sábado, 7 de abril de 2018

Do surreal

"Se tem ainda alguma noção da realidade (as últimas horas legitimam as dúvidas), até Bruno de Carvalho terá já percebido que foi longe de mais. Foram muitas, ao longo de cinco anos em que nunca pareceu perceber que há enorme diferença entre o que pode dizer como adepto e aquilo que pode dizer como presidente, as vezes que pisou o risco. Desta vez ultrapassou todos os limites. Não há, em Portugal, precedentes de um presidente criticar em público, de forma tão veemente e personalizada como BdC fez poucos minutos depois da derrota em Madrid, os seus próprios jogadores. Mas não se ficou por aí. Face à reacção - estaria mesmo à espera que se calassem? - do plantel, decidiu anunciar a suspensão de 19 futebolistas (veremos se não serão mais...), partindo para uma guerra que não se vislumbra como pode ganhar.
Há duas hipóteses que podem explicar o comportamento de BdC:
a) faz parte de uma estratégia, sendo que a única que faz sentido é querer que o treinador (Jesus, que se sabe estar no lado dos jogadores, não pode demorar muito mais a afirmá-lo em público) assuma uma posição que lhe permita despedi-lo, sem olhar para as consequências para o final de uma época que não estava perdida;
b) não tem qualquer noção da gravidade do que disse na noite de quinta-feira.
São, ambas, muito graves.
Feito o estrago, o que se segue? Hipóteses:
1) Bruno de Carvalho demite-se;
2) reconhece o seu erro e pede desculpas aos jogadores:
3) os jogadores engolem o sapo e voltam atrás;
4) BdC marca eleições (ou uma AG...) e espera que os sócios voltem a legitimar uma atitude sem legitimação possível.
Uma coisa é certa: nesta guerra interna (mais uma) inventada por Bruno de Carvalho não haverá vencedores. Mas há, já, um perdedor claro: o Sporting, que como presidente devia defender acima de todos os interesses, inclusive os seus próprios."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Um ataque inaceitável

"Surreal. Absurdo. Inacreditável. A crise que se precipitou em Alvalade provoca reacções de espanto e incredulidade. Mas também de indignação pela situação em que fica um clube da grandeza e do prestígio do Sporting. O que está a acontecer é um ataque a uma instituição que merece maior respeito.
É um ataque interno e, por isso, incompreensível e inaceitável. O Sporting está na agenda do dia por evidente falta de bom senso e equilíbrio emocional. Motivos que deveriam resistir a impulsos irreflectidos ou ataques de fúria que mais parecem ser acessos de loucura.
O resultado e as incidências do jogo de Madrid, por muito frustrante e desesperantes que tenham sido, não podiam descambar numa situação que coloca o Sporting em estado de sítio. A reacção de Bruno de Carvalho após a derrota com o At. Madrid foi um ataque tão inoportuno quanto fulminante. Em vez de respirar fundo, descarregou a raiva com a autoridade que o cargo lhe confere mas sem sentido de responsabilidade.
As consequências são imprevisíveis e os danos podem ser irreparáveis. Faz lembrar o verão quente do FC Porto, em 1980, quando Pedroto e o plantel foram solidários com Pinto da Costa. O único que saiu a perder foi o clube."

BdC acabou

"As épocas têm, dizem os fazedores de perfumes, um certo l"air du temps ou, dizem os filósofos, um Zeitgeist - um não sei o quê que as define. Receio que a atual tenha isto: de repente, aparecem uns excessivos que arregimentam multidões em assembleias gerais de clubes ou em eleições políticas, apesar de as suas bizarras palavras parecerem implorar para que não sejam escutadas. Para muitos, as palavras esquisitas dos excessivos é gritante. Mas a verdade é que muitos outros continuam fascinados com o autor de sucessivos tweets estúpidos sobre política ou de posts loucos no Facebook sobre futebol. Diga-se, porém, que gente desvairada sempre houve e clientela para ela também. O que é próprio na nossa época é ela dispor de altifalantes tão poderosos que ainda não conhecemos suficientemente o tamanho dos seus efeitos. É mau, porque os boquirrotos chegam de repente e espalham-se longe. Mas - é a boa notícia do dia! - talvez seja bom porque a força dos tweets e dos posts acaba por iludir os excessivos e expõe as suas fraquezas.
Bruno de Carvalho subiu e cimentou-se graças à sua agressividade contra adversários internos e externos. Definir-se rudemente em relação ao "outro" faz aliados. É que andamos todos sempre à procura do "outro" para sabermos quem somos e se alguém nos ajuda a encontrá-lo, seguimo-lo. O problema é que esse método, propulsado pela eficácia das redes sociais, corta o demagogo do seu contacto com a realidade. E isso torna-se rapidamente notório.
Bruno de Carvalho tem insultado muito mais os seus adversários do que agora fez aos seus futebolistas. Mas, pois é, estes Ruis Patrícios e Williams de Carvalhos são o coração, a razão e a causa que levaram os iludidos a perdoar o tom e a desrazão do presidente. O combate excessivo aos "outros" esquecia-se; já a beliscadura injusta aos futebolistas foi sentida, mesmo pelos apoiantes do presidente, como um ataque ao seu próprio "eu" de sportinguista.
As derrapagens de Bruno de Carvalho eram constantes e variadas, mas desculpadas pelo l"air du temps. Já esta derrapagem contra os seus futebolistas agrediu algo que vai para lá da aragem dos tempos. E a ironia é esta: os holofotes do Facebook e do Twitter que têm iluminado a carreira de Bruno de Carvalho mostram-no agora com uma nitidez que o vão apagar num instante."

Resgatar a ligação aos animais de estimação: um exercício de antropomorfismo ou de reumanização?

"Nos últimos tempos tem surgido informação nos diferentes canais de comunicação que merece alguma reflexão no que respeita este tema.
Dos avanços legislativos referentes à penalização dos maus-tratos ou à presença de animais em espaços públicos (restaurantes) que, desde logo, fez surgir uma vaga de fervorosa celebração ou contestação (junto dos defensores ou opositores mais fundamentalistas); às notícias do abandono de mais de 40 mil animais em 2017 (sendo eutanasiados cerca de metade); ou às manifestações de apoio espontâneo (muito raras anteriormente) em situações em que um animal se encontra em risco na via pública (muito recentemente, por duas ocasiões, um numero alargado de condutores parou de circular enquanto um animal não era resgatado e colocado em segurança).
De uma forma mais ou menos frequente, o tema tem estado presente no nosso quotidiano - por boas e menos boas razões.
De facto, a causa animal tem cada vez mais defensores (poucos ainda, para as necessidades que tem). mas, tal como todas as outras causas de solidariedade, só vê justificada a sua existência porque, na realidade, como indivíduos, muitos de nós falhamos, no que respeita ao sentido comunitário vigente (em todas as suas vertentes – direccionada para crianças, idosos, animais, precaridade e tantas outras que poderiam ser enumeradas).
Mas não, este não pretende ser um artigo de censura... muito pelo contrário, pretende ser um artigo de alerta, pois, na realidade, não estamos a falhar com eles (animais), estamos a falhar connosco próprios e com as gerações que se avizinham (e que, curiosamente, serão os prestadores de cuidados quando a nossa geração envelhecer).
Senão, vejamos.
Em 2014, a curta metragem animada "The Present", dirigida e co-escrita por Jacob Frey e co-escrita com Markus Kranzler, ganhou 60 prémios de vários festivais de cinema e ganhou aclamação da crítica dos especialistas.



De uma forma muito intuitiva, e tocando uma enormidade de temas distintos que poderiam ocupar uma imensidão de artigos (como, por exemplo, o "treino" em comportamentos aditivos que os nossos jovens fazem, via jogos e redes sociais - e sua implicação na destruição de qualquer capacidade empática, com claras repercussões numa série de áreas, nomeadamente, na intensificação de comportamentos de alienação, agressividade e isolamento social), esta curta-metragem ilustra como um jovem inicia o seu processo de restruturação de auto-estima, através da ligação a um ser vivo. 
Quem foi, afinal, resgatado?
De facto, existem já uma imensidão de estudos que reportam que o suporte social é um pilar crítico e bem-estar físico e psicológico de cada um de nós, traduzindo-se numa maior centração em nós próprios, como indivíduos e na nossa vida.
Estudos mais recentes identificam que o relacionamento com um animal complementa esta nossa experiência social (não "competindo", sequer, com a mesma - por outras palavras, numa vida equilibrada é suposto balancearmos a presença de amigos, pessoas significativas e animais).
Neste âmbito, não só se encontra cientificamente comprovado que a coexistência com um animal resulta numa eficaz alavanca para lidarmos eficientemente com eventos de vida stressantes, mas também, que a mesma tem efeitos significativos, tais como:
- consolidação de auto-estima;
- redução da presença de fenómenos afectivos, como depressão e ansiedade;
- redução da sensação de isolamento e solidão;
- menor percepção de doença física e consequente menor visita a médicos;
 - estilo de vida mais saudável (melhor qualidade cardíaca);
- percepção subjectiva de felicidade mais elevada.
(National Center for Health research, USA 2015) 
Por tudo isto, por uma razão de mais saúde e mais qualidade de afectos, das nossas crianças aos nossos seniores, passando por nós próprios, a integração de um animal no nosso quotidiano traduz-se, a médio/longo prazo, numa imensidão de benefícios e ganhos que contribuem decisivamente para elevação do nosso bem-estar.
Então, qual a razão de tanto abandono?
Pelo desafio que trazem aos limites da nossa paciência ou tolerância ao erro (quando roem ou estragam alguma coisa, quase sempre por inconsistência das regras estabelecidas pelos donos), a nossa incapacidade em nos comprometermos emocionalmente com alguma coisa a médio/longo prazo, por não sabermos lidar com a nossa própria frustração, sensação de incompetência e ausência de “resultados” a curto-prazo (ex: o controlo dos esfíncteres ser adquirido “de um dia para o outro”, não respeitando sequer, questões de maturação biológica), entre outras.
Acima de tudo, por uma profunda ausência de consciência de que, ao "desistirmos" deles estamos, na realidade, a desistir de nós próprios... como pessoas e como modelos para as gerações que nos observam.
É que, de facto, a integração (responsável) de um animal em contexto familiar traduz-se, invariavelmente, num exercício de construção de responsabilidade, cooperação (entre todos os elementos do agregado), empatia e afectos que, só por si, se traduz numa enorme oportunidade de treino de (imprescindíveis) competências de vida."

Não há Vitórias, nem vitórias, fáceis

"É bíblico que o caminho do triunfo é o caminho das pedras. Vai ser muito difícil, e cheio de obstáculos, o percurso do Benfica até ao fim.

A Semana Pascal teve de tudo. Houve quem, em Sábado de paixão, na esperança da ressurreição, acabasse emulado, nos ditos, nas atitudes e no campo.
Houve que, já em oitavas, na esperança da reconquista da liderança, acabasse por perdê-la com estrondo.
É bíblico que o caminho do triunfo é o caminho das pedras. Só esse caminho leva ao verdadeiro êxito e tem verdadeiro valor. Vai ser muito difícil, e cheio de obstáculos, o percurso do Benfica até ao fim. Nem o maior optimista, quanto mais eu, desconfiado por natureza, e pessimista por vocação, acreditava que estaria a escrever esta crónica, hoje, na liderança.
Quem diz e escreve que o Benfica não ganhou nada, engana-se, porque já venceu a Supertaça e já conquistou o direito de lutar pelo título de campeão nacional até ao fim. Não estou nada optimista, até porque como sempre digo, ser optimista dá-me azar.
O Porto perdeu três pontos, perdeu Danilo, mas estará na luta até ao fim. Vai ser título disputado ponto a ponto quem se vangloriar de favorito está a um passo do precipício, como se tem visto nos rivais mais fanfarróes.
Concentração, rigor, humildade, entrega total e qualidade de jogo são os ingredientes necessários para o que falta da época.
Rui Vitória sabe que o que nunca falta são os adeptos a empurrar, ajudar e apoiar. Esses estão sempre garantidos, a gritar dá-me o 37. Fomos muito fortes e estáveis emocionalmente quando estávamos atrás, temos que ser sólidos agora que passámos para a liderança. Soubemos manter a calma quando os adversários jogavam jogos de 50 dias, quando lideravam por cinco pontos, quando marcavam sete minutos depois da hora, temos que ter nervos de aço, agora que chegámos ao sítio onde queremos estar daqui a 540 minutos.
Não fizemos grande jogo contra o Vitória de Guimarães, mas fizemos o suficiente para obter justa e importante vitória, com mais dois golos de Jonas e a obra prima de Jiménez.
Este é o momento para dizer que é de Vitória em Vitória. Não há Vitórias fáceis, nem vitórias fáceis.
O V. Setúbal, carrasco oficial na última época, vai ser campo de ratoeiras. Temos que vencer no Bonfim, porque não faltam seis jogos. Falta o Bonfim, e mais cinco."

Sílvio Cervan, in A Bola

Líderes

"Não foi necessária perspicácia apurada para perceber, mal o Belenenses derrotou o FC Porto, que nas horas e dias seguintes seriam muitos os benfiquistas, em particular nas redes sociais, que se desmultiplicariam em apelos à humildade e relembrariam quase desesperadamente que o penta ainda está por alcançar. Se subscrevo que a humildade genuína nunca fez mal a ninguém e que os títulos só se conquistam quando são efectivamente conquistados, já não acompanho a necessidade dos apelos.
Se há características indubitavelmente atribuíveis à nossa equipa de futebol são a crença em si própria e o comprometimento com os objectivos do clube. Não é agora, na liderança, que estas se revelaram, mas antes, há alguns meses, quando os resultados conseguidos estiveram aquém do expectável e exigível e a equipa (estrutura, técnicos e jogadores) soube tornar-se imune às circunstâncias e definiu desde cedo, para si mesma, que cada jogo seria uma final.

Essa forma de estar, bem comunicada para o exterior e evidentemente assimilada no seio da equipa, demonstrou ser a que melhor serviu os interesses da equipa e não há qualquer indício de que venha a ser alterada só porque, a seis jornadas do término do campeonato, finalmente regressou à única posição consentânea com as nossas aspirações: Líderes!
Não é a primeira vez que esta equipa técnica e estes jogadores se encontram neste contexto. A fórmula é simples: Ganhar!

E, para ganhar, nada mais será necessário que manter o nível desde que, em Braga, no início de segunda volta, a equipa começou a calar os arautos da desgraça e os detractores profissionais. A deslocação a Setúbal será mais uma final...
Confio na nossa equipa!"

João Tomaz, in O Benfica

A luta é sempre a dois

"E um dos dois é sempre o SL Benfica. Pode variar o adversário, mas é o Glorioso quem está sempre na disputa. Na primeira metade do século XX e até ao fim da década de 1950 andou o Sporting CP a traçar a sua história sem nunca se distanciar do nosso clube. E depois foi desaparecendo, tornando-se cada vez menos presente nas conquistas dos campeonatos nacionais em Portugal. E da década de 1980 até ao inicio do século XXI foi a vez de o FC Porto fazer frente às conquistas encarnadas. Uma ou outra vez com mérito, mas na maior parte dos casos alicerçado numa política de ameaça, coacção e caminhos sombrios que levaram a uma pena por corrupção demasiado leva para toda a sujidade em que os seus dirigentes se envolveram. De 2000 para cá, o que se assiste é que há dois clubes com capacidade organizativa para chegar ao título no futebol profissional, há outro que continua a viver do passado e dos delírios de um dirigentes que rege a sua conduta pelos likes no Facebook e há uma outra equipa que se prepara para conquistar o terceiro lugar no pódio, o SC Braga.
Não vai ser estranho que, em menos de uma década, estejamos a ver três na luta no futebol, mas para já isso não acontece. Os investimentos avultados em jogadores medíocres no futebol e em plantéis envelhecidos nas modalidades vai ter um preço: o abandono. A norte, já vimos isso com as derrotas no basquetebol, mas sendo um clube com menos representatividade, o FC Porto sabe manter-se no seu lugar, sem divagações.
E nós, qualquer que seja a modalidade, estamos presentes. Neste momento, uma vez mais, a luta é a dois, e não podemos dar tréguas ao adversário. Estamos prontos!"

Ricardo Santos, in O Benfica

Aleluia, aleluia

"Paz neste campeonato e a todos que nele moram - aleluia, aleluia! Alegremo-nos todos porque o Benfica ressuscitou -aleluia, aleluia! Que a bênção do Benfica ressuscitado assista a este campeonato e que nele haja sempre Jonas e Jiménez, Zivkovic e Cervi, Fejsa e Jardel - aleluia, aleluia! Mas que bela Páscoa, esta. O cabrito estava bem saboroso, as amêndoas deliciosas e o Benfica voltou à liderança - aleluia! Que mais poderia eu pedir? Ninguém me ofereceu um ovo Kinder - o que registei com algum desagrado - mas não se pode ter tudo.
O Benfica é líder isolado a seis jornadas do fim. Nada mau para uma equipa de jogadores incompetentes, comandados por um treinador incapaz. O caminho para o objectivo tão desejado ainda é longo e espinhoso, no entanto, boa parte dos especialistas estimava que por esta altura o pódio estivesse completamente do avesso. É um momento triste para os aficionados de música: abrimos a persiana e vemos uns artistas atrás dos outros a guardarem a viola no saco. Quem acompanha este espaço semanal onde partilho as minhas ideias - muito obrigado pelas dezenas de mensagens que tenho recebido - sabe que nunca duvidei do valor deste plantel para chegar ao penta. Agora, sendo o cenário bem mais simpático do que há uns meses, a confiança é naturalmente maior. Todavia, não gostei rigorosamente nada do que se passou com a águia Vitória, que numa atitude irreflectida e leviana fugiu do Estádio da Luz.
O Benfica é líder e atravessa a melhor fase da época, contudo a Vitória precipitou-se: ainda é manifestamente cedo para ir para o Marquês. É melhor alguém alertar o André Rodrigues, responsável das águias do Benfica, para tomar uma medida vital: manter a águia em jejum durante o dia de hoje. Como castigo pela fuga, mas também enquanto estratégia para o jogo de amanhã, em Setúbal. Não faço ideia se faz parte da alimentação da águia, mas esfomeada que remédio terá ela a não ser devorar chocos fritos."

Pedro Soares, in O Benfica

O próximo jogo

"Faça chuva ou faça sol, Rui Vitória tem mantido inalterado o seu discurso desde que chegou à Luz: jogo a jogo, e as contas fazem-se no fim. Não é uma derrota do FC Porto, ou do Sporting, que altera esta perspectiva, que é a dele, a da equipa, e a do clube. O que interessa é o próximo jogo, neste caso em Setúbal (por sinal, bem difícil). Triunfo a triunfo, chegaremos certamente ao nosso grande objectivo.
Este pragmatismo tem sido um dos segredos do sucesso. Além de focar os jogadores naquilo que verdadeiramente interessa, transmite-lhes força mental, e retira-lhes a ansiedade nos momentos de maior pressão. Isso percebeu-se nas temporadas anteriores, quando houve que gerir vantagens pontuais curtas, e levá-las até à meta do título.
No Bonfim, perante um adversário difícil, motivado (vem de uma robusta vitória fora de casa), e bastante bem orientado, teremos de entrar com tudo, e com todos. Esta é, neste momento, a nossa final. Apenas esta poderemos ganhar neste sábado. Ficarão, depois, a faltar mais cinco.
Já estamos na frente, e isso é importante para reforçar a confiança, e para entusiasmar os adeptos. Mas nada está ganho, como nada estará na próxima segunda-feira, ou na seguinte. Só no dia 13 de Maio de conhecerá o campeão. Mantendo os pés no chão, e enfrentando cada jogo como uma final, o campeão será o Benfica.

PS: Certamente por coincidência, desde que alguém falou em eventuais facilitismos de adversários do FC Porto, este começou a perder jogos e pontos. À mulher de César (o outro) não basta ser séria. Aqui não basta parecer que haja mais do que um acaso. Mas lá que parece..."

Luís Fialho, in O Benfica