sexta-feira, 15 de setembro de 2017

ECA

"A eleição de Domingos Soares de Oliveira para o Conselho Executivo da Associação Europeia de Clubes (ECA) e a renovação dos mandatos de Paulo Gonçalves e de Miguel Moreira naquele importante organismo internacional constituem a maior vitória do Sport Lisboa e Benfica nos últimos meses. Estes três dirigentes da nossa SAD dispensam apresentação. Os seus curricula são bem conhecidos. Na passada terça-feira, em Genebra, foi julgado o prestígio do Glorioso e dos seus altos quadros.
A ECA foi criada em Janeiro de 2008, após a dissolução do Grupo G-14 e do Fórum Europeu de Clubes da UEFA, e trata-se de um organismo autónomo e independente que representa directamente os clubes de futebol da Europa. O seu objectivo é muito claro - promoção e protecção dos 230 membros de 54 federações da UEFA.
Em curso está o importante memorando de entendimento assinado, em Março de 2012, entre o então presidente da ECA, Karl-Heinz Rummenigge, e o líder da UEFA, Michel Platini. Até 31 de Maio de 2018 terá de ser finalizado o trajecto para um relação frutífera entre os clubes europeus e a UEFA, sempre com o propósito de um melhor balanço entre o futebol nacional e o futebol de clubes.
Em cima da mesa estão quarto dossiers complexos - calendário internacional de jogos, seguros dos salários dos jogadores, partilha dos lucros do Euro e a gestão. São quatro tópicos que irão obrigar a muita reflexão, muita diplomacia e muito savoir-faire dos 15 membros do executive board da ECA. 
Até 2019, Domingos Soares de Oliveira irá, seguramente deixar a marca de qualidade da gestão do SL Benfica, e o futebol português sairá bastante prestigiado."

Pedro Guerra, in O Benfica

Muito mais perto do Penta

"A incoerência dos nossos adversários chega agora a um apogeu nunca antes atingido. Mas eles, e só eles, têm razões mais do que suficientes e bastante claras, até para se porem a ver o mundo ao contrário, quanto mais para renegarem a pura realidade dos factos, ou para qualificarem como branco aquilo que é evidentemente preto. Aquilo, por aquelas bandas, está muitsíssimo mais negro do que o fogo de artifício que fazem rebentar pode dar a entender, e não têm mesmo outro remédio senão servirem-se de todos os estratagemas para iludir a realidade e tentarem desviar as atenções dos respectivos apaniguados relativamente aos riscos da derrocada.
Inventam tudo. Começaram por bramar, com os seus pelotões de 'idiotas úteis' na Comunicação e nos futebóis-de-segunda, que era preciso nomear outros responsáveis para a Liga, para as suas comissões e para as estruturas dos árbitros: quem lá estava não lhes servia! Então, arrebanharam os votos necessários e puseram quem lá queriam... O Benfica conformou-se. Logo depois, deitados na doce caminha de algodão das respectivas tropas fandangas nas TV, nas rádios e nos jornais, exigiram e plenos pulmões que se experimentasse o videoárbitro: Federação foi na conversa e (por que não?) o Benfica respeitou. Por fim, acasalaram mesmo. À descarada, consumaram o acto: um, por cima - o Futebol do Porto; e o outro, por baixo - submisso e perfilhado, o pequeno clube do Campo Grande.
O Benfica, enorme, tudo observa e anota com serenidade: enquanto lhes for possível, eles mais cantarão de galo, mesmo até à afonia, sempre que lhes dermos ensejo a uma qualquer réstia de ilusão. É por isso que nos devemos manter unidos, enquanto vamos trabalhando ao ritmo dos verdadeiros campeões. Para eles, o grande problema, a essencial questão, é que, no jogo puro que se joga dentro das quatro linhas, continuamos nós muito mais perto do Penta do que qualquer um deles há de ter o ensejo de poder, sequer, recomeçar uma contagem..."

José Nuno Martins, in O Benfica

Jurgen Klopp

"Jurgen Klopp é indiscutivelmente um dos treinadores mais carismáticos da actualidade. Essa sua qualidade advém-lhe do facto de ser um dos treinadores mais 'colunáveis', pois aparece em tudo o que é coisa importante e, mesmo, realiza muitos anúncios e afins na indústria do entretenimento. Por todas estas razões é mundialmente conhecido, mas, obviamente, foi o futebol que lhe começou a dar conhecimento na indústria do entretenimento.
No entanto, o seu comportamento no último fim-de-semana foi muito mau, aliás, mau de mais. O jogador Mané teve uma entrada violentíssima sobre o guarda-redes Ederson, numa disputa de bola. Já todos sabemos que o guarda-redes Ederson faz parte daqueles 'malucos' que são destemidos na vida e, por isso, são dos principais candidatos a ser agredidos! E bem à imagem da realidade da vida de hoje! Se te metes em atalhos, metes-te em trabalhos, e por vezes acaba mal!
Todos nós sabemos que o futebol é um desporto de contacto, mas, quando o contacto corre mal, existem as regras que, se forem violadas, têm as suas sanções estendidas ao longo dos 'cardápios' regulamentares.
Uma entrada violenta é quando um jogador se lança com um pé ou os dois pés para frente, quer seja de frente ou às costas do jogador que tenha a bola sem tocar esta última; ou quando se atira com clara intenção de parar o jogador de forma violenta e sem se importar em que na acção toque ou não toque a bola.
Ora, o atleta Mané tem obrigatoriamente de saber que se eleva a sua perna, e concomitantemente o seu pé, porque este está colado à perna, na direcção da cara de um guarda-redes, só pode dar em 'porcaria', caso o guarda-redes chegue primeiro à bola, como chegou!
Mesmo que não fosse intencional, há excesso de temeridade, a não ser que Mané não tenha noção do que uma perna, com um pé calçado com 'pitons' de alumínio, possa fazer na cara de alguém! O jogador foi expulso e abanou a cabeça várias vezes em sinal de desagrado! Jurgen Klopp criticou a decisão do árbitro, mesmo já de 'cabeça fria' na sala de imprensa, e disse que era para amarelo!
Eu sei que conduzir um Opel é uma grande aventura e dá-nos uma sensação de poder, mais a mais quando se é oriundo do país poderosíssimo que é a Alemanha e que manda nisto tudo graças à indústria automóvel! Daí que o seu espírito possa estar desajustado da realidade.
Mas daí a considerar que o pontapé na cara de Ederson foi apenas uma situação de lana-caprina, vai a distância da intenção e do resultado!
Eu não queria matar! Cai em cima da vítima!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Linha e horizonte

"A fatwa é, segundo as explicações disponíveis, um pronunciamento legal do Islão emitido por um especialista em leis religiosas. Ao longo da história já existiram inúmeras fatwas sobre os mais diversos temas. A mais controversa foi lançada pelo então líder do Irão, ayatolah Khomeini, em 1989, ordenando a morte do escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie por este ter escrito o livro Versículos Satânicos, considerando que a obra não passava de uma «blasfémia contra o Islão». Além disso, Khomeini condenou Rushdie por apostasia, ou seja, fomentar o abandono de fé islâmica. O ayatolah ordenou a todos os «muçulmanos zelosos» o «dever» de tentar assassinar o escritor e, por força disso, Rushdie foi forçado a viver no anonimato durante 13 longos anos.
O futebol, para muitos, é uma religião e seu clube a sua crença maior. O fanatismo, em qualquer das suas dimensões, sempre existiu e, provavelmente - a não ser que existia um enorme progresso civilizacional - sempre existirá.
Em psicologia, um fanático apresenta determinadas características. A saber: agressividade excessiva; preconceitos variados; estreiteza mental; extrema credulidade quanto a um determinado sistema; ódio; sistema subjectivo de valores; intenso individualismo.
Não se espera de um canal de informação de um clube (não necessariamente um televisivo), ou de um adepto - ainda por cima pago para desempenhar aquele papel - isenção na análise aos assuntos, até porque a paixão, muitas vezes, tolda a razão. Pode não se pedir isenção, mas julgo que se deve exigir ponderação, até porque há sempre um exército mentecapto altamente disposto a perseguir os infiéis.
O pronunciamento de uma fatwa está num horizonte, apesar do ambiente reinante, imensamente longínquo, mas quando já se discute linhas e respectivas espessuras, este fica cada vez mais perto."

Hugo Forte, in A Bola

Só interessa quem ganha!

"Já todos sabemos que a avaliação do rendimento dos jogadores ou dos treinadores, é feita, na esmagadora maioria dos casos, em função do resultado. Se a equipa ganha, está tudo bem, protegem-se os erros. Na derrota, só mesmo alguns (muito poucos) são protegidos. Os guarda-redes, por exemplo, são muitas vezes alvo de análises feitas com pouco conhecimento. Quanto maior a dimensão da equipa maiores os disparates que se dizem sobre esses jogadores. Se recordamos o que se passou com Damas ou Bento e nos lembrarmos do percurso de Rui Patrício e do que se passa agora com Bruno Varela, percebemos que a crítica tem semelhanças. Com a mesma facilidade com que se diz que devia ter defendido o penalty, exige-se que agarre a bola e talvez até só com uma das mãos. A culpa tem sempre de ser de alguém para que outros sejam protegidos. Trate-se de jogadores, treinadores ou dirigentes.
Esta atitude de só interessa quem ganha também contagiou, de há anos a esta parte, muitos dos decisores deste nosso futebol, que não conseguem perceber que estão a ajudar a aumentar o fosso entre os competidores e a diminuir a competitividade da Liga.
Com uma semana de antecedência propõe-se a calendarização entre a 6.ª e a 14.ª jornadas do campeonato, o que significa que no passado dia 8 ficámos a saber que jogamos a 15, ou seja, hoje. Isso implica, para as equipas que têm que viajar, alterações forçadas nas suas agendas e os mais afectados são sempre os que têm menos recursos. Mas isso não é importante; importante são os que devem ganhar.
Um dia, talvez a Liga seja disputada só pelos que a podem vencer. Talvez se perceba então a falta que fazem os outros. E talvez esses outros percebam que são a maioria. E talvez a maioria perceba então que deve entender-se. Talvez um dia. É pena!"

José Couceiro, in A Bola

George Orwell foi ao futebol

"Pode não passar de fumaça, mas, pelo menos, o povo que é tradicionalmente sereno, tem razões para ficar desconfiado. Ao que parece, e foi o secretário de Estado do Desporto a dizê-lo, o Governo está a equacionar a possibilidade de vir a proibir a realização de jogos de futebol da Liga e Liga 2 em dias de actos eleitorais. Isso mesmo, aos portugueses estará para ser passado um atestado de menoridade, como se ao fim de 43 anos de democracia as pessoas não soubessem tratar de sua vida cívica e deixassem de votar pelo simples facto de, nesse mesmo dia, assistirem a um jogo de futebol. Sim, de futebol e só de futebol profissional, porque como disse o secretário de Estado ao Expresso, as restantes modalidades (que são profissionais!) não estão organizadas numa Liga.
Se tudo isto não representasse uma tragédia quanto a alguns dos nossos governantes seria, sem dúvida, motivo de grandes gargalhadas. Como dizia ontem Vítor Serpa, no Quinta da Bola, «não pode haver futebol mas o Tony Carreira pode, se quiser, realizar um concerto para cem mil pessoas», evidenciando o ridículo atroz de tudo isto.
A fazer fé no secretário de Estado do Desporto, todos os espectáculos, mesmo os desportivos, continuariam disponíveis, excepção feita ao futebol da Liga e Liga 2. A isto dá-me um nome: discriminação.
E se tal disparate não for travado por quem, no Executivo, tiver melhor discernimento, provavelmente não passará no crivo do Palácio Ratton, onde não é suposto aceitar-se que todos sejam iguais mas alguns sejam mais iguais que outros. Aliás, invocar aqui e agora e emblemática obra de George Orwell parece extremamente apropriado..."

José Manuel Delgado, in A Bola