"Carrillo é uma carta fora do baralho e, em nome da saúde do grupo, quando mais depressa lhe arranjarem colocação noutro país, melhor.
Penso, que ninguém ousará contestar o mérito do Benfica na conquista da Supertaça. Foi cumprida a promessa de Rui Vitória, o qual, em tom perfeitamente audível, sem necessidade de provocar ruídos, a seguir a cada derrota na pré-temporada garantiu que a sua equipa estaria preparada para assumir as responsabilidades assim que fosse dado o tiro de partida para a época oficial.
Aconteceu no último sábado, em Aveiro, em final de assinalável qualidade técnico-táctica e relevante intensidade competitiva, em que vencedor e vencido se respeitaram, colocaram os trunfos disponíveis sobre a mesa e foram à luta sem preconceitos. Benfiquistas e vitorianos deram uma boa imagem do futebol e agradável seria que este jogo pudesse servir de exemplo no futuro: dois emblemas recheados de bons jogadores, com dois bons treinadores, e um bom árbitro, actores de espectáculo com estádio lotado de um público também ele bom.
Ganhou o favorito, o Benfica, campeão em título. É tetra e, se quiser, recolhe desta Supertaça cinco lições que lhe indicam o caminho do penta. A saber:
1.ª - O Benfica demonstrou manter-se na posse de argumentos suficientes para atacar o objectivo do penta, apesar da saída de três elementos importantes no sector defensivo, que concentraram sobre eles os holofotes dos mercados mas endinheirados e, naturalmente, não só como eles próprios rubricaram contratos subordinados a valores financeiros que a realidade portuguesa não suporta.
2.ª - Pelo que vi, o que pouco interessa a quem decide, com a matéria humana disponível, a coisa resolve-se na retaguarda, excluindo, no entanto, a especificidade da posição de guarda-redes, até pela forte probabilidade de os impedimentos de Júlio César se repetirem e prolongarem. O problema mais complexo localiza-se no meio-campo, por evidente défice de alternativas que sejam capazes de, no modelo geralmente utilizado, preencher as ausências de Fejsa e/ou Pizzi se quebras no rendimento colectivo. Filipe Augusto? Não entusiasma, mas é aposta de Vitória. Samaris? Parece que deixou de contar. André Almeida? Solução a evitar, como se viu na última época. Chrien? Sim, talves, se lhe derem tempo para crescer. André Horta? De sucessor de Renato a ostracizado. Krovinovic? A esperança.
3.ª - Nas alas, insisto, Carrillo é uma carta fora do baralho e, por isso, em nome da saúde do grupo, quanto mais depressa lhe arranjarem colocação noutro país, melhor. Desaproveitou todas as oportunidades para mostrar, com trabalho, as muitas virtudes que se diz que possui. Não digo que não, mas gostaria de as ver. A sua continuidade no plantel começa a tornar-se incomodativa. O peruano chegou a Portugal em 2011 e desde então, à parte uma tentativa de reabilitação feita por Jesus no seu primeiro ano como treinador do Sporting, tem revelado uma tendência que se inclina mais para artista de feita, no toque de bola, do que para profissional de futebol, com vencimento que imagino ao nível da realeza.
4.ª - Em relação aos homens da frente, mais uma vez, o mal-amado Jiménez alinhou durante dez minutos, marcou e colocou ponto final na história do jogo. Fala-se em clubes interessados e na possibilidade de bom negócio para o cofre da águia, sugerindo a prudência, porém, que talvez não seja má ideia esperar para ver o que Seferovic consegue dar à equipa. E mesmo que consiga dar muito será uma atitude inteligente manter e motivar o avançado mexicano. Foi essa a lição extraída da Supertaça: a defesa até pode fraquejar, mas se o ataque mantiver elevados os índices de eficácia, o saldo global, certamente, continuará a ser favorável.
5.ª - Em resumo, para se atingir o objectivo penta, o Benfica precisa de um guarda-redes de classe e com experiência, para entrar já em cena se necessário for, e, se possível, de um médio moderno, com peso, tipo medida 14 (6+8), apto para grandes superfícies e não talhado somente para pequenos quintais. No resto, é aliviar o plantel de gente acomodada e criar lugares para jovens virtuosos que queiram construir carreiras de sucesso.
PS - Videoárbitro - Os grandes inimigos dos árbitros em actividade não são, nem nunca foram, os jornalistas, mas sim os antigos árbitros com intervenção em espaços críticos, que se fixam nas pessoas. Até percebo, porque é assim a condição humana, primeiro os amigos, depois os outros. O que me espanta é o videoárbitro não colocar um pouco de ordem... nesta desordem em que, ao abrigo das diferentes interpretações que o mesmo lance pode suscitar, há especialistas em promover a confusão. Como pode pedir-se ao povo ignorante que acredite nas boas intervenções da FPF e diga que sim? Definitivamente, é preciso pulso firme."
Fernando Guerra, in A Bola
PS: O Guerra parece que se 'esqueceu' que o Samaris está castigado! Ainda tem mais 2 jogos para cumprir...!!!
Em relação ao 'médio', eu continuo a manter a minha: precisamos de mais um médio, pressionante, estilo Fejsa... o Ascacibar assentava que nem uma luva! Sendo que para o lugar do Pizzi, tenho igualmente esperança no Krovinovic...
Sendo que além do guarda-redes, também necessitamos de um defesa-direito...