sábado, 16 de setembro de 2017

Vermelhão: é preciso reagir!

Boavista 2 - 1 Benfica


O Benfica entrou numa fase perigosa, onde tudo o que pode correr mal, corre pior...!!! Se na Champions o CSKA pouco tinha feito para marcar golos e marcou dois... hoje, o Boavista, ainda vez menos e também marcou dois!!!
Entre o desperdício ofensivo - o Benfica voltou hoje a ter várias oportunidades para matar o resultado -, e ineficácia defensiva em 'bolas paradas': agora a 'moda' é sofrer golos na 'ressaca' de bolas paradas, após maus alívios!!! Tudo vai correndo mal, até voltámos a ter mais um lesionado: Salvio... Além da ausência do Lisandro com febre!!!

Eu e outros, criticamos a planificação do plantel, continuar a falar dos desequilíbrios do plantel, com o mercado fechado não ajuda muito, agora só em Janeiro se poderá 'minorar' alguma coisa... O problema é que ainda temos as lesões, as recuperações das lesões... e a idade de alguns titulares, a fazer 'mossa' na nossa eficácia de jogo...

Os últimos 6 golos que sofremos não lembram o 'diabo': em Vila do Conde, um auto-golo, após uma carambola de ressaltos; com o Portimonense num contra-ataque após falta sobre o André; penalty inexistente; 'ressaca' de um canto; 'ressaca' no lançamento lateral, após mau alívio; e frango...!!!
Em condições normais, estes 'azares' seriam rectificados com golos na outra baliza, o problema é que apesar de criarmos oportunidades, não estamos a 'massacrar'... Com o regresso do Grimaldo e com o Zivkovic a subir de protagonismo melhorámos (hoje e com o CSKA apesar dos resultados, na minha opinião jogámos melhor do que com o Portimão e do que a 1.ª parte em Vila do Conde), mas falta o lado direito... A equipa está a 'centralizar' demasiado, e não estamos a fazer a diferença nos flancos... com o CSKA, que jogou com 3 Centrais, este problema ainda foi mais notório...
Marcámos cedo, e podíamos e devíamos ter marcado mais na 1.ª parte... só uma série de livres contra o Benfica, no nosso meio-campo, a meio do 1.º tempo, deu a sensação errada de 'equilíbrio'!
No 2.º tempo mais do mesmo, o Boavista até parece que entrou com mais vontade, mas só nas 'bolas paradas' criava alguma sensação de perigo... por exemplo no 1.º golo do Boavista, após uma série de lançamentos laterais, e com uma falta descarada sobre o Rúben Dias não assinalada!!!
Com 1-1, continuamos a falhar... e depois falhou o Varela: logo agora, que estava a ganhar confiança! Nesta série negativa de resultados/exibições só com o CSKA o Varela foi obrigado a fazer intervenções de grau de dificuldade elevado, nos restantes jogos... quase um espectador!!!
Se fizermos uma analise somente a este jogo, 'isolada' em relação aos últimos 3 jogos, a conclusão seria fácil: azar; erros individuais... etc... Mas com a 'narrativa' dos jogos anteriores a carga negativa é grande... Neste momento é urgente, 'quebrar' esta onda... com golos e pontos!

O Rúben não 'merecia' uma estreia com uma derrota, fez um bom jogo, e a jogar como Central do lado esquerdo, algo que raramente fez durante a formação... o Zivkovic é um dos jogadores em melhor forma... O Seferovic precisa de descansar, o Jiménez vai seguramente ser titular na Taça da Liga, até porque o Suíço não estava habituado a jogar 2 vezes por semana... O Grimaldo está a aproximar-se rapidamente da sua forma normal... O Jonas também subiu de rendimento neste jogo, apesar do desperdício...

Nada está perdido como é óbvio, mas a margem de erro é cada vez menor, e os 'sinais' são muito negativos. Até o próximo jogo com o Braga para a Taça da Liga já será encarado de forma diferente: normalmente seria uma partida para 'rodar' toda a equipa, mas agora já não sei...

Um último apontamento: eu sou Benfiquista, não sou Vieirista, nem anti-Vieirista, não sou pró-Vitória, ou anti-Vitória... sou Benfiquista. Dito isto, e prevendo aquilo que será dito em vários fóruns, recordo que em último Junho, o Benfica foi Tetracampeão pela primeira vez na sua história, voltou a ganhar uma Dobradinha praticamente 30 anos após a última, com o mesmo Presidente, com o mesmo treinador, e com a grande maioria dos actuais jogadores... Portanto, um bocadinho de respeito... se as coisas não estão a correr bem, ninguém está contente... ninguém!

Bom...

Benfica 7 - 1 Pinheirense

Ainda me recordo do jogo com o Pinheirense na Luz na época anterior: com o Formiga a dar um soco no estômago ao Joel (!!!) e o Benfica com muitas dificuldades em marcar...!!! Hoje, foi tudo diferente...
Alta rotação, com muita pressão, sem deixar respirar... e com boas jogadas colectivas! A equipa ofensivamente está muito melhor, com mais criatividade, com vários jogadores capazes de fazer a diferença no 1x1... e até os 'velhos' estão mais soltos: grande jogo do Chaguinha e do Hemni!!!



PS: Parabéns à Melanie Santos e ao Vasco Vilaça, pelas excelentes provas na grande Final da ITU  World Triathlon Series:
A Melanie ficou em 2.º lugar nos sub-23; e o Vasco conquistou também o 2.º lugar nos Juniores!
Amanhã temos o João Pereira e o Miguel Arraiolos...

Ascenção e queda de Talisca

"Regressaram as competições europeias – que sempre têm o seu encanto especial ainda que frequentemente efémero – e o meio da semana viu-se preenchido com jogos e mais jogos para deleite de quem vibra, por dentro ou por fora, com estes confrontos das nossas equipas perante oponentes estrangeiros. A grande nota da participação portuguesa vai para o Sporting de Braga que, pela primeira vez na sua história, venceu um adversário alemão na Alemanha e para o Sporting, o Sporting propriamente dito, que pela primeira vez na sua história, venceu um adversário grego na Grécia. Estão, assim, os dois Sportings de parabéns pela eficácia com que iniciaram os respectivos percursos europeus.
Benfica e FC Porto, que ainda não tinham perdido nenhum jogo neste início de temporada em Portugal, perderam com estrondo os seus desafios internacionais para surpresa e consternação das suas massas adeptas. Também é verdade que nem o FC Porto tinha ainda jogado nesta época com os turcos do Besiktas nem o Benfica tinha ainda jogado com os moscovitas do CSKA, equipas da segunda linha europeia – ou terceira? – mas que em Portugal discutiriam certamente o título em pé de igualdades com os três grandes do costume.
O que a primeira jornada das provas da UEFA trouxe de substancialmente inesperado ao panorama retórico do nosso futebol foi a surpreendente reabilitação de Talisca aos olhos dos benfiquistas e a sua queda em desgraça na consideração dos portistas. E, também, por respeitosa solidariedade institucional, no apreço dos sportinguistas. Tudo porque o brasileiro emprestado pelo Benfica ao Besiktas marcou um golo a Iker Casillas. É isto o que o futebol gera. Súbitas alterações no clima provocadas por um mísero golo colocam em causa argumentos de outrora e inclinações do passado. 
Como se não bastasse a dramática alteração do estatuto interno de Talisca logo surgiria um novo episódio capaz de estilhaçar corações quando o simpático Aboubakar resolveu ir passar um bom bocado à cabina do Besiktas consumado que estava o jogo e o resultado no estádio do Dragão. Imediatamente emitiu o FC Porto um aparatoso comunicado lamentando a "falta de noção" da RTP. É verdade que a RTP nada – rigorosamente nada – teve a ver com o caso mas trata-se aqui de uma nova forma de comunicar por código. O que, na realidade, o FC Porto queria dizer é que lamentava a "falta de noção" do seu risonho jogador camaronês mas acabou por ser a televisão estatal a apanhar por tabela. Os decifradores desunham-se para entender estas subtilezas da arte da comunicação.
No entanto, e porque o amor é como o vento, já foi designado um "novo" Talisca para entreter os corações que batem a compasso no Dragão e no Altis. Trata-se de Nuno Gomes. E como Nuno Gomes já não pode marcar golos nem ao Porto nem ao Sporting a paixão tem tudo para durar. Se o Nuno Gomes consentir, claro."

A explicação de Rui Vitória

"A maioria dos treinadores cultiva esse velho hábito de evitar as referências individuais. Um dos mais conservadores nessa matéria é Rui Vitória, tantas vezes acusado de ser excessivamente prudente e até previsível na intervenção pública. Acontece que, ontem, o técnico do Benfica surpreendeu na forma como elogiou alguns jogadores de forma isolada, em especial um dos que tem sentido mais dificuldades de afirmação: Filipe Augusto, o patinho feio.
Não há problema em ter um treinador a explicar a razão de determinadas opções. Até pode ser útil para a compreensão de conceitos que muitas vezes escapam até aos mais atentos observadores. A (má) surpresa é quando a ‘justificação’ se fica pela matemática: "Foi o que mais correu, o segundo que mais passou e o que ganhou mais duelos", atirou Rui Vitória.
Visto assim, sem informação adicional, isto quer dizer o quê? Que os que correram menos foram os responsáveis pela derrota com o CSKA? Que os que passaram menos jogaram mal? E que os que ganharam menos duelos vão ser castigados? Rui Vitória é o primeiro a saber que pouco importa se um jogador corre muito ou pouco e também se passa muito ou pouco. O que interessa é saber se corre pelos sítios certos e se passa para onde deve. Se fizer as duas coisas bem, nem chegam a existir duelos…"

Dois maus ensaios gerais

"De repente, registou-se uma Mudança de opiniões sobre o brasileiro exilado na Turquia.

De sexta-feira a terça-feira, em quatro dias apenas, os adeptos do Benfica viram-se forçados a mudar de ideias e a conformar-se com as realidades práticas que os jogos com o Portimonense e com o CSKA na Luz tão dramaticamente evidenciaram. O vídeo-árbitro é, afinal, um posto do progresso do futebol português e, pelo que se viu com os russos, ainda não vai ser este ano que o Benfica vai voltar a ganhar a mais importante prova do futebol europeu. Sabendo-se que as verdades nesta indústria não duram mais do que uma semana esperam agora os benfiquistas pelo desfecho do jogo desta tarde no Bessa para poderem, pelo menos, confiar num dos mais velhos axiomas do jogo da bola e dos espectáculos teatrais. Aquele que reza ser um redobrado mau ensaio geral a melhor dupla garantia para uma performance de estalo.
Foi com este espírito, optimista, que o público da Luz abandonou o recinto na noite da penúltima sexta-feira, depois de André Almeida ter marcado o golo da sua vida e de o vídeo-árbitro ter anulado correctamente o golo incorrecto com que os algarvios chegaram a gelar a casa dos tetracampeões nacionais. Este jogo foi logo considerado como um mau ensaio geral nas vésperas do jogo com CSKA, o que acabava por ser uma excelente notícia em função da crendice popular. Crentes em que a coisa só podia correr lindamente com os moscovitas, os espectadores da Luz regressaram aos seus lugares quatro dias depois para serem surpreendidos por mais um mau ensaio geral. A boa notícia, para quem se fia nisto, é que depois de dois maus ensaios gerais nada obstará cientificamente a que o Benfica acerte com as marcações e faça hoje uma grande exibição com um resultado correspondente na casa do Boavista.
É bom que o público vá acreditando nestas tradições porque são lendas como estas que fornecem sal e pimenta às discussões anteriores e posteriores a cada ensaio geral. Mas, tal como é bom que os adeptos confiem, é péssimo que os artistas – jogadores e treinadores… - alinhem em semelhantes disparates. Nesta fase prematura da temporada, o Benfica precisa de racionalidade a todo o custo. A verificar-se um terceiro mau ensaio geral não faltará quem, por exemplo, reclame o regresso do emprestado Talisca no mercado de inverno. Precisamente o mesmo Talisca que no ano passado foi vituperado por se ter atrevido a marcar um golo ao Benfica na Luz. Alguma coisa se deve ter passado com Talisca esta semana porque, de repente, registou-se uma mudança de opiniões sobre os méritos do brasileiro exilado na Turquia. Ai passou-se, passou-se…

Outras Histórias
Uma grande lição no Dragão
Aboubakar planando muito acima destas odientas questiúnculas
Naquele minuto fatídico em que Ryan Babel assinou o terceiro golo do Besiktas no Estádio do Dragão aconteceu, certamente, que milhões de benfiquistas espalhados pelo mundo suspiraram fundo e disseram para com os seus botões. "Pronto! Agora já não podem gozar connosco!" É esta a triste cultura de rivalidade que domina o futebol.
As tristezas de uns são as alegrias dos outros e vice-versa. Que diferença anímica faz para o povo ignaro levar 2, como levou o Benfica do CSKA, ou levar 3, como levou o FC Porto do Besiktas! Não há fair-play nestas coisas, não há solidariedade nem, muito menos, patriotismo. Uma lástima. Saúde-se, portanto, o simpático profissional camaronês Aboubakar que, planando muito acima destas odientas questiúnculas, visitou alegremente o não menos balneário do Besiktas no Dragão confraternizando com os seus antigos colegas. Antes do jogo? Ou depois do jogo? Não importa. É para dizer que foi antes do jogo? Ah, bom, então foi antes do jogo, não liguem à propaganda."

Sem assobios

"Nunca foram os assobios que nos levaram ao Marquês”, confidenciava um adepto depois do último jogo com o CSKA de Moscovo.

Nunca foram os assobios que nos levaram ao Marquês", confidenciava um adepto depois do último jogo com o CSKA de Moscovo, realizado a meio desta semana. E não foram! Bem sei que são ou podem ser criticáveis algumas das contratações do último defeso. E sobretudo algumas não contratações. Mas este é o tempo de nos mostrarmos unidos em torno do Benfica, da sua equipa, do seu treinador e do seu Presidente.
Se já cedemos pontos na Liga e se perdemos no arranque da Champions, não precisamos de lamentos nem indignação pública. Haverá tempo para isso! Agora é apoiar um treinador que tem batido recordes atrás de recordes, com as limitações que todos conhecemos. E aquela equipa fantástica onde tantos novos talentos se têm revelado. É assim que chegaremos, em maio, novamente ao Marquês!"

Fejsa tem as costas largas

"A Ausência do sérvio não pode ser a mãe de todas as desculpas.

O diagnóstico fez-se num instante: sem Fejsa, o Benfica ressente-se e se as ausências forem prolongadas, o estado agrava-se. Há muito tempo que se percebeu que o sérvio é um elemento importantíssimo no bem-estar da equipa, um factor de equilíbrio pela segurança que dá mas também um ponto de ruptura pela dinâmica que desencadeia. Fejsa tem uma influência tentacular, a qual se tornou mais visível e preponderante com a perda de outros alicerces que transmitiam as mesmas valências e que jogavam nas costas do trinco. Sabendo de antemão que não pode contar com Fejsa para todos os jogos, o Benfica procurou descobrir um ‘sósia’, mas não encontrou.
Vive num dilema que não é só de nomes mas sim de processos e dinâmicas e, pior do que isso, não há motivos para julgar que esteja a optar pelo melhor. No entanto, o ‘problema’ dos encarnados não pode resumir-se a Fejsa. Mal seria para um clube com a grandeza do Benfica estar tão dependente de um… trinco, por muito que ele dê e… tire à equipa. A questão é mais profunda e tem a ver com a política de contratações que neste momento deixa o Benfica mais permeável às circunstâncias da competição. Acresce um histórico de lesões que nem a contratação do ‘Messi’ dos médicos ao Barcelona resolveu. Como no passado recente, é expectável que tudo tem o seu tempo e que sendo Rui Vitória um ‘desenrascado’ por natureza as coisas se resolverão. Mas nem ele nem Fejsa têm as costas assim tão largas…

'Mineiro' Paulo Fonseca sob as luzes da ribalta
Sucedeu a um carismático treinador (Lucescu) e em plena guerra civil na Ucrânia. Foi nesse contexto que Paulo Fonseca recuperou para os ‘mineiros’ o título de campeão e esta semana voltou a colocar o clube na primeira linha do palco da Champions com a vitória sobre o Nápoles."

Paupérrimo contra o Portimonense

"Contra o CSKA equipa banal a este nível europeu, não podemos esconder a nossa exibição desastrosa com a arbitragem.

A última semana foi dominada por uma deliciosa histeria colectiva, muito útil para o nosso esclarecimento. Em resumo, houve indignação pelo VAR ter tido uma decisão correcta, e não se ter enganado contra o Benfica. Fica claro a verdade desportiva que a generalidade dos comentadores (e outros) de clubes rivais defende. A prostituição intelectual chegou ao patamar zero de decência, o que a meu ver é óptimo, pois serve para qualificar e classificar os espécimes. Se havia dúvidas, agora é claro, nunca quiseram verdade desportiva (com a qual sempre se deram mal), querem é ganhar, seja como for. Nesta fase, dado o desespero, já só querem que não seja o Benfica a ganhar. O escândalo desta semana foi o VAR não se ter enganado, num jogo onde o único erro que passou em claro foi a falta sobre André Almeida que precedeu o golo do Portimonense. Diga-se, em abono da verdade, que o Portimonense jogou muito bem, e que o Benfica jogou muito abaixo daquilo que tem de fazer para poder lutar pelo titulo. Foi um jogo paupérrimo, sendo os últimos 10 minutos, contra um Portimonense reduzido a 10, do pior que vimos esta época o Benfica fazer. Negar a realidade nunca ajuda, nem é defender o clube. Temos de jogar muito mais e melhor no Bessa.
Contra o CSKA, uma equipa banal a este nível europeu, também não podemos esconder a nossa prestação atrás de uma arbitragem desastrosa. Tão mal como o árbitro espanhol (nunca ganhámos um jogo com este árbitro), esteve o Benfica. Rui Vitória tentou sublinhar as coisas boas que encontrou no jogo, mas era muito importante corrigir também as más. Diga-se que o treinador escolheu o onze ideal (com Fejsa inapto), mas deste onze esperava-se muito mais. Tem de ser um Benfica afirmativo aquele que no Bessa precisa de vencer e reencontrar os níveis de confiança.
Na próxima quarta feira espero ver um Benfica em busca da vitória, na Taça da Liga, contra o Braga. Este jogo é determinante para todo o futuro na prova e, atendendo ao sorteio, quase assegura uma presença muito adiantada na competição. Braga recebe a final four da prova. Inverter as exibições e vencer Boavista e Braga, é entrar nos carros do sucesso. É já amanhã que começa o futuro num estádio com boas memórias."

Sílvio Cervan, in A Bola

Em defesa da geometria descritiva

"Quando há mais de vinte anos, no ensino secundário, desperdicei a oportunidade de estudar geometria descritiva no 12.º ano, não imaginava o teor da disciplina na sua plenitude. Sabia do que se trataria em parte: 'Técnicas para representação de objectos tridimensionais num plano bidimensional'. 
Porém desconhecia que, nas últimas aulas, ensinar-se-iam metodologias de deturpação dessas técnicas em prol de objectivos comunicacionais no futebol português. Infelizmente, optei por noções de administração pública.
Até à introdução do videoárbitro no futebol português, ignorei conceitos básicos da disciplina como, por exemplo, o 'ponto de fuga'. Muito honestamente, sempre pensei que ponto de fuga designasse a Madalena, com destino à Galiza, e com os devidos agradecimentos a um juiz amigo. Mas estava enganado. Pelos vistos é outra coisa e estamos sempre a aprender: 'O ponto de fuga é um ente do plano de visão, que representa a intersecção aparente de duas, ou mais, rectas paralelas, segundo um observador num dado momento'.
Ao ler esta definição, encontro pelo menos três constrangimentos óbvios: e se os observadores forem cretinos? E se o momento for o que os cretinos entenderem que lhes dá mais jeito? E se os cretinos deturparem o plano de visão? Ora, parece-me evidente que a coisa não seria para levar a sério. No entanto, não há cretinos que tenham voz se não existirem néscios que reproduzam a mensagem acriticamente. Que figurinha fazem os jornalistas que se demitem da sua função e não perguntam aos cretinos por rectas paralelas, cortes e afins quando o videoárbitro repõe a verdade desportiva em seu favor...
É caso para se dizer que a insídia se intersecta com o laxismo."

João Tomaz, in O Benfica

Farto

"Fartinho. Já não os posse ver nem ouvir. E isto é só o início. Já sabíamos que a campanha de desinformação nesta temporada iria ser do mais baixo nível possível, mas eles conseguem sempre surpreender-nos pela negativa. Já não bastavam as longas horas de debates, os comunicados, a violação de correspondência electrónica, as newsletters diárias, os posts inflamados e outras mentiras, agora assistimos também à deturpação de imagens televisivas e ao compadrio da não-utilização de jogadores emprestados contra uns e outros. Os gémeos Metralha estão cada vez mais descarados e não há Liga amiga que lhes valha.
Perderam a vergonha, apesar de castigados e impedidos de fazer declarações públicas em nome das suas pequenas agremiações.
Entre o insolvente e o medíocre, lá estão eles, separados à nascença e sem poder ver vermelho à frente, tal a vontade que têm de marrar.
Farto. Fartinho. E qual o melhor remédio? Desmascará-los e ignorá-los. Deixá-los sem resposta, porque é preciso que toda a gente entenda que nunca descerremos ao seu nível. Podem juntar-se, aliar-se - por mim até se podem ir fundir - mas nunca serão aquilo que sonharam. Iguais aos grandes da Europa? Nem no mundo da fantasia. Mais do que um clube regional? Nem os mais populares da sua cidade, quanto mais.
Amigos, há que nos manter imunes a esta doença, a esta inveja. Dos pequenos não reza a História."

Ricardo Santos, in O Benfica

O Bessa quer-se como em 2005

"Corria o ano de 2005 quando vivi um dos mais belos momentos da minha infância. A 22 de Maio, o Benfica sagrava-se campeão nacional pela primeira vez em onze (!) anos. Para alguns era um reviver. Para mim, nascido em 1994, tratava-se de um acontecimento inédito. Contemplei toda a festa com o deslumbre natural de uma criança que vê algo novo. Na televisão, assistia-se às mais caricatas reacções um pouco por todo o mundo. Havia quem se despisse, sem qualquer pudor, em frente à câmara - infelizmente, apenas homens. Uns mergulhavam em fontes. Outros trepavam postes. Em minha casa, estava um rapazola aos saltos no sofá enquanto agitava a camisola no ar - quando olhei com maior atenção, apercebi-me que era o meu pai. Enfim, um vendaval de emoções.
Participei em visitas de estudo ao Mosteiro dos Jerónimos e da Batalha. Amiúde, cruzava-me com o Castelo de Guimarães. Ainda assim, nada me fascinou tanto quanto o Estádio do Bessa pintado de vermelho naquele dia.
Desde então, todos os anos acalento a esperança de ser campeão no mesmo palco. Como tal, após o sorteio do calendário apressei-me em saber quando íamos ao Bessa. Naturalmente, apesar de reconhecer a complexidade da missão, não será surpresa para o leitor se lhe confessar que tinha a expectativa de ver o Benfica garantir o 'penta' logo à sexta jornada. Gorada essa possibilidade, tenho de me render aos críticos: o Benfica não estão tão forte. Já perdemos dois pontos e restam apenas 87 por disputar. Perante estas assustadoras circunstâncias, é normal que o titulo pareça uma miragem a alguns. Porém - e podem chamar-me louco - eu ainda acredito. Façam o favor de encher o Bessa."

Pedro Soares, in O Benfica

VAR sim, VAR não

"Há algumas semanas atrás, nestas mesmas linhas, afirmei que introdução do Vídeo-árbitro na nova temporada poderia vir a constituir um precioso escudo face ao clima de coacção, e até de terror, que tem sido erigido por alguns artistas da comunicação sobre a arbitragem; ainda que, no abstracto, não fosse entusiasta de uma alteração passível de retirar alguma fluidez ao espectáculo futebolístico.
Não foi preciso esperar muito para que uma intervenção do VAR, num jogo do Benfica, repusesse a verdade face a um lance que teria sido mal ajuizado, e que lhe teria provavelmente subtraído dois pontos.
Também não me surpreendeu que aqueles que mais clamavam pelo Video-árbitro como solução para todos os males do futebol português, logo viessem a terreiro protestar contra a decisão tomada a partir das imagens televisivas, só porque ela permitiu uma vitória do Benfica. Ou seja, para eles VAR sim, desde que utilizado em prejuízo do odiado rival.
Ouviram-se por estes dias argumentos tão espantosos quanto ridículos. Para esta gente, as evidências são um detalhe no meio da “verdade” que nos querem impor. Tudo serve para atacar os encarnados, e para colocar mais pressão sobre os árbitros, de modo a que estes os prejudiquem. Sim, sob a capa de justiceiros, é isso que pretendem: que o Benfica volte a ser prejudicado, como foi durante décadas.
Se o VAR mantiver uma participação cirúrgica e imparcial – como genericamente tem acontecido até aqui – em breve ouviremos mais críticas. Talvez até queiram acabar com ele, se, também com ele, o Benfica vier a ser campeão."

Luís Fialho, in O Benfica