quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Deu para passar...

Benfica 67 - 62 Kapfenberg Bulls
21-22, 12-14, 16-11, 18-15

Percentagem muito baixa no lançamento... mas valeu a defesa e alguma incapacidade do adversário. 
Depois de termos perdido a vantagem de 20 pontos no jogo de Terça, estava com algum receio para este jogo!!! E a forma como decorreu a partida, provou as minhas reticências: tivemos quase sempre a perder... e só no início do 4.º período alcançamos uma vantagem segura!!! Com o velhinho Andrade a ser decisivo...!!!

Na próxima eliminatória com os Búlgaros do Lukoil vamos ter que jogar muito melhor! Com a entrada do Carlos Morais na rotação, em teoria vamos melhorar...!!!

As boas contas e o bom senso

"O Benfica respondeu às críticas sobre o actual momento da sua equipa profissional de futebol com um resultado grandioso das contas da SAD na época de 2016/17.
O activo passou os 50 milhões de euros, o passivo foi reduzido em quase 4 por cento, os rendimentos totais superaram os 250 milhões de euros e o resultado líquido atingiu os 44,5 milhões, mais de o dobro da época anterior que, por sua vez, já tinha sido mais de o dobro da época de 2014/15.
Com estes resultados, o Benfica responde a todos, utilizando até o seu Twitter oficial para a imprensa para responder também directamente ao FC Porto lembrando que o rival «está intervencionado pela UEFA» devido ao seu «descalabro financeiro».
Há, no entanto, uma questão essencial: o Benfica só conseguiu estes excelentes resultados desportivos, que lhe permitiram projectar internacionalmente os seus jogadores no único palco que conta para a sua valorização: a Champions.
Diz Domingos Soares de Oliveira, sem dúvida um dos mais decisivos arquitectos da solidez do actual edifício financeiro da SAD do Benfica, que existe um plano estratégico definido para 10 anos e do qual o Benfica não se afastará.
Entende-se o argumento que, aliás, é louvável. Porém, os planos estratégicos no futebol devem ter alguma flexibilidade e, como em tudo na vida, contar com o bom senso. Assim, se numa determinada época, o Benfica não tem jovens jogadores na sua formação capazes de resolver o imediato, há que ser competente no mercado para comprar bem, ganhar, valorizar, mostrar e, depois, vender melhor."

Vítor Serpa, in A Bola

Raúl Jiménez: 'Fuerza México'

"A 25 de Agosto de 2014 vi o Raúl ser substituído aos 60 minutos por Diego Simeone em Vallecas. À época até pagaria o bilhete só para ver aquele futebol lírico do Rayo de Paco Jémez, onde até aos nossos bem conhecidos Zé Castro e Abdoulaye Ba, centrais de posição, eram permitas as maiores habilidades. Não havia maior contraste para futebol 'con ganas de triunfar' do Atlético e, em silêncio (ofício oblige), dei por mim a vibrar com cada perda de bola do mexicano que, admito, nunca havia observado anteriormente e de quem apenas tinha ouvido falar pelas excelentes estatísticas que trazia do América e da selecção mexicana.
Assim que levantaram a placa que ordenava a saída do camisola 11 logo me segredou perentório o meu colega de bancada "No me gusta". Antigo responsável pelo recrutamento para a academia do Atlético Madrid, agora a trabalhar para um clube da Premier League, para ele o diagnóstico estava feito e assumido: o reforço rojiblanco para La Liga 14/15 era um "tonto".
Da mesma forma que verifiquei a excessiva facilidade com que sistematicamente perdia a posse da bola, fruto de um processo de decisão ainda demasiado ingénuo para o futebol europeu, não deixei de ficar extremamente interessado pela coragem, a disponibilidade, a dinâmica fluida, com dimensões atléticas e técnicas já bastante evoluídas, que Raúl Jiménez imprimia a todas as iniciativas com bola ou pela posse da bola.
Eu trabalhava então para um gigante adormecido do futebol alemão, atolado na 2.ª Bundesliga, fruto dos devaneios de grandeza de dirigentes e empresários. A árvore das patacas tinha sido seca pelas comissões, ordenados e prémios de assinatura de 'falling stars' como Maniche. A minha única esperança de um dia vir a recrutar um jogador do vencedor da Liga Europa era esperar por aqueles que mais tarde ou mais cedo vão parar ao caixote dos 'dispensáveis'. Percebi naquele dia, no dia da estreia do mexicano na liga espanhola, que Raúl Jiménez tinha tudo para se dar mal tanto com a 'afición' do Atlético como com Diego Simeone. Como tal, o meu interesse no jogador aumentou exponencialmente! Tinha entrado no meu radar e daqui nunca mais saiu, até pela demora em afirmar-se como titular no Benfica de Rui Vitória.
Foi pois com sentimentos mistos que o vi chegar ao Benfica, para mais pelas verbas envolvidas. Se por um lado teria agora oportunidade de acompanhar este jogador bem mais de perto, por outro, o investimento realizado na sua aquisição obrigava, quase que necessariamente, a uma aposta consistente na sua utilização e assim sendo, novamente, um titular de uma grande equipa como o Benfica dificilmente estaria ao alcance de um grande clube alemão em fase de recuperação financeira e desportiva, mesmo que entretanto já tivesse alcançado a promoção para a 1.ª Bundesliga.
Tal como em Madrid, embora com contornos diversos, Raúl tem tido grandes dificuldades em convencer o Estádio da Luz. Caucionado pelo engenho de marcar em momentos decisivos para a sua equipa e não raras vezes com indiscutível nota artística, mesmo assim será difícil encontrar adepto encarnado que o prefira ao pistoleiro Jonas, ou mesmo ao recém chegado Seferovic.
O mexicano não tem tido vida fácil desde que trocou de continente, mas quer parecer-me que esta situação terá tanto por culpa própria quanto pela incompreensão alheia. Ou será que é congénita a dificuldade que alguns craques têm em encaixar o seu 'futebol natural' em campeonatos onde a cientificidade (generosamente chamemos-lhe assim...) defensiva se sobrepõe ao primado do golo e do 'espectáculo desportivo'?
Mas isto também pode explicar o porquê de Rui Vitória querer ter no banco uma arma deste calibre... 
Raúl Jiménez nasceu para ser um grande avançado. É o jogador que se ama e que se odeia. É o jogador que traz gente aos estádios porque traz imprevisibilidade ao jogo.
Está tudo lá. A paixão pelo jogo e a sede pela vitória acompanhadas por um biótipo perfeito e uma técnica sempre disponível para qualquer forma de finalização. Se os avançados fossem desenhados num estirador, Raúl Jiménez seria o esboço para qualquer um. É certo que cada jogador tem o seu ritmo de maturação, mas também é verdade que num futebol cada vez mais impaciente e exigente com a juventude, certas decisões no jogo, alguma falta de rasgo nas movimentações sem bola, aos 26 anos já começam a pesar como cadastro. Parece que o jogador ainda não é tudo aquilo que podia ter sido. Mas o que o impede de ser?
Numa equipa a pisar o risco da crise desportiva, que sucessivamente joga 'a diesel' sem conseguir passar da quarta, a 'fuerza' do mexicano é exactamente do que Rui Vitória pode estar a precisar desde o apito inicial.
A verdade é que ao contrário de muitos outros avançados que necessitam de ter todo o carinho e de algum vento de bolina para ganharem a confiança que caracteriza um matador, deste mexicano podemos esperar sempre tudo. Sem muitos minutos de jogo, ele marca muito e marca bem, da mesma forma como por vezes parece jogar pouco e jogar mal.
No futebol por vezes quando se quer evitar um terramoto e preciso dar um abalo e a mudança de estatuto no seio de um plantel pode ser exatamente do que este Benfica necessita para sair da letargia. 
A minha sugestão é esta: Raúl Jiménez e mais dez e podemos conversar antes mesmo do Natal. 
'Fuerza Mexico'"

Patinhos feios

"O futebol está cheio de casos de jogadores que se tornaram indesejados pelos seus próprios adeptos e que nunca mais conseguiram alterar essa cruel relação com a bancada. Ninguém sabe explicar porquê, mas André Gomes foi rejeitado pelo Camp Nou desde a primeira hora. Pode ter sido pelo preço alto que o Barcelona pagou por ele. Ou talvez por ter chegado à Catalunha pela mão de Jorge Mendes. Ou, simplesmente, porque o estilo não agrada à plateia. Há uns anos, no Estádio da Luz, Ademir Alcântara não conseguia tocar na bola sem ser assobiado. Era um talento fora do comum, mas – para os benfiquistas – tudo o que fazia estava errado. Se rematava, devia passar. Se passava, devia rematar.
Ainda na época passada, no final de um jogo em Alvalade, Jorge Jesus saiu em defesa de um jogador perseguido pelos assobios. "Não gosto que os adeptos escolham patinhos feios." A vítima, nesse caso, era Markovic. Filipe Augusto não tem – nem de longe nem de perto – o talento de artistas como André Gomes, Ademir Alcântara ou Markovic. E se esses não conseguiram dar a volta à situação (André ainda está a tentar…), imagine-se bem o que não terá de fazer o médio de Rui Vitória para convencer o tribunal da Luz. Ninguém merece aquilo que Filipe Augusto viveu ontem no momento em que foi substituído. Mas é essa a dura realidade."

Estavam-se nas tintas para a Lei da Gravidade

"Oldemário Touguinhó foi, segundo dizem os brasileiros, o maior especialista em Pelé de todos os tempos. Eis uma especialidade engraçada.
É importante que os jornalistas falem de jornalistas. Dos jornalistas do grande jornalismo, como está bem de ver. Os que escrevem com o objectivo de esclarecer e de ser úteis, como dizia Alfredo Farinha, também ele um dos grandes.
Touguinhó não morreu antes de ter estado presente em dez campeonatos do mundo de futebol. Escrevia sobre Pelé e escrevia sobre todos os artistas que o fascinavam, mesmo que não fossem Arantes do Nascimento.
Gostava particularmente de Nijinski, o bailarino: Vaslav Nijinski. Tal como Pelé, Nijinski era um dos mais terríveis inimigos da Lei da Gravidade. Um e outro, pode dizer-se sem medo, faziam questão de desmentir Newton. Ambos subiam ao céu e não se sentiam na obrigação de descer. Que se lixasse essa coisa da matéria atrair matéria na razão directa das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias. De certa forma, amaldiçoavam a maçã.
Touguinhó interessou-se pela personalidade de Nijinski a tal ponto que consultou os registos de um psiquiatra de Zurique que observou o bailarino por mais de uma vez. Descobriu um relatório. Dizia: «Confusão mental de natureza esquizofrénica, acompanhada de excitação maníaca. Colapso na associação de ideias, aliado a um enfraquecimento dos afectos». Diagnóstico: «Incapaz, impotente para a arte».
Nijinski fez com o doutor de Zurique o mesmo que fazia com Newton: estava-se bem nas tintas para o que diziam. E, portanto, voava.
Touguinhó, como todos os bons cronistas brasileiros, escrevia num português esplêndido: «Força e beleza! Rapidez e precisão. A elasticidade e a firmeza no gesto de bailarino. O corpo que gira noventa graus, mantendo o equilíbrio difícil sobre o pé esquerdo, enquanto o braço avança no ar como se impusesse uma direcção. O olhar que acompanha criticamente o movimento, e a boca que se abre, finalmente, num sorriso discreto pelo objectivo alcançado».
Nijinski? Não. Pelé.
Pelé viu o pai, seu Dondinho, chorar pela primeira vez quando tinha 9 anos. Foi em 1950. O Brasil perdera a final do Marcanã para o Uruguai.
«A nossa Hiroxima», exagerou Nelson Rodrigues naquele seu exagero inimitável.
«Não se preocupe, pai. Não chore, não. Quando eu crescer vou ganhar uma Copa do Mundo para você», disse Pelé. Ou talvez não tenha dito. Nesta coisas dos mitos há a realidade e a lenda que lhe fica por cima. Deixemos que a lenda ocupe o espaço que lhe é devido.
Oito anos depois, Pelé foi campeão do mundo com o Brasil e só tinha 17 anos.
Aposto que seu Dondinho chorou outra vez, mas não consigo prová-lo. 
Nijinski morreu em 1950.
Talvez por causa da sua esquizofrenia, insistia em chocar o público com insinuações sexuais nos seus bailados. Era o artista impossível desafiando a arte. Excitação maníaca...
Oldemário Touguinhó viajou por toda a infância de Pelé, levantando as pedras da memória daqueles que o conheceram desde garoto em Três Corações.
Um dia encontrou Waldemar de Brito, que foi treinador de Pelé quando o rapazinho tinha 14 anos. Ele contou-lhe a história de um golo de calcanhar marcado pelo menino. E que ficara desagradado com a sua insolência. Perguntou-lhe: «Por que não se virou para a baliza para chutar?».
Pelé respondeu: «Não foi preciso. Olhei para a nossa baliza e calculei onde estaria a deles. Fácil».
Por seu lado, o professor Marcos Duarte, resolveu estudar a forma perfeita como Pelé se deitava no ar para chutar a bola por sobre a própria cabeça. Publicou um estudo científico: ‘Biomecânica de um Chute de Bicicleta de Pelé’. Mais uma vez negava Newton.
Enrico Cechetti foi outro dos que desafiava a gravidade com o desplante de um fauno. Um dia descreveu assim Nijinski: «É como um sol do qual brota uma luz intensa mas que não aquece».
Um sol para além do sol.
Em Setembro de 1913, Vaslav Nijinski estava no Rio de Janeiro com Romola de Pulszky, uma húngara que viria a ser sua mulher. Cechetti fazia parte dessa digressão. Viveu a vida breve da paixão entre os dois. «Queria que ela aprendesse a dançar porque para mim a dança era tudo», diria Nijinski mais tarde. «Percebi que tinha cometido o maior erro da minha vida. Ela nunca me amou».
No regresso à Europa foi internado num hospital psiquiátrico de St. Moritz. Havia nele a confusão da identidade ilimitada. Era ele não o sendo ao mesmo tempo. Dois anos mais tarde abandonou a dança em público. Deixara-se aprisionar pela Lei da Gravidade."

Vermelhão: Intranquilidade...

Benfica 1 - 1 Braga


Mantenho aquilo que já escrevi: os piores momentos do Benfica nos últimos jogos, aconteceram com o Rio Ave (1.ª parte) e com o Portimonense (em todo o jogo, mas a jogar contra 10 ainda jogámos pior), mas nos jogos seguintes os resultados não têm reflectido o que se tem passado no campo... Sendo que a falta de confiança que se apoderou da equipa, tem sido fatal... Independentemente de todos os problemas tácticos, das lesões, das insuficiências... e outros factores, a equipa está ansiosa, intranquila, quer resolver as coisas demasiado depressa, e os jogadores acabam por decidir mal, tanto no ataque como na defesa...

Com todas as alterações já previa um jogo muito complicado. Creio que só 3 jogadores vão repetir a titularidade no Sábado: Júlio, Almeida e Jardel ! No outro lado, praticamente a equipa titular (o Braga tem rodado muito, mas estes têm sido usados nos jogos 'decisivos'), só faltou o guarda-redes, um Central... (enquanto o Paulinho tem 'ganho' a titularidade, o Vukevic tem a 'perdido'!!!).

O Braga criou algum perigo, mas só marcou numa jogada que explica a principal razão para o Luisão ser ainda o titular do Benfica: no jogo defensivo pelo ar, o Capitão é insubstituível no Benfica! Mesmo sem fazer um grande jogo (novamente) a saída do Rafa, 'destapou' um dos problemas do Benfica em alguns momentos: falta de profundidade no ataque, com vários jogadores incapazes de ganhar as costas dos defesas em velocidade... e em força!!!

Vendo as coisas pela 'positiva', este jogo deu para 'garantir' a titularidade nos próximos jogos ao Júlio e ao Jardel ! O Rúben provavelmente ultrapassou o Lisandro na 'lista' dos Centrais! O Eliseu voltou a confirmar que com ele o Benfica pode não ganhar, mas também não perde!!!!!
O Fejsa não saiu do banco, mas deve jogar no Sábado... e na Quarta!!! O Krovi teve os primeiros minutos da época, e demonstrou que pode ser útil... ainda lhe falta muitas rotinas com os colegas, mas a qualidade é evidente... É verdade que o Gabriel não fez uma exibição de encher o olho, mas se o golo que marcou legalmente, tivesse sido validado, a avaliação já teria sido diferente!!!

A arbitragem foi uma coisa horrível, Bruno Esteves é muito mau... a quantidade de erros descarados foi altíssima. Além disso permitiu que o jogo fosse aquecendo, e com os jogadores do Benfica, com pouca paciência o jogo ficou perigoso...!!!
E os fiscais-de-linha que tanto zelo demonstraram nos ataques do Benfica... nos ataques do Braga era critério 'largo': duas das jogadas mais perigosas do Braga, são em situações milimétricas não assinaladas!!!

A alteração do calendário da Taça da Liga, para este ano, mudou 'muita coisa'!!! Será muito complicado uma equipa a jogar a Champions, com jogos da Taça da Liga 'encaixados' a meio, estar em condições de disputar todos os jogos no máximo... Ainda por cima quando o sorteio nos 'ofereceu' três prendas envenenadas!!!

A próxima semana é importantíssima, acredito que Sábado, com o Paços, vamos regressar às vitórias... Existe a forte possibilidade de apresentar uma equipa, sem lesionados: Júlio; Almeida, Luisão, Jardel, Grimaldo; Fejsa, Pizzi, Salvio, Zivkovic; Jonas, Seferovic !!! E depois vamos ter Basileia e Funchal... é preciso 'estancar' a insegurança e os 'resultados', rapidamente!!!


Taça de Honra da AFL

Belenenses 2 - 5 Benfica

A Taça de Honra costumava ser um torneio de pré-época, disputado em campo 'neutro': pois este ano, foi agendado com o Campeonato a decorrer... com o Benfica a disputar a Meia-final em casa do adversário, e com a Final a ser disputada no campo 'neutro' mascarado de Odivelas!!!

Hoje, não demos hipóteses aos 10 minutos vencíamos por 0-3 ao intervalo estava 1-4...

Derrota nos descontos!!!

Villareal B 3 - 2 Benfica B
Heri, Félix


Mais uma participação nesta competição Inglesa, desta vez com uma excelente equipa Espanhola, que está em 3.º lugar na II Divisão dos nossos vizinhos!
Estivemos sempre a perder, empatámos aos 87 minutos, mas sofremos o último golo já nos descontos!!!
Destaque para o regresso do João Félix, após lesão prolongada e logo com um golo... Além dos 'minutos' de alguns jogadores que tem estado 'tapados' na B: Duarte, Ramirez, Lystcov, Matheus... Zé Gomes...

Crise por objectivos (entre o tetra conquistado e o penta desejado)

"Ser tetracampeão não dá direito, por inércia, a ser pentacampeão. Este início de campeonato demonstra alguns equívocos do Benfica.

O Benfica é tetracampeão, é bom não o esquecer. Desde logo, os nossos adversários, pois até parece que eles que têm ganho quase tudo nos últimos quatro anos. Mas ser tetracampeão não dá direito, por inércia, a ser pentacampeão. Tentando ser o mais racional possível - coisa bem difícil no futebol - julgo que este início do campeonato, para lá das contingências em que o futebol é pródigo, demnstra alguns equívocos do Benfica 2017/18.
As derrotas no Bessa e contra o CSKA não foram tão surpreendentes quando possa parecer. Era cosia que, mais tarde ou mais cedo, se adivinhava. Neste ponto, ao menos vale mais cedo do que tarde. Há questões conjunturais e outras mais profundas. Quanto às primeiras, sempre acontecem momentos menos felizes ou períodos de manifesta má forma colectiva, que a chamada Lei de Murphy potencia. No Benfica ou nas outras equipas. O ponto crítico reside no contexto mais estrutural. Refiro-me à forma aparentemente demasiado confiante e sobranceira como se reconstituiu o plantel, conhecidos que era os jogadores a ser transferidos. Rui Vitória é um treinador sensato e com um perfil de excelente adaptação ao que lhe é posto à disposição. É uma qualidade, sem dúvida, mas nem sempre resulta. A equipa está mais debilitada, não vale a pena fingir que não. No onze que joga e no plantel total. Para alguns lugares-chave deixou de haver substitutos à altura. O caso mais notório é o de Fejsa, ele próprio sujeito a lesões tão longas, quanto recorrentes. A defesa está menos segura e coesa. E não há milagres ou descoberta todos os anos de um craque na formação. Luisão tem mais um ano, Jardel é fisicamente sócia de Fejsa, Lisandro é bom, mas parece, às vezes, um cabeça no ar, Rúben Dias ainda não sabemos. Na lateral-direita temos (e bem) o pronto-socorre André Almeida e veio de Barcelona um tal Douglas para não sei o quê. Pizzi, sem Fejsa, é obrigado a jogar mais recuado e que falta faz para tornar mais clarividente a construção ofensiva. À frente, tudo bem, ainda que, na minha modesta opinião de bancada, teria valido mais deixar sair Raúl Jiménez do que o grego Mitroglou. É que ficámos com um par de excelentes vagabundos (Seferovic e Rául), mas deixámos de ter um ponta-de-lança fixo na área (que falta fez no Bessa!). E, the last but not the least, temos a posição do guarda-redes. Não julgo Bruno Varela pelo peru de sábado. Os melhores também os dão. Acontece que a saída de Ederson foi, na minha opinião, precipitada, tendo o Benfica apenas 50% do passe, para fazer a vontade ao agente e ao jogador. Esta coisa de jogadores contrariados com 21 ou 22 anos é uma treta. Ou melhor, é um amuo de uma ou duas semanas, que depois lhes passa, a pensar na oportunidade para o ano-que-vem. E o que temos agora? Júlio César, imperador, mas agora mais de lesões do que exibições. O actual titular, bom jogador, mas insuficiente para uma posição que, no Benfica, só se está em jogo poucas vezes e tem de oferecer total confiança aos colegas à sua frente. Resta-nos um rapazinho que fez há dias 18 anos (podia ser filho de Luisão...) que vem rotulado de craque, mas que, naturalmente, ainda não pode ser lançado às feras. No sector recuado, tirando Luisão (e Grimaldo, se não se voltar a lesionar), todos os outros - agora titulares - eram suplentes ou 3.ª escolhas.
Deixando de lado o mistério das já 16 lesões (a maioria, musculares), há outro ponto que me preocupa. É a dificuldade em consolidar avanços no marcador. Nestes dois últimos jogos, o Benfica esteve a ganhar e permitiu a reviravolta. No anterior campeonato, tal nunca sucedeu.
Cinco pontos de atraso são irrecuperáveis? Obviamente que não, ainda que sendo face a dois rivais se trate, no conjunto de 10 pontos. Diz a história recente (particularmente a época 2015/16) que nada está perdido. Assim ela se repita, ainda que a sua repetição custe sempre mais do que antes e a sua não repetição possa levar a um rombo financeiro (para o ano, na Champions, só o campeão tem lugar assegurado).

Objectivamente subjectivo
Por objectivos. Eis duas palavras unidas que, cada vez mais, ouvimos falar aquando da transferência de jogadores. Objectivamente tão subjectivo que o tempo se encarrega de fazer desaparecer. É um novo mistério no negócio do futebol. «O jogador renderá 22 milhões mais 14 por objectivos» é um hipotético exemplo do aposto ou continuado que se segue ao número redondo de uma transacção. É, simultaneamente, uma forma de apaziguar a consciência do comprador de, perante a reacção dos adeptos, afinal o jogador não foi assim tão caro e um modo de ficcionar um montante não atingindo pelo vendedor com os tais objectivos para memória futura que logo é desmemoriada. Ah, evidentemente, quem normalmente a sugere é o intermediário, que esse recebe a sua prebenda certinha e se está marimbando para objectivos pós-recebimento.
Quem tem de responder perante objectivos (que não fixou) é o jogador. Mas este também se sente confortável. Aumentou o pecúlio mensal e sempre pode queixar-se do treinador que não o põe tanto a jogar ou o coloca e posição diferente da do anterior clube.
objectivos para todos os gostos. Com objectivos e bolos se enganam os tolos... Há os impensáveis objectivos de ser o melhor do mundo ou da Champions (tipo Renato Sanches no Bayern, perdão no Swansea), marcar x golos, ser x vezes seleccionado, jogar n jogos a titular ou n+y a titular e suplentes. Ou seja, em regra, objectivos facilmente manipuláveis pelo comprador. Enfim, a quintessência das técnicas negociais. É como vender uma peça de boi a um restaurante por um certo preço que pode aumentar se os clientes não protestarem no livro de reclamações ou comerem mais bifes.
Concluindo: inovação não falta nesta área. Ou é um empréstimo sem direito a regresso, ou é uma cláusula de rescisão para inglês ver (cada vez mais apropriada esta frase), ou é a divisão do passe entre vários detentores (divisão monetária, mas não anatómica), ou é estar à experiência depois de já experimentado, ou é este agora comum contrato-promessa por objectivos, ou é, ainda, pagar por crianças de tenra idade e retirá-las ao seu habitar natural (ninguém fala de trabalho infantil, que, pelos vistos, só é condenável na construção e indústria).

Contraluz
- Número: 2
Foram os míseros segundos que ultrapassaram os 6 m. concedidos pelo árbitro Soares Dias no Boavista-Benfica. Não é que seja grave e, certamente, o resultado não sofreria alteração. Mas que diabo, não está escrito que uma substituição deve ser compensada por mais 30 segundos? E as fitas do guardião? Nos também 6 minutos no Feirense-Sporting, houve uma substituição no tempo de desconto que o mesmo juiz compensou correctamente e no qual surgiu o penálti e golo para os leões.
- Palavra: Abstenção
Se a estapafúrdia ideia de fazer uma lei para que não haja jogos em dias de eleições for para a frente, sugiro que, também, se proiba a chuva e o frio (se as eleição foi no Inverno), se feche o acesso a todas as praias entre as 8 e 19 horas (no Verão) e se altere a Concordata de modo que as missas em domingo eleitoral sejam todas antecipadas para sábado.
- Notícia:
O noticiário de domingo da RTP 1 rezava assim: 30 'adeptos' (as aspas são minhas) recebem com insultos o Benfica. Uma multidão representativa. E na imagem nem se viam! Notícia? Serviço público? Valha-nos Deus...
- Acontecimento:
Não me conformo com essa ideia peregrina de se jogar a 'Eusébio Cup' no Canadá em Outubro, com um adversário que subiu recentemente à primeira divisão escocesa. Eusébio merecia mais: um jogo na Luz cheia, um adversário à altura e uma data adequada. Além disso, fazer duas viagens transatlânticas nesta altura do campeonato? Ou vai o Benfica B?"

Bagão Félix, in A Bola

As contas do Benfica

"A SAD do Benfica apresentou ontem as contas referentes ao exercício que terminou a 30 de Junho passado e do documento enviado à CMVM conclui-se facilmente que se tratou de uma no de excelência, traduzido num resultado líquido de 44,5 milhões de euros, que permitiu que os capitais próprios consolidados passassem para 67,7 milhões, com um decréscimo de 17,1 milhões de euros do passivo, ou seja, 3,8 por cento.
Luís Filipe Vieira a sua equipa estão, pois, de parabéns pelo que foi conseguido até ao final de Junho, sendo que, por exemplo, as vendas dos direitos desportivos de Semedo e Mitroglou (cerca de 50 milhões de euros) só entrarão no exercício de 2017/18.
Para o tremendo êxito ontem evidenciado pelo Benfica concorreram vários factores, nomeadamente uma sábia compatibilização do investimento no âmbito desportivo com a sustentabilidade necessária. O futebol tende a ser tratado como um negócio como este, que depende, em grande parte, dos resultados obtidos ao fim de cada 90 minutos de jogo. Por isso, nem é sustentável uma gestão que gaste como se não houvesse amanhã, no afã de garantir vitórias imediatas, nem aquela que aforre as mais-valias e descure aquilo que é o core business de qualquer clube, o sucesso desportivo. É nesta linha, por vezes ténue, entre o investimento ousado para criar uma equipa ganhadora e o conservadorismo que teme contas desequilibradas que vão balançando as grandes decisões. Uma coisa é certa: sem equipas ganhadoras não há negócio de futebol que prospere, como mostram as contas do Benfica de 2016/17..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Um golo, não a vitória

"As contas do Benfica, já se esperava, foram boas, com um lucro recorde no futebol português. Algo anunciado, após uma temporada em que foram transferidos Gonçalo Guedes, Hélder Costa, Ederson e Lindelöf, entre outros - faltam ainda as vendas de Nélson Semedo e Mitroglou, que só entrarão no final do exercício actual.
Mas há sinais que devem deixar alerta os responsáveis do clube da Luz. Para começar, o facto de o resultado com direitos de atletas ser menos de metade do valor recebido por vendas. Entre gastos associados às vendas de jogadores, entre os quais estão as comissões, e as amortizações e perdas de imparidade (custo actual dos futebolistas contratados) são mais de 60 milhões de euros.
O grande aumento dos custos com pessoal, onde se incluem os salários de jogadores, treinadores e estrutura, é algo que deve ser também olhado com cuidado. No Benfica, esta rubrica passou de 61,5 para 74,7 milhões de euros. Para se ter uma ideia, na época 2015/16, FC Porto chegou aos 75,8 milhões de euros (ainda que sem prémios por vitória na Liga) e anunciou a intenção de reduzir este valor em 20 milhões.
A redução do passivo em pouco mais de 17 milhões de euros acaba, por isso, por ficar algo abaixo das expectativas criadas. É certo que a tendência, pelo desinvestimento na equipa principal neste defeso e pelas vendas já feitas, é manter a redução da dívida nos próximos exercícios. Os adeptos querem festejar golos, mas muito do futuro do Benfica joga-se nestes comunicados à CMVM. Este foi um golo, mas não garante a vitória."

O caminho da retoma

"O Benfica apresentou um lucro histórico de 44,5 milhões de euros. É o resultado de um trajecto de sucesso desportivo com tudo aquilo que ele representa: vendas extraordinárias que não deixam de ser acompanhadas de custos elevados. A opção foi claramente assumida por Luís Filipe Vieira. O objectivo é abater o passivo para que o legado seja não apenas títulos e infraestruturas mas também um clube governável. O Benfica segue no caminho da retoma.
No momento em que o Benfica transmitia essa boas novas, a equipa de futebol sentia de perto o desagrado dos adeptos das claques face aos últimos resultados. O episódio não é mais do que o reflexo de um descontentamento generalizado ainda que cruel e desmesurado e por alguns oportunisticamente aproveitado. Para todos, porém, está na hora de retomar o caminho dos êxitos. O próximo ciclo competitivo será determinante para se perceber se o espírito ganhador e de união ainda está presente no balneário de Vitória.
Muitos jornalistas saíram do Record e todos deixaram a sua marca nesta casa. Vanda Cipriano cumpriu ontem o último dia de 21 anos de dedicação a este jornal. Não posso deixar de assinalar a sua saída e através dela homenagear todos os outros. À Vanda desejo as maiores felicidades no novo rumo que dá à sua vida."

Dois espirros não fazem uma constipação

"Inquietação encarnada tem sido amplificada pela carreira imaculada dos dois rivais no campeonato; mas Rui 'McGyver' Vitória já deu provas de ter sete vidas

O Benfica perdeu dois jogos de enfiada e o benfiquismo entrou em convulsão, à boa e velha maneira portuguesa: do oitenta para o oito no tempo de um espirro. Como se dois espirros fizessem uma constipação. Os jornais, as televisões e as redes sociais não falam de outra coisa. Da crise ou quase-crise do Benfica. Das culpas de Luís Filipe Vieira, das culpas de Rui Vitória, das vendas e das compras que não se fizeram, da onda de lesões que ninguém consegue explicar e, mais grave, travar. Subitamente (a fazer fé no que se ouve e no que se lê) o Benfica transformou-se numa espécie de coitadinho a caminho de ser humilhada pelos grandes rivais e não no clube que ganhou quatro campeonatos de enfiada e doze das últimas 16 competições domesticadas. Nas redes sociais e nos jornais leio que Vieira só sabe fazer contas de mercearia e até teve o descaramento de contratar pessoal de Alcochete para o Seixal; que Vitória vê o que mais ninguém vê em Filipe Augusto, que mexe tarde e a más horas e não consegue apresentar um projecto futebolístico da sua responsabilidade (isto é: não assente no legado do Jorge Jesus); e mesmo a famosa estrutura que estava dez anos  à frente das outras começa a ouvir das boas do próprio benfiquismo: na última segunda-feira, o ex-vice presidente Rui Gomes da Silva criticou asperamente o actual direcção (só poupou Rui Vitória), nomeadamente a passividade e o silêncio face ao caso dos e-mails (nisto, acho que ele tem carrada de razão).
A toda esta consternação por causa de dois espirros. Agora imaginem se o Benfica mais logo torna a espirrar com o Braga. É o caos a 20 de Setembro! Ora bem. Das duas uma. Ou os benfiquistas têm uma memória extraordinariamente curta (e digo isto em todos os sentidos: por acaso lembram-se quantos e quantos anos andou Vieira a cometer erros de palmatória e a somar insucessos até começar a ganhar... com Jesus?), ou então deve estar a passar-se na Luz algo de muito gravoso que nos passa ao lado. Não negando que esta equipa é mais fraca que a da época passada - claro que é! -; que o futebol produzido não tem sido famoso; e que a inquietação dos adeptos tem sido amplificada pela carreira imaculada dos dois rivais no campeonato; parece-me evidente que as notícias da quase-morte do Benfica são manifestamente exageradas até porque Rui Vitória já deu provas de ter sete vidas. Sendo um bom treinador, ele é também um tipo desenrascado, uma espécie de McGyver que (remendo aqui, jeitinho ali) tem conseguido dar a volta às situações mais complicadas. Até por isso parece-me prematuramente este clima de impaciência e desagrado em torno da equipa que, repito, ganhou 12 das últimas 16 competições domésticas. O hábito de ganhar não se perde num mês e meio. Veremos o que o jogo de logo trás. O Braga é um adversário que o Benfica costuma derrotar com facilidade na Luz.
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André Pipa, in A Bola