quinta-feira, 1 de março de 2018
Contas do Benfica a uma denúncia
"O Benfica apresentou contas e informou o resultado positivo de 19 milhões de euros do exercício do primeiro semestre da época e uma diminuição de mais de dez por cento do seu avantajado passivo. Para a saúde financeiro do clube e da sua SAD são boas notícias. Para a maioria dos sócios e adeptos benfiquistas são, apenas, números.
Se existe área onde o primado da economia não domina, é a do futebol. Só uma minoria se interessa por saber quanto custou o sucesso porque a lógica do muito particular mundo da bola determina que o sucesso seja algo intangível, ou seja, algo que não merece ter quantificação, porque cada cêntimo gasto, mesmo que mal gasto, é justificado pelas vitórias e pelos títulos.
Dito isto, era expectável que, apesar da exposição de resultados positivos, o Benfica viesse a confirmar, como confirmou, uma significativa perda de receitas pela desastrosa participação nas competições europeias. Curiosamente, é esse o ponto exacto onde o resultado financeiro e o resultado desportivo convergem de forma clara. A um desastre desportivo correspondeu, proporcionalmente, um desastre na receita da UEFA.
Nesta edição se dá também conta de uma queixa anónima apresentada na Procuradoria-Geral da República e que visaria uma hipotética combinação de negócio de compra e venda da segunda parte do Estoril - FC Porto. Damos a notícia, porque é essa a nossa obrigação e responsabilidade pública, e porque estamos conscientes de que os nossos leitores são inteligentes e sabem distinguir uma denúncia de uma acusação e, sobretudo, de uma condenação."
Vítor Serpa, in A Bola
PS: Extraordinária a preocupação do director d'A Bola, em distinguir denúncia de condenação...!!!
Custos do futebol
"Os clubes de futebol, cada vez, têm mais gastos com os salários dos jogadores, assim como, na sua contratação.
Por exemplo, no Manchester United, o clube mais rico do mundo, os seus dirigentes estão preocupados com os direitos televisivos. Esta enorme fonte de receita que é os direitos televisivos, em 2019/2022, vai baixar o seu valor. Os clubes vão passar a ter enormes problemas. Por um lado, aumenta as despesas com jogadores, mas por outro lado, diminui as receitas. Tem que haver aqui alguma mudança de paradigma na gestão dos clubes.
O efeito Neymar estilhaçou o mercado de jogadores ao nível de transferências e salários, e também, os petrodólares do Golfo Pérsico inflacionaram o mercado.
A Premier League a partir de 2019, cada jogo vai render 9,2 milhões de euros, todavia, até agora, as televisões pagavam 11,5 milhões de euros. Numa temporada é muito dinheiro que não entra nos cofres dos clubes.
Há menos expectativa de negócio e perdas dos clubes. A borbulha salarial começa a ter efeitos não só nas aquisições, mas também em quem já está no clube. No Manchester United há um descontentamento crescente no balneário, pelo salário de Alexis, na ordem dos 25 milhões de euros. O primeiro a dar sinais de insatisfação foi Ibrahimovic, apesar de não ter jogado muito esta época pela sua lesão, tinha um estatuto com um salário a época passada a rondar os 18 milhões de euros.
A Vodafone em Espanha prefere perder os clientes que apreciam futebol do que pagar para ter futebol. No pior dos cenários a Vodafone perderá 192 milhões de euros, quando os custos para emitir futebol custar-lhe-iam 200 milhões.
Em Portugal, pagamos bastante para ter futebol em casa via SportTV. E, apercebo-me que cada vez há mais gente a ir ao café ver os jogos para não gastar dinheiro ou a fazer falcatruas.
O mercado tem que reflectir que está a esticar demais a corda e ela pode partir.
Os clubes têm que mudar de agulha e investir mais em jovens jogadores, porém os resultados podem não vir no imediato. Mas mais vale ter um clube com as contas equilibradas e ter resultados desportivos assim-assim, do que ter um clube falido.
Em Portugal o Porto se for campeão é um exemplo de serviços mínimos e gastos controlados. Em Espanha o Real Madrid tem feito poucas contratações, mas tem um bolo de salários mensais brutais. Para reforçar a equipa vai ter que vender.
Enquanto este ambiente de incerteza no futuro dos clubes, aguardo o regresso de Ibrahimovic no Manchester United e o jogo PSG-Real Madrid: Ronaldo parece ressuscitado."
A estratégia para o futebol português
"A notoriedade e a visibilidade global já a temos. Falta agora transformar o futebol num produto português de maior sucesso.
Estamos habituados a pensar em futebol apenas como a modalidade desportiva mais importante no nosso país, mas mais do que isso, temos múltiplos dados que dão conta da força do futebol em Portugal e no mundo como sendo um fenómeno de massas e geradora de múltiplas paixões.
Verificamos que estão registados cerca de 150.000 praticantes federados, estima-se que existam aproximadamente 1000 escolas de futebol, estão identificados cerca de 600.000 portugueses como sócios de clubes da Liga NOS e Portugal surge no 10.º lugar europeu no ranking de espectadores por jogo, com uma média de 11.000 espectadores.
Quando analisamos desportivamente podemos destacar que a selecção nacional ocupa actualmente o 3.º lugar no ranking mundial da FIFA e surge no 7.º lugar no ranking europeu de clubes da UEFA. O historial internacional ao nível de clubes é notável: quatro vezes campeão europeu, uma Taça das Taças, uma Taça UEFA, uma Liga Europa, duas Taças Intercontinentais e uma Supertaça europeia. O sucesso ao nível das selecções é também espantoso para um país da nossa dimensão: seis participações em Mundiais (um 3.º lugar e um 4.º lugar no Mundial), sete participações em europeus (uma vitória, um 2.º lugar e dois 4.ºs lugares) e várias vezes campeão mundial e europeu em camadas jovens. Portugal foi ainda o organizador do Euro 2004. Como se não bastasse, em futsal e futebol de praia as proezas desportivas acompanham o nível e qualidade do nosso país.
O futebol é assim uma indústria muito diversificada e que gera receitas em várias áreas da sociedade portuguesa. É por isto que defendo que todos estes intervenientes devem estar juntos à mesma mesa para analisar, discutir e definir o rumo do futebol português. Sob o comando da Federação Portuguesa de Futebol e Liga Portuguesa de Futebol Profissional, defendo a elaboração de ciclos de planeamento estratégicos de dez anos. Auscultando os vários agentes ligados ao futebol, bem como envolvendo outros elementos da sociedade, como por exemplo as universidades ou o turismo, deve resultar uma estratégia, rumo, objectivos e acções concretas que serão depois divulgados e monitorizados regularmente. Tenho uma convicção plena que desta forma todo o produto futebol pode atingir o nível de profissionalismo e performance de outros sectores de actividade em Portugal como o vinho, calçado, têxtil ou turismo. A notoriedade e a visibilidade global já a temos. Falta agora transformar o futebol num produto português de maior sucesso."
'Ditadura' dos mais fortes começa a fazer-se sentir
"FC Porto, Benfica e Sporting ocupam as três primeiras posições da classificação, seguem de olhos postos na conquista do título e, nesta fase, já tomaram de assalto a liderança dos principais rankings ofensivos (remates tentados e cantos conquistados). A excepção está no total de golos apontados, pois o Sp. Braga (49) apresenta mais um que o Sporting e é terceiro nessa tabela, atrás de FC Porto (66) e Benfica (62).
Mas, convenhamos, constitui isto uma grande novidade? Não, de todo. Apenas e só é a confirmação da tradicional realidade do futebol nacional, com os três grandes a ocuparem um patamar bem distinto dos outros emblemas. Nunca é de mais recordar, aliás, que somente Belenenses e Boavista – uma escassa vez cada – conseguiram ser campeões fora do trio habitual. Por outras palavras, o domínio dos três grandes é tremendo no que às vitórias diz respeito, mas também se analisarmos muitas das estatísticas de cariz atacante. Nesse sentido, nos últimos anos, ninguém rematou mais que os grandes. Nos cantos, de vez a vez (Nacional a época passada e P. Ferreira em 2013/14), é que surgem ‘outsiders’ no trio da frente.
Esta temporada – e depois de algumas oscilações durante várias jornadas, nomeadamente com o posicionamento do Sporting fora dos três primeiros –, os grandes já estão nos seus lugares... bem lá em cima.
E se é verdade que a liderança pertence a dragões (remates) e águias (cantos), não deixa de ser curioso que os leões – sendo terceiros em ambas as listas – possuem máximos de jogo (29 ‘tiros’ e 16 cantos) superiores aos rivais.
Olhando para a parte de baixo das classificações, realce para o facto de o Marítimo surpreender pela negativa. Os insulares seguem em oitavo na geral, mas são pouco ofensivos, pelo que se entende terem escassos 21 golos, apenas à frente de Feirense (20) e Moreirense (18).
Sabia que...
A 24.ª jornada teve... 24 golos? É uma mera coincidência, mas a verdade é que esta foi a quinta vez que se verificou este pecúlio. O mesmo aconteceu nas rondas 1, 5, 6 e 8.
O Marítimo estabeleceu um novo máximo esta época? Na vitória caseira perante o V. Guimarães (3-2), os insulares conseguiram, pela primeira vez, três golos. Para se ter uma melhor ideia dos problemas ofensivos dos madeirenses esta temporada, 3 golos foram exactamente os mesmos que haviam logrado no somatório das nove partidas anteriores!
O Feirense apresenta a pior sequência de resultados da prova? São cinco derrotas consecutivas, registo que contribuiu para que a formação de Santa Maria da Feira esteja em lugar de descida de divisão.
O Sporting foi a quinta equipa a ter duas expulsões num jogo? Antes, o mesmo sucedera com V. Guimarães (2.ª jornada), Tondela (8.ª), Rio Ave (9.ª) e Portimonense (18.ª)."
Formação de árbitros
"1. O que são Bolsas de Formação de Árbitros?
O Código do IRS dispõe que esse imposto não incide sobre as bolsas de formação desportiva, como tal reconhecidas por despacho do Ministro das Finanças e do membro do Governo que tutela o Desporto, atribuídas pelas federações aos agentes desportivos não profissionais, nomeadamente juízes e árbitros, até ao montante máximo de 2144,50 € (em 2018). Em 2010, através de Despacho Conjunto do Secretário de Estado da Juventude e Desporto e do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, deu-se o reconhecimento das referidas bolsas, para além das condições da respectiva atribuição, nomeadamente no que diz respeito à idade, ao período máximo da concessão e ao estatuto dos beneficiários.
Por outro lado, estabeleceu-se ainda que essas bolsas não compreendem as verbas atribuídas a título de compensação de encargos (ajudas de custo, despesas de transporte ou subsídio de refeição), devendo as entidades pagadoras providenciar para que o processamento destas despesas seja feito autonomamente, através das competentes rubricas orçamentais, a fim de que possa ser adequadamente fiscalizado pela Administração Fiscal.
2. Os rendimentos ganhos pelos Árbitros são o quê?
Os rendimentos auferidos pelos árbitros são, por força do disposto em Despacho de 2005 do Director Geral dos Impostos, do âmbito da categoria B do IRS. Aí, não existe nenhum regime de exclusão aplicável a ajudas de custo, a deslocações e a despesas de transporte, pelo que o conteúdo do Despacho Conjunto não se encontra em conformidade com as normas legais vigentes. Este entendimento foi sancionado pelo Despacho de 2012 do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, cujo conteúdo revela expressamente que "…não poderá efetuar-se um alargamento da aplicabilidade das regras gerais de exclusão da incidência previstas no artigo 2º do Código do IRS às verbas atribuídas a título de compensação de encargos aos árbitros por via da emissão de uma orientação administrativa, estando o estabelecimento de um regime semelhante dependente de um ato de natureza legislativa"…"