade, etc., etc., etc., mas o País nunca esteve tão bem, diz o primeiro-ministro. Está bem, aqui vai um conselho amigo: comecem é a praticar mais Desporto e deixem as drogas, o álcool e o tabaco, e aí sim, o País fica melhor!"

Combate às “fakeNews”

"Temos dificuldade cada vez mais em distinguir a credibilidade dos órgãos de comunicação social e temos um problema para resolver: quem regula, quem supervisiona que garante ao leitor a qualidade e credibilidade do que lê?

O acesso à informação está hoje totalmente democratizado não tendo hoje quaisquer obstáculos de custos, nem de plataformas, não está acessível apenas a uma elite nem tem hora marcada… o mundo mudou e o acesso à informação também!
Temos acesso à informação na ponta dos dedos, podendo aceder genericamente de forma gratuita, este é aliás um desafio que os variados operadores de comunicação social ainda não resolveram, e a qualquer hora… Neste mercado onde os operadores “tradicionais” se tentam adaptar às redes sociais e à necessidade de uma presença “omnichannel”, à importância da imagem, à eficácia do vídeo, ao sensacionalista e ao imediatismo somos diariamente vítimas de “fakenews”, somos todos os dias e a toda a hora.
O imediatismo leva muitas vezes ao erro, à precipitação e no mundo actual somos cada mais inundados por notícias falsas e aqui temos de distinguir as que resultam desta precipitação e na urgência de actualização constante dos leitores daquelas que são “plantadas” por órgãos, forças ocultas que pretendem induzir o leitor numa determinada opinião, num determinado sentido influenciando posições e extremando até comportamentos.
São rumores, são notícias que criam confusão, com ambiguidades, sensacionalismo, superficialidade, agressividade e falsidades… sim perdemos demasiado tempo a ler essas notícias, temos dificuldade cada vez mais em distinguir a credibilidade dos órgãos de comunicação social e temos um problema para resolver: quem regula, quem supervisiona que garante ao leitor a qualidade e credibilidade do que lê?
Existem dificuldades em controlar o “monstro” descontrolado que se criou, a este propósito Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook assumiu recentemente erros na gestão dos níveis de segurança e assumiu responsabilidades afirmando: “Não há garantia nenhuma de que vamos fazer isto (resolver os problemas da rede social) da maneira certa, mas posso garantir que se não nos focarmos nisto, o mundo não se vai dirigir nesse direcção” .
Esta mensagem de comprometimento e responsabilidade deve-nos perpassar a toda a sociedade na certeza de que só assim poderemos fazer parte da solução deste problema."

E assim vai começar... o caminho do 37 !!!

- 28 de Junho: início dos trabalhos de pré-temporada, no Estádio da Luz.
- 9 de Julho: início do estágio em Tróia.
- 10 de Julho: jogo particular com o Leeds United, no Estádio do Bonfim.
- 13 de Julho: jogo particular com o Vitória de Setúbal, no Estádio do Bonfim.
- De 15 a 20 de Julho: estágio em St. George's Park, Inglaterra.
- 21 de Julho: início da International Champions Cup. Jogo com o Sevilha, em Zurique (Suíça).
- 22 de Julho: viagem para os Estados Unidos.
- 25 de Julho: jogo com o Borússia Dortmund (International Champions Cup), em Pitsburgo.
- 28 de Julho: jogo com a Juventus (International Champions Cup), em Nova Iorque. Regresso a Lisboa.

Agora, que as férias estão a começar, é interessante já existir o plano completo de jogos e deslocações da pré-época da temporada 2018/19... Será interessante, também definir o plantel 'antecipadamente,' e não no último dia da 'janela' de transferências de Verão!!! Não conheço as datas previstas, mas o estágio em Troia, parece indicar que as obras no Seixal ainda não estarão terminadas... o regresso do 'silêncio' à Caixa Futebol Campus será importante...
Só tenho pena de mais uma vez não existir Eusébio Cup, nem jogo de apresentação... o torneio norte-americano 'consome' as datas possíveis, e o cachet é irrecusável!!!
Suspeito que nos 5 dias em Inglaterra, iremos fazer alguns jogos com equipas de divisões inferiores!

Realço a importância de ter o plantel relativamente 'fechado' no início de Agosto, possivelmente sem os Mundialistas (que normalmente vão ter 3 ou 4 semanas de férias, a contar a partir do dia da eliminação das suas respectivas selecções: Rúben, Zivo, Raúl, Salvio e Seferovic), sendo assim ainda é mais importante, as contratações estarem 'entrosadas' a tempo do início dos jogos oficiais... Com potencialmente 4 jogos de 'qualificação' para a Champions em Agosto, mais as primeiras 3 jornadas, será um Agosto muito puxado !!!
Estou curioso para saber se o Benfica vai ser 'protegido' no sorteio da Liga, devido à Champions, tal como o Sporting foi o ano passado!!!

O responsável moral

"Os gravíssimos acontecimentos que ocorreram esta tarde em Alcochete, com cenas arrepiantes de ameaças e agressões a jogadores e técnicos do Sporting, tem um responsável moral cujo nome toda a gente conhece.
Elogiei várias vezes esse senhor, pelas suas acções em prol do clube: recuperação financeira, reabilitação da imagem do clube, contratação de bons treinadores, chamada de espectadores ao estádio, vitórias nas modalidades, construção do pavilhão, etc.
Mas percebi a certa altura que ele iria destruir tudo o que construiu. Mostrando uma total falta de equilíbrio psicológico, não soube conservar as conquistas que tinha feito. Entrou em roda livre, disparando em todas as direcções, começando por atingir alvos fora do clube e depois voltando-se para dentro do clube. Atingiu jogadores que deram muito ao Sporting, atingiu um treinador respeitado em Portugal. Comportou-se como um terrorista.
O senhor em causa já devia ter percebido há muito os riscos do seu modo de actuar. Ainda há 8 dias, viu o guarda-redes do Sporting ser alvo de tentativa de agressão com tochas incendiárias, que podia ter acabado numa catástrofe. E os seus ataques à equipa depois da derrota no Funchal só poderiam ter uma consequência: acicatar ainda mais a ira dos fanáticos. Será que era difícil compreendê-lo?
Por tudo isto, a pessoa em causa foi o responsável moral pelas agressões de hoje em Alcochete. Não estava lá, mas os energúmenos agiram a pensar nele e acicatados pelas suas palavras. A prova é que os alvos principais da ira dessa gente foram jogadores e técnicos que têm dado mais a cara contra a prepotência do senhor de que vimos falando.
Esse senhor comporta-se como chefe da parte mais violenta da claque; é o equivalente do Sporting a Fernando Madureira, do FC Porto, conhecido como ‘Macaco’, mas pior do que ele. Madureira, nos momentos fulcrais, tem mostrado cautela e bom senso, para não prejudicar o seu clube. Ora o senhor em causa revela uma total falta de bom senso e não tem sabido defender o clube.
Para esse senhor o problema já não é continuar ou sair do Sporting. É vir a ser criminalizado pelos prejuízos que provocou ao Sporting. Ele desvalorizou tremendamente os activos. E vai afastar accionistas e patrocinadores.
Se ficar no clube, esse senhor vai destruir o Sporting. É muito pior do que Vale e Azevedo."

Eles não gostam de futebol

"Acção, reacção. Cultiva-se o ódio primário, colhem-se os piores instintos. Acção, reacção: transforma-se o futebol numa batalha medieval e depois chora-se, compulsiva e desavergonhadamente, sobre os corpos mutilados. Como se o cenário nesse descampado de estropiados tivesse sido gerado por causas naturais. Não foi. Andamos há demasiado tempo a lançar bolas de fogo na esperança de que ninguém se queime. Podemos sentir-nos indignados. Mas não surpreendidos. O futebol devia ser um objeto esférico saltitante e 11 atletas de cada lado. Ganham uns, perdem outros. Mas não é. Há muito que não é em Portugal. A guerra civil que alastra no Sporting é apenas o reflexo em três dimensões dessa cultura de ódio que se enraizou como um cancro. De um fervor que cega tantos de tal maneira que não hesitam em seguir, como um exército de autómatos, os exemplos deploráveis de quem gere multidões com a ponderação de um esquizofrénico mal dormido.
O que aconteceu na Academia de Alcochete não envergonha apenas o Sporting. Nem o futebol. Envergonha todos aqueles que gostam deste desporto maravilhoso. Envergonha o país. Mas agora ponha o dedo no ar quem não imaginava que algo parecido pudesse suceder. Atendendo ao histórico. Atendendo, sobretudo, à vertigem autofágica de um homem que lidera uma instituição grandiosa num permanente rasgo bipolar. Bruno de Carvalho, o adepto, versus Bruno de Carvalho, o presidente. Agredir jogadores, agredir treinadores, agredir a imagem e a credibilidade de um clube tão intrinsecamente português como o Sporting é embarcar numa viagem que pode não ter retorno. O clube não cuidou dos seus. Dos mais importantes a cuidar: os jogadores.
Mas não chamemos adeptos a bandidos de cara tapada. Eles não representam o Sporting. Agem em nome de uma ira que os oxigena e sufoca e porventura respaldados por uma liberdade de acção que alguém terá legitimado. Que não restem dúvidas: eles não gostam de futebol. Infelizmente, não são uma tralha exclusiva de Alvalade. Também pululam no habitat rasteiro de outros clubes, tolerados por dirigentes que não querem ter a matilha a morder-lhes os calcanhares.
Talvez a explicação para tudo resida no facto de o jogador ter deixado de ser o centro do universo. Os presidentes, os árbitros, os directores de Comunicação, as claques, os advogados, os comentadores televisivos que fuçam no lodo, todos ganharam uma supremacia mediática que claramente não deviam ter. E com isso se foi minando o terreno da cultura desportiva. E com isso se foram moldando novas gerações de rancorosos. Basta assistir a um jogo de futebol das camadas jovens para se ter uma noção. A Liga, a Federação e o Governo podem ensaiar novos murros na mesa. Acabarão apenas por acumular feridas nesse permanente exercício de contemporização inconsequente. O ódio no futebol já causou a morte de adeptos. Mudou alguma coisa? Não. Agora foram atacados jogadores e treinadores. Vai mudar alguma coisa? Infelizmente, não."

A deslealdade

"Funciona quando se quer descartar responsabilidades para cima da Imprensa, mas é péssima receita para ganhar títulos

E a culpa destes dias caóticos no Sporting foi, evidentemente, da Imprensa, que inventou a suspensão de Jorge Jesus, como tinha inventado, depois de Madrid, a suspensão dos jogadores. Ao fim de cinco anos e de tantos, tantos casos (com o de Marco Silva à cabeça), só acreditam nisto os sportinguistas que tiverem mesmo muita vontade de ilibar o presidente desta catadupa de intervenções destrutivas. Mas o autor delas foi Bruno de Carvalho. Fiquemo-nos pelos factos: pela segunda vez, ele entra num conflito massacrante com um treinador, eventualmente repetindo a tentativa de o descartar pela via do processo disciplinar. (Nota: o dito processo disciplinar tem a vantagem acrescida de impedir que o treinador se mude para outro clube antes de haver decisão.) Pela enésima vez, entra também em conflito com jogadores, agora no plural, e alguns com um peso importante na história do Sporting. Entretanto, precisará de convencer mais treinadores a trabalhar com ele e de contratar reforços, que até já nem têm o chamariz da Liga dos Campeões para se deixarem seduzir. A não ser que haja grandes craques e grandes treinadores entre aqueles brunistas indefetíveis de que falei lá em cima, nem importam as opiniões: a cada episódio, mais difícil a vida do Sporting se torna; mais relutância têm as pessoas (as de top, pelo menos) em aceitar trabalhar lá e mais desconfortável e podre é a vida em Alvalade. A deslealdade funciona quando se quer sacudir responsabilidades para cima da Imprensa, mas não ajuda a ganhar títulos."