sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Histórico

"Os números não mentem. A gestão do Sport Lisboa e Benfica continua a dar cartas - apresentamos os melhores resultados de sempre da SAD. O nosso Clube é, neste momento, um verdadeiro 'case study' do ponto de vista das gestões desportiva e financeira. Os resultados falam por si e todos devemos reconhecer a competência dos cinco administradores da Benfica Futebol SAD.
Nos temos que correm, apresentar lucros de quase 45 milhões de euros é obra! Quantas empresas em Portugal se podem vangloriar de ter um aumento na ordem dos 118 por cento? Trata-se do maior resultado líquido na história da nossa SAD e deve encher-nos de orgulho e, sobretudo, fazer redobrar a nossa confiança em quem gere os destinos do Clube.
Só gente habilitada, dedicada e com visão consegue atingir estes resultados. Como se tal não bastasse, atingimos um recorde de receitas - quase 300 milhões de euros. Temos um capital próprio positivo de 67,7 milhões. Há que destacar ainda dois indicadores fundamentais - activo (506 065) e passivo (438 333). Conforme a promessa do presidente, Luís Filipe Vieira, o Benfica declarou tolerância zero para com a dívida. Conseguiu-se uma redução de 17 milhões de euros no passivo e uma forte redução da dívida bancária, na ordem dos 89 milhões. Como um dia disse Domingos Soares de Oliveira, o SL Benfica estará confortável no dia em que a nossa dívida for igual à facturação.
Conseguimos! Pela primeira vez os rendimentos do Grupo Benfica ultrapassaram o valor de endividamento financeiro. O mérito é de toda a Família Benfiquista, porque no Benfica quando ganhamos, ganhamos todos e quando perdemos, perdemos todos!"

Pedro Guerra, in O Benfica

Trazer a Escola para o 'coração do Benfica'

"Há muito que o Presidente Luís Filipe Vieira aponta na direcção da Formação como o mais consistente rumo para o futuro do Benfica. Mais recentemente, refere-se mesmo, com frequência, ao Caixa Futebol Campus como o novo 'coração do Benfica' e não enquanto se tratasse apenas do completíssimo centro de estágios onde a equipa principal dispõe dos melhores recursos para a preparação e recuperação das competições em que está envolvida. Efectivamente, há uns anos que o sonho que Luís Filipe Vieira sonhou e fez construir no Seixal por todos nós tinha, sobretudo, como objectivo claro constituir de raiz o verdadeiro 'berço de ouro' no qual pudessem vir 'a desenvolver-se e a soltarem-se' os futuros talentos do futebol benfiquista.
Após ter completado o décimo ano da primeira fase de implantação, o Presidente anunciou, e já pôde mostrar, o início da segunda fase construtiva do Caixa Futebol Campus. E desta vez, ao definir, mais claramente ainda, o verdadeiro desígnio para o grande futuro daquele impressionante complexo desportivo, Luís Filipe Vieira vem dar corpo a uma aspiração primacial do Clube que alguns dos nossos antigos dirigentes mais esclarecidos desde cedo indicavam para o Benfica: os atletas serão homens completos apenas depois da evolução equilibrada enquanto meninos e jovens.
Em pleno séc. XXI, faz realmente todo o sentido que a progressão académica destes jovens seja ainda mais acarinhada no seio do Sport Lisboa e Benfica, à medida em que os nossos jovens aqui vão crescendo como atletas, antes de se cumprirem como homens.
Ora, foi com base neste silogismo que o Presidente apresentou a nova filosofia que enforma transversalmente não só a estrutura global do Caixa Futebol Campus, como o outro novo equipamento destinado ao desenvolvimento da Formação e Treino das Modalidades de Alta Competição, prestes a arrancar, assim como, de um modo geral, todas as infraestruturas de que dispomos destinadas à captação e formação dos mais pequenos atletas do Sport Lisboa e Benfica: atendendo aos sinais que a Sociedade do Conhecimento nos proporciona em cada dia, o Benfica assume e desenvolve uma inédita relação com a própria esfera universitária e, a partir desse movimento de interesse directo para os campos da competição desportiva, aproveita a oportunidade, para, de modo sustentável, trazer a Escola para dentro de casa. Para o 'coração do Benfica'.
A este respeito e nem de propósito, temos agora o ensejo de passar a acolher com regularidade nas nossas páginas, as reflexões de André Vale - um jovem treinador dos escalões competição 2009 - 'Traquinas', da Escola de Futebol Benfica Estádio, que é também o coordenador técnico da Escola de Futebol Benfica - Oeiras. O seu primeiro texto que hoje publicamos, reflecte precisamente esta outra mudança de paradigma que paulatinamente também já está a ser implantada desde há anos, junto dos nossos heróis mais novinhos. Atenção ao que ele escreve!"

José Nuno Martins, in O Benfica

Cidade Desportiva das Modalidades



Foi hoje apresentado publicamente a futura Cidade das Modalidades do SL Benfica. O Rugby e o Atletismo serão dos principais beneficiados, mas todas as outras modalidades de pavilhão (ou ditas amadoras) vão beneficiar... principal os escalões de Formação, que hoje se encontram 'espalhados' por várias Escolas da região de Lisboa!

Em tese, gostaria de ver este Centro de Alto Rendimento ao lado do Caixa Futebol Campus, junto da futura Escola do Benfica, mas logisticamente não é possível. Porque a proximidade ao centro de Lisboa, principalmente às diversas Escolas e Universidades que muitos dos nossos atletas frequentam, não permitem deslocações diárias (ou bi-diárias) ao Seixal!!!

Tenho a certeza que na 'cabeça' da Direcção, estará a possibilidade de uma futura ampliação desta 'Cidade', numa 2.ª fase!!! Creio que o regresso do Ténis ao Clube, seria uma alternativa interessante para dar 'vida' a este Complexo...
Pessoalmente, existem outras modalidades que gostaria de ver no Benfica. A prioridade na minha opinião tem que ser dada às modalidades Olímpicas, e com esta espaço, tudo é possível... até o Futebol Feminino!!!

A teoria do caos

"Para superar o mau momento, será suficiente à equipa do Benfica unir-se, comprometer-se e revoltar-se?

Não está o Benfica num bom momento e não está num bom momento desde logo porque não conseguiu uma única vitória nos últimos três jogos. Para uma equipa como a do Benfica estar três jogos sem ganhar é logo um pequeno drama. Ainda por cima, e ao contrário do que acontece nalguns outros grandes clubes, no Benfica os adeptos não são muito dados a sofrer. Quando se veem a sofrer descarregam na equipa. Exigem tanto que rapidamente põem tudo em causa. O que também é dramático.
Os adeptos veem a equipa jogar menos do que gostariam e pressionam; a equipa joga menos e por isso não ganha; e como não ganha perde confiança; e como perde confiança está mais insegura mais os adeptos cobram; e quanto mais os adeptos cobram mais a equipa se fragiliza. Pode ser um 31 !

O Benfica não está a jogar bem e se não for capaz de reconhecer isso a coisa pode complicar-se ainda mais. O Benfica não ganhou qualquer dos últimos três jogos e curiosamente esteve a ganhar em todos eles. O que é preocupante. A ganhar ao CSKA e ao Boavista deixou-se derrotar por igual resultado (1-2) e a ganhar ao Braga deixou-se empatar.
Ou seja, pior do que não ter chegado à vitória foi ter estado em vantagem e acabado por desperdiça-la. Creio que é essa a principal reflexão que a equipa deve fazer.
O Benfica faz o mais difícil, que é ficar por cima no jogo em matéria de resultado; onde está então o seu cavalo de Troia? No controlo do jogo! Será essa a questão chave.
Dificilmente o Benfica não faz pelo menos um golo por jogo. Sobretudo pelo talento dos jogadores que tem e pela predisposição ofensiva do seu ADN. Ora se faz sempre, ou quase sempre, golos tem de saber controlar o jogo e o adversário de modo a não desperdiçar o que tanto lhe custa a ganhar, que é a vantagem.
O que na verdade este Benfica tem tido mais dificuldade em conseguir e mais ainda quando não tem Fejsa, porque Fejsa é verdadeiramente a bússola do meio-campo encarnado.
O que se em visto é, pois, um Benfica a defender pior e que defende com menos gente em todo o campo e que portanto se torna tacticamente mais vulnerável e frágil, um Benfica que não faz pressão alta, um Benfica que dá mais espaço, que deixa jogar com mais facilidade, e que mostra igualmente maior dificuldade mesmo quando recupera a bola porque a transição é mais lenta e, portanto, menos capaz de provocar desequilíbrios no adversário.

Escrevi-o logo após a derrota com o CSKA, mas ainda antes de perder com o Boavista e empatar, agora, com o Braga: este Benfica tem menos intensidade, ofensivamente amontoa jogadores nas zonas interiores, perde com isso profundidade, revela pouca dinâmica, os jogadores procuram menos o espaço e o seu jogo torna-se mais previsível, mais lento e muito menos criativo.
Parece que lhe falta cérebro, e mesmo quando dá ideia de querer fazer um pouco mais logo se torna mais evidente que pensa de menos. E que é menos sólido do que apesar de tudo, já conseguiu ser com Rui Vitória. Ou seja, este tetracampeão está mais fácil de dominar.
Claro que tem o Benfica tempo mais do que suficiente para reverter este cenário. Mas o tempo não chega. Tem tempo mas não se vê, por agora, como.
E é isso que preocupará os adeptos.
Há momentos no futebol em que os problemas são muito mais emocionantes do que técnicos. Mais de liderança (ou da falta dela) e de capacidade de influenciar o jogo do que propriamente tácticos. Muitas vezes são problemas de clima, de atmosfera, de harmonia. De as coisas fazerem ou não fazerem sentido. De se compreender do lado de fora determinadas opções do treinador lá dentro. Ou de se sentir de forma mais ou menos positiva aquilo de que uma equipa é ou não é capaz.
O que se passa na Luz passa também por isso, pela instabilidade que a própria equipa começou por mostrar de dentro para fora e pela menos compreensão de algumas das decisões tomadas pelos responsáveis.
Estruturalmente, na definição estratégica da época.
Conjunturalmente, nas opções do treinador.

Para agravar o problema, a defesa tem estado mais instável que nunca, Jonas joga abaixo do seu nível e está um ano mais velho, Pizzi também baixou de rendimento, Rafa não há meio de dar aproveitamento às fantásticas características que tem, Gabriel Barbosa ainda só mostrou vontade, Cervi parece condenado a continuar de fora e mesmo Zivkovic não deve conseguir perceber se é titular ou não, Salvio e Fejsa debatem-se com as lesões, Samaris continua demasiado nervoso talvez pela instabilidade da sua posição na equipa e Filipe Augusto tem em generosidade o que lhe falta em criatividade e dimensão para construir e responder às exigências de uma equipa de grande dimensão.
No jogo de quarta-feira, com o Braga, Filipe Augusto pode mesmo ter cometido o pecado capital de se deixar levar, de algum modo, pela ideia de confrontar uma plateia que o assobiava. Não foi responder aos adeptos com aplausos que lhe ficou mal; mal ficou-lhe ter demorado tanto a sair do campo no momento da substituição, como se estivesse a ganhar. E não estava.
E os adeptos ainda reagiram pior. O que é normal.

É neste clima de relativa desconfiança (os adeptos na equipa e a equipa nela própria) que o Benfica enfrenta uma semana, no mínimo, chata. Para não dizer outra coisa. Paços de Ferreira na Luz, Basileia na Suiça e Marítimo no Funchal, três jogos em nove dias para definir o ciclo e medir a tensão.
Ou ganha e, como sempre, afasta as nuvens, ou não ganha e, também como sempre, o caso tenderá a ficar bastante mais sério. E mais difícil de resolver. E mentalmente mais contaminada a equipa ficará.
Qual é o remédio? Ganhar!
Mas será suficiente a equipa unir-se, comprometer-se e revoltar-se, como já fez com Rui Vitória na Luz?
Desta vez, é difícil imaginar que chegue.
A não ser que um qualquer pequeno imprevisto traga consequências fantásticas para a equipa. O designado fenómeno caótico ou casual, como está definido na... teoria do caos!
(...)"

João Bonzinho, in A Bola

Projecto e processo

"O futebol do Benfica está oficialmente em crise. Três jogos sem vencer do tetracampeão nacional sublinharam os sinais dos primeiros encontros. Há muitas formas de se tirar a radiografia da crise mais, em minha opinião, os maus resultados conjunturais dos encarnados devem-se a um dilema estrutural. Luís Filipe Vieira anunciou há um par de anos que a formação seria a principal aposta do clube e o acento tónico seria colocado na redução do serviço da dívida. Alterou-se o paradigma,saiu Jorge Jesus, entrou Rui Vitória e os resultados positivos continuaram. Vitória aproveitou desportivamente jogadores saídos das camadas jovens e da equipa B ou que por lá tinham passado como Ederson, Nélson Semedo, Lindelof, Renato Sanches e Gonçalo Guedes e Vieira aproveitou-os financeiramente. Entraram muitos milhões, saiu imensa qualidade. Após a apresentação do relatório e contas de 2016/17, o homem forte das finanças, Domingos Soares de Oliveira, reafirmou que o caminho da redução era irreversível. Mas o Benfica, pela sua grandeza e pelo historial recente, está obrigado ganhar. Ou, pelo menos, a lutar por isso. No entanto, nem todos os ciclos geracionais da formação são iguais. Em palavras mais simples, nem sempre saem das camadas jovens muitos jogadores de qualidade em simultâneo. E é preciso saber prever isso. Pelo menos, tentar. Quando os milhões não são assim tantos, é preciso scouting, ou em terminologia mais antiga, prospecção. Para já, parece que falhou e sem recurso ao mercado não parece que a equipa melhore. E o dilema é que, mesmo estando bem balizado o objectivo de redução de dívida, o Benfica nunca pode assumir baixar as armas.
No entanto, também é preciso dizer que mesmo não dispondo de tanta qualidade como em anos anteriores, exigia-se mais ao Benfica sobretudo ao nível do - palavra muito em voga - processo. Ou seja, no futebol exibido. E aí não há dilema, o réu é Rui Vitória."

Hugo Forte, in A Bola

À mesa do café

"«Então não é que o presidente (...) anda com a mania que é o dono disto tudo (...), tipo aquele gajo da Coreia?», exclamou o Luís...

Estava uma manhã soalheira se bem que um pouco fresca como normalmente acontece à chegada do Outono. Luís Azevedo, reformado há um par de anos, lá fazia o trajecto habitual em direcção ao café de bairro, acompanhado do jornal da manhã, momentos antes comprado no quiosque da rua que o havia visto nascer. «Bom dia, Sr. Azevedo», saudou o Jaime, dono do estabelecimento, quando o viu entrar. «Bom dia, amigo. O garoto do costume, por favor!», pediu, dirigindo-se, de imediato, para a mesa onde o aguardava o vizinho e amigo Bruno Vieira, seu fiel companheiro de sueca. «Bom dia, Bruno», cumprimentou. «Olá, Luís, como vais?», respondeu o amigo, apertando-lhe a mão. «Eh pá, nada bem e ainda bem que te encontro, pois temos de fazer qualquer coisa pela sociedade já que as coisas estão a atingir o limite», exclamou o Luís com um ar um tanto ou quanto agastado. «Mas, afinal, o que é que se passa?», perguntou Bruno. «Desculpa lá, Bruno, mas andas distraído. Então não é que o presidente da colectividade anda com a mania de que é o DDT, isto é, o dono disto tudo, do género quero, posso e mando, tipo aquele gajo da Coreia? Tem lá paciência, por amor da Santa! É verdade que o elegemos e lhe demos um voto de confiança. Mas a nossa sociedade, com mais de 100 anos de história, pertence a todos nós, não é coutada de ninguém. O homem não pode fazer o que bem quer», exclamou Luís, com ar aborrecido, ao mesmo tempo que mexia o garoto. «Vê lá tu, Bruno, que no último jogo, mandou anunciar aos altifalantes do campo que uma das sobrinhas ia casar no próximo Domingo e que a outra tinha tido uma criança. Como se não bastasse, ouvi dizer que se prepara para gravar uma entrevista, a ser passada no intervalo do próximo jogo em casa, com graçolas de mau gosto». «Estás a brincar?», questionou Bruno com ar surpreendido. «Ouve: quem me contou foi o Rebelo, o director de campo que ouviu da boca daquele gajo que trata das rifas e da folha da publicidade e que ainda ganha umas coroas para fazer tudo o que o Presidente manda», explicou o Luís, desta feita, em tom mais baixo. «Deixa lá isso, amigo. Vamos é a Alvalade comprar os bilhetinhos para os jogos com o Porto e Barcelona. Este ano é nosso! A seguir tratamos da sociedade». Momentos depois, os dois amigos, em passo calmo e seguro, apanhavam o autocarro para o estádio."

Abrantes Mendes, in A Bola

Erro alheio

"Já aqui escrevi, volto ao tema, porque merece atenção, e é decisivo para a evolução do jogo. Todos os agentes cometem erros durante o jogo. Mais ou menos graves, mas todos erram. Sejam jogadores, treinadores, árbitros e também dirigentes. O maior problema não é o erro, é a dimensão do mesmo e a forma como se consegue vencer essa adversidade. Tentar tapar o sol com uma peneira não resolve nenhum problema. A gravidade pode ser maior ou menor, a penalização também, mas a grande verdade é que os erros não vão deixar de acontecer. Os nossos e os de terceiros, sejam de companheiros, adversários ou dos elementos neutros na partida.
O que se tem passado nestes últimas semanas reflecte bem a nossa realidade. Se existem erros visíveis e reconhecidos, sejam de análise, técnicos, tácticos, ou de qualquer outra natureza, deve-se assumir uma posição clara por forma a não criar um clima de desconfiança entre os intervenientes no jogo. A descredibilização de qualquer dos agentes em nada ajuda a criar um clima positivo em redor da competição. Todos somos penalizados pelo erro alheio. Um jogador não concretiza uma grande penalidade e toda a equipa é penalizada, o treinador prepara mal o jogo e o mesmo acontece, o VAR não intervém e a equipa de arbitragem falha, os dirigentes criam conflitos para satisfazerem os seus adeptos, e por aí fora. Estamos num jogo de equipa e temos que saber viver com o erro. Contudo, essas falhas têm dimensão diferente consoante o momento do jogo ou a zona onde acontecem. Há erros e erros graves.
Uma das formas de minimizar o erro é claramente o auxílio das tecnologias de ponta. Claro que os custos são elevados, mas não me parece que haja alternativa. Pode-se estabelecer em quadro competitivo diferente, em que os play-off finais diluam os erros da primeira fase. Mas para isso tínhamos que estar mais avançados. De momento, nem com os direitos televisivos chegamos a bom porto, quanto mais com uma competição diferente."

José Couceiro, in A Bola

Gomes e o fim da apologia do ódio

"Fernando Gomes, presidente da FPF, vice-presidente da UEFA e membro da Comissão Executiva da FIFA, tomou posição pública sobre o estado a que chegou o futebol português. Em primeiro lugar, louve-se a coragem de Fernando Gomes, que podia refugiar-se na sua zona de conforto e deixar correr o marfim. Porém, não foi isso que decidiu fazer, apontou os responsáveis dentro do universo dos dirigentes portugueses e disponibilizou-se para fazer parte de uma solução que urge implementar.
Merece destaque o que disse em relação aos clubes, «deixem de permitir que os seus símbolos, a sua história e a sua força sejam capturados para a apologia do ódio»; o que afirmou quanto às críticas à arbitragem, «essas críticas, que muitas vezes são inspiradas em dirigentes com as mais altas responsabilidades, potenciam o ódio e a violência. São, quase sempre, uma forma de tentar esconder insucesso próprios, além de constituírem actos de cobardia»; e o que apontou aos poderes públicos, «o Estado não pode ignorar estes sinais de alarme: a arbitragem sob ameaça e constante crítica; a violência entre os adeptos; o ódio entre clubes, espalhado por redes sociais e órgãos de comunicação social».
Depois de Fernando Gomes afirmar que «existem sinais de alarme no futebol português», aguardam-se com expectativa as reacções da Liga de Clubes e do Governo, ambos desafiados para se empenharem com outro vigor numa solução que ponha fim a este estado de indignidade. Também seria interessante ouvir o que têm a dizer aqueles que «têm deixado que os seus símbolos e a sua história sejam capturados para a apologia do ódio»."

José Manuel Delgado, in A Bola

Um apelo que se saúda

"Perante tudo aquilo a que se assiste, com diversos crimes a serem praticados com todo o à-vontade na praça pública, desde ameaças, coações e difamações constantes a agentes desportivos, passando pelo furto e pela divulgação pública de pretensa correspondência privada, com campanhas negras de calúnias e insinuações, e face à inércia com que as mais diferentes entidades e autoridades têm assistido a tudo isto, há muito que era expectável uma tomada de posição do Presidente da Federação Portuguesa de Futebol sobre o ambiente que se vive no futebol português. Espera-se é que esta posição seja consequente e produza resultados concretos.
A defesa do futuro do futebol português, da sua indústria e de uma sã convivência entre clubes exige que as entidades jurisdicionais aos mais diferentes níveis actuem com a devida celeridade.
O Sport Lisboa e Benfica não faz alianças negativas contra ninguém e respeita todos os outros clubes por igual, afinal nossos adversários desportivos que são também parceiros em mais de um século de história de promoção do desporto e projecção do bom-nome de Portugal."

É tempo de responder aos sinais de alarme

"É necessário que os clubes deixem de permitir que a sua história e a sua força sejam capturadas para a apologia do ódio.

O mais importante não são os cargos, mas o que fazemos com eles. A minha recente nomeação para a Comissão Executiva da FIFA, como a vice-presidência da UEFA, é uma oportunidade de Portugal participar na definição de políticas e nas decisões das instâncias do futebol internacional.
Nos últimos anos assistimos a diversas alterações nas principais competições de clubes e selecções, os valores com direitos televisivos e comerciais nunca foram tão elevados e o mercado de transferências movimenta hoje montantes que seriam inimagináveis há poucos anos.
Os desafios que o futebol enfrenta são enormes.
No caso específico da FIFA, trata-se de uma organização que enfrentou um período negro do qual só nos últimos meses começou a sair.
A presença em cargos nas instâncias internacionais é resultado do trabalho que tem sido desenvolvido por toda a equipa federativa, com o apoio dos sócios da Federação Portuguesa de Futebol.
Se na FIFA e UEFA os desafios são enormes, na FPF não são menores.
Há muito para fazer no futebol português.
O ecossistema económico do futebol mundial está a mudar muito depressa e isso levanta desafios enormes aos clubes portugueses, nomeadamente aos que participam nas provas europeias, com repercussões nas nossas competições profissionais. Tenho tido oportunidade de conversar com todos eles sobre estes temas.
Neste contexto, é muito relevante que Portugal consiga ter uma Liga forte.
Para que tal seja possível é necessário que os clubes saibam encontrar pontes de diálogo naquilo que os une – e na minha opinião é muito! – e, de uma vez por todas, deixem de permitir que os seus símbolos, a sua história e a sua força sejam capturados para a apologia do ódio.
Tal como já tive oportunidade de afirmar em diversas ocasiões, o clima que se vive no futebol profissional português é inimigo do crescimento e da afirmação da indústria, quer no plano nacional quer internacionalmente.
É também um péssimo exemplo para os mais jovens e um fenómeno que contribui para afastar o adepto, dos estádios e mesmo da modalidade. E sem adeptos, ‘sem consumidores’, bem se sabe como fica comprometida qualquer evolução positiva de uma indústria, de um ‘negócio’.
Acompanho com particular preocupação o que se passa em dois sectores: a arbitragem e os adeptos. 
O constante tom de crítica em relação à arbitragem é inaceitável e impróprio de um país civilizado e com espírito desportivo.
Estas críticas, que muitas vezes são inspiradas em dirigentes com as mais altas responsabilidades, potenciam o ódio e a violência. São, quase sempre, uma forma de tentar esconder insucessos próprios, além de constituírem actos de cobardia.
Esta época, a exemplo do que sucedeu em outras, já houve acções condenáveis que tiveram como alvo os árbitros e que os afectaram a eles e às suas famílias.
Neste contexto, não me surpreenderia se Conselho de Arbitragem e árbitros reflectissem profundamente sobre as reais condições que existem, em Portugal, para quem tem a tarefa de dirigir jogos nas competições profissionais.
Que ninguém tenha dúvidas sobre a minha posição: toda a minha força está com os que, diariamente, são obrigados a lidar com insultos, ameaças, insinuações e entraves à tranquilidade que o desempenho das suas funções exige. Nomeadamente os que se expõem na arbitragem e na disciplina, pilares fundamentais deste desporto que amamos.
O clima de ódio tem tido reflexo também entre os adeptos.
Basta olhar semanalmente para o registo disciplinar nas competições profissionais e para as notícias que relatam incidentes – alguns infelizmente com gravidade – entre adeptos de diferentes clubes.
É com profundo lamento que o escrevo: existem sinais de alarme no futebol português.
Os clubes profissionais não podem ignorar estes sinais de alarme.
O Estado não pode ignorar estes sinais de alarme: a arbitragem sob ameaça e constante crítica; a violência entre adeptos; o ódio entre clubes, espalhado por redes sociais e órgãos de comunicação social.
E também o desrespeito de muitos pelas regras que eles próprios aprovaram em Assembleia Geral da Liga.
É uma mistura potencialmente explosiva. Temos de conseguir parar antes que seja tarde de mais.
Em Maio de 2016, quando me candidatei ao segundo mandato na FPF, anunciei que me bateria por uma nova lei que punisse de forma mais pesada e efectiva a corrupção desportiva. Após trabalho conjunto e produtivo com a Unidade Nacional de Combate à Corrupção, da Direcção Nacional da Polícia Judiciária, a nova lei foi discutida na Assembleia da República e aprovada pelos partidos.
A acusação de 27 pessoas no chamado ‘Jogo Duplo’ mostrou que existem instrumentos para investigar e acusar.
O Estado, o Governo, a Assembleia da República, os diferentes responsáveis institucionais devem envolver-se cada vez mais neste objectivo colectivo de combater de forma efectiva as ameaças ao futebol, nas suas diversas vertentes.
A FPF está disponível para colaborar com o Estado em todas estas frentes, nomeadamente na revisão das competências do Conselho Nacional do Desporto, um órgão que poderá desempenhar papel fulcral.
A Federação está a fazer a sua parte e estará sempre do lado das soluções construtivas e pacificadoras.
Ninguém pode ficar de fora desta responsabilidade."

Fernando Gomes, Presidente da Federação de Futebol de Portugal

Futebol nacional reforça prestígio com Fernando Gomes na FIFA

"A nomeação do Presidente da FPF, para o Comité Executivo da FIFA e indigitação para ser eleito Vice-Presidente, no próximo Congresso Extraordinário, da entidade que tutela o futebol a nível mundial, além do prestígio e mérito pessoal pelo desempenho e eficácia do modelo de gestão pode servir também como alavanca para desenvolvimento e reconhecimento do universo do nosso futebol e do próprio país.
De facto, a nível das Selecções nacionais, a FPF é um caso de estudo de sucesso a nível geral: das selecções jovens à selecção “A” do futebol masculino, ao excelente trabalho realizado nas selecções femininas e ainda a enorme qualidade das selecções de futsal e do futebol de praia (em 14.09.2017, Portugal ocupou lugar no pódio do ranking da FIFA, para selecções de futebol).
Foi essa liderança que alcançou.
Muitos parabéns Presidente por tão importante distinção.
Nova fase deverá ocorrer no nosso futebol, após as próximas eleições federativas.
Fernando Gomes passará certamente a integrar “outro campeonato”, em exclusividade absoluta e progressiva.
A impossibilidade de imitação é um dado adquirido.
Cada liderança, mantendo a coerência e sabendo integrar a herança recebida, terá de procurar encontrar o seu próprio caminho para preservar o património obtido.
Ao trabalho das selecções, o futuro líder do executivo da FPF deverá ambicionar também repetir os êxitos financeiro e do modelo de gestão, mas também procurar ir mais além, envolvendo e unindo nas divergências para uma mais ampla responsabilização, derrotando problemas e sinais do nosso tempo, bem urgentes:
- A conflitualidade, a violência que invade o futebol nos estádios e fora deles, vandalismo, lutas, intolerância, ilegalidades envolvendo grupos de adeptos, fundamentalismos, clima de guerra e declarações “incendiárias” e nefastas, decisões questionáveis, em relação à uniformidade dos critérios, dos órgãos de disciplina e de justiça, que a não serem resolvidas com eficácia se podem tornar um adversário perigoso e destrutivo.
Protagonismos autoritários, egoístas, nunca trazem benefícios, antes desunião e lutas permanentes onde o bom senso e a sabedoria, lamentavelmente, ficam fora-de-jogo.
Por isso, a grande importância das próximas eleições para a FPF.
Não se pode falhar na escolha do “melhor plantel” para servir o futebol! Há tempo suficiente para conseguir evitar aventureirismos de grande risco.
O diagnóstico está feito e o Presidente da FPF tornou públicas algumas prioridades: “É necessário que os clubes deixem de permitir que a sua história e a sua força sejam capturadas para a apologia do ódio”; “É com profundo lamento que o escrevo: existem sinais de alarme no futebol português”; “Ninguém pode ficar de fora desta responsabilidade.” (Fernando Gomes, “É tempo de responder aos sinais de alarme”, in A Bola/22.09.2017)
Agora o mais importante e urgente é construir a terapia adequada e competente, caso contrário desperdiça-se o diagnóstico, a reflexão e as medidas eventualmente indispensáveis perdem validade, pois como também foi escrito nesse artigo: “Há muito para fazer no futebol português”. Mesmo muito!
Com uma visão integrada, global e estruturada, podem alcançar-se os lugares cimeiros em todas as áreas.
Temos treinadores, jogadores, dirigentes, directores desportivos e membros nas comissões da UEFA e da FIFA, espalhados pelo mundo que merecem a admiração que lhes é reconhecida e que prestigiam o futebol nacional (O mítico “Quinto Império”, indestrutível e liderado por Portugal, como previram Bandarra, Padre António Vieira e Fernando Pessoa, que se afirma como possibilidade, num desporto onde a língua portuguesa é sinal de talento e de genialidade).
O futebol português, unido nos objectivos e nas estratégias, optimizando quadros competitivos, apoiando todos os clubes, potenciando a formação dos jovens jogadores e dos diversos agentes do futebol com novo modelo evolutivo ajustado às nossas realidades e metas a perseguir, tem todas as condições para se tornar e manter um exemplo à escala planetária. Importa manter o rumo seguro, convencer nas diferenças, valorizar o contraditório coerente e fazer o que Fernando Gomes exclamou no momento em que foi nomeado para o Comité Executivo da FIFA:
“Procurarei de forma construtiva continuar a focar-me nos resultados das tarefas que me são confiadas com sentido de missão”.
O sentido de missão deverá ser um referencial imprescindível para o nosso futebol e um exemplo para o desenvolvimento do país.
Sem isso, seria preferível nem entrar nas equipas do jogo fantástico que a todos nos seduz."

O momento da águia

"Bastou um ciclo de três jogos consecutivos sem ganhar para soarem os alarmes de uma "crise" na Luz. Parece prematuro apelidar assim o momento das águias, até porque a "procissão ainda vai no adro" e a equipa poderia perfeitamente ter vencido qualquer uma dessas três partidas em causa, já que esteve em vantagem em todas. No entanto, há sinais que podem ajudar a explicar esta série de resultados menos positivos.
Uma nova corrente de lesões, a exemplo do que aconteceu no ano passado, não tem permitido ao treinador Rui Vitória estabilizar uma equipa base. Se na época anterior, o problema foi bem resolvido face à riqueza de soluções, a verdade é que este ano o plantel, embora continue a ter muitos recursos de qualidade, não dá cobertura em determinadas posições.
A ausência de Fejsa acaba por ser a mais difícil de colmatar. As águias acabam por jogar de outra forma ao recorrer outros jogadores sem as características do sérvio para a posição 6. Esta situação pesa também no rendimento de Pizzi, que necessita de ter nas costas um elemento forte na recuperação e na primeira fase de construção, para ser mais influente em zonas avançadas.
Por seu lado, a equipa de Rui Vitória tem sofrido vários golos de bola parada, sobretudo em cantos. Um indicador de que o trabalho defensivo necessita ser limado no sector que mais saídas sofreu neste mercado de transferências. E é na defesa que estarão as principais dores de cabeça. Na baliza, falta perceber se Júlio César está em condições físicas para assumir o lugar. Seria a opção mais óbvia. Até lá, a escolha tem recaído em Bruno Varela, um jovem com qualidade, mas ainda sem a experiência de grande clube, a necessitar de ganhar rotinas e jogos nas pernas. O belga Mile Svilar, ainda mais novo, é igualmente uma aposta que exige tempo.
Nas laterais, a opção por André Almeida dá garantias defensivas, mas menos profundidade à faixa direita. Grimaldo compensa do lado esquerdo, mas nem sempre tem estado a 100% para poder jogar. Já para o centro não chegou ninguém e as opções têm sido limitadas. A aposta em Rúben Dias, jovem da formação, pode dar frutos, mas levará tempo a afinar.
Face às vendas que realizou, o Benfica tinha duas opções: investir em atletas experientes que pudessem dar retorno desportivo imediato ou apostar em jovens com potencial de valorização e recorrer aos recursos já existentes no plantel. O planeamento da equipa seguiu a segunda via, e isso implica todo um trabalho de preparação e maturação das dinâmicas de jogo da equipa.
Relativamente ao ataque, onde Jonas é a grande referência, surgem dúvidas quanto à capacidade física do avançado de 33 anos para dar resposta ao exigente calendário que a equipa terá de cumprir. Em paralelo, a saída de Mitroglou acaba por privar o Benfica de um homem de área com as suas características, mais posicional e pressionante. O grego sempre foi importante nos jogos mais difíceis, pela sua disponibilidade física e capacidade de desbloquear jogos. As opções existentes oferecem mais mobilidade, mas as águias perderam uma peça importante em jogos que pedem uma abordagem mais "combativa".
Várias leituras podem ser tiradas desta fase menos positiva. É um facto que já se vinha a notar uma menor exuberância das águias, mas tudo pode mudar de um momento para o outro. E a equipa terá de ir crescendo ao longo da temporada. Um pouco a exemplo do que acontece com os técnicos de FC Porto e Sporting, Rui Vitória terá o desafio de tornar os jogadores melhores do que eram e fazer o coletivo ser ainda mais forte.

O Craque – A reabilitação de Marega
O futebol é feito de heróis improváveis. De provável candidato à dispensa a titular do FC Porto, Marega é a prova de não há impossíveis na modalidade. Sérgio Conceição está a conseguir potenciar os seus maiores atributos (força, velocidade e capacidade de finalização), em prol da equipa e a trabalhar as deficiências técnicas (já se notam melhorias na recepção, no passe e no posicionamento táctico). O trabalho, a persistência e a própria superação produzem efeitos e o maliano é hoje um jogador útil para a equipa, a jogar nas alas ou no centro do ataque.

A Jogada – Bom arranque do Marítimo
Boa organização defensiva, competência e eficácia na frente colocam o Marítimo no 3.º lugar da liga com 5 vitórias em 6 jogos. A equipa madeirense venceu até ao momento os 4 jogos em casa e trouxe igualmente uma vitória de Portimão. Daniel Ramos comanda neste momento a segunda melhor defesa do campeonato e o seu trabalho está a mostrar que o ano anterior não foi obra do acaso. O Marítimo assume-se como candidato a um lugar europeu e esta semana visita um concorrente com as mesmas aspirações: o V. Guimarães. Um jogo que promete.

A Dúvida – Qualidade dos relvados
O estado dos relvados dos estádios de futebol portugueses pode parece um assunto de menor importância, mas deve merecer a maior das atenções. Em primeiro lugar, deve-se assegurar que os campos ofereçam a máxima segurança a todos os intervenientes no espectáculo, evitando o surgimento de lesões. As boas condições do relvado permitem também uma maior qualidade de jogo das equipas e o produto, enquanto conteúdo televisivo, também ganha valor. Esta época já tivemos jogos com relvados em más condições. Não teria sido prudente alterar o local dessas partidas?"