quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

É oficial: VAR está em crise!

"Os últimos dias vieram confirmar aquilo que já desconfiava há algum tempo: o VAR, sendo um fabuloso instrumento de auxílio à verdade desportiva, terá sempre vida difícil nos insondáveis caminhos do futebol português. A Liga está a entrar na fase decisiva e este deveria ser o momento ideal para o Conselho de Arbitragem e o seu presidente fazerem um ponto de ordem. Estará Fontelas Gomes em condições de resistir a outra jornada destas? Os problemas de Vítor Pereira, à frente do CA, começaram por muito menos.
Que explicação pode existir para o ‘apagão’ de João Capela em Tondela? Não ver a falta violenta de William, esquecer-se de olhar para o relógio e não sancionar o strip tease de Coates é muita coisa junta. E de que forma alguém conseguirá justificar a validação do primeiro golo do FC Porto no Estoril – logo numa bola parada, que facilita a análise a quem tem de ajuizar? Se o assistente de Vasco Santos ainda poderia ter direito a uma distracção momentânea, já o VAR estava obrigado a fazer muito melhor.
O vídeo-árbitro de serviço ontem era Luís Ferreira, que há 10 dias, em Alvalade, teve erros gravíssimos no Sporting-Feirense (a penalizar os leões). Foi também ele que, como VAR, não conseguiu ver dois penáltis no FC Porto-Belenenses em prejuízo dos lisboetas. Não será demais?"

A incompetência tem de ter limites

"Certamente, o FC Porto resolveria sempre o jogo e nunca iria precisar de muito tempo para o conseguir, tal a superioridade demonstrada desde o primeiro minuto desta segunda parte de tão estranho jogo e tal a maneira inútil e assustada como o Estoril quis defender a escassa vantagem. Porém, é de todo incompreensível como o árbitro, o seu (des)auxiliar e o videoárbitro conseguiram estar unidos naquela ridícula negação da evidência de um triplo fora de jogo no primeiro golo portista.
Depois daquele interminável tempo extra oferecido por João Capela ao Sporting, esta desastrada decisão, no Estoril, do portuense Vasco Santos. Só falta, na próxima jornada, um árbitro marcar um golo de cabeça a favor do Benfica para a arbitragem fazer o pleno do favor aos três grandes clubes nacionais. E teme-se que, com o aproximar do final do campeonato, esta tendência se torne (se possível) ainda mais marcante, sobretudo se se mantiver a filosofia da escolha dos árbitros menos capazes e se a incompetência continuar a não ter limites.
A verdade é que os factos recentes parecem dar razão à tese do presidente do Tondela, que admitia que seria melhor, no futuro, haver dois campeonatos, um para os que aspiram a ser campeões e outro para os restantes.
A situação é grave e o ensurdecedor silêncio das autoridades da arbitragem nacional só tornam o momento mais propício à especulação.
Voltemos, no entanto, ao princípio, para que fique claro. O FC Porto não foi beneficiado, foi prejudicado. Ficou uma sombra inadmissível sobre o que seria sempre uma vitória óbvia de um elogiável espírito e alma de campeão."

Vítor Serpa, in A Bola

Dois países

"Foi há 20 anos a minha primeira saída para o terreno. Ia com um objectivo: acompanhar um repórter sénior e perceber o dia a dia de um jornalista no exterior. Tive aí o primeiro choque de realidade que nenhuma universidade ensina: ao perceberem que éramos jornalistas, um grupo de adeptos dirigiu-nos um sem-fim de injúrias, ali entre a sala de imprensa e a entrada principal do Estádio da Luz. Motivo: os jornais tinham noticiado a falta de pagamento do passe de Karel Poborsky ao Manchester United e mais algumas imprecisões de João Vale e Azevedo, o presidente que ganhara as eleições, meses antes, com um discurso populista e apontando o FC Porto como inimigo.
Não demorei muito tempo a perceber a idiossincrasia do futebol português: para combater a promoção do ódio feita por Pinto da Costa (o mais instigador de que me recordo), a resposta tinha de ser proporcional por parte dos clubes de Lisboa. Uma contramentalidade. Foram incontáveis as vezes que ouvi isto da boca de altos responsáveis do Benfica e do Sporting: «Se eles fazem isto, nós também». «Isto» era maltratar jornalistas. Podia elencar uma série de incidentes que testemunhei e aos quais não atribuí muita importância pelo facto de a violência ter-se tornado coisa tão normal no futebol quanto um golo. Como por exemplo das vezes em que Luís Filipe Vieira ofendeu repórteres só porque lhes queríamos fazer perguntas.
Não me surpreende o aparecimento do fenómeno Bruno de Carvalho e os seus cães de fila: ele não é a origem, é uma consequência. E também compreendo a condenação geral ao presidente do Sporting: porque o Portugal de 2018 já não obedece ao «fatalismo muçulmano» de que falava Eça, de «nada a desejar e nada a recear». Um primeiro-ministro já foi detido e o maior banqueiro também. O país está a mudar. Mas só o país que não respira futebol. É pena. Rezemos para que o outro acorde par ao novo século."

Fernando Urbano, in A Bola

PS: Extraordinária a incapacidade de falar do presidente do Sporting, sem fazer falsas equivalências com o Benfica!

Não se tem tempo para elencar 'incidentes', sem importância, mas depois lá se identifica o presidente do Benfica, que muito provavelmente usou algumas expressões 'populares' à frente de jornalistas, mas seguramente de grau muito inferior às que são usadas pelos próprios jornalistas, sobre o presidente do Benfica...

Capela: bitola do incrível

"Muito mérito alargou avançou para 5 pontos. Estoril: inércia/descalabro como já não se usa! Árbitros/VAR regridem! E Capela... que 'avaria'!!!

Avanço de 5 pontos é muito diferente de apenas 2. Foi esse o grande pulo que o FC Porto ontem deu para o título. Entrando com tudo na tal 2.ª parte atrasada em um mês, num ápice deu a volta ao 1-0. Evidente o mérito portista. Levaria tudo à frente, mesmo sem ajuda no 1.º golo em flagrante(s) fora(s) de jogo. Porque acutilância e peso dos ataques portistas são habituais, nada surpreendente. Tal como não o foi a tremenda fragilidade da defesa do Estoril. Vira-se poucos dias antes, perante o Belenenses; e, ontem, com outros jogadores e esquema de 3 centrais, evoluiu para... calamidade! Poderiam ter sido 6 ou 7 golos em 45 minutos, apesar de o FC Porto ter desacelerado ao 3.º (20 minutos bastaram). Futebolistas = equipa tão inertes e incompetentes como ontem, já não se usa na I Liga! Exactamente como o treinador disse: «Meteu dó!»
Problema portista: precioso Alex Telles fora de combate. Por quanto tempo, eis magna questão.

Arbitragem. Vida está muito difícil. Para os árbitros e para as equipas que sofrem com os seus erros. Sempre compreendi, e compreendo, a extrema dificuldade de juízes tendo de assumir decisões, amiúde cruciais, em qualquer tipo de jogo - e, no caso de futebol, sob cerradíssimo escrutínio público, por regra gravemente ferido de cega clubite provocadora de desonestidade intelectual.
Pensei - ou melhor: muito desejei - que, nesta temporada, houvesse notória melhoria no nível das arbitragens, até pela chegada do VAR (importantíssima!). Fico a léguas de ser exaustivo, talvez nem sequer seja mediano, no registo de boas e más decisões, muito menos clube a clube, ao longo de uma época. Quanto ao VAR, meio ano decorrido, creio que o seu balanço andará por 50% para cada lado: as intervenções preciosamente positivas e os erros, muitos por incompreensível omissão. Devemos entender tratar-se da 1.ª época e suscitando dúvidas sobre aplicação do chamado protocolo. O que não entendo: nos últimos tempos, quando se esperava que os árbitros, no campo e no VAR, assentassem ideias, verifica-se o oposto: tendência para mais erros (crassos). Curioso: de uma semana para outra, Sporting muito prejudicado (frente ao Feirense, limpíssimo golo de Doumbia - evitaria intenso sofrimento até quase ao final - anulado por intervenção do VAR!; confirmação de que árbitro medíocre não passa a bom ao dispor de n câmaras de vídeo...) e Sporting beneficiadíssimo pelo descontrolo (absurdo, incrível!) do árbitro em Tondela. Ontem, no Estoril, no 1.º golo, árbitro auxiliar, árbitro principal e árbitro no VAR não viram fora de jogo de 3 jogadores, interferindo na acção/reacção do guarda-redes! Outro exemplo de... por que falha o VAR onde é tão simples? E, no mesmo jogo, atitude do estorilista Vítor Andrade não punida com drástica consequência: expulsão.

João Capela. Quando se estatela, atinge bitola de incrível. Bom árbitro implica controlo/estabilidade emocional - exactamente o que Capela parece não ter. Daí, como exemplo, a muita razão do Sporting num jogo com o Benfica (salvo erro), do FC Porto, em Chaves (na época passada), do Tondela agora. Errar julgamentos no sim ou não a penalties, foras de jogo, expulsões acontece aos melhores - fazê-lo com demasia frequência é para os piores (e, quando ultrapassam todos os limites - como o árbitro que levou ao colo a Coreia do Sul no Mundial de 2002 e o outro que, na Champions, sonegou 4/5 penalties ao Chelsea frente ao Barcelona -, imperioso é obrigá-los a mudar de profissão).
Espatifanço como o do árbitro no Tondela-Sporting é que eu nunca vira! Anunciou mais 4 minutos por tempo perdido (correcto), nadinha de especial ocorreu nesse período até à lesão de Bruno Monteiro - duríssima entrada de William, para a qual cartão amarelo seria o mínimo... e nem falta foi assinalada! Faltavam 20 segundos para o termo dos tais 4 minutos. Portanto, só esse tempo deveria o jogo ter depois de recomeço. Claríssimo! O árbitro, vá lá saber-se porquê, acrescentou quase 2 minutos!
Que raio atingiu discernimento de João Capela?! Só apagão vindo do descontrolo emocional pode ter sido. O mesmo que o levou a não punir Coates com cartão amarelo após despir camisola nos naturalíssimos festejos e em trono nu percorrer metade do campo... Árbitros auxiliares e 4.ª árbitro também apagados? Chama-se arte de complicadex...!!!"

Santos Neves, in A Bola

PS: Alguns 'tiques':
- O Sporting, não foi prejudicado com o Feirense, ponto! A falta existiu, Luís Ferreira erradamente não marcou... É verdade que o protocolo do VAR não permitia a revisão deste tipo de casos, mas o potencial golo, nasceu mesmo, de uma falta...! Além disso como é que o Sporting foi prejudicadíssimo, se acabou por ganhar o jogo?!
- Sim, o Capela ficou 'famoso' num Benfica - Sporting, na qual os Lagartos choraram por 5 penalty's, sendo que só num tinham razão...!!! (e onde o Benfica venceu por 2-0, com dois golos monumentais!). Mas o Capela também deveria ter ficado 'famoso' quando expulsou o Cardozo na Luz, num Benfica - Sporting, por ter dado um murro na relva...!!!
Chama-se a isto, memória selectiva...!!!

Emoção a rodos

"Quem segue esta coluna sabe que o autor admira o espírito guerreiro desta equipa do FC Porto, torce para que Sérgio Conceição afirme todo o seu potencial como técnico; e acha natural que um plantel feito de retalhos emprestados, mas sem pressão de comissionistas, e cheio de jogadores valorosos com o orgulho ferido, possa naturalmente chegar ao título.
Porém, ver a triste figura feita pela arbitragem portuguesa, através dos seus representantes, neste jogo frenético do Estoril, é uma lástima para quem gosta de futebol. Para quem deseja que os jogos sejam ganhos com justiça. Quem celebrou a chegada do vídeo-árbitro, como grande passo para a objectivação das decisões da justiça sobre a relva.
Como é possível o vídeo-árbitro não ter dado indicação de fora-de-jogo no primeiro golo do FC Porto? Estava a dormir ou com medo? Não é possível encontrar explicações mais benignas para um técnico experimentado não descortinar o que todos viram: estavam três jogadores do FC Porto em posição irregular. Todos se movimentaram para atacar a bola. O mais próximo do primeiro poste (Soares) tentou cabecear, tendo claríssima intervenção no lance. O juízo vai ao vídeo-árbitro, que manda seguir com a validação do golo. Uma vergonha! O que vai acontecer a este árbitro que não arbitra? Irá deixar de arbitrar?
O árbitro de campo, esse, deixou jogar e jogar para além das marcas do jogo duro. Muitos lances aproximaram-se perigosamente da violência de choque do futebol americano. Sem consequências disciplinares. Esta segunda metade do jogo interrompido há três semanas teve toneladas de emoção concentrada. Uma velocidade estonteante, com excelentes momentos de execução técnica por parte do FC Porto. Está dado mais um passo largo a caminho do título. Torna-se ainda mais decisivo o próximo embate com o Sporting. Sempre com o Benfica à espreita.
Em Alvalade, mora uma equipa valorosa, dirigida por um técnico de grande qualidade e inteligência, suportados pela mais generosa massa adepta dos grandes nacionais.
Os sportinguistas são mais pacientes do que os outros. Mais fatalistas do que os outros. Mais poéticos, até, em regra. A seca de títulos nacionais vai muito longa. Todos merecem essa alegria de vencer a prova rainha. Muitos adolescentes sportinguista nunca viram o Sporting ser campeão. Não têm essa memória vivida na primeira pessoa. Será esta época? O futebol jogado diz ser ainda possível.
Conseguirá Bruno de Carvalho um ponto de equilíbrio que lhe faça chegar a bênção do silêncio pelo menos até ao jogo com o FC Porto? Jogadores e técnicos mereciam outra tranquilidade para atacarem os jogos decisivos da época."

Interdição a Estádios de futebol

"1. Quando se aplica a interdição de acesso de pessoas a um estádio de futebol?
A interdição de acesso a recintos desportivos impede a presença temporária de uma pessoa num ou mais recintos desportivos.A interdição visa combater actos violentos, racistas, xenófobos e intolerantes e assegurar que o jogo decorre com segurança e ética.Aplica-se a pena acessória de interdição após o trânsito em julgado da decisão que condena o arguido pela prática de um destes crimes:dano qualificado; participação em rixa na deslocação para ou de um evento desportivo; arremesso de objectos ou produtos; invasão da área do espectáculo; ofensa à integridade física com a colaboração de outrem.A interdição vigora entre 1 a 5 anos, se pena mais grave não lhe couber, e pode implicar a obrigação de apresentação do infractor a uma autoridade judiciária ou órgão de polícia criminal (OPC) em dias e horas concretos, vulgarmente nos horários de jogo do clube do arguido.Na pendência do processo crime, se existirem fortes indícios da prática de um dos crimes identificados ou do crime de distribuição e venda de títulos de ingresso falsos ou irregulares, o juiz pode aplicar a medida de interdição e/ou proibir a aproximação do arguido do recinto nos 30 dias anteriores à realização de um jogo.

2. É possível a interdição sem processo crime?
A decisão condenatória proferida num processo contraordenacional pela prática de actos ou incitamento à violência, racismo, xenofobia e à intolerância; pela introdução ou utilização de engenhos explosivos, pirotecnia e arremesso de objectos que não constitua crime, para além de gerar coimas, pode determinar uma interdição de acesso até 2 anos.A instrução do processo compete ao Instituto Português do Desporto e Juventude, que o inicia oficiosamente com a recepção das participações dos OPC, cabendo ao IPDJ a decisão de interdição de acesso.Os clubes têm legitimidade para denunciar ao IPDJ comportamentos que possam gerar interdição de acesso, para que este inicie o respectivo processo."

O VAR conjuga-se neste pretérito perfeito

"O VAR tem verbo.
E como o VAR chega sempre depois do acontecimento ele fala no passado.
Todos os adeptos do futebol português já decoraram o verbo VAR. Sabem de cor a conjugação desse pretérito perfeito que ele é.
Se por um acaso veio aqui parar vindo de outro planeta, o verbo do VAR é assim.
Eu vi
Tu viste
Ele não viu.
Nós vimos
Vós vistes
Eles não viram.
Já o escrevi e repito: sou a favor da introdução do VAR.
Já o escrevi e repito: é óptimo para o resultado e péssimo para o jogo.
O VAR também é óptimo para os árbitros. E, ao mesmo tempo, péssimo para eles - para a parte deles que é incompetente.
Podia ser outro qualquer - não houve campo na Liga que não tivesse seu caso -, mas lembro-me, assim por exemplo, de um jogo em Alvalade de um lance numa área. O árbitro principal foi à linha lateral ver as imagens, que contrariavam o que tinha assinalado.
Eu vi
Tu viste
Nós vimos.
Vós vistes
Eles viram
(Ah) Ele não viu.
E o que era de facto uma coisa afinal foi outra.
Portanto, usa-se o verbo do VAR também quando se quer falar de competência na arbitragem nacional.
Eu não vejo
Tu não vês
Ele não vê.
Nós não vemos
Vós não vedes
Eles veem.
Presente do indicativo perene no futebol português.
Enquanto assim for, enquanto tivermos apenas dois ou três árbitros de bom nível (você está na minha opinião) a usar uma óptima ferramenta, por muito claro que possa vir a ser o protocolo, o VAR nunca passará da condição de futuro do pretérito com que foi idealizado e chegou a Portugal.
Eu veria, tu verias, ele veria…"

Bruno de Carvalho, o pequeno ditador

"Lutar contra um sistema corrupto utilizando métodos totalitários é o bê-á-bá de qualquer aprendiz de ditador. Pobre Sporting. Pobre futebol português. Pobre país.

É muito difícil para quem tenha um conhecimento mínimo da história política do século XX ouvir o discurso de Bruno de Carvalho na assembleia geral do Sporting e não imaginar o seu braço direito a ganhar vida própria e a subir de forma descontrolada, tal como Peter Sellers no Dr. Estranhoamor. Há gente que se espanta por o futebol ocupar tanto espaço em jornais respeitáveis como o Público, mas um discurso totalitário é um discurso totalitário e deve ser sempre denunciado, venha de onde vier.
Uma característica comum a qualquer regime totalitário, seja ele comunista, fascista ou, pelo que se vê, desportista, é a invasão integral da vida dos cidadãos. Tudo passa a ser político, não apenas a forma como nos comportamos no espaço público, mas também aquilo que fazemos em privado. A ambição de Bruno de Carvalho é exactamente essa: no seu entendimento, ser sportinguista não é apenas um aspecto, entre centenas de outros, que caracterizam um indivíduo, mas sim a principal singularidade que define as suas vidas, e que por isso deve ser assumida como prioridade existencial. Dito assim, esta ambição parece absolutamente ridícula e desmedida — e é —, mas é ela que permite a Bruno de Carvalho definir preceitos e sugerir regras comportamentais, não só aos sócios do Sporting, mas à totalidade dos sportinguistas, como se fosse o bispo Edir Macedo ou Il Duce.
Ao pequeno ditador nem sequer falta um pequeno ministro da propaganda, para discriminar exactamente aquilo que pode ou não ser praticado pelos membros da nova igreja sportinguista. Eis a lista de impedimentos proposta pelo director de comunicação, Nuno Saraiva: “Ver ou participar em programas de debate desportivo, ser convidado a falar de temas do Sporting CP, escrever artigos que não sejam para o Jornal Sporting, falar sobre o Sporting CP às rádios, passar links de OCS [órgãos de comunicação social] nas redes sociais, comprar jornais desportivos e também o CM, ou ver canais portugueses sem ser por lazer ou a Sporting TV."
É um patético índex digno da Santa Inquisição, que deverá ser seguido pelos verdadeiros fiéis do “universo leonino” (35% da população portuguesa, segundo Saraiva), sendo de assumir que os incumpridores passem a fazer parte da perigosa e ímpia casta dos “sportingados”. Tal distinção, aliás, marca com clareza a pulsão totalitária de Bruno de Carvalho, separando os adeptos entre os puros (sportinguistas) e os impuros (sportingados). Só falta mesmo atribuir, numa próxima assembleia geral, uma estrela vermelha a cada sportingado e obrigar a usá-la na lapela, ao mesmo tempo que se acende uma fogueira junto ao estádio de Alvalade com exemplares de A Bola e do Correio da Manhã.
É certo que Bruno de Carvalho não tem um exército para invadir a Segunda Circular e que apenas seis mil sportinguistas subscreveram as suas posições em assembleia geral (falta ainda escutar a opinião de 99,82% dos adeptos). Mas nada disso deve servir para desvalorizar a gravidade do seu discurso e o índex do seu fiel escudeiro Saraiva, que em nome da limpeza do futebol português tem vindo a alargar o lamaçal onde ele diariamente se afunda. Por mais que Bruno de Carvalho goste de citar o seu tio-avô Pinheiro de Azevedo, a verdade é que não aprendeu absolutamente nada com ele acerca do valor da liberdade. Lutar contra um sistema corrupto utilizando métodos totalitários é o bê-á-bá de qualquer aprendiz de ditador. Pobre Sporting. Pobre futebol português. Pobre país."

Futebol português: uma paródia

"O futebol português vai de mal a pior, com todo o tipo de "casos" e "casinhos" que, nada enobrece este belo desporto que, deve ser jogado com os pés e não com a boca, com cabeça e não com maus modos, com exemplos e não com vergonhas.
O que se passou neste fim-de-semana na Assembleia Geral do Sporting é inenarrável. O presidente de um clube tem mais poder que um líder de um partido, um ministro ou do próprio Primeiro- ministro! O tempo de antena na televisão é enorme, a acrescentar o canal próprio do seu clube. Movimenta massas e consegue manipulá-las para os seus fins.
Fala-se da política com vícios inadmissíveis e procedimentos obscuros, mas à beira do futebol tem muito que aprender.
Um presidente de futebol faz negócios com jogadores, distribui bilhetes, viagens e lugares do seu camarote presidencial em que imensa gente, a começar por políticos fazem tudo para lá estarem sentados e aparecerem na televisão.
Um presidente de um clube pode fazer tremer o lugar do Ministro das Finanças de um governo português, ao oferecer bilhetes.
Convenhamos que é muito poder, infelizmente mal utilizado, para fins muitas vezes não recomendáveis, dando um péssimo exemplo do que deve ser uma liderança num desporto belo que, deveria unir, em vez, de separar as pessoas.
Chegar ao ponto de aconselhar os adeptos para não verem televisão e comprarem jornais é digno de uma ditadura à moda antiga. Porque as ditaduras dos novos tempos são muito mais light e aceitam inúmeras coisas dando uma falsa ideia de pseudo- abertura.
Os adeptos de futebol são muito melhores dos que os presidentes de alguns clubes. Apoiam sempre, vão ao futebol, são sócios, amam o clube e os jogadores. Pertencer a um clube é uma forma de estar na vida que cria laços e companheirismo marcantes para a vida.
O futebol está num caos total e numa espiral de violência verbal que não sei onde vai parar. Há um clima bélico, de guerrilha, pior que as próprias claques.
O futebol já chegou ao ponto que, o presidente da Federação, o presidente da Liga e o secretário de Estado não têm mão nesta paródia.
Chegar, ao cúmulo, do presidente da República ter que se referir a uma actividade de um clube por maus motivos. É, o princípio do fim, do que pode vir a seguir.
Esta paródia é feita a partir de uma peça teatral: "como anular os adversários e quem não pensa como eu".
Esta paródia burlesca não sei se dá para rir ou chorar!
Esta paródia em que ninguém se entende, em que não há limite para a verborreia. O futebol português é um caso de saúde mental, está numa ala de psiquiatria e parece que não tem cura. O futebol não é tudo na vida, há outros interesses muito mais importantes. A máxima "mente sã em corpo são" já não se aplica. A verdade desportiva foi atirada para as calendas gregas. O que interessa é vencer de qualquer maneira, não se olha a meios para atingir os fins. Os clubes grandes são sempre favorecidos e o ambiente torna-se intragável quando jogam entre si.
Ao contrário, os resultados desportivos no futebol são acalentadores, em que somos uma potência no futebol, mas a nível de dirigentes somos uma vergonha.
Em relação ao boicote que o presidente Bruno Carvalho propôs. Porque é que os jornalistas não deixam de falar do Sporting e transmitir os seus jogos? E, se todos os portugueses deixassem de ir e ligar ao futebol? Acabava-se a razão de ser de alguns senhores presidentes. Há um enorme desgaste, exaustão, fadiga e degradação de tudo que é relacionado com o futebol.
O problema é que o presidente de um clube para fazer afirmações destas, está bem escudado e sabe que a retaliação dos jornalistas não passará de um fait-divers. O poder que detém, o poder económico e influência supera o poder da ética, da postura e do respeito pelos outros.
Se fosse um político a fazer algo semelhante teria os dias contados.
Por isso, cada vez mais, acho que o futebol comanda as vidas dos portugueses. A minha não, cada vez vejo menos futebol português e mais futebol internacional. Aliás os melhores jogadores e treinadores não param por cá.
País pequenino, mesquinho e muito mal frequentado ao nível de dirigentes no futebol. O futebol português precisa de uma higienização psíquica, modos e cultura. Não há a noção do ridículo.
Assim não vamos a lado nenhum. Podemos ganhar títulos, ter o melhor jogador do mundo e um dos melhores treinadores do mundo, mas depois a cara não diz com a careta. É pena!"

Benfiquismo (DCCLVI)

O 37... será como subir a um Himalaias, 37 vezes mais alto, do que o original!!!

Vitória na Aldeia...!!!

Turquel 1 - 6 Benfica

Vitória mais fácil do que se esperava... e ainda estivemos em desvantagem por 1-0!!!
Aparentemente o João está de novo com a pontaria afinada, depois dos sete golos na Suíça, mais 4 hoje...!!!
Mais um jogo onde o nosso adversário chegou à 2.ª falta cometida, quando faltavam 10 minutos para acabar o jogo, quando tudo já estava definido!!!