quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Lixívia 20

Tabela Anti-Lixívia
Benfica .. 47 (-4) = 51
Corruptos.. 49 (+3) = 46 (-1)
Sporting . 50 (+9) = 41

Jornada estranhamente isenta de erros graves nos jogos com os 'grandes'!!!
Inacreditável a decisão do VAR (Malheiro) no Boavista - Marítimo, ao não 'inverter' a decisão do árbitro de campo (Esteves), permitindo assim ao Boavista, beneficiar de um penalty claramente inexistente!!!

O Paixão em Belém esteve razoável, nas duas principais decisões esteve bem: penalty sobre o Cervi, marcou...; no lance do Almeida não marcou...! Bem, nas duas decisões, que o VAR confirmou...
Erros, nas faltas a meio-campo, e no critério disciplinar 'manso' a meio-campo... O empurrão no livre que dá o golo do Benfica é evidente!
Também esteve bem nos minutos de desconto: se os 5 minutos até foram 'curtos' para o anti-jogo dos Pastéis, depois com a actuação do VAR já nos descontos, soube compensar...!!!

Os Corruptos, não gostam de perder pontos, então com golos bem anulados nos últimos segundos da compensação, ainda ficam mais aziados!!!
Com dois adeptos Corruptos a 'tomarem' conta da partida (Luís Ferreira e Manuel Oliveira) estava à espera de muito pior... Mesmo assim, alguns erros, que acabaram por não influenciar o resultado final...
O 1.ª amarelo ao Fofona é num lance onde não existe falta; no livre lateral, que origina o 'saída' atrapalhada do guarda-redes do Moreirense, onde os Corruptos 'pedem' penalty, não houve falta; no falhanço escandaloso do Brahimi, o lance devia ter sido invalidado, já que o jogador dos Corruptos, que marcou a falta, fez 'transporte' de bola!!!

No Alvalixo, mais uma dupla totalmente Lagarta (Godinho: 4+1, Macron: 1+3), dois dos tais quatro árbitros (Tiago Martins: 2+5; Xistra: 3+2), que estão presentes, em mais de 50% das nomeações para os jogos do Sporting!!!
Não houve lances 'graves', mas a condução do jogo foi do mais nojento possível! Praticamente não foram marcadas faltas contra o Sporting... com mais um jogo sem cartões para os Lagartos, depois de várias faltas merecedoras!!!



Anexos:
Benfica
1.ª-Braga(c), V(3-1), Xistra (Verissímo), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
2.ª-Chaves(f), V(0-1), Sousa (Tiago Martins), Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
3.ª-Belenenses(c), V(5-0), Rui Costa (Vasco Santos), Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Rio Ave(f), E(1-1), Hugo Miguel (Veríssimo), Prejudicados, Impossível contabilizar
5.ª-Portimonense(c), V(2-1), Gonçalo Martins (Veríssimo), Prejudicados, (4-0), Sem influência no resultado
6.ª-Boavista(f), D(2-1), Soares Dias (Esteves), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
8.ª-Marítimo(f), E(1-1), Sousa (Godinho), Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
9.ª-Aves(f), V(1-3), Almeida (Vítor Ferreira), Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
10.ª-Feirense(c), V(1-0), Godinho (Xistra), Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
11.ª-Guimarães(f), V(1-3), Soares Dias (Malheiro), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
12.ª-Setúbal(c), V(6-0), Godinho (Pinheiro), Prejudicados, Beneficiados, (8-0), Sem influência no resultado
13.ª-Corruptos(f), E(0-0), Sousa (Hugo Miguel), Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
14.ª-Estoril(c), V(3-1), Pinheiro (Manuel Oliveira), Beneficiados, Sem influência no resultado
15.ª-Tondela(f), V(1-5), Tiago Martins (Malheiro), Nada a assinalar
16.ª-Sporting(c) E(1-1), Hugo Miguel (Tiago Martins), Prejudicados, (5-0), (-2 pontos)
17.ª-Moreirense(f), V(0-2), Mota (Godinho), Nada a assinalar
18.ª-Braga(f), V(1-3), Soares Dias (Godinho), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
19.ª-Chaves(c), V(3-0), Esteves (Vasco Santos), Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
20.ª-Belenenses(f), E(1-1), Paixão (Rui Oliveira), Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Aves(f), V(0-2), Tiago Martins (Pinheiro), Nada a assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(1-0), Paixão (Hugo Miguel), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
3.ª-Guimarães(f), V(0-5), Hugo Miguel (Sousa), Nada a assinalar
4.ª-Estoril(c), V(2-1), Godinho (Tiago Martins), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Feirense(f), V(2-3), Soares Dias (Tiago Martins), Nada a assinalar
6.ª-Tondela(c), V(2-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Nada a assinalar
7.ª-Moreirense(f), E(1-1), Godinho (Pinheiro), Beneficiados, (2-0), (+1 ponto)
8.ª-Corruptos(c), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Chaves(c), V(5-1), Rui Costa (Esteves), Beneficiados, Prejudicados (5-2), Sem influência no resultado
10.ª-Rio Ave(f), V(0-1), Sousa (Capela), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
11.ª-Braga(c), E(2-2), Xistra (Rui Costa), Beneficiados, (1-4), (+1 ponto)
12.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-2), Tiago Martins (Xistra), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
13.ª-Belenenses(c), V(1-0), Almeida (Godinho), Nada a assinalar
14.ª-Boavista(f), V(1-3), Godinho (Vasco Santos), Nada a assinalar
15.ª-Portimonense(c), V(2-0), Capela (Xistra), Nada a assinalar
16.ª-Benfica(f), E(1-1), Hugo Miguel (Tiago Martins), Beneficiados, (5-0), (+ 1 ponto)
17ª-Marítimo(c), V(5-0), Xistra (Esteves), Nada a assinalar
18.ª-Aves(c), V(3-0), Pinheiro (Sousa), Beneficiados, (2-1), Impossível contabilizar
19.ª-Setúbal(f), E(1-1), Veríssimo (António Nobre), Beneficiados, Sem influência no resultado
20.ª-Guimarães(c), V(1-0), Godinho (Hugo Miguel), Nada a assinalar

Corruptos
1.ª-Estoril(c), V(4-0), Hugo Miguel (Luís Ferreira), Nada a assinalar
2.ª-Tondela(f), V(0-1), Veríssimo (Malheiro), Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Braga(f), V(0-1), Xistra (Esteves), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Chaves(c), V(3-0), Rui Oliveira (Hugo Miguel), Nada a assinalar
6.ª-Rio Ave(f), V(1-2), Sousa (Godinho), Nada a assinalar
7.ª-Portimonense(c), V(5-2), Luís Ferreira (Sousa), Nada a assinalar
8.ª-Sporting(f), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Paços de Ferreira(c), V(6-1), Manuel Oliveira (Veríssimo), Beneficiados, (5-1), Sem influencia no resultado
10.ª-Boavista(f), V(0-3), Hugo Miguel (Tiago Martins), Nada a assinalar
11.ª-Belenenses(c), V(2-0), Veríssimo (Luís Ferreira), Beneficiados, (0-2), (+3 pontos)
12.ª-Aves(f), E(1-1), Rui Costa (Esteves), Nada a assinalar
13.ª-Benfica(c), E(1-1), Sousa (Hugo Miguel), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
14.ª-Setúbal(f), V(0-5), Tiago Martins (Rui Oliveira), Beneficiados, (0-3), Impossível contabilizar
15.ª-Marítimo(c), V(3-1), Mota (António Nobre), Nada a assinalar
16.ª-Feirense(f), V(1-2), Veríssimo (Paixão), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
17.ª-Guimarães(c), V(4-2), Soares Dias (António Nobre), Prejudicados, Beneficiados, (4-2), Impossível contabilizar
19.ª-Tondela(c), V(1-0), Godinho (Soares Dias), BeneficiadosPrejudicados, (2-0), Impossível contabilizar
20.ª-Moreirense(f), E(0-0), Luís Ferreira (Manuel Oliveira), Nada a assinalar

Jornadas anteriores:
Épocas anteriores:
2016-2017
2015-2016

O arquivamento que se exigia

"O Sport Lisboa e Benfica regista com natural satisfação o arquivamento por parte do Ministério Público do inquérito que envolvia o Senhor Ministro das Finanças, Mário Centeno, e o Sport Lisboa e Benfica.
Em causa estava a absurda suspeita de crime de obtenção de vantagem indevida como contrapartida pela concessão de uma isenção de IMI ao filho do Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira.
Realce-se que ficou provado a adequação social e política dessa isenção dentro do que está determinado pela lei.
O Sport Lisboa e Benfica reitera a sua indignação pelas constantes suspeitas públicas levantadas tendo por base meras especulações sem qualquer fundamento de facto ou de direito."

A sentença antes do julgamento

"Os arguidos não são acusados e os acusados não são culpados. Num dia como o de ontem em que ao final da manhã as redacções foram inundadas com notícias de buscas, detenções e acusações existe o risco facilitista de julgar tudo pela mesma bitola.
A dificuldade da justiça comunicar, reconhecida pela investigadora Conceição Gomes, não a inibe de avisar jornalistas para estarem à porta dos arguidos, mesmo antes de se iniciarem as buscas. O espectáculo mediático não ajuda a informar e, nas redes sociais, os comentários são servidos em forma de sentença.
Vários casos no mesmo dia não sustentam a conversa de café, segundo a qual vivemos num país de criminosos. Os três casos de ontem não têm, aliás, nada em comum. Acusação de peculato, suspeita de tráfico de influência e corrupção e roubo de cheques da Segurança Social.
A Polícia Judiciária e o Ministério Público cumprem o seu papel, mas entre uma rede organizada que roubou cheques no valor de 300 mil euros e um ex-secretário de Estado que é acusado de ter usado indevidamente 400 euros para comprar livros e revistas vai uma distância quase infinita. Sendo que, por ser quem é, o ex-governante interessa muito mais ao espectáculo. Tendo ao lado um ex-colega de governo acusado do mesmo mas no valor de 14 mil euros.
Ainda mais difícil de entender é a implicação de Filipe Vieira num dos casos. Foi preciso esperar horas para o Benfica negar que o seu presidente tivesse sido constituído arguido. Há um dirigente desportivo arguido, mas do Ministério Público nem ai nem ui perante as notícias de que é o presidente encarnado. Em que ficamos? Ficamos numa justiça a decorrer na praça pública e que, muitas vezes, parece não se preocupar com a verdade dos factos."

O partido justicialista

"Em 1946, Juan Domingo Perón criou na Argentina o Partido Justicialista, resultante da fusão de dois partidos. Mais tarde, este movimento político ficou conhecido como peronismo, devido à importância que o seu fundador conquistou na Argentina.

Este intróito serve apenas para capturar a nomenclatura partido justicialista e trazê-la como suporte para analisar a realidade portuguesa, profundamente marcada pela actividade judicial. Seja ela a investigação a Mário Centeno, por causa de ter pedido dois bilhetes para o clássico Benfica-Porto, seja a Operação Lex, que já constituiu arguidos o juiz Rui Rangel e o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, seja o julgamento que resultou da Operação Fizz, ou ainda a acusação de dois secretários de Estado do Governo de José Sócrates, José Magalhães e José Conde Rodrigues, pelo crime de peculato pelo uso indevido de cartões de crédito.
Mas há mais. O chamado caso dos CMEC, que transformou em arguidos o CEO da EDP, António Mexia, e o ex-presidente da REN,_Rui Cartaxo, sem esquecer o caso BES e ainda a Operação Marquês, em que o principal visado é José Sócrates.
Há ainda o caso dos vistos "gold", envolvendo o ex-ministro do PSD Miguel Macedo, que já está em julgamento, ou das viagens ao_Europeu de França, pagas pela Galp, que conduziram à demissão de três governantes: Jorge Costa Oliveira, Fernando Rocha Andrade e João Vasconcelos.
Perante esta catadupa de investigações, umas absolutamente relevantes, outras mais questionáveis, a percepção dominante é a de que o ímpeto justicialista tomou conta do país. O problema de fundo não é do ímpeto em si, mas a forma como a actividade judicial tomou conta da praça pública, o que pode também fazer perigar a sua eficácia. O julgamento dos envolvidos começa muito antes de os casos chegarem à barra dos tribunais e as sentenças produzidas pela opinião pública ganham uma natureza irreversível.
A justiça transformou-se num partido, na medida em que uns defendem a sua acção, outros criticam-na, e pelo meio há quem a avalie casuisticamente. Na balança dos três poderes: o executivo, o legislativo e o judicial, este último desequilibra os pratos a seu favor. O putativo segredo de justiça encarrega-se de caldear todos os ingredientes. Porque mesmo antes dos factos já há culpados e não há memória de que algum agente da justiça tenha sido punido pela violação do referido segredo.
Os casos merecem ser investigados? Claro que sim. Os arguidos, deduzidas as acusações, devem ser julgados? Naturalmente. E mereceriam que a justiça lhes desse outro tratamento? Sem dúvida. O ponto é precisamente este. Será que a forma como a investigação se desenvolve é a mais adequada para a obtenção de resultados, sejam eles a condenação ou a absolvição? É na resposta a esta pergunta que se encontra a fronteira entre uma justiça efectiva e o justicialismo."

As duas faces do Estado de direito

"As buscas efectuadas pela Polícia Judiciária no Ministério das Finanças, no inquérito aberto pelo Ministério Público a propósito dos dois convites oferecidos ao ministro das Finanças para assistir a um jogo de futebol na tribuna presidencial do Benfica, mereceram uma proposta do líder parlamentar do Partido Popular Europeu para que o caso fosse debatido no Parlamento Europeu.
Chegámos a esse ponto.
Quando a polémica surgiu, pensei que o assunto morreria pelo ridículo. Não imaginei que alguém no Ministério Público considerasse o facto idóneo para iniciar uma investigação criminal.
Houve tempo em que o Código Penal definia com rigor a descrição dos factos puníveis criminalmente, para evitar que, numa matéria que implica com direitos fundamentais das pessoas, houvesse grande margem para interpretações subjectivas dos magistrados a quem compete a aplicação do direito.
Mas esse tempo já não é o nosso. Os legisladores do poder político, embalados pela demagogia e o populismo, foram incluindo no Código Penal novos crimes ou novas formulações de crimes já previstos, com definições imprecisas, escancarando a porta a interpretações que favorecem a discricionariedade ou mesmo a arbitrariedade.
Um dos exemplos desta deriva é a punição de funcionário que receba "vantagem patrimonial ou não patrimonial" para "um qualquer ato ou omissão aos deveres do cargo".
Nesta moldura tão vaga, cabe tudo o que alguém de má fé ou simplesmente impreparado quiser lá meter
 Alguém com um mínimo de inteligência e conhecimento das realidades acha que o ministro das Finanças recebeu dois convites para um jogo de futebol como compensação da prática ou omissão de um ato contrário aos deveres do seu cargo?
Pois alguém no MP achou isto plausível e abriu um inquérito criminal em que o ministro é visado. Ministro que chegou à presidência do Eurogrupo e agora se vê constrangido ao ponto de o líder do poderoso Partido Popular Europeu considerar dever o assunto ser debatido no plenário do Parlamento.
António Costa está agora a tomar o veneno da receita que defendeu ao ser um dos protagonistas da alteração ao Código Penal que agora querem aplicar a um seu ministro.
Os efeitos desta "ligeireza" com que se abrem inquéritos, se fazem buscas e outras diligências que afectam seriamente direitos individuais, com a cumplicidade dos meios de comunicação sempre muito bem informados do que se passa em processos em segredo de justiça, é a degradação contínua da imagem dos políticos e outras pessoas com notoriedade, exacerbando as pulsões populistas, como escreveu ontem Manuel Carvalho, num lúcido e certeiro artigo publicado no Público
Esta degradação não vai terminar bem. Os exemplos do que está a passar-se na Polónia, na Hungria e na Turquia, em que o poder político põe em causa a liberdade e a autonomia dos media e do sistema judicial, deveriam fazer-nos reflectir sobre os efeitos desta deriva.
É que não são apenas medidas que afectam a liberdade de imprensa e a separação de poderes que atentam contra o Estado de direito.
Também as ofensas aos direitos fundamentais das pessoas, pelo mau funcionamento desses poderes, constituem atentados contra o Estado de direito."

A indústria da desconfiança contra a democracia

"Como tudo o que é grande, a democracia representativa tem dentro de si própria as suas mais graves ameaças. As democracias podem ser agredidas do exterior, mas aquilo que as mata cresce dentro de si até à implosão. Dois estudos publicados nos últimos dias ajudam a perceber melhor o tema desta crónica. O primeiro deles é o "2018 Edelman Trust Barometer", e pode ser descarregado em linha. Como diz o título, este estudo anual, já na 18.ª edição, analisa e quantifica (numa escala de 0-100) o sentimento de confiança dos cidadãos em 28 países diferentes. Confiança em relação ao sistema político, à comunicação social, às ONG, serviços, etc. Alguns dos resultados, mesmo que não completamente inesperados, fazem pensar. Apesar do actual surto de crescimento económico mundial, só quatro dos 28 países se encontram numa "zona de confiança" (60-100). De entre os 20 países na "zona de desconfiança" (1-49), destacam-se oito dos nove países da União Europeia que entram no estudo (só a Holanda está na "zona neutra", com 54 pontos). Os EUA são o caso de perda de confiança mais notável, tendo caído nove pontos apenas num ano (de 52 para 43). A confiança viajou toda para Leste, para a China, Indonésia e Índia. Estes estudos medem percepções e sentimentos. Reflectem com mais rigor tendências do que realidades objectivas.
Duas conclusões provisórias podem ser retiradas: os europeus estão desconfiados e desanimados (dos 38 pontos da Irlanda aos 47 da Espanha). Se na Ásia a tendência é melhor do que o estado actual, na Europa ocorre o contrário. A desconfiança acentuada na Europa já não se explica no espelho da economia. Ela mergulha num pessimismo com raízes mais profundas e complexas. E isso é preocupante, pois a UE só poderá evitar a desintegração na próxima década se efectuar reformas e partilhar soberania. Ora, a desconfiança reinante está nos antípodas da visão, coragem e solidariedade que são necessárias para realizarmos e aprofundarmos um destino comum.
A segunda conclusão prende-se com os efeitos desastrosos e mensuráveis da presidência Trump. Como já escrevi há um ano nesta página, Trump acabará por dividir os EUA de um modo tão brutal como em 1860, antes da Guerra Civil. A desconfiança e o pessimismo dos norte-americanos com a política, contudo, não é um acidente natural, mas sim o resultado de um lento processo de erosão democrática.
E é aqui que importa chamar a atenção para o luminoso contributo prestado pelo economista George R. Tyler, no seu recentíssimo livro A Democracia Bilionária. O Rapto do Sistema Político Americano (BenBella Books). Com a autoridade de uma copiosa documentação, Tyler demonstra o que já o filósofo John Rawls denunciava há 20 anos: o Congresso tornou-se uma casa de leilões onde as leis são compradas e vendidas de acordo com o princípio "pagar para jogar" (pay-to-play). A "reforma fiscal" de Trump, retirando aos pobres para dar aos ricos, limita-se a acentuar uma tendência de décadas. Se hoje o inquilino da Casa Branca é uma espécie de Joker, muito antes disso o Congresso habituou-se à figura do "deputado-mercenário", raptado pelos subornos milionários dos super-ricos. 
A transformação da democracia em plutocracia mobiliza uma poderosa indústria de mentira geradora de desconfiança, visando manipular e intoxicar a vida pública. O soez ataque de carácter a Mário Centeno, caluniando o mais relevante político português no actual quadro europeu como alguém que se vende por um prato de lentilhas, talvez não seja só iniquidade espontânea. Talvez seja maldade industrial."

O dilema da justiça

"Vários desafios se colocam à justiça portuguesa: ser competente é o maior. Portugal, se esse for o caso, agradecerá. De outra forma ninguém mais a levará sério.

Zorro, uma personagem de ficção, era o disfarce de Don Diego de la Vega para dar voz aos fracos e oprimidos numa Califórnia sem lei. Zorro, com a sua espada e capa negra, fingia acobardar-se perante os poderosos quando não tinha a máscara. Mas, na realidade, era sagaz como uma raposa (daí "zorro"). A justiça portuguesa, depois de anos sem fim em que pareceu dormir uma longa sesta, gerindo investigações sem fim e pondo em causa os seus próprios objectivos, parece agora querer mostrar que pode ser o Zorro dos oprimidos portugueses. Os processos mediáticos dos últimos dias, desde aquele que parece apontar para o há muito visível casamento de interesses entre o mundo da política, dos negócios e do futebol até aos anedóticos (o que pretende "queimar" Mário Centeno e o da investigação à compra de livros e revistas por ex-secretários de Estado de José Sócrates), têm diferentes pesos e medidas. Mas começam com um erro: a justiça, em vez de se comportar com decoro, está a querer fazer a festa, atirar os foguetes e apanhar as canas ao mesmo tempo. É um erro que pagará caro.
Há muito para investigar neste aparente país de "brandos costumes". E casos que cheiram há muito a esturro, desde a acção de "facilitadores" de negócios ao pouco transparente universo do futebol casado com a política. A desertificação moral do regime tem muito que ver com estes conluios que devem ser investigados ao pormenor. Talvez, depois de muitos anos a ser vista como carro-vassoura do regime, a justiça portuguesa esteja a soltar o seu grito de Ipiranga. Mas tudo tem de ser levado a sério. Para que os portugueses, no caso de falhanço de tantas investigações, não comecem a encarar tanto foguetório como uma versão de uma telenovela mexicana. É preciso seriedade e bom senso (e acusações bem formuladas) para que depois ninguém possa invocar cabalas e teorias da conspiração ou da constipação. Vários desafios se colocam à justiça portuguesa: ser competente é o maior. Portugal, se esse for o caso, agradecerá. De outra forma ninguém mais a levará sério."