sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Fernando Gomes, num tratado de bom senso e lucidez

"A exposição de Fernando Gomes na comissão parlamentar foi um tratado de bom senso. Mas não só: bom senso, sensibilidade e lucidez.
Em três palavras, concordo com tudo.
Não é nada de novo, quem segue este espaço sabe que já várias vezes escrevi sobre o assunto. Já aqui defendi, por exemplo, que é necessário penalizar as declarações incendiárias. Já aqui defendi também que é necessário tratar as claques como elas devem ser tratadas: como o embrião de uma agressividade que transforma o futebol num espaço violento, ameaçador e hostil.
Por isso não podia seguramente concordar mais com Fernando Gomes, quando ele diz que é necessário criar regulamentos mais duros que inibam as pessoas do futebol de destruir o sector.
Nesta altura, aliás, lembro-me de uma entrevista que fiz a Sir Dave Richards: o homem que liderou a Premier League entre 1999 e 2013, nos anos de maior transformação do jogo em Inglaterra.
«Em Inglaterra não é permitido falar de árbitros nem antes nem depois dos jogos», disse-me na altura. «Porquê? Porque é totalmente errado. É uma pressão inaceitável e não pode acontecer.»
Em Portugal as poucas tentativas que se fizeram de penalizar as declarações que lançam o ódio e a suspeição sobre os árbitros, e sobre o futebol em geral, morreram à nascença. Os dirigentes, em sede de Liga, chumbaram-nas com o argumento que atentavam contra a liberdade de expressão. 
«Liberdade de expressão? Tudo bem, se querem liberdade de expressão podem tê-la. Falem do jogo. Mas não critiquem o árbitro em público e não critiquem o espectáculo. Não é permitido, ponto final. Se o fizerem, vão ser punidos. Acima de tudo tem que haver respeito pelo jogo.»
Não deixa de ser curioso, de resto, que os mesmos dirigentes que acham que a restrição a declarações sobre árbitros é um atentado à liberdade de expressão sejam os primeiros a impor nos contratos dos jogadores cláusulas que os proíbem de falar sem autorização do clube.
Mas em frente. Até porque há mais.
Por exemplo: mais uma vez está coberto de razão Fernando Gomes quando diz não ser possível que em Inglaterra haja 2150 interdições de entrada em estádios num ano e em Portugal haja, no mesmo ano, apenas 88. É necessário haver mais fiscalização: aplicar melhor as leis. 
Mais uma vez lembrei-me de Sir Dave Richards, e do bom exemplo inglês. «O hooliganismo parou através de uma ação concertada entre a liga inglesa, a federação e o governo. Criámos uma força de stewards especialmente treinada para lidar com os hooligans. Identificámos os hooligans e foram banidos do futebol. Foi um trabalho muito demorado e custoso, mas hoje o fenómeno do hooliganismo está controlado», referiu.
«As claques continuam a existir, mas se querem violência, que o façam em casa. Hoje esses adeptos estão segregados: separados no estádio para não estarem juntos. E o ambiente é completamente pacífico. Qualquer pai pode levar o filho ao futebol tranquilo.»
Tão simples, não é?
O antigo dirigente garantiu até que se um adepto diz um palavrão nas bancadas hoje em dia, logo é chamado à atenção por outros adeptos que o alertam para a presença de crianças na bancada.
E não foi por isso que o ambiente nas bancadas ficou mais pobre: o futebol inglês não é conhecido, aliás, por ser triste, melancólico e silencioso.
«Não há segredos para criar uma liga fantástica, com jogadores fantásticos e estádios fantásticos. Tem tudo a ver com criar condições para o desenvolvimento dos clubes, e do próprio futebol.»
No fundo parece-me que foi esse alerta que Fernando Gomes foi lançar à Assembleia da República: precisa que o Governo o ajude a criar as condições para desenvolver o futebol.
Numa altura em que Portugal é campeão da Europa e em que a selecção está no topo do mundo, não faz sentido a liga continuar coberta de negro: suspeição, ódio, medo, desconfiança, hostilidade.
Não faz sentido. Ponto.
O futebol de clubes vive mergulhado num ambiente de guerrilha: um ambiente pesado, cinzento, depressivo. É urgente trazê-lo de volta ao lugar dele: ao pedestal de jogo mais bonito do mundo.
Até porque não é só o futebol que estamos a prejudicar: estamos também a lesar a educação dos nossos filhos, que vão crescer neste ambiente bélico. Que cidadãos vão ser?
Por isso, lá está, o Governo só tem de ouvir bem o que foi dito por Fernando Gomes. Um tratado de sensibilidade, bom senso e lucidez, no fundo."

Medidas inevitáveis

"Os campeonatos avançam, os interesses em jogo são conhecidos e, para os atingir há quem não olhe a meios para atingir os seus fins.

Se se deseja melhorar o clima que actualmente está instalado no futebol português há que tomar medidas duras e urgentes.
Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, esteve ontem na Assembleia da República onde foi ouvido pela Comissão que ali trata das questões desportivas. Ali traçou o quadro que caracteriza por esta altura a relação entre os vários agentes ligados ao futebol, fazendo acusações e avançando propostas. Entre estas, a da criação de uma autoridade administrativa virada para a segurança e combate à violência.
Citou, a este propósito, o tom bélico de alguns comentadores de futebol em programas televisivos, reclamando intervenção da ERC – Entidade Reguladora da Comunicação.
Não deixando de reconhecer a razão que neste aspecto assiste a Fernando Gomes, não é menos certo que lhe faltou uma palavra de condenação para com aqueles que neste momento são, entre outros, grandes fautores de causas de perturbação no futebol, os directores de comunicação dos três grandes. 
Outro aspecto apontado pelo presidente da FPF aponta para a necessidade de fazer aplicar rápida e rigorosamente a legislação já existente, no sentido interditar os estádios de futebol a adeptos marginais.
Em Portugal, esse número de interditos não atinge as nove centenas, enquanto na Inglaterra, por exemplo, com leis muitos semelhantes, esse número quase chega a quinhentos adeptos sob castigo.
A manter-se a situação e perante a passividade que está à vista em todos os domínios, a situação tenderá inevitavelmente a deteriorar-se.
Os campeonatos avançam, os interesses em jogo são conhecidos e, para os atingir há quem não olhe a meios para atingir os seus fins.
Este é o tempo de prevenir, para evitar que mais tarde seja necessário remediar."

Aves parecia o Bayern

"Qualquer adversário cria cinco ou seis ocasiões de golo contra o Benfica. Os adeptos acabam os jogos tão cansados como os jogadores.

Ganhámos na Vila das Aves, vitória por dois golos, relativamente tranquila, e a berraria continua. Num jogo onde o lance mais discutível foi um penalty não assinalado a favor do Benfica, o lance mais discutido foi uma falta a meio campo não assinalada a favor do Aves. Assim não há arbitragem que resista. Se mesmo quando somos prejudicados temos que ouvir dislates, então chamem os homens das batas brancas, com os coletes de força.
Dito isto, o Benfica pode e deve jogar melhor. Nesta fase, ganhar será o mais decisivo, mas para aspirar a conquistas precisamos de melhorar rumo aos títulos. Sem tirar mérito ao Desportivo dos Aves, durante o jogo de domingo dei comigo a pensar que estávamos a jogar com o Bayern Munique pela sétima vez. Qualquer adversário cria cinco ou seis oportunidades de golo num desafio contra o Benfica. Assim, o risco do resultado será sempre elevado. É este aspecto colectivo que mais me preocupa no Benfica, e não tanto a qualidade individual, por muito que se possa sempre querer mais e melhor. Como desabafa um amigo benfiquista, este ano os adeptos acabam os jogos tão cansados como jogadores. Ganhámos, somámos três pontos e isso foi bom.vencei com inteiro
Hoje teremos que voltar a ganhar para ainda ser melhor. O caminho do triunfo faz-se contra um adversário de valor, bem orientado e sem nenhum receio de jogar bem. O Sporting venceu o Feirense sete minutos depois da hora com golo de penalty. Numa semana onde o FC Porto igualou o seu melhor resultado dos últimos 24 meses na Taça da Liga, ficámos a saber que os adversários estão todos em grande forma. Temos que vencer logo pelas 19 horas, e que não falte apoio incondicional nem estádio que festeja o seu aniversário, e onde todos queremos continuar a viver momentos únicos de alegria e benfiquismo. Este ano entramos em cinco provas, vencemos a única que já terminou, faltam as outras.
Cristiano Ronaldo venceu com inteiro merecimento o prémio da FIFA para melhor jogador do mundo, numa gala que consagrou muito em função do êxito colectivo dos clubes onde os jogadores têm desempenho. O futebol é um desporto colectivo e assim é entendimento pela FIFA."

Sílvio Cervan, in A Bola

Boa vitória

"E por falar em cartilhas... Bastou o Benfica ganhar um jogo para que os videoparvos saltassem a terreiro com as suas verdades alternativas. É caso para dizer que entre insolventes e papagaios não há quaisquer falhas de comunicação. Se eu pudesse provar que estão coordenados, recomendá-los-ia para gestores do SIRESP. Espero que continuem, é sinal de que consideram o Benfica um adversário temível.
Enfim, ganhámos indiscutivelmente na deslocação à Vila das Aves, numa partida em que Rui Vitória manteve a aposta em Svilar, Rúben Dias e Diogo Gonçalves (porque são bons jogadores e não pela sua tenra idade), além de ter tido a coragem de decidir de acordo com as suas convicções, ao remeter para o banco o indiscutível Pizzi. Pouco me interessa agora se foi uma boa ou má decisão, mas valorizo ter sido aquela que, naquele jogo em particular, o nosso treinador achou ser a melhor. Parece-me fundamental que não se olhe aos nomes nas camisolas - o importante é o emblema. E o Pizzi, que tanta qualidade tem acrescentado à equipa desde que chegou ao clube, e não obstante ter começado o jogo no banco, entrou com a atitude do campeão que é o desempenhou um papel importante na nossa vitória.
E por falar em nomes nas camisolas, há um que nos remete imediatamente para conceitos futebolísticos como classe e faro de baliza: Jonas. Com o bis alcançado no passado fim-de-semana, o brasileiro, com 97 golos, passou a ser o 20.º melhor marcador da história do Benfica em competições oficiais (e o 16.º no Campeonato Nacional). É o segundo melhor estrangeiro de sempre, ainda distante dos 172 de Cardozo, mas marca mais dois golos a cada dez jogos em média do que o paraguaio. Notável!"

João Tomaz, in O Benfica

Viva a (in)coerência

"Na quinta jornada, após ter derrubado André Almeida ilegalmente, Nakajima apoderou-se da bola, serviu Fabrício, e o brasileiro conseguiu um golo que permitiu ao Portimonense ganhar vantagem frente ao Benfica. A imprensa pouco ou nada badalou o lance. Os supermagaespecialistas das redes sociais fecharam os olhos. Possivelmente, a falta terá passado despercebida por estar na origem da jogada, mas não ter influência directa no desfecho da mesma, pensei eu.
No passado fim de semana, após ter derrubado Nildo, ilegalmente, Jonas apoderou-se da bola, serviu Pizzi, e o transmontano, sofreu um penalty que permitiu ao Benfica dilatar a vantagem frente ao Desp. Aves. A imprensa pouca ou nada baldará o lance. Os supermegaespecialistas das redes sociais vão fechar os olhos. Provavelmente, a falta terá passado despercebida por estar na origem da jogada, mas não ter influência directa no desfecho da mesma, pensei eu.
Estava redondamente enganado. Imagine o leitor,  movimento faltoso do Jonas não só foi discutido em todos os espaços de análise como se transformou na principal causa da vitória do Benfica na Vila das Aves.
O (pouco) espaço de destaque que restava serviu para sublinhar a cinzenta exibição do Benfica - como bem ilustram, aliás, os escassos 12 remates à baliza de Quim.
Nos últimos anos tenho suspirado pela paz no futebol português. Enfim, o sossego parecia ter chegado... até que o Benfica voltou às vitórias. Fica a impressão, certamente - de que isto apenas anda calmo quando o Benfica marca passo.
Sendo assim, agora suspiro por algo diferente: que a peixarada, a choradeira e o mau perder voltem rapidamente a reinar."

Pedro Soares, in O Benfica

Sangue novo

"Quando Luís Filipe Vieira afirmou, há uns anos, que o Benfica poderia um dia vir a ter uma equipa predominantemente formada no Seixal, confesso que torci o meu nariz.
Não me parecia possível criar jogadores em quantidade e qualidade suficiente para tal. E, assim, pensava que uma aposta demasiado voltada para esse caminho poderia significar tempo perdido. Passados alguns anos, e quando olho para Ederson, Nélson Semedo, Lindelof, João Cancelo, Renato Sanches, Bernardo Silva, André Gomes ou Gonçalo Guedes, para citar apenas os casos mais relevantes (e só estes oito nomes representam já mais de 200 milhões de euros em transferências), percebo que a ideia era tudo menos disparatada. Na verdade, não estivesse o Benfica brigado a vender jogadores anualmente para, com isso, manter as contas equilibradas, e já poderíamos ter uma grande equipa, quase toda ela made in Seixal.
O que falta então para o sonho se concretizar no futuro? Essencialmente diminuir o nível de endividamento, de modo a permitir à SAD a robustez financeira suficiente para resistir ao assédio das grandes potências internacionais. Daí a redução do passivo ser, hoje, uma das grandes prioridades do Benfica.
Entretanto, Rúben Dias e Diogo Gonçalves afirmam-se a cada dia que passa como apostas ganhas. João Carvalho também terá, seguramente, as suas oportunidades. E outros estão na calha. O investimento no Seixal mostra-se, portanto, um dos pilares do Benfica para as próximas décadas. Modelo que, diga-se, está prestes a ser replicado também noutras modalidades, com o Centro de Alto Rendimento de Oeiras já em marcha."

Luís Fialho, in O Benfica

A nova Luz

"Comemoramos o 14.º aniversário da nossa Catedral. Recordo 14 monumentos.
25/10/03 - inauguração da Luz com a inesquecível ode de José Fialho Gouveia.
17/03/04 - Sokota e Tiago marcam frente ao Belenenses e carimbam o passaporte para a final da Taça de Portugal, que acabaríamos por vencer frente ao FC Porto (2-1).
14/05/05 - Luisão bate Ricardo nas alturas e faz o golo que nos abriu a porta do 31.º título.
04/05/09 - Aimar marca o 2.º golo frente ao V. Guimarães (2-1) e estamos na final da Taça da Liga, onde batemos o Sporting.
03/01/10 - Saviola marca o golo da vitória frente ao Nacional, dando início à carreira vitoriosa rumo à conquista da 2.ª Taça da Liga.
09/05/10 - Conquista do 32.º Campeonato com a vitória frente ao Rio Ave (2-1).
02/03/11 - Cardozo e Javi Garcia marcam na vitória frente ao Sporting (2-1). Sò parámos na final da Taça da Liga em Coimbra, onde batemos o Paços de Ferreira (2-1).
20/03/12 - Maxi, Nolito e Cardozo marcam na vitória frente ao FC Porto (3-2). Em Comibra, voltámos a conquistar a Taça da Liga - vitória por 2-1 frente ao Gil Vicente.
15/01/14 - Djuricic e Ivan Cavaleiro marcam na vitória frente ao Leixões (2-0) que nos levou à conquista do 6.ª Taça da Liga.
20/04/14 - Lima marca dois golos ao Olhanense e dá-nos o 33.ª Campeonato.
11/02/15 - Talisca, Pizzi e Jonas qualificam-nos para a final da Taça da Liga, na qual vencemos o Marítimo (6-2).
23/05/15 - Lima e Jonas levam-nos ao rubro na festa do 34.º Campeonato.
15/05/16 - Gaitán, Jonas e Pizzi marcam na vitória frente ao Nacional que nos deu o 35.º título.
13/05/17 - Cervi, Raúl, Pizzi e Jonas brilham na conquista do Tetracampeonato."

Pedro Guerra, in O Benfica

O que uma Águia vê quando voa...

"Esta semana estamos a cumprir o décimo quarto aniversário sobre a gloriosa noite de 25 de Outubro de 2003.
´Mais de quinze milhões de espectadores depois dessa data, o Estádio do Sport Lisboa e Benfica é o autêntico palácio da Família Benfiquista, onde conjuntamente vivemos as nossas glórias e tristezas, celebramos a nossa fé e damos livre curso à paixão que nos une, na inigualável diversidade de todas as nossas diferenças.
Após quase 50 anos vividos à cadência constante de imparáveis índices de crescimento e expansão que nenhuma outra instituição da sociedade portuguesa conhece, tivemos tempo e fortuna suficientes para sedimentar e fortalecer na 'velha Catedral' a poderosa unida que nos caracteriza como adeptos. E agora, já nos aprestamos a completar o terceiro lustre da vida desta nova estrutura monumental que tanto orgulha e enobrece o Benfiquismo.
Bem nos devemos lembrar, hoje e sempre, de quando terá sido difícil e arriscado o empreendimento da construção da 'Nova Luz': na miséria em que nos encontrávamos, as condições de base para tomar a decisão de avançar e construir eram absolutamente inexistentes, depois de um ladrão que esteve entre nós nos haver espoliado de quase todos os recursos materiais.
Só a determinação, a generosidade pessoal e a persistência de um mitigado grupo de Benfiquistas visionários concebeu então o que a muitos (como eu...) parecia impossível. E a obra nasceu e ergueu-se. O nosso Estádio da Luz, como o povo lhe chama, o Estádio do nosso Sport Lisboa e Benfica, perdurará como símbolo maior do que nos caracteriza como Clube maior e inigualável: nenhuns outros jamais conseguirão alcançar o que já atingimos e o que havemos de conquistar, se nos mantivermos sempre todos juntos, a imaginar o que uma Águia vê quando voa..."

José Nuno Martins, in O Benfica

A regulação no futebol português

"Como estava previsto, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, foi ouvido na Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República para poder expor, em pormenor, as razões fundamentais que nortearam a publicação de um artigo que causou grande impacto sobre as suas legítimas preocupações no que respeita no actual estado crítico do futebol português.
Percebe-se, em primeiro lugar, que o timing não é melhor. O futebol já tem fama de ser suficientemente marginal à sociedade para não lhe merecer, em qualquer altura, a importância do esforço de qualquer intervenção estrutural, quando mais agora que o país vive tempos justificadamente ocupados pela urgência de responder, aos mais diversos níveis, à calamidade pública causada pelos incêndios que flagelaram e destruíram parte significativa da floresta, ceifando mais de uma centena de vidas e arrasando o património de centenas de portuguesas.
Mas não é pelo facto de Portugal ter, neste momento, as suas maiores atenções viradas para o rescaldo de uma tragédia brutal que todos os outros problemas reais da sociedade portuguesa deixam de ser problemas. E, entre estes problemas, está, de facto, o estado de profunda crise moral, cívica e desportiva do futebol profissional.
O que Fernando Gomes foi dizer ao Parlamento é que o futebol já não governa, nem se governa. Que é urgente criar um regulação autónoma, com capacidade de decisão e de penalização. Que aos políticos cabe agir, legislar e mudar esta grave situação. Não foi pouco. Será muito, se os políticos assumirem, agora, o seu dever."

Vítor Serpa, in A Bola