sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sempre o mesmo querido

"Num país como Portugal, em que o clubismo é distribuído assimetricamente e concentrado em três clubes, seria impensável que a maioria dos dirigentes das diversas entidades que tutelam e gerem o futebol e as suas competições não fossem adeptos de Benfica, Porto ou Sporting. Impensável seria também que esses dirigentes não se tratassem de adeptos militantes, ou não seriam, de facto, verdadeiros adeptos. Logo, parece-me natural que, anteriormente ao exercício de funções com responsabilidade na gestão do futebol, esses dirigentes, então meros adeptos, tenham exteriorizado o seu amor clubístico sob as mais diversas formas, incluindo a antipatia pelos rivais.
Daí até ao acinte com que Sónia Carneiro, a directora executiva da Liga, se terá referido ao Benfica vai alguma distância. O seu pedido de demissão seria a atitude mais honrada, mas essa não é, do meu ponto de vista, a principal questão.
Preocupa-me muito mais que a Liga e o seu presidente Pedro Proença, um antigo árbitro com uma carreira previsivelmente bem-sucedida na arbitragem - as inúmeras actuações desastrosas em desfavor do Benfica assim o indicavam - tenham saído a terreiro para defender a portista e antibenfiquista Sónia Carneiro quando, há poucos meses, deixou cair o benfiquista João Pinheiro devido, de acordo com o jurista demissionário, à pressão exercida pelo Sporting e, subsequentemente, por não ter sentido, da parte de Pedro Proença, o apoio que entendia merecer.
Estes dois pesos e duas medidas são um claro exemplo de quem é o dono de Pedro Proença. Antes ladrava com um apito, agora fá-lo engravatado. Um querido! E a caravana do tetra vai passando, desejavelmente a caminho do penta."

João Tomaz, in O Benfica

Demitam-se, já!

"Quando foram despachados pelo B. Munique com 12 golos, fiz um post no Facebook sobre isso. E voltei a repetir quando o Ruiz safou uma bola de golo para a bancada e nos deu o campeonato. Ou quando o Tondela os fez voltar à terra, mais uma vez, como sempre nos últimos 15 anos. No momento a seguir aos rabiscos num cavalete, também fui às redes sociais deixar a minha opinião sobre as qualidades artísticas do actual treinador do Wolverhampton.
E sempre que posso, recordo aos adeptos das Antas, o passado de alternadeiras, aconselhamentos matrimoniais, férias pagas no Brasil, fugas para Vigo, associações criminosas - e por aí adiante - dos seus dirigentes. Quando comento alguma coisa na net sobre outros clubes, deixo-me ficar pelos factos. É a melhor forma de ficarem sem reposta. Porque eles sabem o que fizeram nos Verões passados, da década de 80 até agora. É nossa altura que as virgens ofendidas põem a cabeça de fora da toca para escrever sobre mitos como 'clube do Estado Novo', 'Calabote', 'e-mails' e 'vouchers'. Coitados, deve ser tão miserável não encontrar uma única prova de qualquer crime e ter de recorrer à insinuação e à mentira para disfarçar os fracassos desportivos e financeiros. Sou livre para fazer piadas com os meus adversários e pôr o dedo nas suas feridas. Sabem porquê? Porque não sou director-executivo da Liga. E muito menos presidente do organismo. Ninguém me obriga a ser isento em relação a outras equipas, não tenho responsabilidades - nem o desejo - de representar o futebol português. Eu sou um adepto, posso fazê-lo. Já a antibenfiquista que está na Direcção da Liga que engloba todos os clubes que disputam os campeonatos profissionais de futebol deveria saber o que é um cargo institucional. E o seu superior, que correu em desespero para tentar salvá-la, também."

Ricardo Santos, in O Benfica

O calendário

"Sorteio é sorteio. E a menos que duvidemos da temperatura das bolas, há que aceitar o desenlace, tal como diariamente temos de aceitar a meteorologia.
No caso do Campeonato, a relevância da roda da fortuna não é a mesma que numa competição por eliminatórias ou por grupos. Todos jogam contra todos, pelo que a única coisa verdadeiramente sorteada é a ordenação do calendário ao longo do ano. Independentemente daquilo que cada jornada nos reserva (e a primeira é logo a doer), há que questionar alguns aspectos dúbios da calendarização futebolística que teimam em manter-se, e outros que são novidade sem que se perceba bem porquê.
O início do Campeonato a meio da semana é uma excentricidade que carece de explicação. Assim como o facto de, entre dia 2 de Outubro e dia 24 de Novembro, se realizarem apenas três jornadas, para mais tarde encavalitar uma outra (por sinal, com um Benfica-Sporting) a meio da semana que antecede o Natal. Também seria lógico que a mudança do ano civil coincidisse com a passagem da primeira para a segunda volta, mas pedir critério nestas questões seria como bater com a cabeça numa parede.
Quanto às jornadas propriamente ditas, além do Benfica-SC Braga a abrir a competição, e do dérbi natalício (com a penúltima jornada a jogar-se em Alvalade), há que destacar um FC Porto-Benfica a poucos dias do último jogo da fase de grupos da Champions, com tudo o que isso pode significar para cada uma das equipas - o apuramento resolvido poderá fazer a diferença.
Mas primeiro há Supertaça. Começar a temporada com um troféu nas mãos seria o melhor tónico para o que se segue."

Luís Fialho, in O Benfica

Duas finais

"Os tetracampeões começam a Liga NOS 2017/18 na Luz e terminam a prova em casa. Será um Campeonato muito disputado, com o Sport Lisboa e Benfica a querer alcançar um novo desígnio histórico - a conquista do pentacampeonato. Serão 34 batalhas duríssimas, nove meses com imenso sangue, suor e lágrimas para derramar. Vamos ser todos desafiados a dar o melhor de nós próprios, e estou convicto de que nos tem caracterizado nas últimas quatro temporadas, teremos todas as condições para festejarmos no dia 13 de Maio de 2018. O primeiro jogo será muito difícil, frente ao SC Braga, quinto classificado da Liga 2016/17 e que é, neste momento, o terceiro melhor clube português no ranking da UEFA. É verdade!
O SL Benfica volta a ser o melhor clube nacional no prestigiado ranking europeu, figurando no Top 10 (9.º lugar). O FC Porto é o 13.º, e a melhor equipa portuguesa, logo a seguir, é o Sporting... de Braga. Leu bem!
Os minhotos estão dois lugares à frente do nosso eterno rival. O que diz muito acerca da qualidade do trabalho que vem sendo realizado em Braga desde a altura em que o presidente António Salvador assumiu o comando dos bracarenses. Será um início de época frente aos dois poderosos clubes do Minho. V. Guimarães e SC Braga fizeram uma época notável e merecem todo o nosso respeito. Serão duas verdadeiras finais em apenas cinco dias. Quer na Supertaça, em Aveiro, quer na Liga, na Luz, teremos de marcar presença e apoiar os nossos heróis do primeiro ao último minuto. As recentes notícias devem animar-nos, pois já passámos a barreira dos 200 mil sócios. Desde que dizemos a remuneração, entraram mais de 45 mil novos sócios."

Pedro Guerra, in O Benfica

Ei-los que partem

"A música de Manuel Freire transformou-se numa ode à coragem dos imensos portugueses que decidiram procurar sustento noutras paragens nos anos 60, fugindo muitas vezes à miséria rural da ditadura. Nos últimos tempos, quando a troika laborava em pleno em Portugal, foram muitos os que tiveram de voltar a fazer-se ao caminho da vida longe de casa. Entre as muitas reportagens que li, talvez a mais tocante tenha sido a de uma filha única que, ao despedir-se da mãe, lhe deixou uma jura para a vida: «Nunca de deixarei morrer longe de mim».
É costume considerar que o futebol é um mundo à parte na sociedade. Não, não é. É verdade que tem regras e idiossincrasias próprias, gera imenso dinheiro, cria ídolos e destrói-os mas, na prática, os futebolistas quando procuram uma vida (ainda) melhor têm de sair do país. Cá no burgo, os futebolistas ganham muito bem para a média dos trabalhadores - sem qualquer dúvida. No entanto, quando vão para o estrangeiro vão auferir salários duas ou três vezes superiores e é quase impossível segurá-los.
O último é Nélson Semedo, que tem o Barcelona como destino. Dos 23 jogadores convocados por Fernando Santos para a Taça dos Confederações, excluindo o já ex-benfiquista, só três ainda não jogaram, já profissionais, no estrangeiro: Rui Patrício, José Sá e Adrien... o leitor pode não se lembrar, mas William Carvalho esteve no Cercle Brugge e Danilo no Parma.
O sucesso dos jogadores portugueses no estrangeiro, aliado aos dos treinadores, tem sido indiscutível, óbvio. Para equilibrar a balança comercial do país, Portugal tem de exportar. Vendemos muita coisa, mas talvez o negócio mais rentável seja a comercialização do talento. Pena que nas outras áreas, quem acolhe os portugueses, não pague a quem os deixa sair. Certamente, estaríamos bem melhor."

Hugo Forte, in A Bola

'Justiça' por sondagem !!!

"Durante várias semanas, o Expresso substituiu o director de comunicação do Porto como denunciante dos famosos emails que estão sob investigação do Ministério Público. Amanhã, o semanário vai prosseguir a sua sanha inquisitória, tentando antecipar-se aos resultados dessa investigação policial. Desta vez, vai publicar uma sondagem que apresentará um resultado que convenientemente serve a narrativa do Apito Furado. Considera essa sondagem que 58 por cento dos inquiridos acreditam que os e-mails apresentados configuram os crimes de corrupção e tráfico de influências.
Mais curioso ainda é que a sondagem foi realizada pela empresa de Rui Oliveira e Costa, conhecido adepto do Sporting e um dos comentadores televisivos que mais tem alinhado pela cartilha portista e do seu director de comunicação. Digam lá que não há coincidências giras no futebol português...."


PS: O Benfica sempre a inovar: agora temos 'justiça' por sondagem!!! Extraordinário...!!!
É preciso ter mesmo muita lata, depois de semanas e semanas de uma campanha de propaganda vergonhosa, com participação activa do Expresso e principalmente do seu funcionário Pedro Candeias, agora com a 'fonte' a secar, e com a 'narrativa' a ruir, temos direito a uma sondagem...!!! Se calhar para aferir o impacto da narrativa mentirosa!!!!

Precisamos do Renato de volta e, sobretudo, precisamos que o Bayern pague parte do salário. “Portanto, vê lá isso”

"Olá, Renato. Não nos conhecemos. Sou apenas um entre milhões de adeptos que amam o Benfica tal como tu. Não nos conhecemos, mas acho que sei algumas coisas acerca de ti.
O Renato que eu conheço é uma força da natureza capaz de levar tudo à frente e deixar qualquer dia mau para trás.
O Renato que eu conheço é uma improbabilidade estatística, mais uma de tantas produzidas pelo nosso futebol, pelo trabalho associado a um talento que não se antecipa mas estava escrito.
Dizem que o Renato que eu conheço faz lembrar o Davids em campo. Eu cá não sei quem é que me fazes lembrar. Não me ocorre o nome de outro jogador exactamente como tu. E isso é bom. Escreve a tua história e marimba-te no resto.
O Renato que eu conheço não se deixa intimidar pela adversidade nem se esconde do adversário. Finta, pressiona, insiste e resiste até a bola ser sua e a derrota dos outros.
Dizem que o Renato que eu conheço foi apaparicado pela imprensa e levado ao colo pelo hype. Chegaram a dizer que o Renato que eu conheço é trintão como eu. Quem dera aos trintões, eu incluído, terem um décimo da tua fúria. Nós trintões não conduzimos as nossas vidas como tu conduzes a bola. Por isso não, não preciso de ver o BI. És um jogador de outro tempo, isso sim, à antiga. À Benfica.
Ainda assim, o Renato que eu conheço nunca deixou de jogar como se fosse apenas mais um. Mais um dos que jogam, um dos que juram pelo manto sagrado. O Renato que eu conheço talvez não chegue a ler isto, mas decidi tentar na mesma. Se eu pudesse pedia ao Chief Keef, ao Future ou ao K-Dot para te passarem este repto em forma de verso, mas nenhum deles me atende o telefone, portanto segue nesta prosa humilde.
O Renato que eu conheço é um miúdo ligeiramente irresponsável que falha os passes do modo mais enternecedor que já vi. Ainda bem. Não é um jogador feito, mas tem tudo para se fazer.
Dizem os especialistas mais despojados que, para sermos felizes, basta o amor e uma cabana. Para um futebolista não é bem assim. A carreira é curta, a pressão mais que muita, e os contratos nem sempre abundam. É aí que entram a estratégia e o planeamento, Renato, essas malditas convenções dos seres pensantes que nunca falharam um passe e teimam em querer saber onde é que nos vemos daqui a 5 anos. Eu sei lá.
O saber acumulado pela estratégia dir-nos-á que um futebolista emigrado aos 19 anos de idade não tem nada que regressar ao clube que o formou um ano depois. Tem que continuar a ganhar mundo, músculo e milhões em ligas mais competitivas. A minha discordância em relação a este ponto é profunda e romântica.
O Renato que eu conheço deve obedecer, antes de mais, ao imperativo emocional. O Renato que eu conheço tem uma oportunidade única de ser o primeiro vencedor do prémio Golden Boy a dar meia volta para regressar ao local onde foi feliz. Tem uma oportunidade de, mais uma vez, fazer aquilo que dele não se espera em campo e ganhar metros ao adversário fazendo um caminho cada vez menos percorrido: o do amor à camisola. É esse que nos traz de volta.
Precisamos do Renato destemido que quase deitou a Luz abaixo com aquele remate fora da área. Precisamos do Renato trabalhador. Precisamos do Renato carismático. Precisamos do Renato impiedoso. Precisamos do Renato no Marquês. Não precisamos do Renato salvador. Como sabes, o Benfica está bem e recomenda-se. Precisamos do Renato temido pelos adversários, que joga sempre um contra onze, acompanhado de pelo menos mais dez futuros pentacampeões. E bom, em nome do realismo, precisamos que o Bayern pague uma parte do salário desse Renato. Vê lá isso com eles.
O teu patrão Rummenigge disse ontem que precisas de mais minutos em campo. Eu concordo. Tu e nós, benfiquistas. Depois foi a tua vez. Disseste nas redes sociais que fica mais difícil se não acreditares em ti. Concordo. Mas olha: fica muito mais fácil quando tens milhões que acreditam em ti. Quero acreditar que o Renato que eu conheço sabe isto. Cá te esperamos, miúdo."


PS: Por acaso, neste momento, o Renato precisa mais do Benfica, do que o Benfica precisa do Renato! Temos vários opções para o meio-campo, alguns vão mesmo ser emprestados... o Renato em boas condições seria sempre uma mais-valia, mas neste momento existem outras posições mais carenciadas...!!!