quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Ui, de fazer faísca!

"Meia-final 'a ferver' porque, para ambos, valia bem mais que a Taça da Liga! Benfica pós-Krovinovic...: Análise de alternativas... bem difíceis!

Em qualidade técnica, não foi grande coisa... Tacticamente e na intensidade de pujança atlética ainda mais impulsionada pelas ganas de vitórias, duelo de fazer faísca este Sporting - FC Porto rumo à final da Taça da Liga e à previsível sua conquista (com respeito pelo V. Setúbal, o qual, porém, para levar o troféu, terá de jogar 50 vezes melhor do que fez na outra meia final a bater a Oliveirense num dos desfechos mais mentirosos de que tenho memória!).
Braga, território neutro, foi palco de exuberantemente renhido confronto entre os dois primeiros do campeonato, desta vez interessadíssimos na Taça da Liga para marcarem supremacia sobre o outro, reforçando ímpeto anímico para a 2.ª metade da temporada e seu máximo objectivo. Daí a tremenda carga nervosa de Sérgio Conceição ao ponto de recusar ver os ditos penalties de desempate! Daí a enorme festança sportinguista! Para Sporting e FC Porto, esta meia final, por ser travada entre ambos nesta época para ambos híper especial!, valia bem mais do que a Taça da Liga propriamente dita.
De formas diferentes, voltaram a mostrar idêntico valor competitivo. Até repetiram, o 0-0 do despique em Alvalade para o campeonato. Ou seja: essencialmente, defesas e capacidade táctica muito fortes! Vai dar brado a luta pelo título! Ainda mais ao rubro se o Benfica se mantiver ressuscitado...

Krovinovic: a sua grave lesão é grande rombo na capacidade do Benfica para atingir o penta. Houve o 'antes dele' e o 'durante ele'. Foi enorme a diferença que estes períodos vincaram no rendimento da equipa. E o 'depois dele'?
Há uma semana, apontei as razões, que considero tecnicamente tão óbvias!, de só com Krovinovic o Benfica ter podido engrenar a mudança táctica para 4x3x3 que o tirou de naufrágio. Agora em síntese: não pôde ser com Filipe Augusto (esbanjador de múltiplas oportunidades), ainda menos com Samaris (4+3=7 jogos de suspensão!) e, pelo escassamente visto, de todo não com o jovem Chrien, mais uma compra para rápida dispensa...
Custa-me entender - não querendo admitir embirração com o treinador, na cegueira de tentar tapar responsabilidades do comando directivo que, por aperto financeiro quiçá acrescido de deslumbramento/arrogância, pessimamente preparou estrutura de plantel para esta época - quem rejeita, sem sequer mínima base técnica, muito pelo contrário!, que só em Novembro o 4x3x3 fosse possível. Qualquer sistema táctico depende de jogadores a ele adequados. Só em Novembro Krovinovic, vindo de operação, pôde ter condição física e ritmo competitivo para ser firme titular. Antes dele, que outro convincente médio houve para formar trio com Fejsa e Pizzi? Pergunta, muito simples, à qual os críticos não respondem...
E agora, sem o talento e o vigor do médio croata? Estando já bem engrenado o sistema de 3 médios, ilógico seria, creio, correr a desmanchá-lo. Então quem para a posição que Krovinovic deixou vaga? Onde estão firmes alternativas?! Samaris ex-n.º 8, enraizou-se n.º 6, opcional a Fejsa, desde a era Jorge Jesus. Filipe Augusto já saiu. Chrien parece estar na mesma porta. Rakip, até agora única aquisição em Janeiro, foi soma e segue de imediatos empréstimos... (até parece que o Benfica tem muitos e bons médios, ou que lesões e castigos eram impensáveis!). Restam dois miúdos: João Carvalho e Keaton Parks. Qual deles, tão promissor quanto inexperiente, estará mais apto face a grande responsabilidade? Keaton indica (?) ser mais um n.º 8, quiçá n.º 6, do que médio pautando ataque. Esse médio é João Carvalho. Rui Vitória tem vindo a lança-lo, nas últimas semanas, naturalmente pouco a pouco. Talento possui. E estrutura, também física/atlética, para se impor já com a alta dinâmica que a função exige? Incógnita a resolver depressinha...
Caso falhe esta via de manter o 4x3x3, que alternativas? Todas difíceis...
1 - Fulgurante aquisição de centro-campista com provas dadas e com as necessárias características.
2 - Apressada adaptação de Cervi, ou Zivkovic, de extremo para médio esquerdo. Ah!, mais complexo: Grimaldo avançando, Eliseu defesa esquerdo...
3 - Regresso ao 4x4x2, que deu quatro títulos e muitos mais troféus, mas falhou esta época. Seria necessário desaparecem os motivos de fiasco; isto é: Pizzi reencontrado com o seu altíssimo nível nas épocas anteriores; e Seferovic, afinal, capaz de ser o ponta de lança à frente de Jonas.
Há quem afirme que riqueza de excelentes soluções não falta a Rui Vitória!..."

Santos Neves, in A Bola

Empate em Londres

Tottenham 3 - 3 Benfica B
Félix, Heri, Santos


Com este empate, ficámos em 3. lugar no grupo, e assim fomos eliminados da competição.
Destaco a ausência do Ferro, do Parks e do Gedson, confirmando assim que estão mesmo a treinar no plantel principal...

Não! Não caiam nessa!

"Puskás tinha uns pés pequeninos. Inusitadamente pequenos. Mas um segredo: o esquerdo era maior do que o direito

Acho que entrei na velhice de forma oficial. Não porque tenha, mais uma vez, caído na asneira de fazer anos recentemente, revelando com isso, tal como dizia João de Deus, não parecer ter muito miolo, mas porque cada vez mais ando a vasculhar pelos bolsos os óculos que me esperam encavalitados na testa. E isto não pode deixar de querer dizer algo de muito sério.
Assim de repente, lembrei-me de Lúcio Cardozo. No dia em que fez 50 anos irritou-se: «Não sei como isto me foi acontecer! Logo a mim que tenho um talento tão grande para ser criança…».
Faltar-me-á o talento de Lúcio para ser criança, mas acreditem que – a despeito da minha inaugural declaração de vetustidade – ainda me divirto como um miúdo a vasculhar jornais antigos, pobres deles tão mais velhos do que eu.
Enfim: um vício.
Embora acrescente, em minha defesa, que ainda não passei a fase de substituir a idade por uma obscenidade.
Portanto, estava eu a ler jornais antigos, quando por entre a prosa luminosa do meu bom amigo e mestre Luís Alberto Ferreira, dou de caras com Puskás. Isto é, uma história de Puskás que me fez lembrar de outra história passada num estádio único em Portugal que se situava no terraço da Drivimpe, à Cidade de Bolama, nos Olivais Sul da minha adolescência, e que levava por nome Maracangalha.
Parece que o bom do Ferenc Puskás, o elegante Major Galopante, tinha uns pés pequeninos, mesmo pequeninos, de tal forma que nem sempre era fácil encontrar chuteiras que lhe assentassem como luvas, logo a ele que tinha uma espécie de pés que funcionavam como mãos. E tanto assim era que fazia apostas arriscadas. Uma delas era colocar pinos ao longo do relvado, metro a metro, e meter uns cobres em jogo se conseguisse deitá-los abaixo consecutivamente com o pequenino pé esquerdo que era o melhor dos seus dois pequeninos pés que pareciam mãos. O seu colega no Real Madrid, Don Alfredo Di Stéfano, não se metia em tais apostas. Dizia a propósito: «Ese hijo de puta!? Tem uns pés tão pequenos que parecem caixas de fósforos e faz com eles o que lhe apetece».
Tirando a referência à senhora que o deu à luz em Budapeste no dia 1 de Abril de 1927, até que era um belo elogio.
Puskás foi sempre assim um pouco para o gorducho. Correr não era bem com ele. Mas, lá está, tinha aquela engenharia esquerdina que punha a bola onde lhe apetecia. Que corressem os outros e ela surgia-lhes à frente, redondinha, alegre como um cachorrinho vadio. No dia em que conheceu Raul, avançado do Real tão mais novo do que ele, avisou-o: «És um grande jogador, mas corres demasiado depressa».
Cair no cimento do Maracangalha não era nada bom para os joelhos e cotovelos da malta. Provocava rasgões, feridas, crostas posteriores que levavam ao arrancar das mesmas e à repetição aborrecida de todo o processo. O meu amigo João Matias, hoje em dia desterrado no Alentejo, mais conhecido por Facadas nos meios olivalenses, era um guarda-redes temerário, cimento e tudo. Um dia – e aqui já a velhice entretanto estabelecida dá pontapés na memória – derrubou um adversário com inusitada perversidade, coisa que nem era nada do seu género. Perante o espanto do caído em combate, encolheu os ombros: «Tu corres muito...».
Voltando a Puskás, conta-se também que rapidamente se adaptou à linguagem desbragada de certos bairros de Madrid. Irritado por um passe mal medido que lhe foi dirigido por um companheiro menos dotado, ficou furioso. Foi-se a ele de dedo espetado no nariz: «Hijo de puta, cabrón! De cada vez que me passares a bola, passa-a como deve ser! Se não sabes fazê-lo com o pés, fá-lo com as mãos!»
A questão é mesmo essa: nem todos, como Puskás ou Di Stéfano, tinham mãos no lugar dos pés. 
Quem diria que Ferenc Puskás, o Major Galopante, já morreu há doze anos? E que todos os grandes do seu tempo, tirando Pelé e mais um ou outro, correm com a bola colada aos pés pela planície da eterna saudade? É o que dá essa brincadeira tola de fazer anos da qual falava João de Deus. Por mim não os faria se não me apanhassem sempre desprevenido nesse dia de Janeiro em que acordo mais velho.
Sobra-me a nostalgia dos jornais antigos e um monte de amigos mortos que ainda não tive tempo de arquivar devidamente. Desta vez calhou-me o estranho mistério dos pés de Puskás. Pareciam caixinhas de fósforos, mas o esquerdo era definitivamente maior do que o direito. E, de súbito, como um passe para o golo definitivo, uma réstia de memória que me faz recitar de cor a infância de Pessoa: «A criança que fui chora na estrada./Deixei-a ali quando vim ser quem sou;/Mas hoje, vendo que o que sou é nada,/Quero ir buscar quem fui onde ficou».
Anos? Não caiam nessa..."

O adeus a um génio inigualável

"Assente nos princípios da liberdade, habituou-se a criar o assombro nas ruas de Porto Alegre. No sangue corriam-lhe os genes que identificam o Brasil como berço universal do futebol e, desde então, não parou de crescer. Com a bola colada aos pés cumpriu todos os sonhos da infância e chegou, referenciado como sublime intérprete, a ilustres salas europeias - Paris Saint-Germain, Barcelona e Milan. Pelo caminho mostrou ser futebolista da cabeça aos pés e não um mero artista de circo, extravagante mas inconsequente. Ronaldinho Gaúcho era, ele próprio, uma gigantesca mentira cuja dimensão aumentava até falar verdade, só quando o golo estava perto. Foi assim desde menino, quando lutava pela afirmação social, até agora que nos deixou órfãos do malabarista mais concreto que o futebol conheceu. Com ele vão, também, as celebrações exclusivas de quem exaltava a glória com os dentes (sorriso largo, genuíno e feliz), as mãos (dedos polegar e mindinho) e a dança (ao ritmo do samba) que antecedia o abraço agradecido dos companheiros.
RG devolveu pureza ao fenómeno silvestre degradado pelos milhões da nova indústria e deu ao recreio o bónus sagrado da eficácia. Era um fantasma que aparecia e desaparecia num estalar de dedos; despertava os melhores sentimentos em todas as plateias, incluindo as mais hostis e, mesmo nos cenários mais bélicos e perigosos, festejava com bons instintos os quadros de beleza inconcebível que ia assinando. Nada do que fazia era contra alguém, pelo contrário, tudo revertia a favor do espectáculo. Num futebol dominado pelo conceito de fábricas em série, no qual a bola tende a tornar-se paixão clandestina, RG foi um desenho animado que corrompeu com graciosidade, inocência e imaginação filmes de cowboys, gangsters, polícias e ladrões e até de marcianos.
Foi um ser superior que desafiou o senso comum e pôs em causa as leis da gravidade; um talento desenquadrado da realidade que passava hora e meia a implodir o que déramos como verdades adquiridas, inventando sucessivas maravilhas que decidiam jogos e deslumbravam o Mundo. Passou mais de uma década a seduzir-nos com gloriosas transgressões aos manuais instituídos: humilhava adversários com magias fantasmagóricas, só pelo prazer juvenil de os ver atrapalhados; driblava quando não devia, rematava de onde estava condenado ao fracasso e, mesmo assim, transformou improbabilidades físicas em obras-primas; se tinha campo aberto para correr, travava, se tinha as vias congestionadas, acelerava; em euforia ou em depressão, falava sozinho, com adversários, companheiros, árbitros e vendedores de pipocas, diálogos que estendia à bola e até a Deus, com quem tinha pacto secreto para despertar a inspiração.
RG foi um dos mais extraordinários génios da centenária história do futebol, um artista assombroso, gerador de truques inimagináveis que nos encheram a alma e de milagres que credibilizaram o jogo como expressão de arte. Se à chegada suscitou as reservas habituais dos que, em vez de se renderem à evidência de uma nova dimensão, lhe apontaram desfasamento competitivo, superficialidade e intenções perversas, agora que pendurou as botas e se foi, devemos lamentar o adeus de um dos actores mais amados de sempre. RG nunca mostrou a irascibilidade de Maradona, a obstinação de Cristiano Ronaldo ou a regularidade de Messi; mas quanto ao talento puro, esse dom divino de que são feitos os extraterrestres, em nada ficou a dever-lhes. Foi tão grande, mas tão grande, que parece impossível (um sacrilégio) só ter ganho uma Bola de Ouro (2005). O futebol fica a dever-lhe, pelo menos, três - as de Nedved (2003), Shevchenko (2004) e Fabio Cannavaro (2006) deviam ter sido dele. Nada que altere o essencial: não precisa delas para ser um protagonista eterno e sublime do filme das nossas vidas.

Rúben Dias de pedra e cal
No futebol, a sorte de uns costuma resultar da infelicidade de outros
Rúben Dias sempre contou para Rui Vitória. Os episódios da sua afirmação, porém, não lhe sorriram, tendo como ponto mais alto a apendicite que o afastou por seis semanas. Mesmo quando jogou, no início, fê-lo à esquerda de Luisão, ele que se formou como central descaído para a direita. O infortúnio do capitão permite-lhe agora jogar como e onde gosta. Se não tiver mais azares, será muito difícil tirá-lo dali.

Welthon subiu mais um degrau
Às vezes o caminho até ao ponto mais alto não se concretiza em linha recta
Welthon foi contratado pelo V. Guimarães. Na impossibilidade de saltar directamente do Paços de Ferreira para um dos três maiores clubes portugueses (chegou a falar-se que esteve quase no Sporting), o Vitória é uma boa estação intermédia para os anseios de um dos melhores avançados a jogar em Portugal. Aliás, a cláusula de 30 milhões significa que até os vimaranenses acreditam no voo do jogador.

Fábio Veríssimo perdeu audição
Diz-se que os árbitros são mais dóceis com quem actua nos grandes.
E é verdade Fábio Veríssimo expulsou Jubal e Zainedine por insultos mútuos no V. Guimarães-Marítimo (24/9/2017). A peculiar decisão, validada pelas instâncias superiores, configurou a acção do mestre-escola sobre pecados de dois meninos malcomportados. Foram reguadas. Em Setúbal, Coentrão gritou-lhe aos ouvidos impropérios inaceitáveis; mas agora sofreu ataque de surdez e não agiu. É preciso ter uma lata..."

Do carro de Ayrton Senna ao Ferrari do Benfica

"Ayrton Senna da Silva.
Um nome que causa arrepios na espinha, um ponto amarelo de preocupação no retrovisor dos restantes pilotos.
Senna foi campeão dos campeões. Não é o mais titulado deles, Schumacher ainda tem esse recorde e Hamilton já lhe bateu outros. Mas Ayrton foi campeão do povo e da emoção. Foi o maior na adversidade, no sofrimento e debaixo de chuva.
Deixemos Tamburello para trás. Esqueçamos por momentos que aquela curva maldita deixou o Brasil em lágrimas e engrandeceu a lenda do homem. Lembremos os momentos de glória.
Ayrton Senna da Silva fez muitas corridas de Fórmula 1. Muitas delas extraordinárias.
Esta, por exemplo, ele nem ganhou.
No Mónaco – onde mais podia ser – saiu da 13ª posição e terminou no segundo posto, numa altura em que se aproximava do líder Alain Prost e a corrida foi finalizada antes do total das voltas. Que carro conduzia Senna? O famoso McLaren? Não. Um Williams. Não? Nem um Lotus. Era um Toleman!
P.S- chovia no Principado.
Em 1985, Ayrton Senna teve a primeira vitória num GP. Local: autódromo Fernanda Pires da Silva, Estoril, Portugal. Depois da Pole Position, o primeiro lugar de sempre, ao volante de um Lotus.
Já agora, chovia nesse domingo.
Também chovia em Donington, Inglaterra, em 1993.
Ao volante de um McLaren, Senna partiu do quarto posto. E depois fez isto. Fez aquela que é considerada a melhor volta de sempre na F1 e terminou a corrida com uma volta de avanço a todos, como no Estoril em 1985, menos ao segundo classificado: ainda assim, Damon Hill ficou a 1:23 minutos do brasileiro!
Já lhe disse que chovia?
Para mim, a maior vitória de Senna, a corrida de uma vida, sucedeu, porém, em 1991.
Ayrton nunca tinha vencido em Jacarepaguá ou Interlagos. O homem que acordava o Brasil aos domingos nunca tinha sido primeiro diante de seu povo.
1991 mudou isso.
Em Interlagos, Senna arrancou da pole position.
Mansell perseguiu-o de perto desde a primeira volta. Mais tarde teve um furo e depois desistiu. 
Ayrton ficou com caminho livre para a vitória.
A oito voltas do final, no entanto, ficou sem Ederson, Nelson Semedo e Lindelof. Ou melhor, teve problemas na caixa de velocidades e perdeu a quarta, depois a terceira e por fim a quinta. Senna tinha de fazer o resto do Grande Prémio apenas em sexta.
Riccardo Patrese já lhe surgia no retrovisor e aproximava-se a uma velocidade vertiginosa. O sonho de Ayrton vencer em casa parecia fugir-lhe outra vez.
Perto do fim, começou a chover…
De dentro do carro, Senna apontou para o céu e com o McLaren sempre em sexta, quase parado nas curvas, levou-o até à bandeirola de xadrez. Ayrton berrava de alegria. Pediu a bandeira do Brasil e, poucos metros à frente, parou o McLaren de vez. Exausto, com cãibras e febre.
A cerimónia do pódio foi todo outro capítulo.
Sem forças, Ayrton Senna do Brasil ergueu a bandeira do país, não conseguiu levantar a taça como devia, mas tomou banho de champanhe.
Não foi por acaso que Ederson, Nelson Semedo e Lindelof entraram numa história de Senna que nada tinha a ver com eles. Primeiro porque Ayrton era sócio do Belenenses e depois porque os três nem eram nascidos. Mas foram subtraídos a um carro de sucesso – a analogia ao Ferrari não é minha, como sabem – e que agora se vê, também, sem Krovinovic.
Mesmo que o FC Porto seja líder do campeonato – e justo que é -, mesmo que o dragão tenha tido o melhor futebol até ao momento, porque tem tido – isto ainda é o meu espaço de opinião -, mesmo que o Sporting tenha investido em melhorias e pareça bastante fiável, o Benfica tem sabido ultrapassar as adversidades, e a comparação com Senna, num longo texto como este, pode ser absurda em todos os pontos menos neste: a capacidade de superação dos campeões nunca deve ser subestimada. Mesmo que eles percam a terceira, a quarta e a quinta velocidade. E sobretudo se começar a chover.
Em 2015/16, choveu.
Aquela teria sido a corrida de uma vida e até pelo facto de apenas o FC Porto o ter conseguido, o Penta é a corrida de uma História.
No último fim de semana, apareceu e desapareceu à velocidade de um tweet a analogia do Ferrari dos encarnados que Jorge Jesus lançou em 2015/16. Foi-se a ver, e afinal era um Lotus."

Vitória...

Benfica 35 - 24 Belenenses
(19-10)

É este o tipo de atitude que é preciso ter, quando os jogos são teoricamente mais fáceis... transmitindo assim, confiança e tranquilidade...