sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Mentiras sem vídeo

"1 - Imediatamente após o jogo de Guimarães, um comentador da SIC Notícias considerava medíocre a exibição que o Benfica acabara de realizar. Segundo ele, o resultado era mentiroso, e não reflectia o que se passara em campo.
Olhei para a box para confirmar se a emissão estava em directo, ou se se tratava de uma gravação após qualquer outro jogo. Incrédulo, verifiquei que era em directo. Certamente pago para ali estar, o homem mentia olimpicamente a todos os que não tinham tido oportunidade de ver a partida. Na pior das hipóteses, pretendia evitar que o rescaldo de uma boa exibição pudesse catapultar o Benfica para uma certa normalidade - que é como quem diz, para um renovar das aspirações ao Penta. Na suposição mais benigna, tratava-se de alguém totalmente incompetente para analisar um jogo de futebol. Em nenhum dos casos poderia, ou deveria estar ali.
Com raras excepções, o comentário futebolístico em Portugal situa-se próximo da indigência, que em termos de conhecimento de jogo, quer no plano comunicacional. As TV parecem privilegiar quem grita, esbraceja, ou tem mais graça, ignorando o essencial: transmitir o que se passou, ou ajudar o espectador a interpretar os acontecimentos. Prevalece a forma, despreza-se o conteúdo. Até ao dia em que sejam os telespectadores a desprezá-los a todos.
2 - Um penálti por assinalar a favor do Benfica, dois penáltis por assinalar contra o FC Poto, um penálti a favor do Sporting precedido de falta, e um golo mal anulado na baliza do Rui Patrício. Tudo isto se passou numa só jornada, com o vídeo aparentemente desligado. Será isto que eles querem?"

Luís Fialho, in O Benfica

PS: Para satisfazer a curiosidade aos curiosos, o tal comentador chama-se: Joaquim Rita!

Web Summit

"Domingos Soares de Oliveira, Júlio César e Mile Svilar foram os representantes do Sport Lisboa e Benfica na Web Summit 2017, a maior conferência mundial de tecnologia, que se realizou em Lisboa, nesta semana. A imagem de um clube moderno, inovador e virado para o futuro foi garantida e sublimada por estes três altos quadros do maior clube português. Se dúvidas houvesse acerca da força da marca Benfica e da nova faceta do nosso clube, a presença do CEO e de duas das maiores estrelas do plantel tetracampeão nacional são a melhor prova disso mesmo. Quando o presidente Luís Filipe Vieira fez da profissionalização do Sport Lisboa e Benfica uma das suas principais bandeiras, durante os 14 anos de liderança, ele sabia bem o que pretendia.
Seja na Web Summit, seja em qualquer iniciativa marcante, a verdade é que temos quadros altamente preparados para estar nos principais palcos europeus e mundiais.
À hora de fecho desta edição, terça-feira à noite, todos desconhecemos o que disse o presidente na importante entrevista à BTV, ontem. Não era difícil prever que o presidente responderia a todos as questões mais complexas da actualidade, mesmo as mais desconfortáveis. Luís Filipe Vieira é um homem transparente, frontal e muito determinado.
O seu sonho de transformar o SL Benfica num dos clubes mais poderosos da Europa mantém-se, e todos iremos perceber, mais uma vez, aquilo que o move e leva a viver a instituição 24 horas por dia - servir a nunca servir-se do Clube. A faceta que mais impressiona em Luís Filipe Vieira é o inconformismo. Apenas sei que a entrevista vai dar muito que falar."

Pedro Guerra, in O Benfica

A entrevista

"Escrevo este texto antes da ocasião da entrevista do Presidente Luís Filipe Vieira a Hélder Conduto, na BTV. Historicamente, os Presidentes do Benfica não dispersam o verbo, como sempre se tem visto acontecer noutros clubes até à náusea, e, cumprindo essa tradição, o nosso Presidente tem contido cada vez mais as suas comunicações públicas, normalmente reservadas agora para os momentos de Família em que os Benfiquistas celebram as suas próprias forças e virtudes ou reflectem sobre o presidente e o futuro.
Normalmente ouvimos a palavra do Presidente nas Casas do Benfica, nas Assembleias Gerais do Clube e, ainda que mais brevemente, no Marquês de Pombal, e esses são, sem dúvida, conforme a evolução a que temos assistido nos últimos anos, os verdadeiros lugares sagrados para as declarações mais significativas. Para mim, felizmente que o Presidente Luís Filipe Vieira cada vez menos partilha com outros os segredos da Mística Benfiquista: defenso há muito tempo que a maior relevância no contacto do Presidente com a opinião pública consiste na relação directa e prioritária com os Sócios e adeptos do Sport Lisboa e Benfica e por isso, deve privilegiar - se não, mesmo, ser exclusivo - aos jornalistas dos nossos órgãos de comunicação e, em especial, ser absolutamente reservada à BTV, que, de facto, constitui a locomotiva de informação de toda a galáxia do Benfica.
Somos sistematicamente atacados e vilipendiados nos órgãos de comunicação generalistas de TV, de rádio e da imprensa, e as próprias folhas dedicadas à informação desportiva, quando o nosso Presidente lhes concede ensejo, não hesitam em pretender ser elas a definir as agendas dos seus interesses mais ou menos privados, para tentarem estabelecer conceitos e propósitos que, afinal, são cada vez mais ocultos.
Perante a serena convicção e a virtuosa força que nos tornou mais poderosos, a história da inveja e da cobiça dos menores repete-se agora, com uma desfaçatez nunca vista e com uma violência comunicacional absolutamente despropositada e inaceitável. Por isso, também por isso, não podia ser mais oportuna esta entrevista do Presidente Luís Filipe Vieira ao jornalistas Hélder Conduto, diante das câmaras da BTV."

José Nuno Martins, in O Benfica

Jonas e as experiências

"Jonas não é, na verdade, aquele ponta de lança para jogar mais fixo. Mas será que o são Raúl Jiménez ou Seferovic?

muito que se percebia que Jonas pudesse transformar-se num problema para o treinador do Benfica, desde logo porque o treinador do Benfica nunca foi, ao longo de dez anos de carreira, defensor do 4x4x2, e porque Jonas não tem - e é verdade que não tem - exactamente o perfil de ponta de lança ideal para o 4x3x3.
Percebia-se que, para Rui Vitória, era Jonas o jogador que o impediria de adoptar o preferido 4x3x3 e, por outro lado, o obrigaria a manter no Benfica o 4x4x2 com que Jorge Jesus tinha devolvido o sucesso à equipa.
Até esta época, Rui Vitória foi sobrevivendo ao problema. E bem. Muito bem, aliás. Tão bem que foi campeão duas vezes, as suficientes para o Benfica conseguir o seu primeiro tetra.
Mas esta época a coisa complicou-se. Continua Rui Vitória a demorar algum tempo a acertar com a equipa - mais coisa, menos coisa, como também sucedeu nas duas épocas anteriores... - mas parece ter-se agravado a dúvida entre o 4x4x2 e o 4x3x3. E de repente, Jonas, que é reconhecidamente um dos dois melhores jogadores da equipa (a par, potencialmente de Salvio) passa até a ser prescindível, como aconteceu nos dois jogos da Liga dos Campeões com o Manchester United, numa clara ideia de Rui Vitória experimentar o 4x3x3 - no qual Jonas, para  treinador, não teria alegadamente lugar - como tentativa de travar a mais evidente vulnerabilidade da linha média - com Fejsa e Pizzi - em confrontos de maior exigência. Que, por esta altura, o Benfica possa precisar de, nalguns jogos, ter mais um jogador na linha média - porventura por considerar o treinador que a equipa está com mais dificuldades a defender... - é coisa que até parece aceitável.
Mais difícil de compreender é que fosse Jonas o jogador a sacrificar. De tal forma, que o próprio treinador fez em Guimarães o que nunca tinha feito: jogar pela primeira vez com Jonas como único avançado, no 4x3x3!
Conduziu Rui Vitória o Benfica ao título nos dois últimos anos e isso já ninguém lhe tira. Mas a verdade é que, mesmo nessas duas épocas, demorou sempre o técnico encarnado demasiado tempo a acertar com o chamado onze base, como facilmente se pode verificar pelo andar das carruagens nos dois últimos campeonatos.
Como se vê, repete-se o cenário esta temporada. Dúvidas evidentes na escolha de um onze mais base - como é normal em todas as equipas -, e mais recentemente alguma hesitação até na opção quanto ao sistema. Qual é a ideia que dá? A de que o Benfica ainda anda em experiências nesta altura do campeonato, quando já se passaram praticamente três meses de competição.
De experiência em experiência, parece Rui Vitória, porém, ter concluído que mesmo numa solução de 4x3x3 pode Jonas ser o único avançado, porque Jonas é, em qualquer circunstância, o melhor dos avançados encarnados mesmo não sendo o avançado com o tal perfil de ponta de lança mais posicional, como, na verdade, também não parecem sê-lo quer Jiménez quer Seferovic. Ou não é assim?
O único ponta de lança mais ponta de lança que o Benfica tinha era Mitroglou e deixou-o partir. E, portanto, como Mitroglou não tem, agora, nenhum.
De experiência em experiência, ver-se-á quanto tempo mais continuará Rui Vitória à procura das melhores soluções para eventualmente conseguir repor o Benfica na luta pelo título. Nos dois últimos anos, foi sempre a tempo de ganhar. Mas agora, parece já um pouco maior o risco de acertar... tarde de mais!

'Penalty'
Longa entrevista de Filipe Vieira à BTV. Globalmente saiu-se bem. Foi determinado e deixou garantias. Negou tentativas de corrupção (e foi credível!) e fez acusações a adversários. Mas não negou os emails. Nem assumiu o erro de algumas práticas. Fez mal.

Livre Directo
Na mesma longa longa entrevista do presidente do Benfica ficou a saber-se que Rui Vitória será o treinador do Benfica até 2020 aconteça o que acontecer e sejam os resultados os que forem. Não será, pois, pela instabilidade do treinador que a equipa jogará melhor ou pior.

Livre Indirecto
Disse o presidente do Benfica que tirando três jogadores a equipa do Benfica é a mesma da época passada. Lembrou Ederson, Nélson Semedo e Lindelof. Mas esqueceu-se de Mitroglou. E quatro em onze é, apesar de tudo, muita gente, sr. presidente. Ou não?"

João Bonzinho, in A Bola

PS: Mas quais são as práticas, que o presidente tinha que negar?!!!
Esta gente continua a 'moer' em cima de manipulações, descontextualizadas... É preguiça, falta de inteligência, ou má vontade?!!!!

A avaliação do trio de comentadores da entrevista de Vieira

"1. Qual foi o melhor momento de Luís Filipe Vieira na entrevista à BTV?
2. E o momento menos bom?
3. Em sua opinião, qual foi a frase mais marcante do presidente do Benfica?
4. Em resumo, que mensagem fica desta entrevista de duas horas e meia?

Leonor Pinhão
1. Poderá não soar bem ouvir o presidente do Benfica afirmar repetidamente que o nome do clube saiu "manchado" do caso dos emails mas trata-se, certamente, de um argumento de importância processual em função de tudo o virá a ser decidido pelos tribunais civis. Questões de indemnizações. Lá mais para a frente.
2. A explicação de que houve um tempo – o tempo dos emails divulgados – em que os clubes tinham o direito de reclamar as notas atribuídas aos árbitros terá sossegado todos os benfiquistas que não gostam de ver o nome do seu clube envolvido em delinquências mas vem com quatro longuíssimos meses de atraso.
3. Duas: "Não há corrupção no Benfica" e "quando a polícia foi a nossa casa recebi, entre muitas, uma mensagem que me sensibilizou muito que foi a do Pedro Proença. Apreciei e quando estiver com ele pessoalmente vou-lhe dizer, apesar de não termos apoiado a sua candidatura para a presidência da Liga."
4. O Seixal é o presente e o futuro. Rui Vitória é o treinador. O que será da direcção do FC Porto se não ganharem este campeonato? Voltou a haver capangas no futebol. Os árbitros sentem-se coagidos. O Benfica não teme a justiça. O treinador e o presidente do Sporting não se falam. Vamos lá chegar. Toca a unir.

Pedro Adão e Silva
1. O tom distendido e o registo pedagógico com que Vieira abordou os temas. Acima de tudo, a forma directa e sem rodeios com que falou dos emails: ficou claro o propósito de quem tem levado a cabo esta campanha – ocultar os próprios falhanços e condicionar o ambiente em torno do futebol – e, fundamental, a segurança com que afirmou que o Benfica não tem nada a temer.
2. A contradição entre, por um lado, o realismo de quem afirma que o Benfica não pode entrar em megalomanias financeiras e tem de apostar na formação e, por outro, que é possível ser campeão europeu com jogadores do Caixa Futebol Campus (desde logo quando, actualmente, o clube tem inclusive dificuldades em segurar os jovens jogadores que forma).
3. "Não há, nem nunca haverá corrupção no Benfica. Volto a repetir: não há corrupção no Benfica"
4. O Benfica não vai alterar o rumo estratégico definido: seja na afirmação da marca, na vertente financeira e na política desportiva. Com tudo o que isso pode implicar nos resultados da equipa de futebol, que, convém nunca esquecer, é o alfa e o ómega do Benfica.

António Cunha Vaz
1. O anúncio da expansão do Centro de Estágio do Seixal e da construção de outras infraestruturas de relevo como o Centro de Alto Rendimento, o hotel e o Colégio. Outro aspecto positivo foi o de ter-se disponibilizado para se sentar à mesa seja com quem for para resolver questões relacionadas com as suspeitas na arbitragem.
2. O pior momento ocorreu quando deu explicações sobre o que se passou na polémica AG, realizada recentemente. Disse: "Tirando a parte da cadeira, foi uma assembleia à Benfica. Não estou nada arrependido daquilo que disse na AG."
3. "Quero que o Benfica tenha um título europeu. Eu acredito que vou ser campeão europeu com os nossos miúdos da formação. "
4. Ficam três mensagens: há infraestruturas e outros projectos que não estarão concluídos neste mandato, o que indica que Vieira se vai candidatar de novo; que qualquer jogador formado no Benfica será retido o máximo de tempo possível, a partir de agora; a redução da dívida financeira para um valor próximo dos 150 milhões de euros."

Certezas e denúncias

"Apesar da constipação, Vieira mostrou estar em boa forma. Foi preciso esperar que ‘aquecesse’, mas chegada a hora dos emails, foi genuíno na indignação – "não há nem nunca houve corrupção no Benfica" – e exigiu celeridade da justiça. Depois, fez denúncias. Graves. Desde as "ameaças dos capangas identificados com o FC Porto" aos insultos dirigidos aos árbitros por um presidente (Bruno de Carvalho, pelo que se deduziu). Um clima que Vieira considera que até condiciona o Conselho de Arbitragem nas nomeações.
Na onda da revolta, ficou uma promessa relevante: a total disponibilidade para se sentar ao lado dos presidentes dos clubes rivais. Decididamente, uma boa solução, embora creio já ter perdido o seu timing.
Vieira deu garantias: irá preparar um sucessor; não vai vender jovens pérolas; a formação é aposta irreversível; Vitória cumprirá o contrato até ao fim e Jorge Mendes continuará a ser parceiro do Benfica. O futuro dirá até que ponto as inabaláveis convicções podem sofrer algum... abalo.
O Record associa-se à campanha solidária promovida pela FPF, no âmbito dos dois jogos particulares da Selecção, para ajudar aqueles que foram atingidos pelos incêndios. A nossa gratidão à federação pelo desafio lançado que é uma oportunidade para todos ajudarmos."

Pois...

"Seja nas redes sociais, rádio, TV o jornais, contamos com a presença de inúmeras figuras (...) que mais não são do que figurantes.

Continua em ebulição o futebol português. Desta feita, por causa do VAR (videoárbitro). Pelo VAR ou pelo ar, após cada jornada da Liga profissional, sucedem-se os impropérios, as ofensas as suspeições, as piadas de mau gosto, tudo servido para os rivais se atacarem e enfraquecerem cada vez mais. Queixas, participações, denúncias, providências, demandas, tudo no melhor estilo. São as gentes cá do meu bairro mas sem o contributo dos geniais António Silva e Vasco Santana, os quais, ao contrário dos comediantes (?) de hoje, tinham graça, tinham mesmo muita graça. Um verdadeiro Pátio das Cantigas no pior sentido do termo. O bom senso, e equilíbrio, a honestidade intelectual, nada disso interessa. O importante é inflamar a massa adepta, fazendo-a persistir na ideia dos tais hediondos moinhos de vento que só a visão dos iluminados alcançam.
Por isso, é proibido defender a lucidez,  raciocínio, a coragem de perguntar, de questionar, proibição essa que, no fundo, já contém a premonição do fracasso ao sobrar da esquina. Pelo sim pelo não, há que rodear de justificações os malogros que se avizinham. Como sempre acontece no panorama político nacional e internacional, também no futebol pátrio o segredo não está na resolução estrutural dos problemas mas na perpetuação do estado de guerrilha constante que tudo esconde. Como dizia Zeca Afonso... o que faz falta é animar a malta... Para tanto, seja nas redes sociais, rádio, televisão ou jornais, contamos com a presença de inúmeras figuras e figurinistas que, em muitas circunstâncias, mais não são do que verdadeiros flagrantes. Não admita, pois, que mesmo nos casos em que as denúncias apresentadas estejam ser (ou tenham sido) alvo da atenção judicial, algumas das partes envolvidas ou os seus representantes (não confundir com paus mandados) não se coíbam de tecer considerações violadoras da legalidade estabelecida por estatuto ou regulamento, na esperança de que tais juízos sem juízo possam influenciar ou atacar o veredicto final. No fundo, o verdadeiro propósito é esconder ou camuflar a realidade, traduzida no facto de os chamados grandes serem sempre beneficiados em detrimento dos pequenos. Por agora, seguiremos o conselho da dupla Ary dos Santos e Fernando Tordo cantando: Nós vamos pegar o mundo pelos cornos da desgraça e fazer da tristeza graça."

Abrantes Mendes, in A Bola

PS: Este mito urbano dos grandes serem sempre beneficiados e os pequenos sempre prejudicados, realmente só bate certo com dois dos tais grandes!!!

Fartos!

"Os árbitros estão fartos deste ambiente, afirmou o presidente do Conselho de Arbitragem numa entrevista a este jornal. A dado passo, avisa que se chegou ao extremo e que é preciso mudar. Depois do presidente da FPF ter sido muito claro em relação ao clima de violência que se vive no futebol português, e o presidente da APAF ter concedido uma entrevista em que refere ameaças sérias e árbitros e a si próprio, esta terceira manifestação pública de desagrado com esta situação de violência, seja verbal, psicológica ou física, não pode ser mais uma e cair no esquecimento. Tem que ser levada a sério por todos. A começar pelo poder político.
Espero que não aconteça nada de mais grave, porque grave é o clima que se vive neste momento. Estamos a contribuir para que uma tragédia possa surgir de um dia para o outro. Nem que seja pela nossa passividade e silêncio. Neste quadro, não posso concordar que o presidente do CA diga que, e passo a citar, «(...) nada vai influenciar o meu trabalho ou o dos árbitros». Difícil de acreditar. As equipas de arbitragem estão condicionados, tal como os restantes agentes com interferência directa no jogo, jogadores e treinadores. Não é igual estar num jogo com níveis de agressividade verbal e psicológica extremos, com milhares de espectadores, ou dirigir um jogo com mil e poucas pessoas no estádio. Os problemas estão identificados, ou pelo menos a maioria dos problemas. Os debates sucedem-se, sempre entre acusações e insultos, as soluções propostas é que são escassas. Estas passam por todos, mas mesmo por todos. Ninguém está excluído, incluindo os mais visados.
Um bom jogo de futebol precisa sempre de três boas equipas. Não há bons jogos sem bons intervenientes, sejam jogadores ou árbitros. Caso não se altere a estrutura da competição, e dos competidores, não se vai conseguir elevar a fasquia. Esta é a questão estrutural que ninguém quer assumir."

José Couceiro, in A Bola

O VAR e as alianças

"Alianças nem com mostarda. Entendo que se há boas relações institucionais entre os clubes, os presidentes se devem sentar lado a lado, agora, alianças nem vê-las. Uma coisa é a civilidade que deve nortear o comportamento dos dirigentes para que o clima seja saudável e arejado, outra, empurrar para trás algumas rivalidades sanguíneas quando está em discussão a indústria e o negócio. Diferente é uma política de alianças, sejam elas estratégicas ou puramente tácticas pelo momento que se vive.
Cada clube tem a sua identidade e deve orgulhosamente só patentear os seus valores e a sua história, ter poder para influenciar, escolher o momento para tirar o pé e serenar, bem como outro momento em que é preciso ser feroz e agressivo na defesa dos seus interesses. Tal como os treinadores fazem ‘mind games’, também todos sabemos que há tempos em que se deve carregar no botão dos factores envolventes que podem condicionar o desfecho de uma partida. Porém, guerra aberta todos os dias da semana é contraproducente e banaliza o efeito das mensagens que devem ser nevralgicamente cirúrgicas e quanto a alianças anti-natura já sabemos que estão condenadas à nascença, ainda mais quando a classificação da Liga é competitiva. Por isso está morta a aliança Sporting-Porto.
Que se desiludam as carpideiras contra os meios tecnológicos que toda a gente de bom senso já percebeu que o VAR pode ajudar a verdade desportiva. Vai haver erros, também suspeitos do costume, mas este é um caminho de pedras daquelas que se vão guardando para construir um castelo, como diria Fernando Pessoa. As polémicas são uma constante, não há descanso nem com jogos de Selecção e, por vezes, enterram-se rapidamente jogos espectaculares, verdadeiros hinos ao futebol, sob uma cortina de ferro de declarações avulsas que espelham a insensatez de quem dirige as coisas e ganharia imenso em estar calado.
A FPF gasta um milhão de euros no VAR e já renovou por mais um ano a aposta. Cabe agora melhorar diversos aspectos, especialmente quanto à comunicação da explicação das decisões. Vamos ao râguebi e ao futebol americano que usam semelhante tecnologia e vemos que a virtude é que o árbitro que lidera a equipa comunica para todo o estádio, claramente, depois de ver e ter ouvido a restante equipa que se encontra na sala de observação. E é aqui que em Portugal ainda se falha nestes primeiros passos. Há a paragem do jogo, a consequente decisão, mas quem está na bancada não sabe o que motivou tal veredicto. Para além do mais têm acontecido problemas técnicos que não podem ocorrer, omissões na divulgação dos relatórios que devem ter critérios uniformes e não serem exibidos consoante os caprichos de quem manda e, por último, em caso de incompetência expressa não pode haver pudor em punir e castigar quem erra grosseiramente. Com estas melhorias, o VAR veio para ficar."

Uma pausa energética

"Ora aí está uma boa paragem nas competições oficiais de clubes. As razões serão imensas, mas na minha óptica quatro são fundamentais: a pausa começa por ser energética, pois os clubes podem aproveitar quase três semanas sem Liga – a Taça de Portugal permite ainda aos mais poderosos dar oportunidade a jogadores que continuam na penumbra – para recuperar profissionais que têm estado de baixa e que em determinados emblemas são preponderantes; o tão criticado VAR, em muitas situações com razão, passará, também, por muitos dias sem estar debaixo do fogo intenso dos que se sentiram, directa ou indirectamente, prejudicados; a Selecção de sub-21 tem tudo para recuperar da derrota frente à Bósnia diante de romenos e suíços; Fernando Santos tem nos jogos com Arábia Saudita e EUA hipótese de perceber se alguns dos não habituais que escolheu para a dupla operação – Adrien não pode estar excluído! -podem aspirar, independentemente da concorrência, a entrar no lote para a Rússia, casos concretos de Manuel Fernandes, Ricardo Ferreira, Ricardo Pereira ou Gonçalo Guedes. Concluindo: posso estar enganado, mas nunca estive tão convencido de que esta paragem, não sendo obra de deuses, não podia ter sido mais providencial.
Nunca, em questões de desporto, o Ministério Público andou tão atarefado. Com a certeza de que as suas decisões tudo clarificarão, a única coisa que se lhe pede é que seja célere e contribua para que regresse, pelo menos, a paz de espírito tão necessária. A intervenientes directos e meros adeptos."

Mais futebol e menos polémica

"Com a qualificação para o próximo Mundial já garantida, a Selecção Nacional aproveitará os jogos particulares com a Arábia Saudita e EUA para testar novos jogadores e avaliar a prestação de alguns nomes que poderão vir a ser soluções preciosas no futuro. Uma pausa nas competições internas que, espera-se, poderá ajudar a arrefecer o quente clima de guerrilha que se começa a alastrar pelo futebol português.
O foco cada vez maior em polémicas está a retirar espaço àquilo que mais interessa: o jogo jogado dentro de campo e as suas principais estrelas: jogadores e treinadores. Um cenário em que são os directores de comunicação dos clubes e os comentadores televisivos a terem o papel principal nos escaparates, a fomentar discussões e controvérsias, é indício de que as coisas não estão no sítio certo ou, pelo menos, não são como deveriam ser.
Valham-nos estes momentos em que joga a Selecção para podermos respirar futebol e falar daquilo que verdadeiramente interessa. E sobre Portugal, é bom recordar que Fernando Santos, no espaço de dois anos, encabeçou um processo de renovação do grupo, tendo conseguido manter sempre um nível competitivo alto, comprovado com a conquista do Euro’2016, qualificação directa para o Mundial’2018 e a prestação honrosa na última Taça das Confederações.
Ao núcleo duro da Selecção foram sendo acrescentados novos elementos que, neste período, ganharam experiência internacional e espaço cada vez maior nas contas do seleccionador. Jogadores como William Carvalho, João Mário, André Gomes, Danilo Pereira, Cédric Soares, Raphael Guerreiro, Bernardo Silva e André Silva, entre outros, são hoje peças importantes para a equipa e conquistaram o seu lugar junto de outros elementos mais experientes.
Mas este é um processo que nunca está terminado, pelo que o trabalho de renovação é constante. E, nesse sentido, o seleccionador tenta perceber, dentro do quadro de jogadores que tem à sua disposição, quais aqueles com quem pode contar no imediato, mas também no futuro. E estas partidas ‘amigáveis’ são propícias para se começar a integrar e avaliar novos elementos.
Neste ‘casting’ constam 8 atletas que nunca foram internacionais A e alguns jovens que começam a dar os primeiros passos na Selecção principal. Após o Mundial’2018, o trio normalmente escolhido para o centro da defesa terá idades acima dos 34 anos – Pepe (35), Bruno Alves (36) e José Fonte (34) – pelo que se torna importante encontrar alternativas que possam vir a suceder aos atuais titulares. Deste modo, os agora convocados Ricardo Ferreira e Edgar Ié podem vir a ser duas das apostas a médio prazo e será importante vê-los em acção. Por seu lado, Ricardo Pereira e Kévin Rodrigues podem alargar o leque de opções para as laterais.
Além disso, há jogadores em excelente momento de forma nos seus clubes que veem premiado o seu rendimento. São os casos de Rúben Neves, Bruno Fernandes, Rony Lopes, Gonçalo Guedes e Bruma, que poderão mostrar que podem ser opções para o seleccionador e, quem sabe, ganhar um lugar nos eleitos que vão à Rússia no próximo verão.
Os jogos de hoje (Arábia Saudita) e terça-feira (EUA) terão também um carácter solidário de apoio às vítimas dos incêndios recentes e é bom que o futebol, enquanto modalidade seguida por milhões de pessoas, assuma este papel mobilizador na sociedade. E também aqui é dado o exemplo de como este desporto deve fomentar o respeito e a cordialidade, algo muito diferente do que se está a ver nas competições internas.

O Craque -- Um reforço a sério
Neste momento, e depois de o vermos em actuação, já se pode afirmar que Marcos Acuña é um dos melhores reforços da temporada na liga portuguesa. A influência do internacional argentino no futebol do Sporting foi imediata. É um dos jogadores nucleares da equipa leonina. Jogador aguerrido, que não dá uma bola como perdida, com boa técnica e posicionamento, tem sido muito influente no último passe e também no capítulo da finalização. O médio ofensivo/extremo vai agora parar por lesão e Jorge Jesus terá de encontrar maneira de minimizar o impacto da sua ausência.

A Jogada -- Boa entrada no Champioship
Depois da saída do FC Porto, Nuno Espírito Santo assumiu o ‘risco’ de treinar o Wolverhampton, equipa do Championship (segundo escalão inglês), uma prova extremamente competitiva com vários clubes a lutarem pela subida à Premier League. Com 16 jornadas decorridas e a liderança isolada na competição, a experiência do técnico tem sido positiva e a candidatura à promoção parece possível. Numa equipa onde conta com 7 jogadores portugueses, Nuno está no bom caminho para se poder vir a juntar a José Mourinho e Marco Silva na liga inglesa.

A Dúvida -- Krovinovic: será ele a solução?
Foi um dos jogadores em destaque no futebol português ao serviço do Rio Ave, na época passada, e agora que deu o ‘salto’ para o Benfica, depois de um natural período de adaptação. Filip Krovinovic parece estar preparado para assumir um papel importante no meio-campo do Benfica. A estreia a titular frente ao V. Guimarães deixou sinais positivos e, face à dinâmica que o médio croata pode trazer às águias e à melhoria de uma qualidade de jogo que não tem aparecido na equipa do Benfica, poderá a solução passar por este jogador?"

A criatividade de Federer

"Se falarmos apenas dos aspectos puramente técnicos do jogo e do que Roger Federer é capaz de fazer, não há muito mais a acrescentar ao que tem sido referido nos últimos 15 anos. É o maestro da orquestra. Por muitas vezes que se dê e por muitos argumentos que possam ser invocados, é relativamente fácil explicar as razões que têm levado o mundo do ténis a dizer que o suíço é, de facto, o melhor jogador de sempre.
Geralmente esta ‘eleição’ congrega muitas outras valências. E é precisamente por isso que, por vezes, se eternizam os debates acerca de Rod Laver, campeão nos anos 60, o último jogador a conquistar o Grand Slam, em 1969. Federer aportou ao ténis outra dimensão e através da tecnologia é possível recordar o que poucas pessoas imaginariam. Estamos a falar de exibições, cujas imagens percorreram o mundo. A primeira das quais aconteceu em maio de 2007 quando Rafael Nadal e Roger Federer se defrontaram num campo, onde metade era em terra batida e a outra em relva. Tudo isto porque Federer estava sem perder um jogo em relva há cinco anos (48 vitórias seguidas) e Nadal não cedia um jogo no pó de tijolo há 3 anos (72 triunfos consecutivos). Era a combinação perfeita. E Federer, sem qualquer desprimor, aceitou por reconhecer o papel que estava destinado ao espanhol no futuro. 
Volvidos 10 anos, eis que Federer continua a surpreender. O suíço aceitou o desafio de Andy Murray e foi jogar a Glasgow, cidade onde nasceu o britânico bicampeão olímpico. Nada de anormal se não fosse o facto de Federer ter jogado com um kilt. Só alguém com a classe do suíço e profundo conhecer da história do ténis aceitaria tal desafio. Um campeão em toda a linha."

Não tendo nós um harém, podemos aproveitar o conhecido fetiche de pés da cultura árabe e oferecer-lhes Bernardo Silva

"José Sá
Tenho esperança que a titularidade de José Sá na selecção acentue a polémica em torno da situação do Casillas, se possível ao ponto de provocar mais uma reacção inflamada de Sérgio Conceição numa conferência de imprensa e, quem sabe, provocar danos suficientes ao grupo que levem o FC Porto a perder pontos na visita ao Desportivo das Aves. Que foi? Não deixa de ser uma honra para o jogador. 

Ricardo Pereira
É um jogador com um ar invulgarmente sério, ou seja, não tem ar de futebolista. Antes de tocar na bola já nos parece ler bem o lance, ou pelo menos com a cordialidade que pauta a acção dos grandes homens. Passeia-se no relvado com a competência de quem por acaso é futebolista, mas podia ser um bolseiro da Fundação Champalimaud. Por exemplo, João Cancelo é um bom jogador mas comporta-se em campo como se o a sua única preocupação fosse esconder a bola num paraíso fiscal. Não sei se é do cabelo.

Kevin Rodrigues
Porque todos os jogos deviam ter um Kevin Rodrigues. É aquele jogador que ninguém sabe quem é, excepto um Luís Freitas Lobo de trazer por casa que ninguém sabe muito bem porque é que está a ver o jogo connosco, só sabemos - porque ele nos disse entretanto - que já viu umas coisas no YouTube e sabe que Kevin Rodrigues é bom no jogo interior. Quando assim for, resta-nos acompanhar essa pessoa à saída.

Edgar Ié
Porque se marcar dois golos os desportivos poderão fazer um trocadilho há muito aguardado pelos adeptos: Portugal volta a dançar o Ié-Ié.

Rúben Dias
O que foi? Nunca viram um defesa de nível mundial antes? Não foi convocado? Deixem-se de preciosismos. Eu também não sei escrever e isto foi publicado no Expresso.

Manuel Fernandes
Porque é o mais próximo que estaremos de um anti-jogador moderno nesta selecção. A sua página oficial no Facebook, com 233 mil fãs, foi actualizada duas vezes nos últimos dois anos. Estranhamente, as suas preocupações têm-se cingido à prática da modalidade. Esteve num exílio russo a aprimorar o seu futebol. Provavelmente divide casa com Edward Snowden. Talvez isso explique que Fernando Santos não se lembrasse sequer da existência deste craque. Raramente ouvimos falar dele, a não ser quando os desportivos precisam que alguém a residir na Rússia diga umas banalidades sobre um atentado em Moscovo ou a pré-eliminatória de uma equipa portuguesa. Esperemos que isso mude. Tem o futebol, a conduta pública e o cabelo certo para nos levar longe. 

Bruno Fernandes
Porque é o melhor jogador português dos últimos tempos. Os sportinguistas ofendem-se sempre com as piadas, portanto resolvi falar a sério.

João Mário
É o único flop na presente época em condições de ajudar a equipa nacional, e o único flop que ninguém percebe como é que pode ser um flop, dada a importância do seu contributo na selecção. Devíamos fazer uma lista dos maiores flops na elaboração de onzes de flops. Talvez nos surpreendêssemos. Bom, acho que são caracteres suficientes. Não ser titular indiscutível do Inter é um nadinha criminoso. Faça-se justiça.

Bernardo Silva
Porque os adeptos da Arábia Saudita vieram de muito longe e merecem ser bem tratados. Não tendo nós um harém para lhes oferecer, podemos aproveitar o conhecido fetiche de pés da cultura árabe e oferecer-lhes Bernardo Silva.

Gonçalo Guedes
Simples. Na ausência de Cristiano Ronaldo precisamos de um jogador que esteja ao nível de Messi. Calma, não é o que estão a pensar. É mais do que isso. Gonçalo Guedes tem tantas faltas sofridas na Liga Espanhola como Messi, mas enquanto Messi sofre uma falta a cada 43 minutos, GG7 sofre uma falta, estão preparados?, a cada 29 minutos. INCHEM. E ainda não falámos da qualidade do futebol em si, porque aí então, meus senhores…

André Silva
Porque sem ele nos arriscamos - bastante - a marcar menos golos do que a Arábia Saudita. Desculpem a excessiva racionalidade deste argumento."

Esta fotografia fez-me ganhar o dia

"Antes de mais, leitor, convido-o a olhar devagarinho para esta fotografia que aqui publico. Não tenha pressa, a foto merece ser saboreada lentamente. Com toda a calma do mundo.
Pela legenda dá para perceber duas coisas: foi tirada no norte de Portugal e em 1992.
Não me custa, porém, acreditar que aqueles miúdos jogam à bola num dia de chuva no descampado ao lado da escola, do lado direito de quem entra.
O muro com a rede delimita uma parte do campo e tão longe como a imaginação deles conseguir chegar fica a linha que delimita a parte oposta.
As linhas pouco importam, portanto.
Há quatro pedras a marcar as balizas e o resto é espaço para correr.
Ao lado está a escola caiada de branco, com janelas em madeira e portões de ferro nas extremidades, que dão acesso a um pequeno átrio com chão em tijolo por onde se passa para entrar na sala de aula. 
Lá dentro o chão é em madeira antiga, tem um estrado encostado à parede e um quadro de ardósia enorme destaca-se por detrás da secretária da professora.
Da janela em madeira e com vidros quadrados veem o sol, a chuva e aquele campo, que é como casa deles: o sítio onde querem estar quando não os obrigam a estar noutro sítio.
Naquele pedaço de terra batida, irregular e enlameado, não há magoas nem invejas, não há preocupações nem cansaços, não há ansiedades nem irritação.
Tudo é alegria pura.
Não há necessidade de ser melhor do que ninguém, não há medo de errar, não há receio de defraudar quem quer que seja. Não há obrigações, não há responsabilidades, não há vergonhas ou embaraços. Não há desânimos nem vulnerabilidades.
Naquele campo o coração fica cheio e até o peito começa a cantar.
De amor.
Ali nada é pela medida do possível, é tudo desmedido: a chama, o entusiasmo, a aventura, a ousadia, o encantamento, até a impetuosidade. Naquele terreno, como naquela fotografia, há uma carga de paixão que entulha a alma daqueles miúdos e os faz correr.
Porque isso é tudo o que interessa: correr atrás da bola, chutá-la, fazer um golo e sair a correr com um braço no ar, como os jogadores a sério fazem sempre que marcam na televisão.
Os colegas não perderão tempo a abraçá-lo, rapidamente continuarão a jogar, mas aquele momento vivido praticamente sozinho vai valer pelo dia todo.
Não há chuva, não há lama, não há poças de água nem castigos da mãe que censurem aqueles momentos de contentamento. A alegria que significa correr atrás da bola e chutá-la com toda a valentia, toda a energia e todo o sentimento do mundo compensam tudo: a molha, o frio e o castigo. 
No fim do dia, quando aqueles miúdos se deitarem na cama, vão ter a alma cheia e a cabeça a fervilhar com sonhos de novas correrias, novos remates, novas alegrias.
Esta fotografia diz-me tudo isto, mas diz-me mais. Diz-me que no início todos nós começámos a amar o futebol por aquilo que é essencial nele.
Porque nos enche de felicidade."

Luís Filipe Vieira

Com uma semana de atraso, aqui fica a entrevista de Luís Filipe Vieira, comemorando os 14 anos como Presidente do Benfica. Recomendo a 3.ª parte!!!