segunda-feira, 14 de maio de 2018

Objectivos conquistados

"Jogo em que a ansiedade se sentiu em ambas as equipas. Bem precisam das férias.

Emoções
1. Jogo de emoções, com fraca qualidade e sinais de aflição a pairarem no ar. Partindo para este jogo numa posição de desconfio e em sofrimento visível, o Benfica conseguiu mesmo assim encontrar vontade e algum discernimento para entrar intenso e dominador, revelando alguma variação no seu jogo ofensivo e mobilidade suficiente para empurrar o Moreirense para a sua área. O regresso de Jonas trazia alguma confiança nos adeptos e a convicção de que o habitual caudal ofensivo da equipa com a presença do seu melhor jogador, seria traduzido com golos. O Moreirense organizado, com o seu bloco bem fechado e consciente da situação incomoda na tabela, procurou através de um forte momento defensivo travar as águias.

Sinais tristes
2. Apesar desta patente vontade e disposição ofensiva dos da casa, raras eram os momentos de alegria para os seus adeptos, que só encontravam em outras paragens - jogo nos Barreiros - motivos de festejo, tal a improdutividade demonstrada pelos atacantes da luz ao longo de toda a primeira parte. Com o tempo, o jogo ia adquirindo sinais tristes de um arrastado final de época: baixa intensidade, ausência de ideias e para piorar o cenário cinzento, a forte carga emocional que cedo se percebeu estar a minar a capacidade para tomar decisões acertadas aos intervenientes da partida, ia adensando e emperrando a fluidez. Jonas mostrava falta de ritmo competitivo e se o início do jogo estava pejado de intenções encarnadas, estas iam se desfazendo em estéreis movimentos atacantes, pouco critério nas ligações do seu jogo ofensivo e eram as dores alheias que alimentavam a alegria dos desinspirados e amarrados jogadores de Rui Vitória. Valeu um penalty sem sentido para animar as hostes da casa e trazer alguma tranquilidade a uma equipa que se revelava longe dos idos tempos de fulgor e empatia com o seu apaixonado público.

Águia ansiosa
3. Sem nada a perder Petit foi mexendo na sua estrutura e abria o jogo na busca de melhor sorte perante uma nervosa e ansiosa equipa do Benfica, que apesar de sobressaltada e agarrada a uma vantagem mínima, percebia que o contexto global era favorável às suas legítimas pretensões e Rui Vitória pragmático, deixou de lado as exigências artísticas e fechou o jogo, não permitindo que o afoito ofensivo dos de Moreira de Cónegos pudesse beliscar a suada vitória. A vitória vermelha era difícil mas justa e apesar de conseguida aos soluços traduzia a forma realista e consciente com que o seu treinador percebeu que o momento não convidava a grandes feitos e sim passar com mestria o tormento em que a sua equipa estava mergulhada e minimizar os danos, colar os cacos e se possível aproveitar tropeços alheios. O jogo terminou com as duas equipas a festejarem os objectivos perseguidos e a precisarem de uma pausa competitiva para recarregarem energias e descansarem dos socos levados ao longo de uma conturbada época."

Daúto Faquirá, in A Bola

PS: É impossível não notar alguma azia, no meio desta crónica...!!!

“No Benfica tínhamos direito a uma camisola autografada do nosso jogador preferido no aniversário. Foi assim que recebi a do Coentrão”

"Tem 22 anos e recentemente foi apelidado pelo jornal “Marca” como “o novo Príncipe do Mónaco”. A fazer uma boa época sob o comando de Leonardo Jardim, Rony Lopes revela-se um jovem simples, que subiu a pulso com o seu esforço e apoio da família e que não tem problemas em ser comparado a Bernardo Silva. Gosta de jogar PlayStation, de ver séries e filmes e garante que não se deixa deslumbrar com o luxo do Mónaco. O que ambiciona mesmo é ganhar títulos, muitos, sobretudo individuais

O seu nome é Marcos Lopes. De onde vem o Rony?
Vem do Clube da Associação Desportiva de Poiares, onde comecei a jogar futebol. O Ronaldo, o Fenómeno, é o jogador brasileiro de quem mais gosto e eu treinava sempre com a camisola dele. No clube muita gente não sabia o meu nome, viam a camisola e começaram a chamar-me Ronaldo. Na altura, o treinador, Carlos Soares, começou a chamar-me de Rony e o nome pegou. Em Poiares toda a gente me trata por Rony, em vez de Marcos. É um nome que eu gosto e é uma maneira também de me lembrar de onde eu vim.

Começando por onde veio: nasceu em Belém do Pará, no norte do Brasil. Como é a sua família?
A minha mãe chama-se Luiza, nasceu em Angola, veio primeiro para Portugal, mas depois emigrou para o Brasil, onde viveu durante muitos anos e conheceu o meu pai, que também é Marcos. Ela lá era secretária e quando fomos para Portugal foi ajudante de dentista. O meu pai estava nos bombeiros e também trabalhou como enfermeiro. Em Portugal trabalhou como motorista de camiões. Sou o irmão do meio. Somos três, a minha irmã Daniela é a mais velha, tem 24 anos, e o mais novo, o Gabriel, faz 19 esta semana.

Em casa também é chamado por Rony ou por Marcos?
Em casa tratam-me por Marcos Paulo. Mas se estivermos em público chamam-me Rony.
Veio para Portugal com 4 anos, ainda se lembra do Brasil?
Não me lembro de quase nada. Lembro-me de algumas comidas, principalmente de açaí que era o que comia mais. Lembro-me também de brincar na rua, mas são poucas as recordações que tenho do Brasil.

Os seus pais vieram para Portugal porquê?
Porque não tínhamos condições no Brasil e a minha avó materna já estava em Portugal. Vieram à procura de uma vida melhor, para Vila Nova de Poiares, porque era onde estava a minha avó. No início ficámos a viver com ela até conseguirmos arranjar uma casa para nós.

A sua infância foi toda passada em Poiares?
Sim, comecei a jogar em Poiares, depois fomos viver para a Lousã, mas continuei a jogar à mesma em Poiares.

Como surge o futebol na Associação Desportiva de Polares?
O meu pai jogava futebol ao fim de semana no clube "Os Idosos" de Poiares e desde muito pequeno que eu ia ver e ficava lá a jogar à bola. Só que essa equipa não tinha formação e, por outro lado, eu ainda não podia ser inscrito porque era muito novo. Quando fiz 7 anos inscrevi-me logo na Associação Desportiva de Poiares porque era o clube da terra. Andava sempre com uma bola debaixo do braço. Era uma paixão desde miúdo.

Torcia por que clube?
O primeiro clube pelo qual comecei a torcer realmente foi o Benfica. Quando estava no Brasil era pelo clube do Belém do Pará, mas não era um grande paixão. Quando vim para Portugal... acho que me deixei influenciar porque há muitos benfiquistas.
Quando foi para o Poiares vai logo com uma posição em campo definida?
Não. Uma coisa era certa, não era defesa, isso era óbvio. Ainda era um futebol de 7 e eu podia fazer todas as posições da frente. Fui testando. Fiquei logo a médio.

Como surge o interesse do Benfica?
O Benfica tinha um olheiro que foi acompanhando alguns jogos do Poiares. Depois os responsáveis do clube falaram directamente com os meus pais. Estiveram a avaliar-me durante algum tempo, ainda me chamaram para fazer torneios e para uma captação. Lembro-me que para essa captação fui com mais alguns jogadores da minha equipa do Poiares. Fomos quase todos na carrinha do meu pai. Estranhei porque colocaram-me em todas as posições. Joguei a defesa direito, esquerdo, ala e até a guarda-redes. Fiquei um pouco sem saber o que é que estava a acontecer, mas no final os responsáveis do Benfica falaram com os meus pais e disseram que aquela captação era só para me conhecerem pessoalmente, porque era certo que eu ia ficar no Benfica.

Vai para o Centro de Estágio do Seixal com quantos anos?
Ia fazer 12 anos. Eu com 9,10 anos já era do Benfica, só que como era muito novo ainda não podia ficar no centro de estágio. Nessa altura a minha mãe levava-me duas vezes por semana – uma para treinar e outra para jogar – ao Benfica. A minha mãe teve de deixar o trabalho para fazer isso e o meu pai foi à procura de um trabalho onde ganhasse mais para nos sustentar e eu conseguir ir aos treinos e aos jogos. Durante dois anos foi assim. Treinava uma vez no Benfica e jogava ao fim de semana, e o resto dos treinos eram feitos no Poiares.

A sua família pelos vistos sempre o apoiou e sacrificou-se por essa vontade de ser jogador.
Sim, mas eles não viam isso como um investimento, apenas como aquilo que eu gostava de fazer; eles foram fazendo todos os sacrifícios para me dar essa possibilidade. As coisas foram acontecendo graças ao sacrifício deles e, felizmente, deram certo.

Como foi quando se viu sozinho no centro de estágio, longe de casa, da família?
Foi complicado. Eu estava habituado a estar todos os dias com os meus irmãos e amigos, e, de repente, vou para uma zona que não conheço, a 300kms de casa, com desconhecidos. Foi duro. Tive muitas saudades de casa, da família, dos amigos, mas consegui superar.

Chorou muitas vezes?
Algumas vezes, sim. Batia aquela tristeza, aquele sentimento de vazio, de que faltava alguma coisa para completar.
Quando foi para o Seixal muda de escola. Gostava de escola?
Fui para a escola pública que frequentavam todos os jogadores do centro de estágio. Acho que para o 8º ano. Honestamente, não gostava de estudar. Sempre fui aluno em que o mais importante era passar. Não queria chumbar nenhum ano, as minhas notas eram médias, nunca foram muito boas. Eram suficientes.

Quem são os primeiros amigos que fez no Benfica?
São os dois que ainda hoje são os meus melhores amigos. O Pedro Rebocho e o Rafael Guzzo. Claro que fiz outros grandes amigos, como o Nelson Monte. Esses foram os primeiros amigos do centro de estágio e com quem continuo a ter grande relação, passamos férias juntos. Eles sofriam o mesmo que eu. O Rebocho era de Évora e o Guzzo de Chaves, mais longe ainda. Acabámos por nos apegar porque estávamos todos na mesma situação e sabíamos o que é que um e outro sentiam.

O que faziam para se divertir e fugir às regras do centro de estágio?
Muitas vezes íamos jogar futebol para o campo de 7. Pegávamos em balões de água e começávamos a correr pelo centro de estágio, a atirá-los uns aos outros. Outras vezes jogávamos ao jogo “Polícias e Ladrões”. Ou ficávamos no quarto uns dos outros a jogar PlayStation. Também jogamos futvólei. Arranjávamos sempre qualquer coisa para nos entreter.

Quando e como surge o interesse do Manchester City?
Acho que eles andaram um ou dois anos a analisar os meus jogos e o processo foi igual ao do Benfica. Só que nessa altura já tinha empresário, o Ramiro Sobral que era lá do Seixal, e falaram com ele.

Dos treinadores que teve no Benfica, durante o período de formação, houve algum que o tivesse marcado mais?
O Luís Araújo. Foi o que mais me marcou e até tivemos um episódio interessante num treino, em que ele me expulsou. Por incrível que pareça as coisas a partir daí começaram a correr melhor.

Porque é que ele o expulsou do treino?
Eu não gostava que gritassem comigo, porque tinha noção quando as coisas não estavam a correr bem. Não sou uma pessoa que funcione porque as pessoas gritam comigo. Não é por gritarem mais comigo que dou mais. As coisas não estavam a correr bem no treino, ele só gritava comigo, entretanto há uma bola que vai para mais longe, ele estava a ensinar o exercício e mandou-me ir buscar a bola. Como já estava irritado fui a andar, ele mandou-me ir a correr, continuei a andar e quando peguei na bola e a atirei para ele, disse que eu estava expulso do treino. Fui tomar banho e no final do treino fui falar com ele. Foi aí que nos entendemos. Disse-lhe o que pensava, que não gostava que gritassem comigo porque sabia que as coisas estavam a correr mal. E fizemos um acordo. Ele diz: “Durante uma semana eu não te vou chamar a atenção e vamos ver no que é que dá”. Nessa semana não chamou a atenção e as coisas começaram a correr bem, a nossa equipa fez uma época fantástica, não perdemos um jogo. Ele percebeu minha maneira de funcionar e é um treinador que respeito bastante.
Tinha algumas referências de jogadores, no Benfica, que admirasse muito?
O Fábio Coentrão. Lembro-me que quando fazíamos anos podíamos dizer qual era o nosso jogador preferido da equipa A e recebíamos uma camisola assinada por ele. E assim foi: recebi a camisola autografada pelo Coentrão.

Até ir para Inglaterra foi chamado a alguma selecção?
Se não me engano fui só chamado à distrital.

Vai para Inglaterra em 2011-12, tinha 15 anos. Foi difícil tomar a decisão de ir?
Foi uma decisão que tomámos em conjunto, como todas as outras, só que esta era diferente porque ia para fora e sei que era complicado para todos. Decidimos em família que se era uma boa oportunidade, tinha de arriscar porque se não o fizesse não sabia como iria correr. Os meus pais sempre me apoiaram e nessa altura decidimos que o meu pai deixava de trabalhar para ir viver comigo em Inglaterra. Decidimos fazer um ano de experiência, eu e o meu pai. Se corresse tudo bem, no ano seguinte iam os meus irmãos e a minha mãe.

Foi com esse contrato que começou a ganhar dinheiro a sério.
Mas não foi muito dinheiro e as coisas até foram um bocado complicadas no primeiro ano, com o meu empresário e com o City, porque as coisas não foram bem explícitas no contrato.

No Benfica já ganhava dinheiro?
Sim. Lembro que o primeiro dinheiro que recebi, estava no centro de estágio, eram 25 euros por mês, para o passe. Nós guardávamos os €25€ íamos pé para a escola (risos). Depois passei a receber €200/mês, era só para ajudar, não era grande coisa. Os €25, às vezes, guardava para mim, outras dava aos meus pais. De resto, quando precisava de dinheiro era sempre os meus pais que me davam. Só comecei a ganhar um ordenado mais a sério quando fui para o Manchester City.

Qual foi a primeira coisas que comprou para si com o seu ordenado?
Acho que foi um telemóvel. Tinha um bem simples e queria um melhor. O resto do dinheiro eram os meus pais que geriam, quando precisava de alguma coisa falava com eles.
O que fazem os seus irmãos?
Neste momento o meu irmão entrou para a faculdade, em Manchester, Inglaterra, para business. A minha irmã esteve em Inglaterra connosco mas o ano passado foi para Portugal, fez um curso de estética, neste momento está desempregada.

Como foi a adaptação a Inglaterra?
O primeiro ano só com o meu pai foi complicado, até porque não falávamos o idioma. Chegámos e começámos a ver os carros do lado contrário, os horários muito diferentes porque os ingleses jantam às seis da tarde... Mas foi bom ter aprendido essa nova cultura. Tivemos sempre alguém do clube a ajudar-nos.

Deixou os estudos?
Sim, fiquei só com o 10º ano.

Como é que os dois, sozinhos, faziam com a comida e as coisas de casa?
No início ficámos num hotel e comíamos lá. Depois fomos para um aparthotel, e aí era o meu pai que comprava tudo e cozinhava. Ia telefonando à minha mãe para tirar dúvidas e eu era a cobaia dos cozinhados dele (risos). Mas a comida até era boa (risos).

A sua mãe e irmão adaptaram-se bem quando foram ter com vocês?
Eu estava com algum receio mas adaptaram-se muito bem, principalmente o meu irmão, que continua a lá viver e gosta. A minha mãe também começou logo a aprender inglês e até a minha irmã gostou e aprendeu a língua. Por isso foi bastante bom para todos.

Assinou por quantos anos?
Por 5 anos.

Ao nível de treino e jogo notou uma grande diferença para o Benfica, para Portugal?
Bastante. Inglaterra é um futebol muito mais puxado, muito mais intenso e em Portugal era um futebol mais técnico. Senti logo essa diferença. Em Inglaterra corriam muito e por vezes não tinham muita qualidade no futebol e isso foi uma grande dificuldade para mim porque não estava habituado a essa intensidade, a esse ritmo.

Foi jogar para a equipa júnior do Manchester City?
Quando cheguei comecei nos sub-16 e passadas algumas semanas comecei a treinar com os sub-18. 
Em termos de balneário, muito diferente também?
Sim. Em Portugal tínhamos mais brincadeiras, mas a maioria de nós já vivia no centro de estágio e conheciamo-nos melhor. Em Inglaterra eu ficava no meu canto, até porque eram só ingleses e eu não falava a língua ao início. Mas o ambiente no balneário era bom, eles ajudavam no que conseguiam, tentavam fazer-me compreender as coisas. Era um ambiente bom.

Ao fim de quanto tempo estava a falar inglês fluentemente?
Um ano.

Os seus pais arranjaram emprego?
Os meus pais ficaram só a orientar as coisas em casa. Eu também preferi, porque graças a Deus conseguíamos viver assim. Eles criaram uma rotina: começaram a ir à escola para aprender inglês, também iam ao ginásio, e tinham que gerir as coisas em casa, acabavam por ter sempre alguma coisa para fazer.

No Manchester tinha a ambição e a esperança de jogar na equipa principal?
Sim, e aumentou ainda mais no segundo ano. Ainda com 16 anos fui chamado para fazer treino de pré-época com a primeira equipa. Foi aí que as minhas expectativas começaram a aumentar.

Quem foi o treinador que o chamou?
O Roberto Mancini.

Sabe por que não ficou a jogar na primeira equipa?
Porque a diferença entre a equipa de reservas e a primeira equipa do City, o ritmo e a intensidade, era muita. Eu precisava de um patamar que estivesse acima das reservas e que fosse mais próximo da primeira equipa do City. Acho que foi isso que fez com que não tivesse ficado lá, mas penso que estive bem nos jogos que fiz pela primeira equipa, conquistei boas coisas.

Entretanto o Manchester resolve emprestá-lo ao Lille.
Exacto. Foi no meu primeiro ano como sénior.

Como é que foi a adaptação a França?
Foi um pouco mais fácil do que em Inglaterra porque quando cheguei ao Lille havia jogadores que falavam inglês; eu já falava inglês, era mais fácil. Todo o grupo, a equipa técnica e adeptos me acolheram muito bem.
Era o único português na equipa?
Sim. Havia um cabo-verdiano, o Ryan Mendes, que falava português. De resto, eram só franceses e havia alguns de outras nacionalidades que falavam inglês.

Os seus pais e os seus irmãos foram consigo?
Não, fui só eu e o meu pai, porque era um ano de empréstimo, sabíamos que era só um ano.

Como correu esse ano em termos desportivos?
Não foi o meu melhor ano porque tive o azar de ter duas lesões, uma logo a seguir à outra. Ambas no mesmo local, no músculo posterior na coxa. Fiquei de fora durante um mês e meio e no primeiro jogo em que regresso lesionei-me outra vez e fiquei mais um mês e meio parado. Isso prejudicou a minha primeira época no Lille.

Foi muito abaixo psicologicamente?
Um bocado porque estava muito feliz por fazer o meu primeiro ano como um jogador importante numa equipa da 1ª Liga francesa. É complicado para um jogador como eu assim, explosivo, fiquei preocupado e triste. Só não me fui mais abaixo porque tive o apoio da minha família e dos meus amigos, mas foi uma fase complicada.

Recorreu a algum tipo de ajuda psicológica?
Não, a ajuda da minha família bastou.

Regressa a Inglaterra no final dessa época.
Sim, fiz a pré-época com o City.

E ganhou nova esperança de ficar no City?
Sim, mas já sabia que ia ser complicado porque ia entrar no meu último ano de contrato com o City e sabia que havia alguma coisa que tinha que acontecer. Ou renovava ou tinha que procurar outro lugar. Fiz a pré-época e no final da janela de transferências, o Mónaco, que já mostrava interesse há algum tempo, fez a proposta.
Nessa altura o treinador já era o Leonardo Jardim. O facto de ser um treinador português ajudou a optar pelo Mónaco?
Sim, sabia que ia ser uma grande ajuda ter um treinador português e pesou um pouco na minha opção.

Mas acaba emprestado outra vez ao Lille.
Fiz 6 meses no Mónaco, mas nem cheguei a fazer dois jogos completos. Vi que iria ser complicado, não estava a jogar, não estava satisfeito. Quando cheguei ,fiquei fora da lista para a Liga Europa e logo aí fiquei um pouco desanimado. Depois, como não estava a jogar e o Lille sempre se mostrou interessado em mim, decidi que seria uma boa opção para mim.

Foi o Rony que pediu ao Leonardo Jardim para sair?
Surgiu esse interesse do Lille e o Leonardo Jardim também estava de acordo porque sabia que eu precisava de jogar. Como estava toda a gente de acordo, voltei para o Lille.

Nessa altura continua só com o seu pai?
Sim. Era um bocado incerto não sabíamos por quanto tempo é que ia ficar, por isso foi sempre o meu pai que esteve comigo nessas alturas.

Esteve dois anos e meio emprestado ao Lille. Jogou ao lado do Éder.
Sim, foi no ano em que estive 6 meses no Mónaco e em Janeiro fui para o Lille. Fizemos o resto dessa época e a outra a seguir juntos.

Como é que ele lidou com o facto de ter sido o herói do Europeu? Falava com ele sobre isso?
Sim, falava. Foi um momento espectacular para ele e se há alguém que merece é ele. Mas o ano do Europeu foi bastante complicado para ele, era bastante assobiado em todos os jogos e é difícil para um jogador viver com essa pressão todos os fins de semana. Sei que foi um ano difícil para o Éder, mas, sinceramente, é uma pessoa com uma excelente personalidade para aguentar tudo o que passou.

O futebol francês é muito diferente do inglês?
No futebol inglês há mais intensidade, o futebol francês é muito físico, tem jogadores muito fortes fisicamente, mas o futebol inglês tem uma intensidade muito grande.

Em qual dos dois gosta mais de jogar? Porquê?
No campeonato inglês nunca tive oportunidade de jogar na Premier League.
Também nunca jogou como sénior na I Liga portuguesa, acha que adaptava-se bem?
Acho que sim. É um futebol que conheço apesar de só ter lá jogado quando era miúdo.

O que pensa do campeonato português?
Gosto, a qualidade está a aumentar. Claro que há diferenças para os três grandes, mas este ano o SC Braga já se aproximou mais e equipas como o Rio Ave, Vitória de Guimarães e mesmo equipas consideradas mais pequenas estão cada vez mais fortes, com jogadores de qualidade.

Entretanto, regressa ao Mónaco esta época.
Sim regresso ao Mónaco esta época depois de praticamente dois anos e meio emprestado ao Lille. 

Regressa porque o Leonardo Jardim o chamou ou porque o Rony quis voltar?
O Mónaco é um bom clube e é o clube com que tenho contrato. Queria que esta fosse a época da minha afirmação porque já tinha passado muito tempo emprestado. Queria mostrar que o Mónaco tinha feito uma boa aposta em mim.
As coisas começam a correr muito bem, sobretudo desde o final do ano passado.
Sim, esta época não tenho nada de que me queixar.

Como é que explica essa “explosão” repentina?
É o trabalho que tenho vindo a fazer. Sempre procurei fazer o melhor para mim. Procurei trabalhar sempre com pessoas o mais profissionais possível, procurei o melhor em termos de alimentação, em termos físicos e graças a Deus as coisas estão a correr bem.

De tal maneira que entretanto é chamado à selecção. Aconteceu em Novembro passado. Estava à espera?
Não, não estava à espera. Na altura em que saiu a convocatória estava num restaurante a almoçar e comecei a receber chamadas.

O que é que sentiu?
Senti um orgulho enorme – todo o meu trabalho, todo o meu esforço estava a ser recompensado naquele momento. Foi um momento de felicidade e orgulho.

Quais foram as primeiras palavras que o Fernando Santos lhe disse?
Basicamente: “Bem-vindo”. E para eu estar tranquilo.

Chegou a jogar contra os EUA. Como acha que lhe correu?
Em 10 minutos não deu para fazer muito, mas para mim valeu pelo sentimento de estar a viver aquele momento.
Nunca lhe passou pela cabeça jogar pela selecção brasileira?
Claro que passou, quando surgiu o interesse da selecção brasileira, enquanto estava no City. O seleccionador do Brasil foi lá falar comigo e com o meu pai. Mostraram interesse e nessa altura claro que me passou pela cabeça, mas foi uma ideia que passou rápido porque Portugal foi sempre o meu país, foi sempre a selecção que representei e então não foi difícil tomar essa decisão.

A hipótese de jogar pelo Brasil já está descartada?
Há sempre possibilidade, mas é uma coisa em que nem penso sequer.

Quais são os seus maiores concorrentes na selecção?
Tem muitos jogadores para a minha posição: o Bernardo, o Gelson, o Quaresma, o André Gomes, o João Mário, uma série de jogadores.

Muitas vezes comparam-o com Bernardo Silva. Chateia-o?
Não, sinceramente não me chateia, passa-me ao lado porque estou de consciência tranquila e porque sei que comparação vai haver sempre.

Em que posição se sente mais confortável a jogar?
A minha formação toda foi como Nº 10, mas desde há alguns anos que tenho jogado mais pela linha e já me habituei. Claro que gosto muito de jogar a 10, mas neste momento a 10 ou na linha é igual.
Quando foi chamado à selecção, em termos de ambiente, era o que estava à espera, superou as suas expectativas ou foi muito diferente do que imaginava?
Não, já estava habituado porque fiz as selecções todas jovens e é um pouco parecido. Nessa convocatória a que fui já tinha jogado com quase todos os jogadores, isso facilitou bastante.

Vamos falar desse percurso da selecção. Foi chamado a todas as selecções desde a de sub-16. Houve alguma equipa ou algum seleccionador que o tenha marcado mais nesse percurso?
Talvez o Hélio Sousa, porque foi o treinador com quem eu passei mais tempo. Treinadores como o Filipe Ramos e o Emílio Peixe também foram excelentes.

Algum jogador com quem tenha criado maior empatia?
Sempre me dei muito bem com o Bernardo por exemplo, também me dou muito bem com o André Silva.

No ano passado, depois de ter completado a grande maioria dos jogos de qualificação para o Europeu de Sub-21 acabou por ser não ser chamado pelo Rui Jorge, em detrimento de outros jogadores. Foi difícil lidar com isso?
Admito que não estava à espera, até porque tinha feito a maior parte dos jogos de qualificação como titular. Depois, não ser convocado, foi uma grande desilusão.

Alguma vez foi praxado?
Fui, em Novembro, na selecção A, tive que cantar.

Cantou o quê?
Cantei uma música dos D.A.M.A., a “Balada do desajeitado”. O problema é que cantei essa música a pensar que todos conheciam e que iam cantar comigo e depois reparei que ninguém conhecia a música. Fiquei ali um bocado tímido (risos).

Foi a única praxe de que foi alvo?
Quando cheguei ao Mónaco também tive que cantar e quando cheguei ao Lille tive que dançar. No Mónaco cantei Xutos e Pontapés: “As saudades da minha casinha”. No Lille dancei um remix durante um minuto. Iam metendo várias músicas e eu só tinha que ir mudando o ritmo da dança.
Tem o João Moutinho como companheiro no Mónaco. Que tal?
É um jogador com muita experiência que já conhece os cantos à casa.

Deu-lhe algum conselho, ensinou-lhe alguma coisa?
Todos os dias. Eu treino muito com ele. Dentro de campo, então, dá-me sempre conselhos sobre movimentações, é uma pessoa que me ajuda bastante.

Qual é sua maior ambição como jogador?
Ganhar títulos, ambiciono ganhar a Liga dos Campeões.

Tem algum clube pelo qual gostasse de fazer isso?
Tenho dois clubes em que gostaria de jogar: o Barcelona e o Real Madrid.

Em termos pessoais qual é a sua maior ambição?
Quero ser um jogador reconhecido, quero ganhar títulos, títulos individuais, para mim essa é a minha maior ambição, títulos individuais.

E namoro, há alguma coisa?
Neste momento estou solteiro e estou bem assim.

Continua a viver com o seu pai e com a sua mãe?
Estou a viver só com o meu pai. A minha mãe e os meus irmãos vêm aqui sempre que podem. A minha mãe ficou com o meu irmão em Manchester.

O Mónaco conhecido pelo luxo. Já perdeu a cabeça com alguma coisa?
Não, nada.

Já foi ao casino ou ainda não?
Não, ainda não entrei no casino. O casino não é para mim, não jogo nada, nem poker, nem sequer às cartas eu jogo. E prefiro continuar assim, pelo menos não perco dinheiro nessas coisas.

Qual foi a maior loucura que fez porque se podia dar a essa luxo?
Eu não compro por impulso. Não sou assim. Vejo, gosto mas se for muito caro, guardo sempre para comprar na altura certa, não compro por impulso.

Nem carros?
Comprei dois. O primeiro foi um Mercedes Classe A ou outro um Range Rover Evoque. Mais para a frente talvez compre um mais potente.
No futuro equaciona voltar a estudar?
Neste momento, não me passa pela cabeça, mas sei que daqui a alguns anos é uma coisa que me faria bem.

Tem alguma coisa de brasileiro?
A comida e o gosto musical.

Sente-se mais português do que brasileiro?
Sim, eu gosto de dizer que sou um português com algumas raízes brasileiras.

Costuma visitar o Brasil?
Não, desde que vim para Portugal nunca mais voltei ao Brasil.

Como é que é um dia normal para si?
Normalmente acordo às 7 e meia, tomo o pequeno almoço em casa com o meu pai, chego à Academia às nove e meia e, como o treino começa uma hora depois, nesse espaço de tempo fico a fazer uma massagem ou vou para o ginásio fazer qualquer trabalho. Depois do treino, às vezes fico a jogar futevolei, mais com os brasileiros, ou na piscina ou na conversa. Depois fazemos recuperação, banho de gelo e normalmente chego a casa por volta das 14h. É quando almoço, com o meu pai. Depois faço a sesta, fico a ver televisão, às vezes jogo PlayStation com o meu pai. Às 18 é hora do lanche e a seguir ou vemos um filme ou jogamos, a maior parte do tempo ficamos por casa.

O que é que joga na Playstation?
FIFA. O meu pai aprendeu agora a jogar e por isso jogamos os dois na mesma equipa contra a PlayStation.

É verdade que tem uma espécie de “duelo” com o Anthony Lopes?
(risos). Não. Dizem isso porque tenho tendência para marcar em todos os jogos contra o Lyon e este ano nós defrontámos o Lyon três vezes e eu marquei-lhe golos nos três jogos. É esse o “duelo” entre nós, não é nada de mais.

Para além da PlayStation tem mais algum hóbi?
Gosto bastante de ver séries e de ir ao cinema.

Que séries é que tem estado a seguir ou de que gostou mais nos últimos tempos?
Adorei “Prision Break” e "Nikita”. Neste momento estou a ver a “Blacklist”

Quem é o seu maior ídolo?
O meu pai. E a minha mãe.

É supersticioso?
Um bocado. Quando as coisas correr bem tento repetir o que faço. Benzo-me sempre quando entro em campo. Depois há coisas que guardo para mim.

Qual foi o golo que mais gozo lhe deu marcar até hoje?
Gostei do que marquei na estreia pela equipa principal do City, contra o Watford, para a Taça, porque fui o mais jovem jogador da história do clube a marcar até hoje. Também gostei do que marquei contra o Lyon esta época, que deu a vitória à nossa equipa.

Portugal tem hipóteses de chegar até onde neste Mundial da Rússia?
Se me perguntar se acho que Portugal tem hipóteses de ganhar, digo-lhe, sem dúvida. Mas vai ser difícil. Portugal tem um grupo bastante forte com excelentes jogadores, de muita qualidade. Claro que não vamos meter a fasquia muito alta e que a maneira de encarar é sempre de jogo a jogo. Mas na minha opinião, Portugal tem uma palavra a dizer neste Mundial.

Em relação a esta convocatória, qual é o seu sentimento? Acha que tem hipóteses de ser chamado ou não tem grandes esperança?
Tenho sempre um pouco de esperança mas sei que é complicado. Sinceramente estou tranquilo, estou de consciência tranquila, gostei de fazer o meu trabalho e estou satisfeito comigo mesmo, que é o mais importante. Depois as coisas que tiverem que acontecer, vão acontecer, sem pressa, tudo no seu tempo certo.

Acha que o facto de não ser chamado tem só a ver com a concorrência?
Sim, com a concorrência e com o momento, como eu não fiz nenhum jogo na qualificação, acho que é apenas isso. 

Em 48 jogos oficiais nesta temporada, leva 15 golos marcados e 12 assistências. Bateu vários recordes do clube e da Liga francesa (nomeadamente o de número de jogos consecutivos a marcar) e foi o primeiro jogador português, depois de Pauleta, a chegar aos 10 golos marcados em França. Acha que este argumentos deviam ser suficientes para Fernando Santos chamá-lo para o Mundial da Rússia?
São números muito bons para mim. Claro que quero sempre mais, mas estou contente com meu trabalho. Agora, se são argumentos suficientes para o seleccionador levar ao Mundial isso já não sei, já não é comigo.

Se pudesse dizer alguma coisa agora a Fernando Santos para o convencer a convocá-lo, o que dizia? 
(risos). Dizia que estou aqui e estou pronto para representar Portugal. E também que tenho feito o meu trabalho e posso acrescentar algo à selecção."

Positivo e negativo

"Terminou ontem o campeonato com algumas confirmações, mas também com diversas surpresas. 

Dando prioridade aos últimos, o destaque maior vai para o Vitória de Setúbal que entrou na ronda final com o cutelo no pescoço, mas que acabou por se libertar o fantasma da descida de divisão mercê de uma vitória tangencial sobre o Tondela.
Mérito dos jogadores, que acreditaram sempre e, igualmente, em grande parte, do treinador José Couceiro, que ajudou a acabar com todas as incertezas, inclusivé a da sua não continuidade à frente da equipa sadina.
Feirense e Moreirense também conseguiram sobreviver, enquanto Paços de Ferreira e Estoril Praia se despedem, por agora, da divisão principal, na expectativa de poderem regressar o mais breve possível. É o que se deseja e justifica pelo longo percurso de ambos entre os maiores do nosso futebol.
No topo da tabela, aconteceu algo que escapou a uma boa fatia das previsões, ou seja, o Sporting não teve capacidade para segurar o segundo lugar cedendo-o ao Benfica, não obstante as dificuldades das águias no jogo de despedida do estádio da Luz.
Num jogo igualmente de fraca qualidade, tal como o da Luz, foi porém no Funchal que o Sporting voltou a deixar à vista o mau momento por que está a passar. Sem capacidade, os leões baquearam frente ao Marítimo, atirando borda fora a possibilidade de estar presente na próxima edição da Liga dos Campeões, com a inconveniente perda de milhões de euros, que tal desaire acarreta.
Este Sporting, que parecia ter arribado após a derrota em Madrid, frente ao Atlético, viria a tornar-se numa grande desilusão na ponta final do campeonato, perdendo cinco pontos em dois jogos (Benfica e Marítimo), o que acabou por ser fatal para as suas ambições.
Nos dias e meses que vão seguir-se se saberá com que consequências, a vários níveis."

O calcanhar de Jesus

"Se Jesus não ganhar ao modesto Aves, o caldo com Bruno de Carvalho entornar-se-á de vez. Se as coisas já não estão bem, uma derrota no Jamor fará explodir a panela de pressão.

Jorge Jesus é um grande treinador Sou suspeito ao dizer isto, pois sou seu amigo (e não do Facebook…). Mas há factos objectivos a sustentá-lo.
Primeiro, Jesus melhora claramente as equipas que treina. Assim aconteceu no Benfica, cuja equipa pôs a jogar o dobro ou o triplo. Depois de épocas negras, em que o clube andou pelas ruas da amargura, Jesus catapultou a equipa para cima e foi campeão logo no primeiro ano. E depois venceu mais dois campeonatos, para lá de outras provas menores, quebrando a hegemonia do FC Porto, e chegou a duas finais da Liga Europa.
E no Sporting sucedeu uma coisa parecida. Só não foi campeão no primeiro ano porque o Benfica fez a sua melhor pontuação de sempre. E ainda porque, no duelo com os encarnados em Alvalade, os leões falharam golos de baliza aberta.
E no Belenenses, Jesus chegou ao 5.o lugar e às competições europeias.
Mas, para além de potenciar as equipas, Jesus valoriza os jogadores que treina. Os exemplos são inúmeros: Fábio Coentrão, Jardel, Matic, Enzo Pérez, Slimani, Coates, Gelson Martins, Bas Dost, etc.
Aliás, quase todos os jogadores que passaram pelas mãos de Jorge Jesus o elogiam, mesmo alguns daqueles que foram dispensados por ele! Ainda recentemente, Pablo Aimar lembrava Jesus como um dos três treinadores que mais o marcaram. Além de o apontarem como um treinador muito exigente, adiantam que é tacticamente muito rigoroso.
Estas são as qualidades de Jorge Jesus: potencia as equipas, valoriza os jogadores e é admirado pelos que treinou.
Agora vamos aos defeitos. O seu principal defeito é perder jogos decisivos. Perdeu duas finais da Liga Europa, com o Chelsea e o Sevilha. Perdeu uma final da Taça de Portugal, com o Guimarães de Rui Vitória. Perdeu um jogo no Dragão que valeu um título (o do célebre golo de Kelvin). No domingo passado, não ganhou o jogo de Alvalade contra o Benfica, que lhe daria automaticamente o 2.º lugar. E ontem, na Madeira, falhou outra vez.
A que se deverá esta síndrome? Avanço uma explicação: Jesus põe nestes jogos demasiada pressão em cima dos seus jogadores e eles, mentalmente, não aguentam. Não é uma questão táctica nem futebolística: é uma questão mental. Só assim se podem compreender os falhanços das suas equipas em momentos cruciais e mesmo quando eram favoritas, às vezes com erros individuais de bradar aos céus.
Vamos ver o que acontece no próximo domingo, na final da Taça de Portugal. Se Jesus não ganhar ao modesto Aves, o caldo com Bruno de Carvalho entornar-se-á de vez. Se as coisas já não estão bem, uma derrota no Jamor fará explodir a panela de pressão. Podemos vir a assistir a uma guerra como nunca se viu no futebol português, com os adeptos divididos ao meio: uns, a puxar pelo treinador, outros, a aplaudir o presidente.
A coisa promete!"


PS: O Circo de Alvalixo anda tão depressa, que isto já está tudo desactualizado!!!

Presidente-adepto vs adepto do presidente

"O Sporting está acima de tudo como?

Como disse Bruno de Carvalho ao jornal "Expresso" de anteontem, os jogadores de futebol podem e devem ser criticados. Talvez até seja verdade também que, em Portugal, somos demasiado mornos nessas críticas. Mas para um presidente de clube, fazer as repreensões à equipa em público só tem uma vantagem, entre vários prejuízos evidentes: sacudir as culpas próprias. E dar uma entrevista, repetindo os ataques aos jogadores e fazendo mira ao treinador, na véspera de um jogo tão importante como o Marítimo-Sporting é a mesma coisa. Não traria qualquer benefício a ninguém do clube, excetuando ao presidente caso o resultado fosse mau. Por outras palavras, Bruno de Carvalho pôs o objetivo de sacudir culpas (ou pior, a vingançazinha adolescente) acima dos 30 milhões de euros que a Liga dos Campeões poderia valer e do estado de espírito que se deseja a uma semana da final da Taça de Portugal. É possível contestar esta conclusão e fazer uma dúzia de outras interpretações dos atos do presidente; o que não se conseguirá nunca, nem com a ajuda de um argumentista de Hollywood, será explicar como é que isto defende o Sporting. De que maneira está o Sporting acima de tudo com aquela entrevista? Bruno de Carvalho é mesmo um presidente-adepto ou será antes um adepto do presidente? Ao fim de três anos e talvez uns 20 milhões de euros pagos a Jorge Jesus (por Bruno de Carvalho, sem pistolas apontadas à cabeça), mais o orçamento recorde desta época, impõe-se, claro, reavaliar o percurso. O primeiro problema, pelo menos aos olhos de um observador externo mas, com certeza, também para os sportinguistas serenos, está em perceber o peso, nos fracos resultados, destas perturbações constantes criadas pelo presidente. E, se calhar, reavaliar cada um desses episódios fazendo a pergunta básica: o que ganhou, ou teria a ganhar, o Sporting com qualquer deles?"

Caldeirão entornado

"O Sporting caiu com estrondo no Caldeirão do Funchal e perdeu a curtíssima vantagem que tinha em relação ao Benfica, entregando assim ao seu rival a hipótese de lutar pelo acesso à Liga dos Campeões. Ontem, foi fácil apontar o dedo aos jogadores e cruelmente a Rui Patrício, mas o fracasso tem muitos culpados.
No topo da pirâmide, está o presidente porque é o líder máximo e porque voltou a escolher um timing inoportuno para criticar jogadores e muito especialmente o treinador. Bruno de Carvalho estará convencido que as vitórias após Madrid resultaram do arraso que deu no Facebook aos jogadores. Talvez quisesse repetir a estratégia. Péssima ideia.
A seguir, o treinador. Jesus foi confrontado com um quadro inimaginável o que o obrigou a uma ‘ginástica’ na gestão de relações (para cima e para baixo) que deve ter consumido atenções e energias. Em campo, perdeu a oportunidade de liquidar o rival no dérbi de Alvalade. Contentou-se com o empate e ficou a jogar no risco. Não foi boa opção, como se vê.
A equipa deveria ter jogado muito mais do que jogou ontem nos Barreiros. Era um desafio para dar 200 por cento. Ficaram muito aquém. Se as pernas pesam, a cabeça pelos vistos deve estar pior. E é neste cenário de crise que o Sporting chega ao Jamor."

O meu balanço desta época, escrito há um ano

"Depois dos festejos de uns e das lágrimas de outros, todos vão fazer algum tipo de reflexão sobre o que se passou nesta época. Os árbitros e a estrutura da arbitragem não são excepção.

Terminou a Liga 2017-18. Depois dos festejos de uns e das lágrimas de outros, todos vão fazer algum tipo de reflexão sobre o que se passou nesta época. Os árbitros e a estrutura da arbitragem não são excepção e irão, seguramente, fazê-lo.
Eu? Eu fiz o balanço da época que terminou há um ano. Dia 30 de Maio de 2017 arrisquei escrever o seguinte:
Terminou a época 2017-18. A época de estreia do videoárbitro na competição máxima do futebol português.
Foi uma época em tudo igual às outras: alguns excelentes jogos de futebol, fantásticos jogadores, grandes golos, despedimentos de treinadores, castigos a dirigentes e, espantemo-nos, contestação aos árbitros e à arbitragem.
O tão ansiado videoárbitro não foi o milagre que se esperava para pacificar o nosso futebol.
Foi, no entanto, muito importante em diversas situações como a anulação de alguns golos precedidos por infracção à lei do fora-de-jogo. Bem os árbitros assistentes que, em caso de dúvida, arriscaram mais deixando prosseguir o jogo, conscientes que o videoárbitro iria corrigir a sua decisão caso esta fosse errada.
Numa primeira fase da época e até os jogadores se consciencializarem da preponderância do videoárbitro, foi de extrema importância em situações de faltas grosseiras (pisões, entradas de sola e outras de gravidade semelhante) não facilmente detectáveis pelo árbitro no terreno de jogo. Por “culpa” do vídeo-árbitro houve mais expulsões que nas épocas anteriores. (75 vermelhos em 2016-17 e 83 em 2017-18).
Nas decisões nas áreas (lances de penálti) verificou-se uma redução dos erros dos árbitros. Tal, no entanto, não trouxe significativa redução na discussão e barulho pós-jogo em torno destes lances. Em quase todas as jornadas houve alguma equipa, treinador ou dirigente a questionar a honestidade e/ou competência dos árbitros, dos videoárbitros e até dos técnicos de televisão por sentir que foram prejudicados nalgum pontapé de penálti por assinalar a seu favor ou mal assinalado contra si. Neste capítulo, nada de muito diferente do que era o futebol português da era “pré videoárbitro”.
Ainda no lado da contestação, foi curioso acompanhar o desconhecimento que adeptos e alguns intervenientes do jogo demostraram ao reclamar muitas vezes a intervenção do videoárbitro em situações não protocoladas: lances pouco claros nas áreas, expulsões motivadas por segunda amarelo, entre outros.
Não deixa de ser curioso e interessante recuar um ano e analisar aquele que foi o primeiro jogo com intervenção “live” do videoárbitro em Portugal para perceber que, logo nessa partida, se puderam observar os principais indicadores das potencialidades, benefícios mas também limitações desta nova ferramenta do futebol.
A final da Taça de Portugal 2016-17, entre o Benfica e o Vitória SC, foi o primeiro jogo de uma competição nacional onde se utilizou o videoárbitro em modo “live”. Hugo Miguel foi o árbitro dessa partida histórica para o futebol português onde Jorge Sousa desempenhou a função de VAR e Artur Soares Dias foi o AVAR. Nesse jogo, tal como na maior parte dos jogos da Liga 2017-18, o árbitro não recorreu à ajuda do videoárbitro, nem aconteceu que o videoárbitro aconselhasse o árbitro a rever qualquer decisão.
E foi isto que escrevi há um ano. No futebol português, há coisas que não são difíceis de prever..."

Dez pontos positivos a tirar da Liga

"Uma primeira análise ao campeonato que terminou no fim de semana.

Escolho 10 pontos positivos na Liga que terminou este fim de semana. Um campeonato com figuras maiores, e outras que vale a pena mencionar.
1. Jonas, MVP
34 golos aos 34 anos. O segundo título de melhor marcador seria suficiente para torná-lo figura maior da Liga 2017/18, mas ainda podemos acrescentar-lhe ao registo as seis assistências e todos os pormenores de classe que o tornam um dos melhores futebolistas a passar pelo campeonato português. O Benfica terá pago bem caro a sua ausência, sobretudo no clássico com o FC Porto, mas o goleador brasileiro ainda regressou a tempo de carimbar, de penálti, a qualificação para as eliminatórias da Liga dos Campeões, com muitos milhões à vista, numa eventual fase de grupos. Uma influência que está longe de ter igual por cá.
2. Bruno Fernandes a todo o terreno
Onze golos, quase todos de levantar o estádio, e assistências à beira dos dois dígitos. O médio chegou como internacional sub-21, e termina a época como possível trunfo de Fernando Santos para o Mundial de daqui a pouco mais de um mês. A oito ou a falso dez, assinou exibições de enorme qualidade, chamou para si a atenção dos grandes clubes europeus e carregou o Sporting às costas, com a ajuda a espaços de Gelson Martins e Bas Dost, durante praticamente toda a temporada. Excelente na meia-distância ou a assistir, poucos esperavam um rendimento tão elevado na época de estreia no campeonato. O seu futebol foi de Champions, e foi o resto da equipa que ficou um pouco aquém.
3. Marega no pódio
Depois de Jonas e Bruno Fernandes, Marega. Começou a época como suplente, aproveitou a lesão de Soares e não mais parou. O seu crescimento deve-se muito a Sérgio Conceição, que consciente das suas limitações pediu ao maliano aquilo que ele melhor lhe podia dar. Disponibilidade física, vertigem e uma confiança inabalável, que colheu frutos à frente da baliza, à medida que os encontros se acumulavam. 22 golos, 8 assistências e peça fundamental na engrenagem portista. A velha história do patinho-feio que virou cisne.
4. Rui Patrício
O melhor guarda-redes da Liga 2017/18. Mais exposto que Casillas, que até dividiu a época com José Sá, foi garantia de muitas vitórias do Sporting ao longo da época. Não merecia a infelicidade dos Barreiros nem a ingratidão ou sequer a pressão que lhe colocaram em cima nas últimas semanas.
5. (...)
6. A qualidade do Sp. Braga
O empate na Pedreira com o Boavista e a derrota a acabar em Vila do Conde, que deixaram a equipa a três pontos do pódio, não mancham a campanha do Sporting de Braga de Abel Ferreira. A excelente qualidade de jogo e o plantel muito equilibrado, que pode ainda ganhar mais qualidade no verão com um ou outro reforço cirúrgico, deixam água na boca para a próxima temporada, em que se espera que os minhotos dêem finalmente o salto que os coloque lado a lado com os grandes. Poderá não ser tão linear quanto isso, uma vez que também a estes é esperado o reforço que, em certa medida, faltou este ano, mas a consistência demonstrada na segunda metade da época, a que se junta já um ano e picos de trabalho, poderão ser óptimo ponto de partida para o próximo campeonato.
7. Ideias próprias em Vila do Conde e Chaves, e depois no Restelo
Não acho que haja um sistema melhor do que o outro, nem uma filosofia melhor do que outra. Acredito que devem ser valorizadas tanto equipas de contra-ataque ou de ataque continuado, desde que se adaptem na perfeição aos jogadores e sejam processos de qualidade. Posse só pela posse, ou transições sem nexo valem pouco. Assim, é de elogiar quando equipas que não os grandes assumem filosofias próprias e são bem sucedidas praticando-as. Já não é novidade em Vila do Conde, mas Miguel Cardoso reforçou ainda mais esse futebol associativo dos vilacondenses. O mesmo se passou em Chaves, com Luís Castro a semear, depois da passagem pelo Rio Ave, fundamentos semelhantes. As boas épocas de ambos os emblemas justificam a ideia de que equipa pequena não precisa de pensar pequeno, e ser hiperdefensiva, para ter sucesso e garantir os seus objectivos. O Rio Ave está perto de ir à Liga Europa, o Desp. Chaves ficou próximo. Também o Portimonense, com uma equipa de transições mas sem medo de nenhum adversário, realizou uma época tranquila. Sentiu-se nas três equipas inúmeras vezes o prazer de jogar à bola.
Deixo o Belenenses um pouco à margem. Silas chegou mais tarde e, além de tempo, precisa que a qualidade geral do grupo suba alguns patamares para também ambicionar a outros voos. Os primeiros sinais são positivos sobretudo no Restelo, com um ou outro brilharete, como o empate com o Benfica e a vitória frente ao campeão FC Porto, ou mesmo a réplica na derrota com o Sporting. Além de o próprio clube precisar de estabilidade, devido aos conflitos internos, também fica a ideia de que com mais qualidade o Belenenses conseguiria impor bem mais facilmente a nova ideia.
8. O trabalho de Hércules de José Couceiro
Ano muito complicado, e mais uma vez o homem certo para segurar as pontas. José Couceiro acaba de levar um Vitória de Setúbal em evidentes dificuldades financeiras, com uma equipa muito jovem e já depois de ter perdido o seu melhor jogador, Gonçalo Paciência, a um bom porto: a permanência na Liga. Lembrou que ficou pelos jogadores, e despediu-se. A sua imagem permanece intacta, apesar do evidente desgaste.
Também Pepa, no Tondela, e Jorge Simão, no Boavista, merecem referência melhoria nas prestações em relação a anos anteriores.
9. A genuinidade de Vítor Oliveira e Nuno Manta
Nuno Manta é um caso à parte na Liga, tal a simplicidade e cordialidade. Salvou, por duas vezes consecutivas, o Feirense da descida. É, com todo o mérito, o herói da casa.
Já Vítor Oliveira é um velho lobo. O bom Portimonense que montou, com um futebol descomplexado e de olho no golo, mostram o outro lado do milagreiro das subidas. O futebol português parece finalmente valorizar um dos seus treinadores mais experientes. O seu escalão, acredite ou não, é a Liga.
10. Os bons nomes que ficam (para lá dos grandes)
Nakajima e Fabrício, no Portimonense. João Novais, pela revelação, e Francisco Geraldes, mais consolidado, no Rio Ave. Em Braga, Paulinho, os irmãos Horta e Ricardo Esgaio. Matheus Pereira em Chaves. Joel no Marítimo, mas também Ricardo Valente. Lucas Evangelista à frente de todos, mas também Allano, Eduardo e Ewandro no despromovido Estoril. Hurtado, Raphinha até à lesão e Heldon no V. Guimarães. João Amaral e Edinho, mas também a irreverência de André Pereira, depois da saída de Gonçalo Paciência. Alfa Semedo no Moreirense, que também teve Tozé e Jhonatan. E alguns mais. Nomes que sublinham a qualidade do campeonato."

Os melhores da época

"Com a época a fechar, palco aos jogadores, razão primeira e última da paixão dos adeptos do mais belo jogo. Destaco alguns dos melhores ou mais influentes em cada equipa, seguindo a ordem da classificação:
No Porto, o homem símbolo do título é Marega, pelo que produziu individualmente (22 golos incluídos) mas sobretudo pelo que representa da forma de jogar: poder de aceleração num jogar objectivo, ataque à profundidade como arma permanente, agressividade no condicionamento e na reacção à perda de bola. Impossível não destacar também a explosão de Alex Telles para um nível de craque internacional, a época perfeita de Herrera coroada com o golo do título na Luz e a qualidade sóbria mas indispensável de Marcano.
O Benfica voltou a ter Jonas como indiscutível primeira figura, com classe rara a decidir e a definir. Foi rei dos goleadores e percebeu-se bem – também na ausência ou até mais aí – o quanto a equipa dependia dele. Grimaldo mostrou a imensa qualidade que lhe irá abrir a porta de campeonatos mais competitivos, Zivkovic tem um talento raro e só a aposta tardia no jovem sérvio lhe terá adiado a explosão definitiva. No processo defensivo, Fejsa voltou a ser o mais influente dos encarnados.
Em Alvalade, Bruno Fernandes revelou-se não só o melhor reforço como também o melhor jogador do ano. Cada vez melhor a decidir – quando passar, quando acelerar - jogasse mais à frente ou mais atrás, no corredor central ou nas alas, exibiu o talento que o recomenda à selecção e a outros grandes palcos mundiais. Bas Dost manteve a eficácia de um goleador excepcional, Gelson reforçou a imagem de um desequilibrador de elite mesmo se com apagamentos pontuais e Mathieu foi a unidade defensiva de melhor rendimento, mantendo distantes quaisquer sintomas de veterania.
No Braga destaco Paulinho, pelos 13 golos na Liga (melhor marcador português da prova) e pela variedade de soluções que dá em qualquer das tarefas na dupla ofensiva bracarense, tendo ganho o seu espaço num plantel competitivo (à frente de Dyego Sousa e Hassan) e no contexto global do futebol português. Seguem-se os irmãos Horta, com Ricardo a fazer a melhor época no país natal, goleador de mérito e com uma capacidade de jogar tanto em espaços amplos como mais reduzidos, e André, com quem a equipa cresceu na segunda metade da época graças à competência para gerir ritmos e à capacidade de decidir com mais critério. Menção ainda para Ricardo Esgaio, que fosse como lateral ou ala deu rendimento alto a todo o tempo e foi unidade crucial na dinâmica de Abel Ferreira.
João Novais teve a grande época de afirmação no Rio Ave, símbolo de uma equipa destemida na abordagem de cada rival e sempre com a baliza nos olhos (8 golos assinalados, vários pela herança do pai Abílio na cobrança de faltas). Francisco Geraldes não foi tão regular como prometeu mas acrescenta qualidade de cada vez que toca na bola, Pelé renasceu para ser jogador de grande (clube ou campeonato) que se prenunciava há uns quantos anos e Nelson Monte (ajudado por Marcelo) cresceu para o grupo dos melhores centrais portugueses. Claro que se não tivesse mudado para o Sporting em Janeiro, Rúben Ribeiro seria talvez o maior destaque de Vila do Conde."

O LinkedIn de Jimenez, a tristeza de Fejsa e o cabelo pintado de Jonas

"Bruno Varela
Volvidos 29 jogos, e depois que se passou hoje com Rui Patrício na Madeira, Bruno Varela tem que terminar esta época satisfeito com a sua prestação, plenamente merecedora do epíteto “olha que não foi dos piores”. Resta-lhe agora avançar confiante rumo à titularidade da selecção no Mundial. Basta que não se lesione até Junho e que consiga melhorar em alguns aspectos do jogo, nomeadamente todos.

Douglas
Granda Douglas… Parece que foi ontem que soubemos da tua chegada e perguntámos “Quem?” Enfim. Tenho pouco tempo. Dizer que vais deixar saudades seria manifestamente exagerado. Mais do que saudade, deixas um lugar vago. Por vezes, esse é o melhor contributo que podemos dar ao mundo. Fizeste bem em terminar a tua passagem pelo Benfica com mais uma exibição pálida. Sempre são menos pessoas a sugerir a tua permanência no plantel.

Luisão
Fez uma exibição serena e competente frente a uma equipa inofensiva. Não sei se é cedo demais para dizer isto, mas que se lixe. Chegou a altura de os benfiquistas se mobilizarem. O plano é muito simples: enviem uma mensagem para o Luisão nas redes sociais com o seguinte conteúdo: “Obrigado Capitão por tudo o que fizeste em campo, boa sorte na próxima etapa da tua carreira! Seja o que for, serás sempre um dos nossos

Rúben Dias
Quando não se entretém a agredir colegas de profissão desnecessariamente, Ruben Dias comporta-se como aquilo que é: um dos melhores centrais portugueses da actualidade. Tirando uma abordagem algo ingénua aos 41 minutos que Luisão safou atropelando o jogador do Moreirense, chegou e sobrou para as encomendas, que foram poucas e poucochinhas.

Grimaldo
Acordou-me três ou quatro vezes com lances ofensivos seus. É mais do que podemos dizer da maioria. Não participou numa daquelas substituições para receber uma ovação dos adeptos. Isso quer dizer ainda não foi vendido. Haja esperança.

Fejsa
Hoje sim devia ter sido poupado - à tristeza de chegar ao fim da época em segundo lugar.

Pizzi
Tal como os restantes adeptos, pareceu-me ansioso pelo regresso de Krovinovic. Já não se fazem altruístas assim.

Zivkovic
O melhor em campo num jogo com poucos candidatos a esse lugar. Continua a jogar como se fosse matematicamente possível chegar ao título. Este excesso de profissionalismo não deve ser tolerado. 

Salvio
Fez uma exibição inteligente, já a poupar-se para a Champions Cup.

Cervi
A lutar pela sobrevivência nesta recta final da temporada. O seu coração chora pelo penta que nos escapou, a cabeça pede um novo treinador, e os pés pedem uma transferência para o Huddersfield por 20 milhões + objectivos.

Jonas
Foi preciso pedir ajuda ao VAR para confirmar o dado mais intrigante da tarde. Jonas regressou ao onze titular e decidiu comemorar pintando o cabelo. A decisão parece espelhar uma enorme dificuldade em lidar com a realidade de estar à espera de um deslize do Sporting na última jornada do campeonato. Felizmente, nem um nem outro desiludiram. Jonas terminar com a média algo embaraçosa de 1 golo por jogo neste campeonato - poderia facilmente ter sido 10.2 se não se tem lesionado - e, bem, o Sporting foi o Sporting. Agora é esperar para ver qual dos dois será o primeiro a assinar por um clube chinês: se Jonas, se Rui Patrício.

Samaris
Entrou em campo com uma missão assustadoramente fácil: fazer melhor do que Pizzi. Já depois do final disse aos jornalistas que o seu lugar ficará muito bem entregue a Renato Sanches. Estes gregos são gente bem formada.

Jimenez
De volta à condição mais triste: suplente utilizado num jogo que não precisa dele. Chegou a ser bonito, Raul, mas agora é hora de actualizar o LinkedIn.

Keaton Parks
Não vos conseguiria dizer algo sobre a exibição do Keaton Parks nem que a minha vida dependesse disso."


PS: Nas últimas semanas não tenho publicado as crónicas do Vasco Mendonça. Já fui bastante criticado aqui no blog por publicar algumas das suas crónicas. Mantenho a posição de que o humor, bem disposto, não faz mal, bem pelo contrário... O facto dos Benfiquistas se conseguirem de si mesmo, é um excelente sinal...
Mas o Vasco tem um problema que precisa de resolver: o Rúben Dias, é um jogador agressivo, joga duro, mas não me recordo de uma agressão maldosa, para magoar, para intimidar... Esta narrativa, é um criação dos Anti's, ler Benfiquistas darem voz a esta mentira irrita-me... mesmo que seja supostamente humoristicamente!!!
Uma equipa de futebol é composta por 11 jogadores, alguns devem ser habilidosos, mas todas as equipas necessitam de jogadores como o Rúben... O Benfica na sua história, sempre teve jogadores mais agressivos, aliás um dos problemas este ano, foi exactamente a falta de alguma 'xico-espertice' física dentro do campo...
A continuar esta hate thread, não irei publicar mais as crónicas do Azar do Kralj...

A «Velha Senhora» já vai em sete

"A Juventus conquistou no domingo o seu sétimo título consecutivo, confirmando a supremacia que tem vindo a exercer no futebol italiano. É um feito surpreendente, até por se tratar de uma das principais ligas europeias, onde actuam gigantes como o Milan, a Roma, o Nápoles ou o Inter, o qual, registe-se, nunca mais ganhou nada após a saída de Mourinho, e Allegri, o seu técnico, está pois de parabéns.
E, é um feito surpreendente, porque, resultados deste tipo, apenas se têm verificado em ligas «menores», como a de Gibraltar (o Lincoln foi campeão umas 14 vezes seguidas), a da Letónia (o Skonto venceu 14 consecutivas), a da Noruega (Rosenborg, com 13) ou a da Bielorrúsia (Bate Borisov, com 11). Nas grandes ligas, apenas na Bundesliga pode acontecer algo semelhante … 
Significa, portanto, que o futebol italiano, no seu todo, perdeu qualidade? Talvez não, mas quando vemos que, a um jogo do fim, a Juve está com mais 4 pontos que o Nápoles, segundo classificado, com mais 18 que a Roma (3º), mais 20 que a Lázio e mais 23 que o Inter, quinto na tabela, questionamo-nos sobre a real qualidade do cálcio e do seu campeonato. Terão os tais gigantes pés de barro? Aparentemente sim, mas o facto é que 4 deles entrarão directamente na Champions League, 2 irão a uma eliminatória preliminar desta competição e um, o sétimo classificado!!!, estará na Liga Europa. Ou seja, no futebol italiano entrarão muitos milhões de euros… Exige-se, portanto, que a competitividade interna tenha a devida correspondência na próxima temporada.
No sábado, no mítico Wembley, termina a época em Inglaterra, com a disputa da também mítica Taça da FA, entre o Chelsea e o Manchester United. Um jogo sempre aliciante e memorável, em especial para Rui Faria que se despede daquele que foi seu líder, amigo e companheiro de tantos jogos. Torço para que possam pela derradeira vez erguer juntos um troféu."