sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Desporto português

"O Marques é funcionário do ano. Veremos se, na instituição para que trabalha, a investigação da PJ acerca de crimes de acesso ilegítimo, violação de correspondência e ofensa a pessoa colectiva, caso o implique de alguma forma, contribui para o seu bis. Estou convencido de que sim;
Pinto da Costa não deu os parabéns ao funcionário do ano por e-mail porque não o tem (já chegámos a 2017?). Telefone e telemóvel, provavelmente, receia usar. Recomendo que vá a Vigo, onde há bons cibercafés. Bem sei que não sou juiz, mas recomendo-o de boa-fé;
Bruno de Carvalho sente saudades da construção civil. Por favor, permaneça no futebol! Somos tetracampeões desde que foi eleito, não nos desgrace. Se necessitar, imagine que o futebol é uma grande empreitada, apesar de constrangimentos como o dono da sua obra - interromper a todo o custo a hegemonia benfiquista - não usar e-mail porque não o tem. E cuidado com os capatazes que contrata, pois é muito feio cortar as pernas, mesmo que numa fotografia, a um dos seus pedreiros mais qualificados. E olhe que os instrumentos de precisão devem ser usados sempre e não apenas quando dá jeito, sejam eles autonivelados ou videoinspectadores;
Desaconselho igualmente a contratação de um director de obra que, à primeira contrariedade, receba guia de marcha. Especialmente se, no seu anterior emprego, tiver criado todas as condições para que a sua empresa pudesse competir entre as melhores;
E uma palavra ao homem anti-olés de Oliveira de Azeméis, escusava era de ter atacado os futsalistas do Benfica. Depois constatei as suas preferências leoninas no Facebook e, afinal, não se tratou de irritação, mas de um permanente estado de azia. Olé!"

João Tomaz, in O Benfica

Viva, mais uma vez, a (in)coerência!

"A 10.ª jornada trouxe-nos mais um momento de gáudio. Antes disso, vale a pena recuar até ao arranque do campeonato para percebermos a chalaça da diferença de trato a uns e a outros. Aos 71 minutos do Benfica-Braga, o árbitro invalidou um golo a Ricardo Horta por alegado fora de jogo quando o Benfica vencia por 3-1. O lance - que provocava imensas dúvidas - até deixava a impressão de que o golo era limpo. Mas as imagens eram incapazes de clarificar totalmente. Os (quase) sempre atentos supermegaespecialistas não perdoaram: 'Absolutamente inadmissível não haver um ângulo que nos esclareça por completo! Que escândalo! A BTV? Controla as imagens como quer! Um atentado à credibilidade do VAR! Depois deste golo, o Braga ia encostar o Benfica às cordas e virar o jogo para 3-15!' Aos 85 minutos do Rio Ave - Sporting.
Bas Dost desfez o nulo em Vila do Conde numa jogada polémica. O lance - que provoca imensas dúvidas - deixa a ligeira impressão de que o golo é ilegal. A assistir ao jogo pela TV, analisei as repetições ao pormenor. Ninguém imagina a minha aflição quando percebi que as imagens eram inconclusivas. Então e agora? Se os supermegaespecialistas já desacreditaram a isenção da BTV, com será depois disto, quando colocarem a Sport TV na mesma cela? O futebol português vai começar a ser transmitido onde? Na TVI Ficção? De facto, até faz sentido: é precisamente na ficção que os responsáveis de alguns clubes parecerem viver. Todavia... nada disto sucedeu. Ah, que surpresa! O que num canal merece, a torto e a direito, olhares de suspeição, noutro é simplesmente chutado para canto, qual Héctor Herrera.
Pode custar a alguns, mas a caravana continua a passar."

Pedro Soares, in O Benfica

Primeiro anel

"O dia a seguir a um jogo do Benfica é sempre especial. Jogo e si é sempre uma emoção, mas é no rescaldo, no dia seguinte, que vem à luz tudo aquilo que somos e sentimos enquanto benfiquistas. É quando chego de manhã ao trabalho, e me cruzo com o primeiro colega que é dos nossos, que sinto o pulsar da nação vermelha e imortal. Percebo melhor quando lhe aperto a mão e ele torce o nariz à exibição ou sorri de forma generosa depois de ter a barriguinha cheia de golos do Jonas. Ou quando chego à minha sala e logo se ouve um 'aquilo ontem foi complicado' ou algum polegar se ergue no ar sem ser preciso dizer mais nada. Dos outros pouco escuto, porque felizmente trabalho num local onde os não-benfiquistas já perceberam que é melhor esperar pelas contas finais.
Melhor seria se os dirigentes dos seus clubes aprendessem alguma coisa com eles. Mas não. Tanto os megalómanos como os condenados por corrupção preferem passar as primeiras semanas do campeonato a encher um balão que, mais tarde ou mais cedo, lhes vai rebentar na cara.
A diferença está em nós, os benfiquistas. Somos tantos, que há de tudo para todos os gostos. Temos os que estão sempre a torcer o nariz e que só percebem o que lhes cai em cima quando estão no primeiro anel do Marquês com um cachecol na mão a tentar ver o Rui Vitória a fazer uma selfie. Temos os que, a levar sete do Celta de Vigo a dez minutos do fim, ainda acreditavam na reviravolta (eu...). Temos os que não gostam do presidente e veem uma conspiração em casa esquina. Temos os treinadores-directores desportivos campeões na consola. Temos os que não sabem o que é um fora de jogo. Temos os que gostam do equipamento alternativo. Há de tudo. E é com todos estes que vamos chegar lá. Ao primeiro anel do Marquês."

Ricardo Santos, in O Benfica

Benfica - Século XXI

"Cumprem-se 14 anos desde que Luís Filipe Vieira assumiu a presidência do nosso clube.
O balanço dificilmente poderia ser melhor. Dir-se-á mesmo que há um Benfica antes, e um Benfica depois do actual presidente.
Quando se olha para as infraestruturas, percebe-se que temos hoje condições de topo a nível internacional, elogiadas por todos os profissionais que por cá passam: um dos melhores estádios da Europa, um centro de estágios que não para de crescer, dois pavilhões funcionais, o centro de alto rendimento para as modalidades que está na calha, e um museu moderno e de grande beleza, são ilustrações daquilo que é um clube voltado para o futuro.
Se atendermos aos resultados do futebol profissional, à excepção dos anos de Eusébio, nunca o nosso clube tinha vivido um ciclo tão ganhador. Nestes 14 anos conquistámos 20 troféus, tantos quantos nos 29 anos anteriores – ou seja, em mais do dobro do tempo. Festejámos o nosso primeiro Tetra. Estivemos em duas finais europeias (ai os penáltis de Turim…). Batemos recordes.
Na formação, os talentos espalhados pelos maiores clubes do mundo certificam o trabalho feito.
Nas modalidades, alcançámos títulos europeus inéditos em Hóquei e Futsal. Impusemos uma clara hegemonia no Basquete e no Vólei. Conseguimos sucessos olímpicos. Troféus? Não os consigo contar.
No aspecto institucional, nunca a marca Benfica fora tão prestigiada dentro e fora de portas. O número de sócios subiu para níveis jamais alcançados. As receitas também.
Se recordarmos o que era o Benfica em 2001, percebemos melhor o quão espantoso foi este percurso. Só não vê quem não quer."

Luís Fialho, in O Benfica

#lvf2020

"Falar dos 14 anos de Luís Filipe Vieira ao leme do Sport Lisboa e Benfica é muito difícil neste espaço tão curto. São conhecidos os títulos que o actual Presidente conquistou, e não duvido de que até ao final deste mandato chegará aos mil troféus. Mas há três títulos que estavam perdidos e que foram resgatados nos cinco mandatos - a credibilidade, a idoneidade e a reputação. Sem estes três troféus, nada teria sido viável.
Assisti a algumas das decisões importantes do Presidente, decisões que foram partilhadas e executadas pelas equipas que lidera desde Novembro de 2003. Em todas essas decisões existe um denominador comum - a capacidade de risco. Para o Presidente, não há tempos mortos e tudo o que foi conquistado faz parte do passado.
De todos os episódios a que assisti, aqueles que mais me impressionaram foram a forma como sempre repudiou a jactância e a fanfarronice daqueles que acham que 'está tudo ganho!'. Perdi a conta às vezes em que ouvi sempre a mesma resposta do Presidente - 'Calma! Para ganharmos, temos de trabalhar mais e melhor do que os outros!'
Por tudo o que referi, Luís Filipe Vieira já tem um lugar na história do maior clube português. Creio que milhares de benfiquistas partilharão comigo esta conclusão - estamos na presença do melhor Presidente de sempre da história do Sport Lisboa e Benfica. Um título que assenta que nem uma luva ao dirigente que mais tem lutado pela transparência e inovação no futebol português.
Para o Presidente, o importante é preparar o futuro e, sobretudo, garantir que o Clube continuará a ser dos Sócios."

Pedro Guerra, in O Benfica

O melhor Presidente de sempre no Benfica

"Aqui há um mês, neste mesmo espaço e com todas as letras, classifiquei Luís Filipe Vieira como uma pessoa invulgar, tendo invocado, entre outros fundamentos, que reconheço nele uma rara capacidade de auto-superação que sempre o impele de modo positivo, até nas ocasiões mais delicadas.
Na verdade, quatorze anos depois da sua primeira eleição como Presidente do Sport Lisboa e Benfica, a obra imaginada e construída e as conquistas desportivas que Luís Vieira proporcionou ao Clube só foram tornadas realidade com a força de recuperação que ele assume diante de muitos episódios inesperados e em muitos casos, com máximo grau de dificuldade.
Não haverá hoje um só Benfiquista que não reconheça nele uma singular identificação com o grande Povo Benfiquista e com a nossa Mística. Mas Sócios e adeptos do Benfica, e muitos outros desportivas autênticos, também se têm impressionado com o talento e a determinação que lhe permitiram conceber e fazer edificar a imensidão de estruturas sociodesportivas, assim como com a perspicácia que tem revelado ao longo dos anos, para se rodear dos profissionais mais competentes e de Benfiquistas com total dedicação, de modo a implantar os modelos de acção mais ajustados a reabilitar, erguer e, por fim, consolidar, o Sport Lisboa e Benfica do Terceiro Milénio.
O nosso Jornal apontava, nessa edição do principio de Outubro, a fibra de líder de Luís Filipe Vieira, no day after de uma Assembleia Geral do Clube que decorrera em circunstâncias especiais e na qual o Presidente não se eximiu a dar mostra concludente do ânimo que o move na condução dos destinos do Benfica. Apenas quatro edições depois, agora a propósito da efeméride da sua primeira presidência, não hesita a Redacção do Jornal O Benfica - como todos os restantes meios de comunicação do Clube, em voltar com o mesmo sinal de exaltação das qualidades pessoais e clubísticas de Luís Filipe Vieira: já é claro para todos os Benfiquistas que hoje temos à nossa frente o melhor e mais vencedor Presidente de sempre no Sport Lisboa e Benfica."

José Nuno Martins, in O Benfica

Pac-Man, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos?

"Está em curso mais uma campanha para incluir os videojogos como modalidade olímpica. Já há apostas, doping, merchandising e patrocinadores, só falta o reconhecimento

Está em curso mais uma campanha para incluir os videojogos como modalidade olímpica. Já há apostas, doping, merchandising e patrocinadores, só falta o reconhecimento.
Não deixa de ser curioso que haja quem pague para ver adolescentes borbulhentos a acariciar joysticks durante dias a fio, chupando bebidas energéticas e comendo, com nenhuma metafísica, chocolates. Mais curioso será chamar a tal actividade “desporto”. Embora seja curial conceder quão ténue é a linha que separa o jogo do desporto, já será de exigir uma fasquia mais elevada no que respeita à classificação de um determinado jogo como modalidade olímpica. Afinal, a exaltação do corpo, do esforço físico, da superação dos limites humanos e da competição entre atletas não parece conviver muito bem com os denominados “eSports”.
A partir do momento em que há televisões dedicadas ao fenómeno desportivo, funcionando em permanência 24 horas por dia, aumenta a possibilidade de um qualquer “jogo” ter tempo de antena e, por consequência, telespectadores. Onde há público, há receita publicitária, logo haverá merchandising, apostas desportivas, lavagem de dinheiro proveniente de actividades ilícitas, doping de atletas, viciação de resultados desportivos, insultos entre dirigentes, agressões de e por adeptos, “justiça desportiva” por oposição à justiça, comentários quanto à moral sexual das progenitoras dos árbitros, programas televisivos permanentes de exegese do fenómeno videodesportivo, publicações e websites especializados, campeonatos locais, regionais, nacionais, europeus, mundiais, galácticos e extragalácticos, medalhas, prémios, joy- sticks de ouro e teclados de prata,...
Porque haveria o desporto de ser estranho ao processo de alienação em curso? Se os seres humanos já passam mais tempo por dia na realidade virtual imposta pelas redes sociais do que a dormir, numa Comic-Con sem fim, por que bulas não devemos todos ser considerados atletas olímpicos de Pac-Man? Nos videojogos somos sempre melhores do que na realidade. No Second Life todos são mais belos, mais jovens, mais atléticos. A religião foi substituída como ópio do povo pela realidade virtual. A realidade virtual é a única deusa, e o videojogo o seu profeta.
Proponha-se que a entrada dos videojogos para a categoria das modalidades protegidas pelo olimpismo se faça sem restrições. Não há que limitar a natureza dos jogadores de videojogos à categoria humana. É de apoiar a inclusão de humanóides, robôs, computadores e programas de software. E nada de limitações picuinhas como as que promoveriam a competição dentro de cada categoria, humanos com humanos, humanóides com humanóides, robôs com robôs... Elogiando postumamente o grande atleta Tarzan Taborda, que se celebrizou na modalidade a que chamava “Vale tudo!”, incompreensivelmente conhecida como wrestling nos EUA, há que promover a luta de todos contra todos e que ganhe o melhor.
No novo Olimpo em que o Facebook é um deus menor, o Instagram um semideus, o Twitter um arcanjo e o WhatsApp um santo, que hipóteses há para os humanos poderem competir? Estarão os videojogos viciados por uma inteligência não humana que nos condena a jogar até perdermos a condição que nos identifica? A segunda versão das leis da robótica desenhadas por Asimov incluía a protecção da humanidade pelos robôs, reconhecendo tacitamente a incapacidade da humanidade para se proteger a si própria.
Caro e benigno leitor, adivinhe quem vai ganhar os Jogos Olímpicos do futuro?"

Para reflexão benfiquista

"A formação/prospecção do Benfica tem desenvolvido, ao longo dos últimos anos, um trabalho absolutamente notável e, noutra conjuntura, seria possível aos encarnados apresentar, ao dia de hoje, um onze-base formado por Ederson; Nélson Semedo, Lindelof, Rúben Dias e João Cancelo; Bernardo Silva, André Gomes, Renato Sanches e Hélder Costa; Gonçalo Guedes e Rodrigo Moreno. Por dez destes onze jogadores (Rúben Dias é a excepção) o Benfica recebeu à volta dos 250 milhões de euros, que foram usados pela administração da SAD para equilibrar o barco, num modelo de negócio baseado no binómio formação/vendedor.
Há, porém, uma dimensão desportiva que não pode ser descurada, por mais aliciantes que sejam as propostas, sob pena de o clube mergulhar num défice competitivo incompatível com o seu ADN. 
Hoje, existe em relação ao Benfica uma percepção generalizada de que mais vale um bom negócio do que um bom rendimento desportivo. Embora isso possa não corresponder, até, integralmente, à filosofia da SAD, a ideia que começa a generalizar-se («podem vendê-los por muito dinheiro» disse há dois dias Matic, referindo-se a Svilar, Rúben Dias e Diogo Gonçalves) é a de que o Benfica dá asas, mais do que a um projecto desportivo, a uma frenética plataforma de negócios. E como não é possível ter sol na eira e chuva no nabal, a capacidade competitiva da equipa acaba por degradar-se.
Há uns anos, Luís Filipe Vieira, depois de estabilizar os pilares do património e das finanças, estabeleceu como prioridade a solidificação do pilar competitivo. Está à vista que vai ter de regressar a essa prioridade..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Vídeo-árbitro

"1. Quais os casos da utilização do vídeo-árbitro?
Durante a presente época, temos vindo a assistir a alguma confusão na interpretação dos momentos de utilização do vídeo-árbitro (VAR). Esta tecnologia não visa obter 100% de rigor e precisão em todas as decisões dos árbitros por esses relvados fora. Este é o primeiro princípio que o International Football Association Board (IFAB) pretendeu assegurar, pois entende que destruiria o fluxo essencial de emoções necessariamente vividas numa partida de futebol. Por outro lado, relembramos os quatro momentos específicos em que o VAR deve ser utilizado: golos (se existiu irregularidade e se deve ser atribuído), penálti (se deve ser atribuído e, em caso afirmativo, se correctamente assinalado), expulsões (garantir que os vermelhos foram correctos) e erro na identificação do jogador a sancionar (assegurar qual o jogador que deve ser, efectivamente, sancionado).

2. E quanto ao momento em que o VAR deve intervir?
Desde que a 1.ª Liga portuguesa se iniciou em Agosto passado, já ocorreram situações que não se enquadraram dentro do procedimento estipulado e criado para a utilização do VAR. Revela-se obrigatório que os árbitros e respectivos formadores tenham sempre em mente os princípios 5 e 7 do procedimento e que se complementam: apenas o árbitro deve pedir a intervenção do VAR e a decisão final cabe-lhe sempre. Parece que a intervenção do VAR é intencionalmente limitada: apenas recomenda ao árbitro que pare em determinada situação para poderem rever. Ora, isto criará, a priori, um problema de interpretação: os árbitros não podem nem devem analisar de forma idêntica no futebol. Em Itália, por exemplo, o árbitro toma uma decisão e, em caso de dúvida, manda parar o jogo para se deslocar a um monitor no relvado para ele próprio retirar as suas ilações. Ou seja, a mesma pessoa toma e revê a sua decisão. Não seria mais seguro desta forma?"

Bestial a besta!

"Quanto maior a equipa, maior a pressão. Uma verdade a que estamos todos habituados. Na semana em que se perde um jogo já se sabe que tudo vai ser posto em causa. Jogámos com o bloco muito baixo, não pressionámos, estivemos apáticos, quando na semana anterior a perfomance fora muita boa. Esta análise, de adeptos mas também de muitos comentadores, só não tem em conta os factores que são aleatórios no jogo. As equipas tentam controlar tudo o que naturalmente se consegue controlar, mas não podem controlar aspectos como o trabalho de terceiros ou a execução ser feita, na maior parte dos casos, com os membros inferiores. Pormenor tão importante, digo mesmo decisivo, e que a maioria não valoriza.
O discurso é normalmente para reforçar que os jogadores são profissionais e como tal não podem ter essas falhas. Nada mais falso. Todos os agentes vão falhar, sejam treinadores, jogadores ou árbitros. Profissionais ou amadores. O problema não é cometer erros, é responder a essa adversidade sem receio de voltar a errar. Mas é necessário que se estabeleçam critérios uniformes para que não haja desconfiança sobre a natureza do erro. Este é nos dias de hoje uma das maiores questões a resolver - a confiança entre os agentes principais do jogo. Não se pode estar sempre a colocar em dúvida as opções do treinador, a decisão do árbitro ou o erro do jogador. Este clima provoca um ambiente insustentável no jogo. As relações entre os agentes devem ter uma base de confiança que permita aceitar o erro como natural e não, como aconteceu, de que há terceiros a ser beneficiados. O critério, técnico ou disciplinar, tem que ser o mais homogéneo possível.
Quando se limita as relações entre os diversos agentes aumenta-se este clima de desconfiança. Devíamos provocar encontros entre todos para discutir, sem corporativismos excessivos. Ninguém tem a razão absoluta e todos são necessários para a qualidade do jogo."

José Couceiro, in A Bola