domingo, 13 de agosto de 2017

Bruno Varela

"Foi com particular satisfação que vi chegar ao topo da pirâmide mais um jovem jogador português 'nascido e criado' na escola de formação do Sport Lisboa e Benfica. Desde 2006, quando chegou do Ponte de Frielas, alto e magrinho, sempre mostrou e assumiu o que queria ser 'quando fosse grande'. É certo que necessita de provas de fogo e de competir, competir e competir! No entanto, é já visível a olho nu que o Benfica tem um guarda-redes a sério. Um 'arquero', como aqui se diz, com quem pode contar no presente e no futuro. Um activo que irá dar uma 'mais-valia' significativa. Ao ver este 'puto' na baliza, confiante e autoritário, não posso deixar de relembrar, entre muitos outros que tivemos, um episódio que mostra o seu carácter e a sua vontade de ser 'figura'.
Corria o ano de 2012 e o Bruno estava na equipa B do Benfica. Chegou um dia ao treino com um corte de cabelo tipo 'pele vermelha'. Com 'cristas' e tudo! Perguntei-lhe o que era aquilo. Se achava que a imagem que apresentava se coadunava com a de um profissional do Benfica. Se pensava algum dia jogar na equipa principal do Glorioso. Porque, disse-lhe eu, com aquele corte, ninguém o iria levar a sério! Com um ar surpreso e pensativo, não me respondeu!
- "Amanhã quero-te cá com um corte de cabelo à homem e que não faça rir as pessoas e principalmente os teus colegas."
- "Sim, senhor Carraça", respondeu ele.
E assim foi! No dia seguinte, lá chegou com o cabelo rapado e com um sorriso nos lábios.
- "Assim está bem?"
Como resposta, fiz-lhe uma festa na face e dei-lhe uma forte e amiga palmada nas costas! E verifico, ainda hoje, que mantém o mesmo corte de cabelo. Agora como titular da baliza do tetracampeão nacional."

A sério é outra música

"Todos os anos, a mesma história. Alguns clubes vibram com a pré-época. Ganham tudo antes de a bola começar a rolar. Para outros, mesmo que venham de temporadas vencedoras, augura-se o pior após perderem alguns encontros particulares. As vozes do apocalipse apressam-se a dizer que, para essas equipas, nada vai restar além de uma época de insucesso e depressão.
Depois a bola começa a rolar. Em encontros a doer. E todos os prognósticos radicais acabam por estilhaçar com a fragilidade de um cálice de cristal. O Real Madrid não venceu um único jogo na pré-época. Pelo meio até foi goleado pelo Manchester City por 4-1. E o United esfregou as mãos. Até o jogo começar. Casemiro, Kroos, Modric e Isco fizeram dos médios do United o que quiseram no primeiro tempo. Craques como Pogba pareciam jogadores banais. Fellaini não parecia porque já o é. E se Bale faz o terceiro ainda na primeira parte, os merengues podiam ter ido logo para o intervalo com a Supertaça europeia no bolso. Tiveram de esperar pelo fim do jogo, sofreram ligeiramente após o golo de Lukaku, mas venceram porque foram melhores. Porque, ao dia de hoje, são melhores. A equipa que conquistou as últimas duas Champions e que marcou em todos os jogos da liga espanhola na última época. E vinha de uma má pré-temporada. Quase tão má como a do Bayern. Mas os bávaros, apesar de terem recorrido aos penáltis, também bateram o Dortmund na supertaça alemã.
Os jogos e os campeões de pré-época são como música de elevador. Dão para passar o tempo até chegarmos ao andar que queremos. Já entrámos nele. Começou agora. O futebol a sério. A hora dos campeões. O que fica para trás não fere os ouvidos mas também não enche a alma."