sábado, 24 de março de 2018

Curta

Benfica 3 - 2 Corruptos

Vantagem curta para o jogo da 2.ª mão, depois de 4 'bolas paradas' desperdiçadas (3 Livres Directos; e 1 penalty)!
Fizemos uma boa 1.ª parte, mas o 2.º tempo foi fraquinho...

A mente sã já não é mais aquela coisa

"O IPDJ é o organismo estatal incumbido de velar pela aplicação daquele preceito imorredouro – "uma mente sã num corpo são". Num extravasamento das suas funções, o dito IPDJ condenou o playboy automobilístico Fernando Madureira a uma sanção que o interditou de frequentar recintos desportivos por um período de seis meses sem que houvesse mês algum em que Fernando Madureira não fosse visto a frequentar todo o tipo de recintos desportivo. A sua presença, ainda que interdita, foi providencial para que se evitasse uma catástrofe no Estoril quando antecipou o colapso, previsto para o ano de 2098, de uma bancada de betão. Veio agora o Tribunal de Pequena Instância do Porto dar razão ao esperável recurso de Madureira.
Ao IPDJ deu-lhe para gostar de poder castigar o presidente da claque do FC Porto a propósito de um cântico desgraçado sobre a tragédia da Chapecoense contendo uma referência vocal igualmente infeliz para o emblema de um rival. Também não deixa de ser verdade que não faltam cânticos desgraçados e de todas as cores nos nossos recintos o que só vem provar que a "mente sã" é já um atributo de minorias enfezadas. Faça-se, então, a justiça de reconhecer que nem o IPDJ, nem Madureira, nem o Tribunal do Porto podem vir a ser acusados de comportamento errático neste transe. Cumpriram-se as respectivas vocações. Errático, de facto, acaba por ser o comportamento do Porto, o clube de Madureira.
No instante do flagrante musical, o FCP correu oficialmente a "demarcar-se" da cantoria em causa apelando à claque para "que o apoio se mantenha dentro dos limites do bom senso". No recente instante da absolvição judicial apressou-se oficialmente o mesmo FCP a festejar a derrota civil de quem "se rege" pela "perseguição ao FC Porto e às figuras a ele directa ou indirectamente associadas", referindo-se à Mouraria em peso, obviamente. E é nisto que estamos.
O presidente do Benfica anunciou a redução de 100 milhões de euros no passivo do clube. Não andasse o Benfica a oferecer bilhetinhos – 2 milhões de euros espatifados com borlistas, alertou Domingos Soares de Oliveira! – e poderia reduzir o seu passivo em 102, 104 ou mesmo 106 milhões de euros, quem sabe há quantos anos esta pedinchice dura? Já o vizinho Sporting vai gastar a mesma verba – 2 milhões – com a intratável Doyen, decidiu o tribunal. Vale-lhe, ao Sporting, não haver borlas em Alvalade. O dinheiro está disponível. Isto é fazer bem contas.
O anúncio da redução do passivo, o espírito fraternal de Jonas, a homenagem a Nené, as palavras da capitã da equipa de futsal foram momentos altos da festa de aniversário do Benfica. Mas o que terá causado maior euforia entre os adeptos foi o momento em que ficaram a saber que o Rúben Dias tem um irmão mais novo, igualzinho a ele e que também é defesa-central. É que o mais velho para além de estar lesionado já está no "radar do Arsenal", garante a comunicação social. É tudo tão rápido."

Os educadores das cabeças para cima

"A maioria dos políticos portugueses que falam e legislam sobre educação física e desporto não suspeita, sequer, da sua própria ignorância.

Nunca consegui perceber por que razão a classe política portuguesa entende que o tema da educação física e do desporto deve ser entregue a gente que não suspeita, sequer, da sua própria ignorância. É um insondável mistério. Talvez que, no seu todo, a classe política ache, de facto, o assunto inevitável, mas entediante. Tem uma suave consciência de que é politicamente correcto dizer-se que o desporto faz bem à saúde, coisa que o próprio desporto, divertido, se encarrega de colocar em dúvida e, no alto rendimento, até mesmo de desmentir. Porém, intimamente, acha que a vida devia ser exactamente como o Eça a propunha na sua visão mais sonhadora: viver numa quinta com as traseiras para o Chiado, para ter sempre ao pé a salvação de um refúgio na comodidade da civilização urbana.
Recentemente, a comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República reuniu-se para discutir a recorrente questão de saber se deve, ou não, a educação física contar para nota, ou seja, deve ou não a disciplina ser valorizada para contar para a média final do secundário e para acesso ao ensino superior. Não há consenso sobre a matéria, mas há uma indicação de que sim, a educação física deve voltar a ter uma existência formal.
Curiosamente, aqui, o regime manifesta-se plural. O Bloco de Esquerda apresentará uma proposta com essa conclusão, o PC apoia e o CDS também. No meio fica o PS, que sobre esta matéria nunca soube verdadeiramente o que pensar e o que fazer, e o PSD, que está disposto a votar contra.
O alarme não surge, porém, desta particularidade fascinante da criação de uma nova e mais curiosa geringonça para aprovar a maioridade da educação física nas escolas secundárias. Vem da inqualificável argumentação de quem se propõe aprovar e de que se propõe rejeitar.
Por simples pudor prefiro não referir os nomes dos deputados que foram escolhidos pelos seus partidos para penosamente afirmarem o seu desconhecimento, a sua total ignorância sobre o assunto que pretendem legislar.
Vejamos o que nos dia o PSD na explicação do seu anunciado voto contra: diz, pela voz do deputado eleito para dar uma explicação pública, que a educação física «é fundamental, quer para o crescimento físico quer intelectual dos nossos alunos». Bom, mas sendo fundamental, o que pode então levar o PSD a votar contra? O senhor deputado dá uma explicação piedosa: porque «há um conjunto de alunos que na prática não valoriza a disciplina de educação física». O leitor pode pensar que estamos a brincar com assunto sério, mas infelizmente não estamos.
E por que razão o CDS é a favor? Bom, a argumentação consegue suplantar o do representante do PSD em delírio e ignorância. Diz a senhora deputada do CDS que «percebemos e subscrevemos o princípio de que a escola não pode educar apenas da cabeça para cima». Daí, dizemos nós em conclusão legítima, deve passar a educar também da cabeça para baixo.
Admite-se, assim, o ser humano com a complexidade de um pequeno prédio com rés-do-chão e primeiro andar. No piso de cima, a cabeça, suponho que numa única assoalhada; no piso de baixo o corpo, os bracinhos, as perninhas, em assoalhadas mais numerosos. A cabeça e o corpo são, pois, vizinhos. O que se pretende é que se deem bem e que saibam, em conjunto, cuidar do prédio em favor do senhorio que é cada um de nós.
O que ouvimos e lemos é alarmante. A decisão final aponta para uma proposta correcta, mas, pelo que se vê, por mero acaso político. Mas falta compreender e por isso ficará a faltar o essencial: revolucionar a disciplina de educação física, numa perspectiva de adequando conhecimento científico.

A discussão e o unanimismo
É positiva a iniciativa do Sporting de discutir o futuro do futebol, convidando gente qualificada. Faz mal, o Sporting em sujeitar um evento tão importante para o futebol português à dimensão de feita de aldeia. O acontecimento merecia mais e teria mais, não fora a desastrada política interna de comunicação que afasta e agride o livre pensamento e os livres pensadores. É que não faz sentido exigir o unanimismo bruniano e, depois, gastar esforço e dinheiro na pluralidade. Como se o Sporting fosse o todo e não fosse a parte.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola

Indiferença à miopia inimiga

"Contra o Feirense notou-se a determinação de jogadores e técnicos do Benfica na luta pelo título.

O Benfica venceu, no passado sábado, em Santa Maria da Feira, um jogo de sentido único, em que o resultado poderia ter sido mais dilatado. Não foi uma exibição de luxo, mas tal nunca poderia acontecer naquele sucedâneo de campo de futebol. Ganhar era o fundamental, rumo ao objectivo, e foi conseguido. Ganhámos bem, de forma inteiramente justa, ultrapassado mais uma dificuldade. O Benfica está na luta pelo título, nota-se a determinação de jogadores e técnicos na sua conquista.
Esta semana, na passada quarta-feira, assistimos, no Coliseu, à Gala do Benfica. Até ao fim da época, queremos assistir dentro de campo a um Benfica de gala. Terá de ser assim, para cumprir a vontade de técnicos, jogadores e adeptos. Foi uma gala bonita, pontuada por várias distinções, merecidas e justificadas, que foram da Marlene Sousa do hóquei feminino ao Jonas do Futebol, do treinador Rui Vitória à Inês Fernandes do futsal, que pontuou o Coliseu com um excelente discurso à Benfica, entre tantos outros para quem vive e sente o clube. Momento marcante foi reservado para um dos meus primeiros heróis de infância, o homenagem a Nené. Tamagnini Baptista fez, golo a golo, nos mais de 500 que marcou com o manto sagrado, parte das alegrias da minha juventude. Dez títulos de campeão nacional e sete Taças de Portugal são números impressionantes, e foi muito justa a homenagem prestada a um nome maior da nossa história. Quando apontamos a novos voos, novos títulos e novos recordes é bom ter o farol de quem no passado conseguiu feitos brilhantes.
A paragem para jogos das selecções parece vir em boa altura para o líder do campeonato, seja pela evidente quebra de qualidade nas exibições, seja pelo tempo para recuperar lesionados, seja pela capacidade de distrair guarda-redes adversários na hora de repor a bola em jogo. Nesta fase, mais do que nunca, o Benfica tem de estar focado em si próprio, nas suas capacidades e no seu caminho. Concentrados no rumo, alheios ao ruído, indiferentes à miopia inimiga. A nossa dimensão a isso indica, a nossa história de 114 anos de glória e isso obriga, a vida de Cosme Damião e todos os que lhe sucederam no trabalho de inventar o Benfica a isso nos inspira."

Sílvio Cervan, in A Bola