segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

2018 foi o ano de Bruno de Carvalho

"A forma de governação dos clubes, enquanto a privatização não chega, deve ser revista, na certeza de que o modelo actual está esgotado

No exercício de identificar a personalidade do ano sigo o critério da Time que privilegia, sem mais, o impacto que cada candidato teve ao longo dos 12 meses. Por isso, indivíduos como Hitler, Estaline, Kohmeiny ou Trump tiveram honras de eleição, sem que isso derivasse das melhores razões. Por cá, no que respeita ao desporto, torna-se evidente que Bruno de Carvalho arrasou a concorrência. Em Fevereiro pedia meças ao Leonardo de Caprio «I'm the king of the world»; seguiu-se a derrota em Madrid, um post surrealista e de repente o brunismo começou a ruir qual castelo de cartas, de mal a pior, das cenas tragicómicas após o jogo com o Paços de Ferreira, à verdadeira tragédia de Alcochete. Não tenho memória de ver um descalabro tão de ver um descalabro tão à velocidade da luz, de assistir a um desatino tão alucinado que, finalmente, conheceu fim na AG da Altice Arena, quando a maioria silenciosa de Alvalade abandonou o torpor, acordou do canto da sereia que lhe prometia grandeza e devolveu o Sporting ao trilho certo.
Para o País, o brunismo foi uma lição importante, que serviu de vacina contra males semelhantes, de génese populista, que podiam afectar outras áreas, à imagem do que aconteceu e acontece no estrangeiro. Por tudo isto, o ano de 2018 teve em Bruno de Carvalho o protagonista maior, pela marca indelével que deixou, pelas piores razões, na sociedade portuguesa.
Mas falar de 2018 sem abordar o cerco montado ao Benfica, que teve o auge na acusação do Ministério Público à SAD no caso e-toupeira, seria como ir a Roma e não ver o Papa. Os últimos dias, com a não pronúncia da SAD, foram de alívio para a nação benfiquista. Mas, quer como acusador, no caso do roubo e divulgação dos emails (uma prática que continua ininterrupta!!!), quer jogando à defesa em vários processos que seguem o seu curso, o Benfica terá caminhos cruzados com a justiça em 2019, sem esquecer o julgamento de Paulo Gonçalves, que não deixará de afectar a imagem do clube.
Uma palavra final para a violência, presente este ano em Alcochete e no ataque ao autocarro da casa do Benfica de Barcelos, como no ano de 2017 tinha feita aparição pública na batalha entre hooligans de Benfica e Sporting, que culminou com a morte de um adepto italiano. Faço votos que 2019 traga uma nova lei contra a violência no desporto e que o mínimo que dela se diga seja dura lex sed lex.

(...)
Ás
Cristiano Ronaldo
Trocou Madrid por Turim e pelo caminho não perdeu a vela goleadora. Até ver, embora seja verdade que nenhum jogador é maior do que qualquer clube, tem feito mais falta Cristiano Ronaldo ao Real Madrid do que o Real Madrid a Cristiano Ronaldo. Com o temporal Mayorga a estabilizar, já é capocannoniere na Série A. Brutal.

Duque
Justiça FPF
Itália acabou de mostrar, pela celeridade com que decidiu o caso dos insultos racistas a Koulibaly, como é anacrónico e antiquado o método seguido em Portugal, que atira as decisões para as calendas e não revela a agilidade processual requerida pela natureza própria da justiça desportiva. E não há ninguém interessado em mudar tudo isto?

Desculpe, importa-se de repetir?
«Estou convencido de que se houvesse necessidade de vencer teríamos uma abordagem diferente, os jogadores jogariam diferente...»
Rui Vitória, treinador do Benfica
A frase foi proferida após o sofrido empate frente ao D. Aves, que qualificou o Benfica para a final four da Taça da Liga. O primeiro impulso é dizer que Vitória conhece mal o Benfica. Mas como estamos perante um treinador que, em 114 anos de história, está no top 5 de permanência do clube, esse argumento não colhe. Então o que será? Um lapsus linguae? Muito infeliz!

Old Firm, muito mais que um jogo de futebol
Defrontaram-se desde 1888, já jogaram 578 duelos, uns têm raízes católicas, de emigrantes irlandeses, os outros são protestantes. A este acto de fé dá-se o nome de Old Firm e no último sábado o Rangers (com o português Candeias no onze) venceu o Celtic (1-0), algo que não acontecia desde 2012. Histórico.

O meu momento de 2018
O ano a que hoje dizermos adeus foi rico em acontecimentos desportivos relevantes, da vitória da França no Mundial da Rússia à conquista do título nacional pelo FC Porto, que colocou travão no sonhado penta benfiquista, passando ainda pela qualificação de Portugal para a 'final four' da Liga das Nações e a transferência de Cristiano Ronaldo do Real Madrid para a Juventus. Mas gostava de identificar o momento mais épico de todos, a meu ver, que teve lugar nos Estados Unidos, quando Tiger Woods, ao fim de cinco anos de calvário, regressou aos triunfos PGA, no Tour Championship, disputado no East Lake Golf Club, em Atalanta. Foi um daqueles momentos que nos remeteu para a essência do desporto, milhares de pessoas a vibrarem de forma espontânea e incontida perante o regresso ganhador de um dos gigantes da história do desporto mundial. Inesquecível. Quem não viu, que veja, basta ir ao YouTube. Imperdível!"

José Manuel Delgado, in A Bola

Lesões de carácter !!!



Dentro da 'normalidade' habitual destes cozinhados Corruptos, não posso deixar de destacar a velocidade com que o Desdentado 'respondeu', ilibando os Corruptos de qualquer problema!!!

Nada melhor do que nos despedirmos de 2018, com os Corruptos mais uma vez a subverterem os regulamentos, impunemente!!!

Ana Catarina, a melhor do mundo...

A nossa guarda-redes de Futsal, Ana Catarina, foi considerada a Melhor do Mundo... sem surpresa, diga-se!

Nota para o 3.º lugar da nossa jovem Fifó, que será seguramente a melhor do mundo dentro de poucos anos...
O nosso capitão, Bruno Coelho, ficou em 7.º lugar... se calhar depois do papel principal que teve no Europeu, até merecia mais...!!!

PS: Vejam o documentário sobre a recuperação do Chaguinha, durante as graves lesões que sofreu, está online, aqui.

"O futebol não pode ser uma guerra"

"O pai de Bruno Simões, jovem adepto do Benfica apedrejado na sequência do ataque de que foi alvo o autocarro em que seguia na noite de 23 de dezembro, após ter assistido ao jogo com o Braga no Estádio da Luz, pede "mais responsabilidade" e sublinha que o futebol "tem de ser vivido com alegria".

"Peço a todas as pessoas que pensem bem antes de ir ao futebol, porque o futebol e o desporto em si são uma alegria. Não olhem às cores, cada um é livre de escolher a cor que deseja, de gostar do clube que quer", salientou Paulo Simões, em declarações exclusivas à BTV.
O pai de Bruno Simões, jovem adepto encarnado que está internado no hospital de Gaia e irá ser operado nos primeiros dias de Janeiro, pediu para os responsáveis pelo futebol serem mais unidos de forma a prevenir estes incidentes.
"As pessoas devem olhar para o futebol como uma festa e as próprias direcções devem apelar para que acabem as guerras entre os clubes. Tentem ser mais unidos para que haja mais pessoas a ir ao futebol", apelou.
Luís Filipe Vieira, Presidente do Benfica, já esteve no hospital de Gaia a visitar Bruno Simões. A demonstração de apoio foi enaltecida por Paulo Simões, que agradeceu a consideração do Clube. 
"Tem sido um apoio muito grande para o Bruno. Ele ficou contente porque viu que o Benfica está preocupado com o seu estado. Ficou muito emocionado com o vídeo de apoio feito pela equipa principal de futebol", referiu."

Rápidas melhoras, Simões!

"O Sport Lisboa e Benfica e toda a Família Benfiquista desejam as rápidas melhoras à nossa glória António Simões, vítima de um lamentável assalto neste sábado na cidade da Praia, em Cabo Verde. Estamos certos de que com a sua têmpera e garra rapidamente se restabelecerá. Força, Simões!"

A globalização do futebol

"Há 52 anos, no brumoso Verão de Inglaterra, um futebolista português brilhava a grande altura. Chamavam-lhe ‘pantera negra’, nome que hoje seria impossível pela conotação racista. Mas ninguém pensava nisso. O politicamente correto ainda não se impusera. O facto de ser negro não aumentava nem diminuía a devoção que os adeptos tinham por ele. Chamava-se Eusébio da Silva Ferreira mas chamavam-lhe simplesmente Eusébio.
Se fosse hoje, um jogador daquele enorme nível seria imediatamente transferido para um tubarão do futebol mundial por uma gigantesca fortuna. Mas Eusébio ficou em Portugal, no Benfica, diz-se que por intervenção de Salazar. Há quem o desminta, mas uma coisa é certa: Eusébio teria na altura lugar em qualquer equipa do mundo.
A globalização do futebol tornou impossível a ocorrência de casos semelhantes nos tempos actuais. Quer em relação aos jogadores, quer, mesmo, em relação aos treinadores. Há centenas de treinadores portugueses espalhados pelo mundo, obtendo óptimos resultados.
Mas esta globalização não funciona apenas de dentro para fora - funciona também de fora para dentro, não só na importação de jogadores (e alguns treinadores, poucos) mas na reacção dos adeptos. Os ídolos das crianças já não são apenas, nem sobretudo, jogadores do campeonato português - são jogadores do Real Madrid, do Manchester United, do Bayern de Munique…
Os meus netos ainda falam em Jonas ou Bas Dost, mas sobretudo querem imitar Mbappé, Neymar ou Messi. E Ronaldo, claro, mas este deixou de ser exclusivamente português para ser património mundial.
Esta globalização do futebol, para a qual as televisões contribuem poderosamente, terá cada vez maiores consequências. Tão facilmente se vê hoje no ecrã um jogo do campeonato português como do campeonato espanhol ou do inglês. E como estes são melhores - porque envolvem melhores jogadores e os jogos são mais electrizantes - a pouco e pouco impor-se-ão.
O campeonato português irá deixando de entusiasmar as crianças, terá cada vez menos adeptos e provocará menos entusiasmo. Julgo que nunca acabará. Mas será mais pobre de ano para ano. Os melhores jogadores portugueses não jogarão cá mas no estrangeiro - como, aliás, já hoje acontece. Os melhores treinadores portugueses não treinarão cá mas no estrangeiro - como também já acontece. E esta tendência é inexorável.
Os grande clubes da Europa serão cada vez maiores, terão mais adeptos em todo o mundo e maiores receitas - e só os clubes portugueses que participarem em provas europeias (como Porto, Benfica, Sporting e talvez Braga) terão algum protagonismo. Os outros viverão com enormes dificuldades e alguns tenderão a acabar.
Como noutras áreas, também no futebol a globalização funciona como um rolo compressor que tudo uniformiza e em que só os mais fortes sobrevivem."

Mourinho dos milhões

"Assim como incluem cláusulas para os despedimentos prematuros, os contratos milionários de treinadores deveriam prever os insucessos desportivos.

José Mourinho foi despedido do Manchester United, como se previa há muito, recebendo uma indemnização milionária: 26 milhões de euros, ao que se diz.
É uma imoralidade.
Nunca discuti os salários de treinadores ou jogadores, que se regem pelas leis do mercado. Se os clubes pagam fortunas a Messi, Mbappé, Ronaldo, Klopp ou Mourinho, é porque têm a convicção de que vão ganhar com eles fortunas ainda mais volumosas – em marketing, receitas de jogos, novos associados, direitos televisivos, direitos de imagem, etc.
São investimentos que os clubes fazem. Claro que podem correr mal, mas isso acontece com todos os investimentos. Qualquer investimento envolve uma margem de risco. Nenhum investimento é seguro.
Mas o que se paga em indemnizações por despedimento não tem nenhum retorno – é dinheiro deitado à rua. Por isso falei em ‘imoralidade’. Há treinadores que enriqueceram não à custa dos seus êxitos mas à custa dos fracassos – que lhes valeram indemnizações milionárias. André Villas-Boas, por exemplo, acumulou uma fabulosa fortuna com indemnizações: no Chelsea, no Tottenham, no Zenit, até na China, em Shanghai.
Depois de uma grande época no FC Porto, que lhe valeu a ida para Inglaterra, Villas-Boas não ganhou praticamente nada. Mas esses fracassos, que resultaram em despedimentos prematuros, valeram-lhe rios de dinheiro em indemnizações.
Esta 'prática' resulta de leis que protegem os trabalhadores mas que não deviam aplicar-se no caso de salários milionários. É justo que um trabalhador que ganha o ordenado mínimo, ou um salário baixo, receba a quantia respeitante ao tempo que faltava para concluir o contrato de trabalho, se for despedido antes. E, mesmo assim, isso só deveria acontecer no caso de ficar desempregado até aí. Mas não faz qualquer sentido uma pessoa que ganha milhões, e à qual o dinheiro não faz falta, receber o salário até ao fim do contrato.
Ainda por cima, no caso de Mourinho – e na maior parte dos casos semelhantes –, o despedimento não resulta de um capricho, de uma malfeitoria do presidente do clube, mas sim dos maus resultados. Que, pelo menos em parte, são da responsabilidade do treinador.
Aliás, assim como os contratos incluem cláusulas para os despedimentos prematuros, deveriam prever os insucessos desportivos. Quando os treinadores não conseguissem alcançar resultados compatíveis com o prestígio do clube e a qualidade dos jogadores, o contrato deveria cessar automaticamente.
Não sendo assim, pode chegar-se à situação de um treinador que está descontente num clube ‘forçar’ os maus resultados -- para ser despedido e receber a choruda indemnização.
Acredito que não tenha sido este o caso de Mourinho. Mas, sendo notório que os resultados alcançados no Manchester United foram desastrosos, ele deveria ter sido o primeiro a assumir a responsabilidade e a pedir a demissão, renunciando – pelo menos parcialmente – à indemnização. 
Aliás, o comportamento de Mourinho nos últimos tempos em Manchester foi muito duvidoso – e não só neste plano. As suas atitudes nas conferências de imprensa ou em campo, pontapeando garrafas, provocando os adeptos, criticando os jogadores, descarregando a fúria (ou a euforia) de um modo agressivo e indecoroso, não são aceitáveis.
Mourinho é um ídolo para muita gente, incluindo crianças e jovens. Ora, essa simples circunstância deveria levá-lo a ser um exemplo de conduta, a comportar-se dignamente e não como um arruaceiro. 
Na liga inglesa há outro treinador muito histriónico – Jürgen Klopp – que lhe poderia servir de exemplo. Sendo um impulsivo, Klopp comporta-se com exuberância mas de uma forma correta: gesticula, leva as mãos à cabeça, pula, corre, ri-se, mas não dá pontapés nem murros e nas conferências de imprensa comporta-se como um cavalheiro, assumindo os erros e nunca agredindo os adversários. Mourinho podia pôr aí os olhos – não para o copiar mas para se refrear.
Além de sair de Manchester pela porta pequena, Mourinho sai como alguém que não reconheceu os erros, que ‘explorou’ o clube e que teve um comportamento pouco recomendável. Não havia necessidade…"

Feliz 2019 - Brinde à vida

"Vamos assistir, igualmente, e com claras tensões, à reformulação das competições do futebol, seja ao nível da FIFA seja ao nível da UEFA

1. Neste final de ano recordamos as alegrias e as tristezas que vivemos em 2018 e fazemos os melhores desejos para o ano que se vai iniciar, para 2019... Na nossa vida pessoal e no nosso sentir como comunidade independente. E, também, como vizinhos de uma aldeia global e como seres, que não se repetindo, sabem que a identidade e a memória fazem parte do nosso devir existencial. Permitam-me, assim, que deseje a cada um(a) dos nossos leitores(as) um Feliz 2019. Brindemos, acima de tudo, à vida!

2. Mas permitam-me que nesta última crónica de 2018 equacione algumas das questões que, no meu modesto entender - sempre sujeito a erros e a omissões! - vão marcar o ano que no final do dia de amanhã arranca. Em termos desportivos ambicionamos a conquista da primeira Liga das Nações em futebol. Esta nova competição da UEFA, que superou as expectativas dos seus criadores - e com indiscutível e craveira mão portuguesa - vai proporcionar às cidades do Porto e Guimarães um atractivo e sugestivo arranque de Junho. Vão viver um verdadeiro São João antecipado. Serão milhares os fiéis adeptos das selecções apuradas para esta final four a rumar a Portugal, a encher os espaços do Norte de Portugal, a combinar o vinho do Porto com a cerveja, a degustar a nossa singular gastronomia e a encher os estádios do Dragão e o Afonso Henriques. E sempre com a nossa secreta, viva e sentida esperança de erguermos, afinal e no final, o primeiro troféu de conquistadores da Liga das Nações em futebol. Seria mais um título para estes tempos fantásticos da nossa Federação e, também, da nossa principal selecção de futebol.

3. Vamos assistir, igualmente, e com claras tensões, à reformulação das competições de futebol, seja ao nível da FIFA seja ao nível da UEFA. Aqui as três competições europeias de clubes serão uma realidade confirmada e ao nível da FIFA o processo conducente a um atractivo Mundial de clubes prosseguirá a sua marcha. A FIFA quer organizar competições entre clubes e não apenas entre selecções. Mas a reformulação atingirá as competições internas com a rápida evolução da nossa segunda liga - que caminhará para duas séries, ou seja duas zonas - e para a esfera federativa e com as competições profissionais, sob a direcção de uma reformulada Liga de clubes, a concentrarem-se, apenas, na primeira Liga. O que será, em conjunto, uma verdadeira revolução. Com derrotados e vitoriosos. Mas com as Federações nacionais e assumiram mais poder, que não apenas mais e mero protagonismo.

4. Vamos em 2019 confirmar a sedimentação do VAR como instrumento importante para uma maior verdade desportiva também no futebol. Vai chegar, já, aos oitavos de final da Liga dos Campeões o que significará a sua consolidação em termos de futebol europeu. É claro que sendo o VAR humano continuará a suscitar controvérsias e múltiplas discussões, ou seja continuará a permitir, em grau bem menor diga-se, o sal e a pimenta que levaram à afirmação do futebol como um dos marcos - e exemplos - desta globalização que tem na tecnologia nas suas diferentes formas e vertentes  um dos marcos deste nosso tempo civilizacional. Se o meu neto João Maria, com o sorriso ternurento dos seus três anos, já mexe tablet com uma destreza que me impressiona estou certo que o VAR se vai aperfeiçoar ao longo do ano de 2019!

5. Neste Ano Novo vão continuar as disputas judiciais a envolver questões relacionadas com o desporto, com clubes desportivos e com sociedades desportivas. E digo judiciais em termos de justiça do Estado e não em termos de justiça desportiva onde, aqui, irão surgir duras sanções disciplinares que provocarão sérias rebeliões. E logo no ano, este de 2019, onde surgirá um novo elenco de árbitros no Tribunal Arbitral do Desporto e com um processo de avaliação necessariamente exigente.

6. O ano de 2019 será marcado por eleições europeias e por eleições legislativas em Portugal. Entre outras eleições em outros Estados europeus. O desporto não será, em qualquer delas, prioridade para a apresentação de concretas propostas - ou ideias - por isso, o desporto passará ao lado de múltiplos temas que perturbam a unidade e a comum (?) ideia de Europa e, também, entre nós, e com a excepção do tema da violência que estará, por questões disciplinares, a desviar atenções, os temas de desporto, por demasiados quentes, serão remetidos para alguns parágrafos dos programas eleitorais das candidaturas às eleições de Outubro próximo. Salvo se a disciplina perturbar tudo... e desencadear rebeliões!

7. O desporto electrónico ganhará cada vez mais adeptos e praticantes. São já milhões de praticantes, que já ganham - os melhores milhares de euros por mês, fartam-se de viajar e são reconhecidos e acompanhados por outros milhões de adeptos e fans! São estes eSports que vão crescer, e muito, em 2019. E também aqui ser número 1 do Mundo exige muito tempo, muita saúde e muita pressão. E mesmo neste jornal é importante dar nota de uma realidade deste tempo de mentes digitais brilhantes!

8. Nas outras modalidades convém acompanhar a crise de talentos no atletismo, a força do surf, da canoagem, dos ténis e do motociclismo, a crescente relevância do futebol feminino e a consolidação da presença dos três grandes do desporto português nas principais modalidades colectivas, como basquetebol e andebol, hóquei em patins e voleibol (aqui sem Porto). E com o COP a continuar a ser a instituição que agrega todos e todas, o que implicará a ponderação da existência, duplicando representações, de uma Confederação do Desporto. E com a presença paralímpica reconhecida e motivada.

9. O ano de 2019 será o ano do arranque de um novo canal desportivo, o canal da Federação Portuguesa de Futebol. É uma aposta forte e arrojada. Cheio de grandes nomes do jornalismo e da comunicação em Portugal vai mexer, e muito, no mercado televisivo, nas suas ofertas e pode perturbar realidades já existentes. Estou convicto que todos os operadores e, em particular, a Federação Portuguesa de Futebol não deixarão de prestar toda a atenção a projectos portugueses, com memória e história, com identidade e vontade, com consciência e experiência.

10. Agora, no arranque do novo ano, teremos o fim da primeira volta da Liga NOS, a final four da Taça da Liga, a decisão acerca dos semi-finalistas da Taça de Portugal e, logo no arranque de Fevereiro respectivamente os oitavos e os dezasseis avos de final da Liga dos Campeões e da Liga Europa. E com um fim de semana bem rico em termos da globalmente atractiva Liga inglesa. Feliz 2019. Bom desporto. Mas acima de tudo que arranque 2019 com um brinde à vida!"

Fernando Seara, in A Bola

Comparações em saco roto e mais sacrifícios

"O Benfica comparou o atentado contra um grupo de adeptos seus - que no domingo regressava áa Barcelos pela A1 - ao atentado que contra os jogadores e técnicos do Sporting que aconteceu em Alcochete no último mês de maio. Formalmente o Benfica tem razão. A coberto da noite, no caso recente da autoestrada, ou cobertos por capuzes, no caso da Academia do Sporting, bandos de meliantes atacaram cidadãos tão inocentes quanto desprevenidos. A comparação caiu, no entanto, em saco roto porque a imagem da cabeça ensanguentada de um adepto não se compara em impacto mediático à cabeça ensanguentada de um profissional de futebol.
A cabeça do adepto Bruno Simões, não tem o valor da cabeça do jogador Bas Dost, nem em termos das chamadas "audiências" nem sequer em capacidade para suscitar o mesmo nível de indignação social. Cinco dias já se passaram, entretanto, sobre o ataque que ocorreu no alcatrão entre Grijó e Gaia. E a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes continuam tão absorvidas por este género de questões em abstracto que ainda não conseguiram produzir uma palavra sobre o crime de domingo à noite. Para o Ministério da Administração Interna o assunto não existirá porque é "futebol". O MAI talvez se intrometesse se os utentes agredidos da A1 voltassem a casa depois de uma visita ao Oceanário de Lisboa ou ao Portugal dos Pequeninos em Coimbra. Sendo "futebol", tenham lá paciência...
O Sérgio Conceição foi multado por ter tirado a braçadeira de treinador e o Benfica foi multado por ter passado uma imagem em directo de Abel Ferreira nos ecrãs gigantes da Luz. Não há nada de verdadeiramente importante que escape à alçada civilizacional do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.
O Benfica somou no domingo a sua 7.ª vitória consecutiva desde que a Luís Filipe Vieira lhe deu a luz no Seixal. Aparentemente foi uma exibição categórica, sobretudo na segunda parte, da equipa de Rui Vitória, que ficará sempre para a história como o primeiro treinador do Mundo a substituir-se a si próprio depois de ser alvo de uma chicotada psicológica. A exibição produzida e o resultado averbado nesse jogo com o Sporting de Braga terão sido só ‘aparentemente’ categóricos porque, tal como tem vindo a ser exposto em todos os areópagos de gente séria e bem informada, o Sporting de Braga fez um frete, ofereceu-se ao sacrifício na Luz por força do amor que o seu presidente, o treinador e todos os jogadores, um a um, dedicam ao Sport Lisboa e Benfica.
Ontem, na Vila das Aves, o Benfica até parecia que estava a fazer um frete ao Desportivo local. As situações de quase-golo dos donos da casa teriam produzido um resultado histórico se a bola estivesse em noite de entrar na baliza de Svilar. Mas Seferovic lá fez um golito e assim segue o Benfica para a final four da Taça da Liga. Mas que o resultado foi injusto, isso foi."

O dilema de Rui Vitória

"Ao treinador do Benfica só resta um caminho: o equilíbrio entre ganhar e jogar bem - ou, pelo menos, jogar mais vezes bem do que mal

O que é, de facto, mais importante no futebol: o resultado ou a exibição? Os mais românticos - e não há mal algum em para o jogo olhar com romantismo - dirão que ambas, mesmo sabendo que não é verdade: porque pode ser-se campeão jogando mal desde que ganhando mas o mesmo desfecho revelar-se-á impossível para quem, mesmo jogando o melhor futebol do mundo, não consiga ganhar mais do que os outros, mesmo que joguem pior.
Há, ao longo dos tempos, vários exemplos disso. A Selecção Nacional, por exemplo, venceu o Europeu graças a essa visão pragmática do futebol, trocando o jogar bonito sem nada ganhar de que tanto nos orgulhámos durante tantos anos pelo jogar bem, que é diferente de jogar bonito mas traz melhores resultados que, convenhamos, sendo menos atraente aos olhos enche de forma bem melhor o ego. Porque, olhado com romantismo ou pragmatismo, o mais importante no futebol é, deixemo-nos de lirismos, ganhar.

Vendo jogar este Benfica poderá pensar-se que o novo Rui Vitória decidiu, à falta de melhores soluções, olhar para o futebol pelo seu lado mais pragmático. Tão resultadista na Luz só há memória do Benfica de Trappatoni, campeão em 2004/2005, num outro exemplo de que é possível vencer mandando o espectáculo às malvas. É, contudo, preciso perceber que há um tempo para tudo. Trappatoni acabou com um jejum de títulos que durava há onze anos. Tinha, além disso, uma equipa com bem mais limitações do que a actual, ainda mais dependente de Simão Sabrosa do que esta é de Jonas. É, pois, natural que os adeptos tenham sempre perdoado ao italiano essa visão tão redutora do jogo, tal como os portugueses não deixarão de perdoá-la a Fernando Santos.
Rui Vitória não terá, já se percebeu, essa sorte, até porque a realidade é muito diferente; uma coisa é a Selecção ser pragmática contra a França, Itália, Croácia ou Polónia. Outra é o Benfica fazê-lo em jogos contra equipas que lutam pela manutenção. É por isso que o único caminho de Vitória (se não quiser seguir o das arábias...) será encontrar o equilíbrio entre a necessidade de ganhar e a obrigação de jogar bem - ou, pelo menos, de jogar mais vezes bem do que mal.

Os adeptos podem ser o que de melhor o futebol tem para dar. Mas neles também se encontram, às vezes, o pior que as sociedades têm para nos oferecer. O que os adeptos do Inter - um clube que vibrou com Ronaldo, Eto'o, Maicon, Roberto Carlos ou Seedorf, só para citar alguns - fizeram a Koulibaly no jogo com o Nápoles é a todos os níveis repugnante. Dois jogos à porta fechada é, até, pouco. Por cá - sempre atentos  à forma como lá fora actuam de forma mais dura e célere mas pouco dispostos a com isso aprendermos alguma coisa - o castigo aplicado ao Inter foi aproveitado para aquilo em que somos melhores: atacar os rivais e quem tem o dever de aplicar a justiça. Dá para rir. Ou não fossem os próprios clubes a aprovar o Regulamento Disciplinar da Liga. Mão pesada? Só interessa se bater nos outros. E como um dia me pode tocar a mim... mais vale ficarmos pela mão leve e fazer muito barulho, que sempre dá para enganar os tolos.

A bárbara agressão a um adepto do Benfica que regressava a Barcelos depois de ter visto, na Luz, o jogo com o SC Braga é um caso de policia. Não vale a pena estarmos a falar de punir um clube, por ser impossível responsabilizá-lo por acção criminosa a um grupo de adeptos a 20 quilómetros do seu estádio - ou, até, à sua porta numa noite sem jogo. Mas devia ser suficiente (mais um...) para alguém obrigar os clubes a definirem bem os limites das relações com as suas claques, legalizadas ou não. É esse o meu único desejo desportivo para 2019. Se bem que, em ano de eleições, talvez seja utópico pensar que alguém queira meter as mãos no assunto..."

Ricardo Quaresma, in A Bola

O ano de 2018

"Para além das inúmeras conquistas do desporto e dos desportistas portugueses durante 2018, houve o registo, também, de algumas novidades no campo do Direito do Desporto, tanto em Portugal como no estrangeiro, algumas motivadas por acontecimentos ocorridos no ano que agora termina.
Em jeito de balanço, fica o apontamento de algumas novidades que 2018 trouxe neste âmbito: o alegado esquema de dopagem na Rússia continua a dar azo a novas decisões no CAS; a decisão do Tribunal Belga que (só aparentemente) veio colocar em causa a sustentabilidade e credibilidade do CAS e que trouxe novamente o tema da proibição de TPO à ordem do dia; a proclamação da Declaração Universal dos Direitos dos Atletas; as alterações do RSTP da FIFA; a criação, em Portugal, de uma Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto e o processo legislativo de alteração ao Regime Jurídico do Combate à Violência nos Espectáculos Desportivos; o litígio entre a Federação de Surf e a Federação de Canoagem sobre o Stand-Up Paddle; a suspensão do campeonato de râguebi; a decisão (que motivou tantas e interessantes questões) do CAS sobre a decisão da UEFA relativo ao processo de fair-play financeiro do AC Milan; as normas referentes e aspectos de integridade e antidopagem divulgadas pela FIFA relativamente a uma competição de eSports; a resolução da ONU que reconhece a importância do Desporto no desenvolvimento sustentável da sociedade; a crescente importância, que também se reflecte a nível normativo, do futebol feminino; o aumento da litigiosidade, o que se verifica pelo aumento exponencial de processos no TAD e o consequente aumento de recursos nos Tribunais Administrativos."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

domingo, 30 de dezembro de 2018

2019!

"Dificilmente Rui Vitória reconquistará adeptos só pelos resultados. E mais dificilmente ainda os reconquistará pelo discurso

Nem mesmo um mau resultado, esta sexta-feira, na Vila das Aves, num jogo que é para a Taça da Liga, e que conta, portanto, para a parente ainda pobre das competições nacionais, tira razões aos benfiquistas para, apesar de tudo, fecharam 2018 com um sorriso bem menos amarelo do que na verdade se estava à espera. A goleada sobre o Braga foi realmente uma espécie de Pai Natal benfiquista que madrugou pela chaminé da Luz na tarde de 23 de Dezembro e levou particularmente a Rui Vitória uma consoada bem mais tranquila do que o próprio Rui Vitória estaria, provavelmente, a pensar ter, sobretudo tendo em conta o novelesco folhetim em que se viu e de algum modo quis ver-se envolvido quando, depois de levar cinco do Bayern, esteve quase, quase despedido e foi, por fim, apenas agarrado pelo presidente, num momento que facilmente ganharia no futebol o prémio confusão do ano.

O que sucedeu com o Braga foi uma goleada verdadeiramente inacreditável para quem se habituou a ver nos últimos meses o Benfica a ir delapidando o seu talento como equipa e a perder capacidade de competir a um grande nível.
O Benfica - Braga foi mesmo um jogo estranho na medida que andava mal e tudo mal a um Braga que andava bem. Fez o Benfica quase tudo ao contrário do que vinha fazendo e fez na realidade o Brava bem menos do que nos tinha mostrado na maioria das jornadas anteriores.
Já se sabe que há quase sempre dois pontos de vista em jogos com resultados desta natureza. Há os que defendem que o verdadeiro mérito foi do Benfica, porventura a maioria, mas nunca faltam os que resolvem reduzir o derrotado à menor das expressões e atribuir-lhe a total responsabilidade do resultado.
Nem oito nem oitenta. O Benfica jogou surpreendentemente bem, sim, mas apenas bem; e o Braga acabou esmagado pela tremenda eficácia dos encarnados - sempre que tentou reagir não foi capaz de equilibrar.
É bom lembrar, aliás, que podia o Braga ter feito o 1-1 por mais de uma vez; que sofreu o 0-2 quando estava mais próximo do nível do Benfica e o 3-0 logo no arranque da segunda parte, reduzindo três minutos depois para tentar reentrar no jogo e sofrendo novo golo (4-1) apenas mais três minutos decorridos. O golpe final.
Depois, em quatro minutos, o Benfica faz 5-1 e 6-1 e o Braga rende-se à inesperada evidência de ver o Benfica ser premiado com a lotaria de Natal.
Do lado dos encarnados, deu para tudo, até deu para Grimaldo fazer um golo com o pé direito e André Almeida um com o pé esquerdo, naquele que foi uma espécie de golo da noite que ninguém, no estádio, queria acreditar que fosse acontecer mesmo quando André Almeida lançou intencionalmente o pé esquerdo àquela bola que vinha, pelo ar, para a entrada da área, aliviada por um defesa do Braga, como se ninguém acreditasse que André Almeida fosse capaz, dali, de fazer um golo com o pé direito quanto mais com o esquerdo.
A verdade é que, quando se deu por ela, a bola estava dentro da baliza do Braga, após entrar rigorosamente no canto em que a trave se une com o poste. Miraculoso.

O quê? Grimaldo marcou com o direito e André Almeida com o esquerdo? E o Benfica fez pressão alta? E reagiu rápido à perda de bola? E envolveu quase sistematicamente três, quatro, cinco jogadores no ataque à baliza do Braga?
Mas o que é que deu, afinal a este Benfica para, subitamente, fazer quase tudo ao contrário do que andava a fazer?
O que se passará, afinal, para o Benfica não conseguir jogar mais vezes como jogou com o Braga? Porque não consegue ser mais constante? Falta-lhe confiança? Falta-lhe preparação? Falta-lhe mais trabalho?
Ou é só do treinador e da mão que tem, ou não tem, para organizar o jogo da equipa, construí-la e ir tomando as respectivas opções?
Pelo menos Jardel, agora o capitão, e André Almeida - que acredito que seja figura importante no balneário - quiseram mostrar afinidade com o treinador e de algum modo protegê-lo um pouco, aos olhos de quase 60 mil pessoas na Luz, de toda a pressão sofrida por Rui Vitória sobretudo nos últimos dois/três meses.
Se não quisessem mostrar que estão com o treinador não teriam Jardel e André Almeida (ainda por cima dois dos mais antigos no balneário) ido a correr para os braços de Vitória quando fizeram os seus golos.
Mas será isso, mais a defesa de Vitória feita também por jovens jogadores da casa como Rúben Dias ou Gedson, suficiente para mudar o tom das criticas que se têm abatido sobre o treinador do Benfica? Não creio. É preciso que a equipa jogue, é preciso que mostre muito mais o futebol que mostrou com o Braga, é preciso que dê muito mais do que tem dado a ideia de ser uma equipa trabalhada, coesa e consistente.
Caso contrário, saberá Rui Vitória o que o espera. Porque a ganhar mal e a perder como chegou a perder, Rui Vitória já dificilmente reconquistará adeptos só pelos resultados. E muito menos pelo discurso.
Veremos o que lhe trará 2019!"

João Bonzinho, in A Bola

Vitória nos Açores...

Terceira 64 - 101 Benfica
13-32, 13-26, 20-20, 18-23

Chegámos à 'centena' num jogo onde o Xavi parece estar a ganhar ritmo (5 desarmes de lançamento)... sem o Cantero que não saiu do banco, e ainda sem o Barroso e o Cláudio...

Emoção e incerteza até final

"Com o empate o jogo assumiu nova forma: o Aves a arriscar e o Benfica a gerir o tempo

Intensidade concentração
1. O futebol é um jogo estratégico/táctico desenvolvendo acções técnicas individuais e colectivas num ambiente psicológico e fisiológico positivo. Esta partida revelou a essência do jogo: intensidade, concentração nos objectivos, velocidade decisional e de deslocamento, pressão constante sobre a bola, adversários ou nos espaços vitais de jogo, alterações na organização das equipas, substituições, emoção e incerteza no resultado até ao final.

Modelo de jogo e de treino
2. Todos os treinadores e equipas objectivam a concretização de um modelo de jogo, denominando-o de identidade. Porém, para cada jogo, utilizam o conhecimento do adversário, congeminando alterações pontuais perante as condições que plausivelmente se irão verificar. Consequentemente, modelo de jogo e de treino são duas faces de uma mesma moeda.

Alterações nos onzes
3. Em função da densidade e do momento competitivo, os treinadores efectuam alterações, colocando jogadores que, não tendo tanto ritmo de jogo, possam contribuir para os objectivos da equipa mantendo os mesmos níveis de rendimento. Logo, tanto o Aves como o Benfica, em função das mesmas ou diferentes razões, realizaram alterações. Assim, não é de admirar a alteração dos guarda-redes (Bernardeau/Svilar), da estrutura defensiva (Jorge Fellipe/Yuri Ribeiro), média (Falcão) e ofensiva (Derley/Seferovic).

Aves melhor
4. O Aves dispõs das melhores ocasiões da 1.ª parte, usando um bloco defensivo alto, baixando quando o Benfica conseguia ultrapassar as linhas de pressão, tendo como referências Falcão, Oliveira, Gomes e Fellipe. A dinâmica ofensiva do Aves residiu na transição ofensiva com 3 referências: Amilton, Derley e Baldé. Respondeu o Benfica com um jogo ofensivo rápido, qualidade técnica, jogando à largura e à profundidade, destacando-se Zivkovic, Gedson e Pizzi.

Jonas mudou
5. Ao golo do Aves respondeu o Benfica, recorrendo a Jonas e utilizando um sistema de 4x4x2 aumentando o volume de jogo ofensivo. O Aves baixou os seus sectores, mantendo a sua transição ofensiva em profundidade. Restabelecida a igualdade, o jogo assumiu uma nova forma, com o Aves a arriscar o que era possível, enquanto o Benfica geriu o tempo e o resultado de jogo."

Jorge Castelo, in A Bola

Grunhos no futebol

"A notícia estava no JN de ontem e resume-se em poucas palavras. O líder dos "Panteras Negras" e mais quatro elementos da claque do Boavista foram acusados pelo Ministério Público por terem espancado cinco funcionários e destruído parcialmente um restaurante açoriano.

Três deles estão em prisão preventiva e as fotografias de duas mulheres agredidas não deixam dúvidas sobre a violência exercida.
Seria um assunto da esfera exclusiva da justiça, não fosse o caso de ontem, no discurso de tomada de posse, o novo presidente do clube ter optado por atacar este jornal e, mais curioso ainda, defender os agressores. "Hoje faltam-nos aqui três elementos da nossa família. Se Deus quiser e a justiça for justa dentro em breve estarão connosco", afirmou Vítor Murta, concluindo com um pedido à assistência: "Uma salva de palmas para eles".
2018 foi o ano em que o país assistiu incrédulo à invasão da Academia de Alcochete e viu os jogadores do Sporting fotografados com lesões causadas por membros da claque. E em que as agressões a árbitros não pararam de aumentar, com contornos rocambolescos como quando, no início de dezembro, uma equipa de arbitragem foi emboscada por causa de um suposto penálti não assinalado num jogo distrital de juniores em Fafe.
Quem gosta de futebol só pode condenar a violência. Defender os adeptos e a segurança do espectáculo deveria ser uma prioridade inequívoca dos dirigentes. Inacreditável é que quem se inicia à frente de um clube com a história e relevância do Boavista prefira semear ventos e odes à violência. Isso, ao contrário do que afirmou Vítor Murta, não é ser "politicamente incorrecto". É ser incendiário, inconsciente e moralmente responsável se adeptos do Boavista causarem, nos próximos tempos, idênticos danos aos que semearam em Ponta Delgada. De grunhos e criminosos, está o futebol farto."


PS: Coragem para denunciar os grunhos dos Corruptos é que é mais complicado, certo?!!!

O desporto salva-vidas

"Vivemos na era da mobilidade, mas nem sempre voluntária… a cada dois segundos, alguém tem de fazer as malas – alguns nem sequer isso – e deixar para trás o seu país sob grande ameaça. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revela que, dos 68,5 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, 25,4 milhões são refugiados, 40 milhões são deslocados internos e 3,1 milhões requerentes de asilo.
Apesar de as migrações estarem na base das sociedades como as conhecemos – a multiculturalidade sempre foi um desafio entre os povos –, só actualmente, quando os refugiados começaram a bater às nossas portas, é que despertámos para a urgência de a Europa recuperar o seu papel de liderança dos direitos humanos. Repentinamente, tivemos de nos mobilizar para salvar vidas, descobrir recursos, mobilizar vontades, envolver os cidadãos, criar redes de resposta para o acolhimento e integração de milhares de pessoas que no seu êxodo chegam até nós.
É neste cenário humanitário de enorme complexidade que acreditamos no valor social do desporto, como uma ferramenta com elevado impacto no combate às inúmeras formas de exclusão social, política, cultural e económica que marcam o panorama de conflitos e tensões do mundo global. O desporto e, em particular, o olimpismo têm um legado de solidariedade e respeito que é cada vez mais vital quando se trata de promover a coesão social e criar laços entre os diferentes membros da comunidade.
O desporto exerce uma atracção mágica nas pessoas – é uma actividade humana natural que nos envolve e nos pode integrar. É uma linguagem universal baseada no respeito pelas regras e igualdade de participação. Quando correctamente utilizado promove o fair play, a receptividade, a persistência, o desafio e a interacção. Fortalece a amizade, criando elos mais fortes, e desafia a excelência para darmos o nosso melhor no jogo, na vida, na construção de um mundo melhor e mais pacífico. 
Integrado no quadro de medidas da agenda migratória europeia, “Viver o desporto, abraçar o futuro” é o nome e a mensagem do projecto que o Comité Olímpico de Portugal desenvolve para o acolhimento de refugiados, onde o desporto é o elemento catalisador da integração de refugiados na comunidade portuguesa.
É este o desafio que temos em mãos: sermos exemplares na hospitalidade para combater a hostilidade, o medo e a violência. Para isso é necessário mobilizar a sociedade civil, envolvendo atletas, clubes, federações, escolas, autarquias para proporcionar um futuro de esperança àqueles que querem iniciar uma nova vida em Portugal.
E, porque Juntos Somos Mais Fortes, estamos todos convocados!"

sábado, 29 de dezembro de 2018

Cadomblé do Vata (Silêncios...)!!!

"Bruno Simões foi ao Estádio da Luz ver o SLB enfardar meia dúzia no SC Braga e no regresso a casa talvez ainda inebriado pelo fartote de golos, distraiu-se, levou com um paralelepípedo nos dentes em plena A1 e está agora muito mal tratado no hospital. Esta é a versão leviana, jocosa e desrespeitosa do incidente. Infelizmente é também a visão oficial das autoridades desportivas e civis do que aconteceu.
Volvida 1 semana desde que o adepto do Glorioso foi vítima do infame ataque, o silêncio das instâncias reguladoras do futebol já é épico. Imagino até que na Liga e na FPF haverá quem queira comentar, não o fazendo apenas porque o anjinho sentado no seu ombro lhe vai sussurrando ao ouvido "tu não te desgraces, carago". Pergunto-me até, onde andam esses tais arautos da verdade desportiva que tanto penam pelo bom ambiente no desporto cá do burgo, alguns deles letrados autores de impunes epopeias criminosas em estações de serviço da mesma estrada onde o pobre Bruno teve um encontro imediato com a estupidez clubística, que como tal os tornaram vozes respeitadas em seminários contra a violência no desporto.
Ninguém parece realmente interessado em abordar as causas do incidente. Preparo-me psicologicamente para aceitar a explicação de que se tratou de uma rixa rodoviária, uma prioridade não concedida pelo autocarro, uns quilómetros em que o agressor andou a levar com os máximos do pesado de passageiros no espelho retrovisor ou um dedo médio com mola a responder a uma buzinadela. Dirão que Bruno Simões foi vitima do acaso, estava no sítio errado à hora errada e o emblema do SLB que trazia ao peito do casaco ensanguentado será apenas um pormenor. Não se vai relacionar o cachecol que testemunhas viram no carro criminoso, nem se vai olhar para a coincidência de a Casa do Benfica de Barcelos ser vizinha da Casa do Benfica de Braga que anualmente bate recordes de vandalização.
A menos que a Brisa consiga demonstrar que não há grandes probabilidades de encontrar pedras na berma da A1 à noite para apedrejar 2 vezes o mesmo autocarro, e que haja o decoro de não tentar passar por normal, o hábito de transportar inertes no carro, como se de lastro de caravela se tratasse, dificilmente alguém vai admitir que a viatura que transportava os adeptos do Glorioso foi mais uma vítima de crime organizado assumido e impune. O mesmo que estraçalhou em 2010 o autocarro do Benfica à chegada ao Dragão e cujos líderes estão filmados e fotografados em rixas com uns tais de casuals no dia de um FCP - SCP, poucos anos antes de serem pagos pela FPF para irem apoiar a selecção portuguesa a França.
No fundo, o único facto que ainda está por identificar se foi propositado ou acaso, é o destino das pedras arremessadas. Será que os passageiros eram o objectivo ou foram vitimas colaterais de má pontaria de quem pretendia acertar no condutor. O silêncio das instâncias é vergonha pelo que aconteceu ter antecedentes com criação "oficial" ou alívio por não estarmos hoje a tratar de uma tragédia maior?"

Um relógio de flores

"Colva - Enquanto o estranho pato preto mergulha, para se manter debaixo de água, às vezes quase meia hora, olho as lótus brancas que se espalham pela superfície e relembro a história antiga: a lótus vermelha abre as suas pétalas de manhã cedo, quando os camponeses vão para o trabalho, e fecha-as ao meio-dia quando eles se recolhem para o almoço; a lótus branca abre as suas pétalas ao início da tarde quando o trabalho dos camponeses recomeça e fecha-as quando anoitece e eles regressam a casa. Os camponeses de Goa trabalham à medida das horas de um relógio de flores.
Agora, a lua cheia estende-se sobre a imensidão da praia e do mar. “I’m feeling so alone that I can’t believe”, canta o David Gray no roufenho aparelho de som do Boomerang Bar ao qual a gente se habituou a chamar Malibu Beach. A clientela reduz-se a aves de arribação sem poiso certo: um australiano de cabelo longo, cara marcada por cicatrizes e gestos indecisos de álcool; um inglês gordo que explica alto coisas que ninguém entende; figuras abstratas, personagens incompletos de uma história ainda por escrever. Sob as sombras estreladas dos coqueiros, duas silhuetas femininas repetem as curvas e contracurvas do ritmo da música vagarosa. Absorvem-se uma na outra e em si próprias. Traços negros que a lua destaca na areia esbranquiçada, movimentos em “slow motion” que espreitamos na certeza absoluta de que um gesto, apenas um gesto, fará desaparecer sem retorno. Há na sua timidez a suave beleza das imagens escondidas. “I’m feeling so alone that I can’t believe”. Os braços levantados sobre as cabeças, os saris disfarçando as curvas dos corpos, as mãos desenhando Esses que o requebros das ancas repetem até aos pés. “Time after Time after Time...”. Debaixo da lua cheia, sob a protecção dos coqueiros, duas silhuetas dançam a canção da Índia..."

Vermelhão: a caminho de Braga...

Aves 1 -1 Benfica


Qualificação sofrida, tal como seria previsível... Se alguém estava à espera de nova goleada, não conhece o Tugão...!!!

Com um relvado irregular, e sem os nossos principais desequilibradores: Jonas... e Grimaldo (!!!), o nosso ataque tornar-se ainda mais previsível... E sem velocidade e criatividade, tornar-se complicado! E com um adversário bem mecanizado no contra-ataque (não conseguimos 'matar' os contra...), o jogo ficou perigoso...

Além disso o Aves não é o Braga!!! O Braga é 'melhor', mas tenta jogar 'à bola', a estratégia defensiva do Aves é simples: dar pancada!!! Sempre que um jogador do Benfica, ganhava qualquer tipo de vantagem, era 'bater' e 'bater' e 'bater'!!! Simples... Aliás os nossos jogos, contra este tipo de equipas estão a tornar-se repetitivos: Setúbal, Marítimo e agora Aves, só para recordar os últimos três... foram quase todos iguais!!!
Hoje, com um apitadeiro com vergonha na cara, pelo menos 3 jogadores do Aves tinham sido expulsos (Vítor Gomes, Fellipe e Fariña)... além do inacreditável penalty não assinalado sobre o André Almeida (sofre duas faltas na mesma jogada: rasteirado e empurrado)!!! O facto do Cervi e o Gedson terem terminado o jogo sem uma perna partida, é um milagre... Aos 20 segundos de jogo, já estava o Seferovic a ser varrido pela raiz!!!
E este tipo de impunidade, tem um impacto enorme na forma como as partidas decorrem... Não são só, os lances específicos, os cartões, os penalty's... etc... dá uma 'força' enorme à equipa inimputável, e intimida a equipa que quer jogar futebol!!!
Veja-se a forma como o Derley 'protegeu' a bola dezenas de vezes neste jogo, em condições 'normais' metade daquelas jogadas, seriam assinaladas faltas ofensivas...; o lance do penalty sobre o Almeida, não deu golo do Aves no contra-ataque porque os Avenses foram azelhas...!!!

Estamos na Final Four, só amanhã saberemos se o adversário será os Corruptos, ou outro... Estamos numa série de jogos muito complicada, Portimão, Rio Ave na Luz, viagem a São Miguel e logo a seguir a Guimarães, com Taça de Portugal também em Guimarães pelo meio... e depois esta Meia-final... Muitos jogos de grau de dificuldade alto... A começar, por Portimão, com um autêntico Corruptos B, e não é preciso ser profeta, para perceber que vamos ter outro jogo, onde vai valer tudo...!!!

No e-toupeira funcionaram as instituições

"Houve curiosos derrotados no e-toupeira que não sendo partes processuais se apressaram a lamentar como se deles fosse o processo. Ou será que era? Ou será que sempre foi?

A vitória sobre o SC Braga no passado domingo, pelos números e pela exibição, foi um anti-depressivo natalício para o universo benfiquista. Foram três pontos que demonstraram que o Benfica pode ser de longe a melhor equipa da Liga. Nos jogos contra Vitória, Sporting, FC Porto e SC Braga foi de longe superior e mostrou ser melhor. Mas será campeão não a melhor equipa, mas a mais regular, e por isso exige-se consistência em todos os jogos para permitir uma sólida candidatura ao 37.º título de campeão nacional.
No jogo frente ao SC Braga houve uma demolidora atitude competitiva que fez acreditar na séria possibilidade de alcançar os objectivos esta época. Contra um SC Braga de topo, que tentou jogar no campo todo, houve sempre um Benfica superior que o resultado de 6-2 mostrou esclarecedor.
Hoje jogamos na Vila das Aves contra uma equipa perigosa e motivada. Há jogos importantes e há jogos decisivos. Hoje na Aves é decisivo, não há lugar para o erro, nem segunda oportunidade, hoje temos que colocar o Benfica a 180 minutos de um título que queremos vencer. Ficar hoje a pensar em Portimão é meio caminho para não correr bem nem hoje, bem em Portimão. Pelo contrário, entrar hoje à Benfica é meio caminho para resolver hoje e vencer na quarta no Algarve um jogo cheio de ratoeiras.
O Benfica não venceu por 30-0 o processo judicial vulgarmente designado e-toupeira apenas viu as suas justas e correctas pretensões serem conferidas pelo tribunal. Funcionaram as instituições e esclareceu-se aquilo que já ninguém duvidava. Mas se o Benfica não venceu, houve curiosos derrotados, que não sendo partes processuais se apressaram a lamentar e comentar como se deles fosse o processo. Ou será que era? Ou será que sempre foi? Se como se suspeita era assim, então todos esses que fazem pouco do sistema judicial perderam por 30-0, vencidos e esmagados pelo estado de direito.
Por deformação profissional, nunca comento processos judiciais dos quais não sou mandatário, mas não resisto a comentar lastimáveis comentários terceiros que quiseram depois da decisão tomada assumir o papel de emplastro da derrota na fotografia. Fica o ar choroso de quem fazia os directos do tribunal, e fica também o ar triste dos tristes que comentaram a decisão.
No Benfica queremos ganhar campeonatos dentro dos campos e não festejar despachos nem sentenças."

Sílvio Cervan, in A Bola

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Idiotas...

"É uma pena que o sucedido com o adepto Bruno Simões não esteja a ter o impacto mediático que merecia. Não me espanta. Há muito tempo que denuncio, a existência, em certos meios informativos, de uma estratégia para causar danos na reputação do Benfica e dos adeptos do Benfica. Colocá-los na pele de vítimas não é bom para o negócio e muito menos para essa estratégia de desgaste do clube e dos seus adeptos. Só assim se justifica que alguns cartilheiros que estão bem identificados tentem justificar o que se passou na A1 com um problema de moralidade, num clube que já enfrentou problemas de extrema gravidade com actos criminosos de alguns dos seus adeptos. Porém, essa gente que escreve nos jornais e devia estar obrigada a um dever se isenção esquece alguns pormenores relevantes. Primeiro, que nos casos identificados de violência de adeptos do Benfica, houve crime e castigo. É assim que deve ser num Estado de Direito. Nos vários e repetidos crimes dirigidos contra adeptos benfiquistas, a sua equipa de futebol profissional ou até o seu presidente, houve crimes...de resto, nem castigos, nem culpados, nem responsáveis. Só impunidade.
Além do mais, ao questionar a moral do Benfica para reclamar uma actuação das autoridades, quem o faz está a enviar um sinal. O de que podem agredir e até tentar matar os adeptos do Benfica, porque, no fundo, o clube deve ser responsabilizado pelos crimes dos seus adeptos. Isto não é argumento sério. É um argumento idiota e tão criminoso como o acto de atirar pedras aos autocarros onde viajam adeptos do Benfica. Infelizmente é o que temos em alguma comunicação social. Verdadeiros tarados do ódio clubístico que andam a brincar com o fogo. Não é difícil identifica-los. Porque eles andam aí e o combate à violência no desporto também passa por combatê-los e, se possível, erradicá-los."

Uma Taça para honrar

"Seguir em frente e continuar a fazer história numa competição onde, até ao momento, não tem rival à altura. É este o desafio que se coloca ao Benfica no jogo de hoje à noite na Vila das Aves.
A hegemonia do nosso clube na Taça da Liga (agora Allianz Cup) é um caso de estudo: 7 títulos conquistados em 11 edições disputadas. V. Setúbal, Sp. Braga, Moreirense e Sporting têm uma vitória cada.
Os números impressionam e atestam bem a seriedade com que o Benfica abordou a Taça da Liga desde a primeira hora: 48 jogos, 41 vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas. Ou seja, 85% de jogos ganhos em toda a história da prova.
Nunca existem, no entanto, vitórias por antecipação. É por isso que a deslocação a Vila das Aves é encarada como mais um duro teste neste mês de dezembro – que, até ver, está a ser um sucesso absoluto: a equipa venceu os sete jogos que disputou e tem agora a oportunidade de fechar 2018 com chave de ouro. É o passo que falta para o Benfica entrar no novo ano a lutar em quatro competições. Bom 2019!

PS: Em Itália, a justiça desportiva acaba de castigar o Inter de Milão com dois jogos à porta fechada por insultos racistas dos seus adeptos contra Koulibaly, senegalês do Nápoles. Em Portugal, os autores do cântico “filhos da p... SLB” que escutamos há vários anos (sempre no mesmo estádio) continuam a rir-se dos conselheiros que se sentam na Cidade do Futebol."

Quando entra frio ou... sai asneira

"Falta menos de uma semana para abrir a janela do mercado de Janeiro. É uma daquelas janelas, onde raramente entra uma luz. Aliás, nestas famosas janelas de Janeiro, atendendo às circunstâncias em que clubes aflitos procuram o milagre de uma nova estrela que os guie às mais esplendorosas vitórias e em que clubes com equipas estabilizadas acabam por não resistir à tentação de trocar a segurança e a solidez de um projecto por um punhado de euros, salvo honrosas excepções, ou entra muito frio ou sai asneira.
Mesmo assim, os alegres gestores de muitos dos nossos queridos clubes (e não só) aliam-se dos contentes gestores de carreira dos jogadores e fazem do primeiro mês do ano um mercado aberto com negócios fechados. Sobram quase sempre em comissões o que acaba por faltar em lógica, em critério, em planeamento, em racionalidade. No entanto, o povo do futebol não só não lamenta os excessos e a ausência de rigor das escolhas em saldos, como até aplaude com o vigor próprio de quem se acha revigorado na esperança sem ter de depender ou chavo do seu bolso.
Não serei eu a negar, porém, o aproveitamento da oportunidade. Uma vez que ela existe, pois que se transforme num trunfo. O que eu alerto é para a exibição a céu aberto de uma prática repetida de falta de profissionalismo, quando não, mesmo, de falta de vergonha. O futebol desperta muitos interesses, o menor dos quais não é o económico. Daí que as compras e vendas de jogadores de torne um negócio apetecível e nem sempre pelas melhores razões. Nesta fase, as contratações devem ser particularmente cirúrgicas, precisas, rigorosas."

José Manuel Delgado, in A Bola

Chumbos!

"Sporting e SC Braga 'desceram à terra': muito duro e violento. Intenso brilho do Benfica (surpresa em hora H!) e de renascido Vitória

A 3 passadas do final da 1.ª volta, a anterior jornada foi muito curiosa: confrontos entre os 6 primeiros classificados (Rio Ave deixou de sê-lo). Por isso, teve extra de expectativa e importância. Não tanto o FC Porto - Rio Ave, porque no Dragão; muito especialmente em teste Benfica e SC Braga (directo despique com máxima ambição), Sporting e V. Guimarães (frente a frente potenciando definição de capacidades: um para conquista do título; o outro visando recuperar terreno, rumo ao objectivo 4.º lugar, campeão dos não grandes). Duros testes não se ficaram por meias tintas; houve rotundos chumbos e passagens com altas notas.

Chumbo n.º 1: Sporting. Pressentia-se ir ser o primeiro osso muito duro de roer no caminho do novo Sporting de Marcel Keizer. Vitaminado estava: só triunfos (8), 32 golos marcados, média de 4 por jogo! (mas também 9 sofrendo!...). No entanto, quanto a mim, fortes dúvidas se mantinham, suscitadas por passadeira verde: 5 jogos em Alvalade, e perante equipas com fraco peso (Chaves, Aves, Poltava, Nacional - ligeira excepção para Rio Ave, na Taça de Portugal). Nos 3 em casa alheia, houve peras dulcíssimas: Vildemoinhos e Qarabag... Ou seja: em 8 jogos, só o de Vila do Conde, para o campeonato, subiu no grau de dificuldade (muito bem superado). Teste perigosíssimo era o de Guimarães (vitorianos em notória escalada de rendimento: para além de terem pregado susto ao Benfica - 3-2, na Luz - e de terem ganho no Dragão - 2-3! -, 8 jornadas a fio sem derrota). Deu chumbo sportinguista - contundente, porque claríssimo! O Vitória foi sempre muito melhor equipa. Aplaudo Marcel Keizer, pela sua honestidade: não inventou desculpas, viu o jogo como todos vimos... - raridade nos nossos treinadores - e «temos de agradecer ao Renan por ser só 1-0». Cristalina verdade: mão cheia de grandes defesas, evitando goleada! Contraste: Douglas só uma vez teve de entrar em campo...
Dura descida à terra. Quiça mais preocupante que a derrota: firme bloqueio a Bruno Fernandes e a Bas Dost liquidou a linha de futebol sportinguista. Ausências de Nani e de Wendel notaram-se imenso - o que agrava ideias quanto a plantel...

Chumbo n. 2: SC Braga. Inesperadíssima goleada! Vencera Sporting e, com espectacular personalidade, exibira-se em grande nível no Dragão (derrota por tremendo azar: golo aos 90+3, depois de enviar 2 remates aos ferros). Que lhe dei frente ao Benfica?! Árdua eliminatória da Taça, triunfando em Setúbal, 4 dias antes, não justifica tal caos (Abel fez muito bem em tal não invocar). Dia péssimo acontece a muito boa gente. Imediato teste: nível de reacção e tão violento golpe. Certeza: na Luz, o SC Braga jogava tudo para manter quimera do título. Desaire - mesmo que fosse tangencial - deixa-o ultrapassado pelo Benfica e, sobretudo, a 6 pontos do FC Porto. Naturalíssimo adiamento do tão lindo quanto dificílimo sonho de António Salvador. SC Braga - bom plantel, mas não chegando aos de topo - a discutir pódio do campeonato e conquista de Taças já é muito bom!

Brilho: Benfica e V. Guimarães. Espectacular ressurgimento benfiquista, categórica confirmação de escalada vimaranense. Mau grado as facilidades que o SC Braga concedeu, muito mérito na exibição do Benfica. Veio dela substancial parte dessas facilidades. Alta qualidade, porque desta vez expressa em sistemático alto ritmo. Surpreendente, por tão conta a corrente dos últimos meses, foi! E, face ao que vinha sendo habitual, enorme contraste em matéria de eficácia! - galvanizando a equipa. Durante muito tempo, o Benfica criava inúmeras oportunidades de golo (não nos últimos jogos) e acertar na baliza era martírio. Em hora H - duelo crucial, afundando-se se não vencesse! - inspiração goleada chegou, e às catadupas! Nem tanto ao mar, nem tanto à terra... Os próximos episódios dirão.
Novo V. Guimarães está sendo excelente trabalho (mais um) de muito bom treinador: Luís Castro. Venceu no Dragão, vai agora em 9 jogos sem derrota. Pegou no Sporting, anulou-lhe os maiores trunfos, destrui-lhe organização, foi tão convincente que poderia ter goleado! Óbvia meta (difícil!): discutir especialíssimo título com eterno rival minhoto."

Santos Neves, in A Bola

Futebol

"Infelizmente o futebol internacional e português não vão por bons caminhos. O futebol precisa de estar em mãos sensatas, o futebol português tem mais jogos fora do campo do que dentro do campo. Há casos para todos os gostos e cor futebolística.
Gianni Infantino, presidente da FIFA, teve o desplante de tomar a decisão ridícula de proibir as televisões de focar mulheres belas e atraentes de forma a não tentar espectadores masculinos que estavam no estádio, no último Mundial. Nunca entendi tal atitude, o belo é para se ver, ao contrário, não viu inconveniente de focar e dar grandes planos de mulheres feias, nem de homens bonitos e feios. A Taça Libertadores teve que ser jogada fora da Argentina e jogou-se em Madrid que viveu momentos tensos, mais parecendo uma zona bélica com enormes medidas de segurança.
Em Portugal, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes tem cumprido sem fazer ondas, todavia alguns presidentes de clubes deveriam era fazer as malas e darem o lugar a outros. Queixamo-nos que a justiça portuguesa não funciona na política, que é muito difícil haver culpados e responsáveis, todavia o futebol vai pelo mesmo caminho. O ónus da prova é uma miragem, eles sabem fazê-las.
Programas de futebol, em versão comentários, têm um tempo de antena, quase obsceno que vai para lá de um jogo de futebol que tem 90 minutos. O comentário desportivo passa unicamente pelo futebol, parece outro jogo para além dos 90 minutos, em que se fala de tudo e mais alguma coisa, por vezes, a discussão chega a vias de facto com ofensas, ataques pessoais, abandonos e uma verbalização que faz corar qualquer menino do coro. É inacreditável o tempo de antena de "jogadores de boca" que proliferam nos canais de televisão portugueses. Eu não tenho dúvidas que cada vez menos portugueses vêem este tipo de programas. Eu deixei de o fazer há muito tempo, para preservar a minha saúde mental.
Gosto de ver um bom jogo de futebol, faço os meus comentários, analiso, opino e discuto com o meu filho, no final acabou e a vida segue em frente.
O futebol serve-me para me distrair e passar um bom bocado de tempo.
Todavia o desinteresse do futebol tem-se vindo a agravar pelo receio de se ir aos estádios e pelo clima bélico entre adeptos de vários clubes, principalmente do Porto, Benfica e Sporting.
Não podemos ignorar também o preço dos bilhetes que favorece quem é sócio, quem esporadicamente gosta de ver um bom jogo de futebol é muito penalizado. Por exemplo, eu gostava de ir ver o Porto- Roma, mas como não sou sócio do Porto o bilhete tem um preço exorbitante. 
Vivemos numa sociedade de fidelização quem não o faz paga por isso.
Por outro lado, acho que há jogos de futebol a mais e em dias seguidos da semana. A televisão assim o impõe. Há semanas que os jogos começam numa sexta-feira e vão até segunda-feira. Quando os jogos eram ao domingo de tarde eram muito mais interessantes e toda a família poderia acompanhar, deste modo, não havia a bebedeira de futebol durante a semana, em que se houver Liga Europa e Liga dos Campeões há futebol quase todos os dias da semana.
A nível de televisão o futebol ocupa o espaço mediático quase todo, há jornais desportivos diários: Record, Bola e o Jogo.
Se for avante uma Superliga europeia os grandes jogos também vão perder o interesse.
A nível nacional temos a Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga, mais com jogos da Liga dos Campeões e da Liga Europa, mas não nos ficamos por aqui, pois temos os jogos de apuramento para o campeonato europeu e a seguir o apuramento para o mundial, por fim, os jogos amistosos. Este ano ainda tivemos a Liga das Nações que estamos apurados para a fase final. Acho que há futebol a mais e tudo que é em demasia, perde a graça, cansa, satura e leva ao desinteresse.
O Salazar se fosse vivo, para distrair o povo não faria melhor."