sexta-feira, 19 de maio de 2017

Roçar a perfeição e o brilhantismo

"O Benfica conquista o seu 36.º Título de campeão Nacional, com um jogo que roça a perfeição e atingiu o brilhantismo. Foram cinco os golos sem resposta, mas podiam ter sido oito ou dez tal o caudal e qualidade durante os 90 minutos. Foi com nota artística que demos cabo das dúvidas sobre quem merecia ser campeão este ano.
O jogo de sábado, contra a equipa sensação da prova, dizimou argumentos. Foi de forma inequívoca que fechámos um título, que teve jogos menos conseguidos, jogos difíceis, mas em que a linha condutora foi sempre uma vontade maior de ser campeão.
Esta habituação de ganhar não pode fazer diminuir a vontade de continuar a ganhar. Aqui está um vício a manter, um aditivo a não largar. Algum argumentário rival de continuar a ser exposto ao ridículo com a nossa qualidade e capacidade. Um Tetra, com 5-0 a fechar, ajuda. Nuno Espírito Santo e Jorge Jesus, ao cumprirem o básico, dar os parabéns a quem venceu, distinguiram-se do lixo argumentativo e fizeram bem.
Ser educado, não é ser totó, é só ser educado. Os treinadores rivais foram-no, e ficaram bem por isso, mesmo que alguma incivilidade não tenha gostado. Foi grande a festa no Marquês, com Eliseu a ser o protagonista mais divertido, mas este ano para os melhores, Benfica e V. Guimarães, a época ainda não acabou.
Há muito para se conquistar este ano, para Benfica e Vitória, e para o ano voltam a ser os melhores deste ano a iniciar a temporada com direito a títulos e conquistas. Num fim da semana de êxitos, parabéns ao Voleibol do Benfica pela conquista de mais um título Nacional, que, contra o histórico Sp. Espinho, teve ainda mais sabor. José Jardim levou o Voleibol do Benfica ao topo nacional, nos últimos anos, luta sempre por ganhar, e ganha quase sempre.
Como disse Churchill, «todos têm o seu dia, mas há dias muito maiores que outros»."

Sílvio Cervan, in A Bola

«Ser campeão no Benfica torna uma pessoa mais importante devido à grandeza do clube»

"António Simões viveu a experiência dez vezes e não esconde a vaidade. Também sentiu o peso da responsabilidade, por culpa da dimensão do Benfica. 'Muito mais do que jogadores, passamos a ter que ser exemplos'. Entrevista à maior lenda viva do clube, que vê traços de antigos companheiros em alguns dos heróis do tetra, a quem se diz grato. 'Apetece-me quase dizer: faltava-me isto'

Festejou os dez títulos de campeão nacional em privado, muitas vezes com companheiros de equipa, a maioria com Eusébio e as famílias de ambos. 'Não havia Marquês de Pombal nem nada disso'. Mas já havia a sensação de grandeza do Benfica, que António Simões e a sua geração, nos anos 60 e 70, fizeram crescer ainda mais.
- Como é ser campeão nacional pelo Benfica?
- Só mais tarde me dei conta do que representou e ainda hoje representa. Quando jogamos e vamos ganhando campeonatos, nem nos apercebemos do impacto. Aquilo é mais um, depois mais outro. Quando hoje ouço dizerem que o Simões tem dez faixas de campeão, penso: 'São muitas, realmente'. Tive o privilégio de ganhar 10 em 14 épocas. É uma coisa diabólica. Não é só uma carreira. É uma parte que fica e nos deixa até um pouco vaidosos. Claro que o Benfica vai buscar quem sabe jogar, mas quantos sabem jogar e não conhecem este sabor de ser campeão?
- O facto de ser no Benfica multiplica esse efeito?
- Ainda hoje dizia e um amigo que o que acontece no Benfica tem uma dimensão maior. Porque, de facto, é o maior clube de Portugal. Jogar e ser campeão no Benfica torna uma pessoa mais importante devido à grandeza do clube. Por isso é importante não esquecer nunca que há uma parte que a gente deve ao clube. Ser do Benfica é ser um pouco português. O clube tem essa raiz, até porque durante muitos anos não teve estrangeiros. Não tenho nada contra estrangeiros, eu próprio fui emigrante e vivi no estrangeiro. Mas nunca joguei com um estrangeiro no Benfica. Tudo isso faz com que represente mais o País do que os outros clubes. Não tem nada a ver com ser superior, apenas representa mais do que os outros. É histórico, não há nada a fazer.
- Foi três vezes tricampeão nacional. Ganhar tornou-se uma rotina banal?
- Sim. E às vezes essa é a principal razão para não se ganhar mais e mais. As pessoas ficam fartas de ganhar. Tornar-se tão normal que desvalorizam as vitórias. A noção de que se sabe jogar bem e se pode ganhar tem de ser conciliada com o desejo do sucesso. Quantas vezes uma equipa está a jogar bem e, de repente, deixa de o fazer? Fartam-se. O ser humano tem este lado. É fundamental nunca se perder o entusiasmo de competir. No mundo em que vivemos, toda a gente tem acesso ao conhecimento, não como antigamente, que era só para alguns. Mas apetece-me perguntar: e sabe competir? No futebol, saber jogar não chega. É preciso saber competir.
- Algum dos dez títulos de campeão nacional que conquistou foi mais marcante?
- Há dois. No primeiro, o FC Porto do Pedroto estava na frente, a poucas jornadas do final, mas depois perderam em casa com a Académica e a partir daí foi o descalabro para eles. Nós fomos por ali fora e acabámos por ganhar esse campeonato (1968/69). O outro foi uma situação parecida, mas com o Sporting, que a determinada altura chegou a ter seis pontos de avanço. Nós andávamos um pouco aflitos, com a massa associativa a pôr pressão em cima. Lembro-me de jogar na Luz e, ao fim dos primeiros 15 minutos, com o resultado ainda em 0-0, já havia assobios. Eu era o capitão e não foi nada fácil. Os adeptos estavam tão habituados a ver golos logo de início e a liderar o campeonato que estar em segundo era um problema. Mas fomos campeões, com três pontos de avanço (1979/71). Essa recuperações revelam uma coisa interessante: não ter medo de ganhar, ter segurança do valor que se tem e ter estofo para ir buscar forças quando o grau de dificuldades é maior. Não se podia falhar. Cá está um bom teste a todos na vida: cumprir uma tarefa quando não se pode falhar. Há um aumento de pressão e responsabilidade.
- Perante o hábito de ganhar que já existia nesses dois campeonatos, o atraso pontual funcionou como um desafio extra?
- E a equipa soube responder. O Benfica ganhou campeonatos em que andou sempre à frente, mas também teve a experiência de ganhar depois de ter andado quase sempre atrás. Foram duas grandes experiências.
- Lembra-se da primeira festa?
- Houve uma pequena invasão de campo. Algures por aí há umas fotografias desse momento. Eu consegui sair sem ninguém me tocar. Fiz uns 250 dribles naqueles minutos, devo ter feito tantos como em toda a minha carreira. Fui driblando gente e enfiei-me pelas escadas abaixo. Eu era um miúdo de 18 anos naquela altura e tive receio daquele mar de gente. Foi uma coisa incrível, mas consegui safar-me. Só festejei mais tarde, com a família e amigos.
- Não havia festa com a equipa?
- Nada. Íamos para casa e festejávamos com a família ou com alguns colegas. Eu festejei muitas vezes com o Eusébio e as nossas famílias. Mas era uma coisa privada. Não havia Marquês de Pombal nem nada disso. Ninguém ia para a rua. Hoje é que há um grande aproveitamento político. Naquele tempo, não. Nunca festejei um título com um político em toda a minha vida.
- Portanto, festejavam juntos no estádio e depois cada um celebrava à sua maneira.
- Quando nós festejámos verdadeiramente no estádio, com milhares e milhares de sócios e simpatizantes do Benfica à nossa espera, foi quando viemos de Amesterdão (após a conquista da Taça dos Campeões Europeus, em 1962). Tinha eu 18 anos e o Eusébio 20. Chegámos ao estádio, eu com pequeno urso nos braços, que ofereceram ao Benfica e depois foi para o Jardim Zoológico, e ver ali milhares e milhares de pessoas à noite, com as luzes acesas como se fôssemos para um jogo, foi um momento fantástico. Também me lembro de um campeonato que ganhámos em Tomar e houve uma grande romaria até Lisboa. Eram carros e motos por todo o lado, mas chegámos a Lisboa e cada um foi para a sua casa.
- A importância de ser campeão nacional no Benfica é hoje diferente do seu tempo?
- É diferente porque vivemos uma época diferente, porque o País é diferente e porque a rivalidade agudizou-se. E, por isso há intenção de tirar partido, não só para festejo próprio mas também de provocação aos outros. O clube é  mesmo, as pessoas é que são diferentes. O Benfica tem a mesma cor, põe é mais força e impacto na cor.
- Não gosta?
- Defendo que, quando se ganha, não deve ser contra alguém. Não admito que se ganhe alguma coisa com o intuito de deitar alguém abaixo. Os americanos têm uma frase fantástica. Eles dizem que ganhar não é tudo, mas é a única coisa. Só que é a única coisa, em respeito pelo adversário. Eu não posso, nem devo, nem quero, nem gosto que alguém veja um adversário como um inimigo. Não quero que nenhum benfiquista pense dessa maneira. Não quero o mundo perfeito, porque isso não existe. Mas, enquanto cá andar, quero contribuir para um mundo muito mais civilizado. O desperto, e nomeadamente o futebol, tem a obrigação de ser assim. Quanto mais sucesso temos mais responsabilidade temos de ser grandes e maior inteligência emocional temos de mostrar. Nada nos impede de alcançarmos o sucesso, mas não há nada na vida que nos obrigue a ficar arrogantes. Peço desculpa. Foi isto que aprendi aqui, no meu país e no Benfica, com os dirigentes e colegas mais velhos a darem o exemplo. Sou parte de tudo o que aprendi com essa gente. E mais ainda: quando fui para os Estados Unidos da América, em 1975, reforcei tudo o que aprendi aqui, confirmando que eu e todos os que me ensinaram estávamos no caminho certo. Não tive que mudar nada. Apenas tive a oportunidade de ver noutro mundo essa mesma cultura desportiva. Quanto mais se ganha, mais respeito tem de se ter pelos outros.
- A camisola do Benfica pesa mais?
- Dizem que sim. Porque o Benfica tem mais País, tem mais histórico, tem mais adeptos. Mas isso não  acrescenta nada ao compromisso de ser um bom profissional. No Benfica, no Arouca ou noutro clube qualquer, é exactamente a mesma coisa. O ser profissional não se mede pelo clube que se representa. Ou se é ou não se é. Agora, a dimensão de um clube, sendo maior, acrescenta visibilidade e isso obriga-nos a ter mais cuidado. Porque passamos a ser muito mais do que jogadores de futebol. Passamos a ter que ser exemplos, também. E a sociedade exige que, quando mais conhecido se for, quando mais se for uma estrela, maior tem de ser o exemplo que damos. E é preciso saber ligar com isto.
- Que importância histórica tem este tetra para o Benfica? Nem a sua geração conseguiu.
- Nós fizemos três, três, três. Aliás, eu e o Eusébio somos os únicos. Mas nunca chegámos ao tetra. Perdemos sempre para o Sporting, em anos de Campeonato do Mundo: 1966, 1970 e 1974. Olhe, que bom, mas que maravilha esta de eu ainda cá andar e ter este sabor. Levou todos estes anos, mas finalmente aconteceu, alguém que veio e me deu o tetra. Não o conseguiu como jogador, treinador ou dirigente, mas tenho o prazer de o partilhar agora com aqueles que me proporcionaram. Apetece-me quase dizer: faltava-lhe isto.
- Que jogadores foram mais decisivos nestes quatro anos?
- Seguramente, o Luisão. O Jonas também, Gaitán, Salvio, Júlio César, Jardel. Destaco estes. Foi tudo gente muito importante. Porque, além da qualidade, todos eles ajudaram imenso a liderança do Luisão. Vieram de boas famílias para uma boa família. Não estranharam. E isto tem muita influência. Porque ajudaram os miúdos todos a crescer. Como antigo jogador do Benfica e capitão em alguns 250 jogos, fico muito grato e esta gente. Porque eles vieram de fora e perceberam em pouco tempo o que é o Benfica. Isto é um factor muito importante para se ganhar.
- Qual deles personifica melhor o Benfica dos anos 60?
- Há um bocadinho em vários. Olho para o André Almeida e vejo o Cruz e o Neto. O Luisão projecto-o no Germano, a grande referência da defesa. Depois vejo o Jonas e digo assim: 'Eh, pá!, este tipo é como o José Águas ou o Mário Coluna'. É o líder lá na frente.
- Algum faz lembrar o António Simões?
- Gosto muito do Salvio. É um excelente jogador, com muita maturidade. Teve azar com as lesões, mas é muito culto a jogar. Depois vejo este pequenito, o Cervi, a ir ao encontro de algumas coisas que eu fiz ao longo da minha carreira.
- Algum destes encaixaria no seu Benfica?
- Há um sexteto irrepetível no Benfica e na Selecção portuguesa. Jaime Graça, Coluna. José Augusto, Torres. Eusébio, Simões. Mas isso não me impede de dizer: João Pinto, grande jogador, Rui Costa, Aimar, Gaitán, Di Maria... Bem, há uma quantidade deles. Peço é ajuda, por favor. Quem é que se tirar para eles entrarem? Comparar épocas diferentes é um exercício muito difícil, embora a arte e o talento sejam intemporais.
- Há um ADN de um jogador à Benfica?
- Muito difícil explicar isso. Mas posso dizer que são aqueles que chegam e ficam apanhados pelo clube. Muitos têm que se ir embora, mas todos falam em voltar. Quando vivemos fora do nosso país e jogamos num clube que não é aquele onde crescemos, e mesmo assim ficamos completamente identificados, é porque há uma química qualquer que nos apanhou.
- Depois de um período em que ganhou apenas um campeonato, entre 1994 e 2010, considera que nas últimas épocas o Benfica recuperou a hegemonia do futebol português?
- A história conta que houve domínio de um clube, depois de outro e a seguir de outro. O Benfica teve uma travessia terrível e durante muito tempo não conseguiu ganhar. Mas, entretanto, fez várias coisas acertadas e o resultado é este. Inovou-se, organizou-se, contratou novos quadros técnicos e percebeu que estamos num mundo completamente distinto daquele que foi o meu. Ou seja, com a componente negócio no qual a indústria do futebol se tornou, o clube percebeu que era incompatível continuar a ser comprador. Percebeu que tinha de ser formador e fez um grande investimento no Seixal, de onde, nos últimos anos, começou a tirar rentabilidade. Os clubes portugueses não têm outra alternativa e o Benfica percebeu isto primeiro. E agora está à frente exactamente porque se modernizou e investiu. E se também se credibilizou, muito o deve a este presidente. Se o Benfica seguir neste caminho, tem todas as condições para continuar a dominar desportivamente. Este sucesso é ao mesmo tempo um desafio para não parar.

- O Benfica chegou a este tetra comandado por dois treinadores, Jorge Jesus e Rui Vitória, cada um com dois títulos. Atribui-lhes a mesma importância neste ciclo?
- Este tetra é um marco para o presidente, mas não me posso esquecer dos treinadores. São ambos conhecedores do jogo e do treino, não tenho dúvidas. Atribuo igual mérito aos dois. Mas, com todo o respeito, parece-me que o Jesus tinha mais qualidade em quantidade do que o Rui Vitória. Também foi mais feliz em ter os jogadores mais tempo disponíveis. Perante essas limitações, o Rui Vitória foi capaz de equilibrar o grupo, sempre com uma mensagem muito positiva, sem nunca se desculpar com a ausência de um jogador. Essas coisas têm muito influência no grupo, porque é um atestado de confiança e competência para quem está apto. No que diz respeito ao Jesus, confirmou-se que é um homem com vocação para treinador, não podemos negar isso. Juntando os dois teríamos o treinador perfeito.

- Que contributos mais relevantes trouxeram?
- Conhecimento a liderança, embora exercida de forma distinta. Isto prova que, existindo conhecimento, o caminho para o sucesso não é único. E acrescento  um aspecto que foi importante para os dois: a organização e o profissionalismo do clube. O Rui Vitória foi mais sensível à aposta nos jovens, ao perceber que este tinha de ser o caminho mesmo que tivesse algum custo, ele conseguiu. Mérito de jogador feito. Mérito de jogador que foi feito."

Entrevista de Rui Antunes, a António Simões, in Visão

Já está

"Foram semanas de ansiedade. Meses de espera. Por fim, chegámos onde queríamos: ao ambicionado “Tetra”. É nosso!
Nunca o havíamos alcançado. Foi agora, o que leva esta equipa até à eternidade.
No fecho de contas, nada melhor que uma exibição de gala, com futebol de classe e golos, mostrando, a quem ainda tinha dúvidas, quem era, e o que era, o Campeão.
No meio de muitos obreiros desta conquista, três figuras merecem particular realce.
O capitão Luisão calou todos aqueles que o queriam abater, realizando uma das suas melhores temporadas, e garantindo que ainda podemos contar com ele por tempo indeterminado.
O treinador Rui Vitória, que evidenciou as suas enormes qualidades, quer ao nível da valorização dos atletas, quer na vertente da comunicação, quer quanto à força mental e equilíbrio emocional que transmite à equipa – valências tão importantes num contexto de elevadíssima pressão.
E, claro, o Presidente Luís Filipe Vieira, para cujo trabalho e percurso já vão faltando adjectivos. Bastará dizer que vivemos hoje um dos melhores períodos da história centenária do Benfica, e lembrar que quando, pela mão de Manuel Vilarinho, ele chegou ao clube, estávamos na lama. Pelos resultados, pela conjuntura que ultrapassou, parece cada vez mais óbvio tratar-se do nosso melhor presidente de sempre.
Segue-se a Taça de Portugal, para juntar ao Campeonato e à Supertaça, reforçando mais ainda a dimensão histórica do momento.
É essa a próxima prioridade, sabendo-se que iremos defrontar um adversário bem diferente (no estímulo, na concentração, na agressividade) daquele que enfrentámos no último sábado."

Luís Fialho, in O Benfica

Béla Guttmann and the barber’s trip that helped Benfica win the European Cup

"The legendary coach’s signing of Eusébio followed a chance meeting in an unusual location and Benfica’s path to a second straight European Cup triumph in 1962 showed Guttmann was a man ahead of his time 

Win a major sporting trophy once and the naysayers will dismiss the success as random luck. Win it twice and the same people are forced to eat their words. The 1961-62 season was when Benfica’s Béla Guttmann wrote his name in the pantheon of coaching greats.
A chance meeting in the unlikely venue of a barber’s shop, several months before the first European Cup victory, also with Benfica, had paved the way for further success. Guttmann bumped into José Carlos Bauer, a former Brazil international, who was coaching Ferroviária in his native country, and whom he rated as a shrewd judge of the game.
“He greeted me happily, saying they were on a tour [in Lisbon] and they’d soon go to Africa,” recalled Guttmann. Guernsey v Jersey: ‘It’s in the blood. It’s about more than football: it’s about this island’ Read more
“I told him: ‘Listen to me, old man, if you see a talented player for me, someone who was born in Portugal, keep his name in mind.’ A month after this conversation, I was at the barber’s again, and as if I was telling you a joke, Bauer came in again. ‘What’s up? Have you found anyone for me?’ ‘Oh,’ he said, ‘I saw a black lad in Mozambique … I wanted to get him for myself … but those fools are asking for $20,000 for him!’ ‘What’s the lad called?’ His face was being lathered as he blurted out: ‘Eusébio!’”
Eusébio da Silva Ferreira had been playing for Sporting de Lourenço Marques. Sporting Lisbon regarded their namesake in Mozambique’s capital as their feeder club, and went berserk when they found out that Guttmann had usurped their supposed rights, signing the highly promising striker for their bitter rivals instead.
A Sporting director turned up at Eusébio’s door and offered him 500,000 escudos, a huge sum of money for an 18-year-old, to change his mind. “He put the money on the table and told me that it was mine if I signed for Sporting,” Eusébio recalled. “I told him that it was a low thing to do, that I wasn’t mad and I wasn’t going to sign two contracts.” 
Guttmann had stolen a march, and not by sheer luck either. The master networker had spent decades building up his contacts, and one of them had led him to this future star.
He tenaciously held on to his advantage. Eusébio was hidden in Lagos in the Algarve for 12 days for fear that Sporting would try to swoop again. “I sent three bodyguards to hang around him and I told them my orders,” said Guttmann. “Eusébio cannot be left alone, not for a minute, and he can only stay at the Benfica house.”
When Eusébio did emerge for his first Benfica training session in early 1961, Guttmann stood on the sidelines, purring with pleasure at his sly capture, transfixed by Eusébio’s devastating acceleration, explosive shot and ability to glide past opponents. Unable to contain himself, he eventually turned to his assistant Fernando Caiado, shouting “O menino é ouro!” (The boy is gold!).
Ineligible, as a recent signing, for the European Cup, Eusébio made his debut in a domestic friendly the week before the 1960-61 European Cup final where Benfica beat Barcelona 3-2, scoring a hat-trick. He scored again on his league debut a couple of weeks later, before being named as a substitute against Pelé’s Santos in a close season international tournament in Paris in June 1961.
With his tired team 4–0 down at half-time, Guttmann looked to the bench and called for his new gem. “I sent him on and he scored three goals, all of them from a 20–25 metre distance,” he said.
The next day, the French sports newspaper L’Équipe ignored the result of the match, instead running the headline “Eusébio 3 Pelé 2”.
Guttmann now had his passport to footballing immortality.
He had transformed the Estádio da Luz into an impregnable fortress, and his team into a force that inspired fear throughout the continent of Europe.
If the route to the 1961 final had been relatively straightforward, the hurdles this time round continued to get steeper. In the semi-final came Tottenham Hotspur, who had the previous season become the first team in the 20th century to win the English League and FA Cup double, and who had already taken apart Poland’s Górnik Zabrze and Czechoslovakia’s Dukla Prague.
Guttmann knew he had to be at his absolute best to get his team through, and he didn’t disappoint. The eventual outcome of the tie between these two great sides, a narrow victory for Benfica, owed much to the box of wily tricks he had assembled during 30 long years as a coach throughout the world. His adversary, the relatively inexperienced Bill Nicholson, lost out in the battle of the small details, a fatal defeat in such an evenly matched confrontation.
Nicholson failed to prepare his team psychologically for the inevitable early onslaught in Lisbon. Goals by Simões and José Augusto put Benfica two up within 20 minutes, before Spurs had even settled into the game. Even though Spurs dominated the second half and Smith got one back, another goal from the inspired José Augusto meant that Benfica were to bring a 3–1 lead to London for the second leg.
A good lead, but one which Guttmann knew could evaporate in just a few minutes of frenzied action at a packed and raucous White Hart Lane, with the home fans electrified by the possibility of their team becoming the first English representative in a European Cup Final.
He did everything in his power to stop that happening. His main weapon was the media. “When I go to the press conference before the game,” José Mourinho once said, “in my mind the game has already started.” Alex Ferguson agrees: “At a press conference you need to come out as the winner.” Football analysts routinely point to such comments as evidence of these coaches’ acute awareness, their ability to sense the subtle influence of media messages on the psychology of players. Béla Guttmann was doing exactly the same thing more than 50 years ago.
A large English press pack were camped at his team’s base at the Park Lane Hotel to cover a game which had captured more public attention in England than any against a foreign team since Hungary’s visit in 1953. To allow his tense players to rest and relax in private, Guttmann’s opening move was to shift the spotlight to himself. He reiterated his intention, first hinted at a few months before, to leave Benfica at the end of the season. As usual, he was less than fully honest about the reasons, which would only become apparent later, claiming that he had taken the team as far as he could and craved a fresh challenge.
Next, he sought to sway the course of the game more directly. He worried that his Portuguese players were insufficiently accustomed to the typically British physicality of players like Dave Mackay and Bobby Smith. “I told the journalists that I expected a bloodbath and they, in turn, went to Poulsen, the Danish referee, and told him Guttmann did not think he was strong enough to handle the match,” he later recounted. “It was an old ploy, but it worked. Poulsen kept a close check on those players, and we got more than our share of free-kicks.”
In those days, the two teams would come out for the start of the game separately. Whereas Guttmann allowed Spurs to come out first in Lisbon, where they were made to wait for their opponents amid the din like gladiators in the colosseum, he made sure his own team would not suffer the same fate in London. “I locked the dressing-room door and only let Benfica go out at the last minute, with the referee and linesmen,” he said. “The game started before the crowd got at us.”
Benfica went one up after 15 minutes at White Hart Lane, with Águas converting a cross from Simões. Smith levelled the score on the night before half-time, and Blanchflower converted a penalty early in the second half. Spurs were just one behind on aggregate, and the crowd scented blood.
The Benfica team, however, was to show the same resolve that had got them through in Bern against Barcelona. With Costa Pereira making save after save, and Germano once again a rock in the centre of defence, they reached the final by the skin of their teeth, owing a considerable debt of gratitude to their maestro, soon-departing, coach.
Guttmann had decided to leave because of money. Having brought Benfica and Portuguese football unprecedented glory, he believed that the directors of the club should be bending over backwards to keep him, not quibbling over salary demands and minor expenses.
He asked for a salary increase of 65% if Benfica were to win the European Cup a second time, only to be met by a non-committal response. As time drifted on, he was further irritated by an incident after the quarter-final in Nuremberg. His wife, Mariann, had gone with him and the team to Germany – a rare occurrence. Back in Lisbon a few days after the game, Guttmann received a bill from the club – for half the cost of his hotel room.
In spite of his clear brilliance, it seemed that old attitudes were not shifting easily. The club hierarchy still couldn’t quite believe that a coach could be so important, and their penny-pinching reflected a foolish insouciance. “I am the most expensive coach in the world, but looking at my achievements, I’m actually cheap,” Guttmann said a couple of years later.
Just as there was a push factor for him leaving, there was also a pull. There was an attractive offer on the table from Uruguay, his next port of call.
By stubbornly insisting on his value, we can say that Guttmann set in motion an upward ratchet in coaching pay that is continuing to this day. But before his eventual departure from Lisbon, he was to face the biggest single game and greatest challenge of his coaching career.
On 2 May 1962, in the Olympic Stadium in Amsterdam, Benfica took on the mighty Real Madrid in the European Cup final.
Again, Guttmann’s team were underdogs. Real had won the Spanish league. They had annihilated Standard Liège in the semi-final. And their team contained the ageing but still brilliant duo – Ferenc Puskás and Alfredo Di Stéfano.
Guttmann’s mastery of human psychology was evident once more. Everything he said before and during the final was calculated to counter the inevitable fear, with one message to the fore: they are history, you are the present, you will win. “Straight after the semi-final against Tottenham, he was building us up, telling us: ‘We are going to be champions again,’” recalls António Simões.
In the dressing room just before the kick-off, he sat his team down, and told them about his experiences at the 1924 Olympics. “I had the opportunity to meet some well-known celebrities, including the Finnish idol, Paavo Nurmi,” he said. “He ran the 5,000 metres in what was regarded then as a superhuman time, 14:31. In the 1960 Olympics, an unknown New Zealander [Murray Halberg] beat his time by almost a minute.” In sport, he was at pains to convey, time does not stand still.
Benfica needed all the self-belief they could muster. They were down early on by two goals, both scored by Puskás. Again, they rallied. Águas got a goal back after Eusébio’s free-kick hit a post. Then Cavém rifled a long-distance shot into the top corner. A frenetic half of football ended with the deadly left foot of Puskás restoring Real’s lead.
There was work to do in the dressing room at half-time. Guttmann may be best known for his teams’ attacking talents, but he was no slouch in defensive organisation either. In order to isolate Puskás and deprive him of service, he told the versatile Cavém to stick closely to Di Stéfano.
With tactics out of the way, and less than 15 minutes to play with at the interval, he moved to the mind. He had told his players before the kick-off that they would win against their older opponents if they were only two down at half-time. Now, it turned out, the deficit was only one.
“Guttmann said to us: ‘Gentlemen, we’re going to win, we’re stronger than Real Madrid!’” recalls José Augusto. “The important thing about those words was the belief and conviction with which he said them, and that conviction transferred to us. He gave so much strength because he spoke with such force. It was as if a divine force had entered us!”
Simões echoes his former team-mate’s recollections.
“We really had the belief we could win the game. I remember Guttmann in his own special language, a sort of mix of Portuguese and Italian, telling us: ‘Mister, sit down, mister, sit down, Real Madrid tired, Real Madrid tired, Real Madrid old, old, old, they cannot win, Real Madrid cannot run, Di Stéfano dead.’ That moment really struck us.”
After five minutes of the second half, it was 3–3. For the second European Cup final in succession, Coluna had scored a spectacular goal with his weaker right foot. From that moment on, it was to be the Eusébio Show, as irrepressible youth triumphed over ageing experience. Running from his own half past tiring defenders, the so-called Black Pearl waltzed into the Real area and was brought down. Leo Horn pointed to the spot, and Eusébio himself calmly dispatched the penalty.
Five minutes later, it was all over. Eusébio’s deflected shot ended up in the corner of the net to make it 5–3. Real Madrid knew they were beaten. They were gone – tired, old and dead.
Guttmann was carried off the pitch by his players. At the winners’ banquet that night, Guttmann was in his element, sharing memories at a Hungarian-speaking table. How satisfied and content he must have felt, the 63-year-old two-times European Cup winner, chatting the night away with friends and colleagues from his now illustrious career. Some guests at the banquet approached Guttmann and begged him to stay in Lisbon. But angered by the directors’ intransigence and parsimony, and with the world at his feet, he was having none of it. With a wave and a curse, he was gone."

Aprender a perder. A função social do desporto

"O desporto joga-se para aprender a perder. Os desportos não existem para aprender a ganhar. Ganhar, chegar a ganhar, não é fácil. Porém, aceitar a vitória é fácil, é a satisfação pelo trabalho feito, o divertimento por ter sido beneficiado pela sorte, o resultado de um trabalho de equipa bem sucedido. Agora, perder... Depois de ter tido um trabalho equivalente ao do vencedor, a infelicidade de não ter sido bafejado pela sorte, o resultado de um trabalho de equipa que aqui e ali não correu como se havia treinado, como se havia desejado. Isto, se pensarmos em termos de dois opositores em equilíbrio. Se o vencedor é o mais fraco, é ainda mais duro, mais difícil de aceitar. Perder nunca é fácil mas é para isso que o desporto existe. Nos campos de jogos ingleses, estes princípios conduzem o treino, o jogo, seja lá em que desportos se apliquem com determinação, com o apoio dos pais, da comunidade.
É por isso que o desporto moderno existe na nossa sociedade. E é por isso que não é possível encontrá-lo numa outra sociedade qualquer na história, com as características que conhecemos e as formas em que podemos reconhecê-lo na sociedade em que vivemos, a sociedade em que tanto os desportos como nós, fazemos parte. Algo em comum, portanto. Os desportos são uma adaptação dos jogos populares que, no jogo jogado entre os adolescentes foram transformados nos campos relvados e, também, de terra batida, das escolas inglesas. Isto é, a transformação registada nos jogos, que se tornavam mais organizados, desenvolve-se no seio de centros de educação onde, para alguns dos responsáveis, não passava despercebido o interesse dos miúdos pelos jogos. Esses adolescentes, deixavam de sentir interesse nas escaramuças jogadas, ou após os jogos, e concentravam-se no respeito pelas regras. A energia dedicada ao jogo, à organização dos jogos, do jogo em si, é ajustado a formas de fazer que, a partir de certa altura, são consideradas por eles próprios como as mais interessantes e ajustadas, contra outras formas rejeitadas, deixadas para trás, ou de lado (daí a cisão entre o futebol e o râguebi).
Ao mesmo tempo, os directores desses estabelecimentos de ensino, mais atentos à dedicação dos mais jovens aos jogos, rapazes que se mantinham empenhados nos jogos e ausentes das salas de aula mas eram incansáveis nos esforços persistentes em jogar e em vencer, sugeriam uma ou outra ideia. Por exemplo, o limite do espaço, a circunscrição dos jogos em terrenos rectangulares. No processo, ganhar era invariavelmente fantástico, perder era sempre difícil. Mas, precisamente, era nessa dificuldade que se estruturava o carácter, a capacidade de enfrentar a frustração, a vergonha, a raiva de haver perdido, o riso de si mesmo, de não ser o vencedor. A transformação dos jogos em desportos, processo lento desenvolvido desde os fins do século dezoito, em Inglaterra, é apontada por Elias e Dunning como um elemento de civilização. A palavra civilização, corrente, é demasiadas vezes usadas para separar, uns seriam civilizados, outros seriam bárbaros. Ou uns seriam civilizados, outros, fundamentalistas. Não é bem essa a questão. No essencial, a palavra civilização corresponde ao interesse colectivo aplicado em formas vividas de tornar civil, capaz de viver na civitas – de viver com os outros, em sociedade.
Verificamos assim que o tempo em que a palavra civilização começa a ser utilizada pelas camadas mais cultas da sociedade, é também o tempo em que dos campos (country side) onde a aristocracia inglesa vivia durante todo o ano, com algumas deslocações breves à capital, Londres, os jogos se deslocam para o universo, as vedações e os limites das escolas secundárias (as Public Schools). E enquanto esses jogos e arranjos se estruturavam, as competições deixavam de se circunscrever a duas equipas, passavam a ser realizadas entre duas escolas, entre duas regiões, entre duas nações. Em síntese, civilização designa formas de agir que são destacadas pela capacidade de sobrepôr a razão à emoção. De aceder a um estado em que é possível colocar a inteligência e as acções ao serviço do colectivo sobrepondo-se, esta forma de pensar às maneiras dominadas pelas paixões que semeiam as desgraças, as guerras, a destruição e, em última análise, a morte. Foi este o processo que, no âmbito do estilo de vida da aristocracia inglesa, deixou os campos e estendeu-se às cidades. Criou mais regras, outras regras e estendeu essas maneiras de jogar – de viver em comum com o outro – a todo o país. A mudança das coisas, das maneiras de jogar neste caso dos desportos, corresponde a maneiras de pensar. Materializava, concretizava e transmitia maneiras de pensar racionais, razoáveis, lógicas e, entenda-se, subordinadas à razão. Nos jogos transformados em desportos passava e desenvolvia-se uma outra forma de ver o mundo, de ser o mundo. Um mundo onde as regras progressivamente deveriam ser iguais para todos. O desporto moderno foi integrado em toda a Europa, em todo o mundo Ocidental, integra o mundo inteiro – nos campeonatos regionais, distritais, nacionais, europeus, mundiais, olímpicos.
Então, não foi uma coincidência que a experiência, a necessidade e o desenvolvimento da civilização – que é acompanhado pela adopção de regras comuns a todos os níveis e, também, nos desportos – se tenha manifestado e integrado na nossa sociedade desde os fins de 1700 e que continue a ser sentida e compreendida como uma necessidade colectiva. O desporto moderno é o meio mais poderoso de civilização que a nossa sociedade ocidental conhece. O desporto moderno é o meio privilegiado de comunicação com o mundo. De chegar mais perto do outro, dos outros, de todos. Há um conjunto de regras, de técnicas, de homens e de mulheres, de instituições e de organizações nacionais, internacionais, mundiais, que estruturam as relações entre uns e outros e reforçam as regras aceites por todos de uma forma de estar e de agir que caracteriza, justamente, o mundo da civilização, o mundo que gostamos de pensar é civilizado.
Sendo assim, e não é fácil o que se conseguiu até aqui quando pensamos no caminho percorrido, o desporto moderno tem uma função social extraordinária. O desporto civiliza. No momento em que se aprendem as regras, quando se aprende a respeitar as regras de um mero jogo, um mero jogo que se joga como se fosse a sério, ainda que se saiba que se trata apenas de um jogo, entramos no jogo maior que é o de um jogo com regras comuns e onde todos partilhamos o final. Sendo assim, o mais importante é o jogo, não o resultado. Mas se o resultado é importante e decisivo, como sabemos que é no desporto profissional, e no desporto de alta competição, conhecer e aplicar as regras, jogar dentro das regras não é tudo, nem é o principal. O mais importante é que, através do jogo, não só aprendemos o mundo da vida como aprendemos a ser. E precisamos de aprender a ser, ninguém nasce perfeito nem pronto. Ainda não! É difícil aprender a ser quando ganhamos sempre, todos os jogos, sempre que jogamos. Daí que seja na derrota que crescemos, que nos tornamos gente. É uma pena que não se possa crescer na vitória permanente, que o sofrimento, a dificuldade sejam condição para se pensar e ser capaz de aceitar a vitória de uma forma civilizada e isso só se aprende quando perdemos. Perdemos amigos, amores, parentes. E o jogo. Porém, jogos há muitos – e estão aí para aprendermos aquilo que é o mais difícil, para alguns impossível. Não entendem. Aceitar que não somos perfeitos, infalíveis. Isso não é fácil. Mas é o que é. Por isso o desporto é tão fascinante. Cria em nós a possibilidade, talvez a ilusão, talvez a oportunidade, de tentar de novo, continuar. O grande jogo da vida, de viver com os outros, de viver os outros, de ser os outros em nós, de sermos nós nos outros.
Um exemplo. Cada semana, a mesma situação. A tensão paira no ar, em cada jogo fica-se com os nervos em franja. Os jogadores atiram-se à bola, vigiam o campo, correm para um lado e para o outro, dominam, são dominados, lutam até dominarem de novo, avançam no terreno e atiram ou aproximam-se da baliza. Na beira do rectângulo, o treinador gesticula, concentra-se em cada movimento, na falta de progressão, no terreno, no jogo. A equipa técnica segue o jogo, em sofrimento. No fim, a vitória, justifica tudo. Depois de ter ganho tudo, quase tudo no futebol, José Mourinho confrontou-se com a derrota a vários níveis, a tal ponto que eu pensava, como é possível aguentar tanta pressão. Como é possível aguentar a queda, ainda por cima com a noção de que nos tramaram? E que há quem se aproveite disso num estilo fartar vilanagem? Por uns tempos, Mourinho afastou-se. Retirou-se para se recompor. Física e psicologicamente. Passou pelo ginásio. Regressou melhor. Fisicamente, bem visível a brilhante forma. Mentalmente, muitíssimo mais forte. Como treinador e como pessoa, bem melhor. Mais generoso, mais descontraído, cada vez mais atento ao que conta. No Manchester United, o seu sonho, dá mais do que alguma vez deu. Entrega-se. Durante a sua ascenção, os estudantes de treino apareciam em maior número, animados, confiantes, sorridentes. Como se tornar-se treinador fosse sinónimo de tornar-se um novo Mourinho. Quando as coisas começaram a correr mal, os debates eram acérrimos. A culpa é dela...Passado o temporal, a calma retoma o trabalho, eles alteraram a sua forma de estar. Nem dão por ela. Estão hoje mais sérios, mais responsáveis, mais maduros. A prenderam que nem com o Number One as coisas são sempre a ganhar. E o perder dói que se farta! Sob o meu olhar, que fornada de bons treinadores em formação. O estremeção abanou-nos a todos, fez-nos sofrer por bem, fez-nos crescer um pouco a todos que acompanhávamos a tentativa de destruição do invencível – jovem, good looking, succesful, do sul. É demais e há quem não aguente o sucesso dos outros. Também não percebem e precisam de crescer, se conseguirem. Não devia ser preciso, mas dificilmente alteramos a matéria que faz de nós humanos. 
Termino estas linhas quando são 24:00 de 7 de Maio de 2017, 00.01 de 8 de Maio. O Porto empatou com o Marítimo, o Sporting perdeu com o Belenenses, o Rio Ave perdeu com o Benfica. C’est ça! C’est la vie!
(...)"

O tetra num elogio que junta ainda Jardim, Ronaldo e Zidane, Conte e um adeus poético

"A semana de muitos destaques. A época está quase no fim, e o Benfica ainda festeja o tetra, com a final da Taça no horizonte, frente a um adversário que dominou por completo no jogo do título, mas que certamente não repetirá exibição tão pobre como a do Estádio da Luz.
Os encarnados são favoritos para encaixar mais uma dobradinha, num ano em que a única competição em que ficaram aquém das expectativas terá sido precisamente aquela em que detinham hegemonia: a sua Taça da Liga. O troféu, visto pelo lado dos minhotos, seria excelente prémio para a melhor temporada de sempre; e na perspectiva dos encarnados mais um momento de afirmação perante os outros grandes, em que sublinharia ainda a distância e a afirmação do seu domínio do futebol português nos últimos quatro anos. Numa altura em que já praticamente só se pensa na próxima época.
Rui Vitória conquistou o seu segundo título de campeonato e, mais uma vez, retirou frutos de um discurso quase sempre dentro de tom. Terá sido nessa confiança inabalável do seu treinador que a equipa se apoiou para reagir a duas ou três mini-crises. Falámos disso ao longo do ano. Naquele discurso em que nunca vem mal algum ao mundo, sempre virado para dentro, Vitória foi sempre capaz de controlar danos e ter a equipa de novo focada para o embate seguinte. É verdade que o passado recente, o sucesso da época anterior e a forma como se foi mantendo vivo até disparar para o título, ajudaram, e o técnico aplicou a mesma fórmula.
Houve momentos de felicidade, directa e indirecta. O Benfica foi feliz em vários jogos que ganhou sem merecer e também com a ineficácia dos rivais, mas foi também mais forte nos jogos decisivos, pela experiência e pelo peso que resulta de quatro épocas seguidas a vencer – e pelo seu negativo, o dos adversários não vencerem nada nesse mesmo período. Ao FC Porto, que surpreendeu ao surgir como grande obstáculo, quando quase todos apostavam as suas fichas no Sporting de Jesus, faltou-lhe precisamente aquilo que fazia parte daquele ADN de Ser Porto: o aproveitar dos momentos cruciais da época, quando os opositores fraquejam.
As mensagens dadas na recepção ao Vitória de Setúbal e depois no clássico – empatar, ter o Benfica encostado momentaneamente às cordas e não ir para o KO, festejando depois o empate, também tem pouco a ver com o FC Porto que destroçava precisamente os rivais nos seus estádios – terão feito os encarnados acreditar ainda mais que, no fim, a festa seria deles.
Fantástica a época de Pizzi, com e sem Jonas em campo, com o brasileiro a voltar a tempo de ser bastante útil. Os dois melhores de um título histórico, com destaque óbvio para o médio internacional português, a quem foi pedido muito, quase sempre, e correspondeu de forma excepcional na maior parte das vezes.

Leonardo Jardim a conquistar a Europa
Muito também já se escreveu sobre o trabalho fabuloso de Leonardo Jardim no Mónaco. O treinador português levou uma equipa jovem, irreverente, mas sem estrelas – até Falcao, de todos o que já tinha brilhado mais intensamente, era uma sombra de si próprio no início da época –, ao título francês 17 anos depois, na luta com um PSG ainda milionário. Chegou ainda às meias-finais da Liga dos Campeões, ao eliminar Manchester City e Borussia Dortmund, e caindo aos pés de uma Juventus sem misericórdia, e talvez a mais forte candidata ao troféu.
O trabalho marca, com justiça, o abandono definitivo do rótulo de treinador defensivo, e consolida a imagem de Jardim como criador de equipas sólidas e extremamente competitivas, e máximo potenciador das suas indvidualidades. Há várias épocas que tem sido assim, mas o rendimento monegasco sublinha ainda mais essas qualidades para lá das convicções patróticas e, inclusive, das fronteiras francesas.
Jardim fez crescer jogadores como Fabinho, Bakayoko, Mendy, Lemar e, sobretudo Mbappé, que já estará na calha para vir a ser the next big thing, apoiou-se na classe de Bernardo Silva – que perdeu o prémio de melhor jogador para o goleador Cavani – e na fiabilidade de Subasic e de João Moutinho, importante em vários momentos e nesta recta final de temporada. Fez ainda o velho Radamel Falcao voltar a acreditar em si próprio, até fazer as pazes com os golos.

Ronaldo e o Real muito perto da festa
A vitória expressiva em Vigo deixa o Real Madrid a um ponto de um título que lhe foge desde 2012, então com José Mourinho no banco.
Cristiano Ronaldo tornou tudo mais fácil, ao inaugurar cedo o marcador e ao dilatar a vantagem em território hostil, onde os blancos já tinham sido eliminados da Taça do Rei (1-2 no Bernabéu, e 2-2 na Galiza).
O português ultrapassou Jimmy Greaves como melhor marcador de sempre nas principais ligas europeias (368 contra 366), e continua a mostrar, jogo após jogo, uma ambição desmedida que o mantém no topo.
Para este final de ano de excelência muito terá contribuído a gestão feita por Zidane, que resguardou o português para os jogos decisivos da Champions e, agora, da Liga. Ronaldo esteve dois meses sem participar em jogos fora no campeonato, e mesmo assim continua a bater recordes. Conhecida a ambição do português em jogar sempre, conseguir convencê-lo a gerir esforços foi a primeira grande vitória esta temporada, quando não teve Gareth Bale na maior parte do tempo e também Benzema em determinada fase.
É verdade que o sucesso dos «merengues» não pode dissociar-se de um Barcelona em aparente crise de identidade, e em anunciado fim de ciclo, com a saída de Luis Enrique. No entanto, Zidane, mais do que um mestre da tática, terá ganho esta Liga na forma como comunicou com os jogadores, estrelas como o próprio foi ao longo da carreira.

O Chelsea radical de Antonio Conte
Tal como os treinadores portugueses também os italianos estão em alta. Ancelotti ganha na Alemanha, Allegri no seu próprio país, Conte em Inglaterra.
Quem assistiu aos jogos da squadra azzurra no Euro 2016 não pode ficar surpreendido com o sucesso de Antonio Conte, que antes já tinha lançado as sementes para uma Juventus de ambição continental. O transalpino é um dos maiores estrategas da actualidade, e uma má notícia para José Mourinho e Pep Guardiola.
Conte conseguiu ser campeão no primeiro ano em Inglaterra, com praticamente o mesmo Chelsea que Mourinho teve antes de ser despedido. Há Marcos Alonso, David Luiz e Kanté, mas isso só por si não justifica o crescimento tão anormal da equipa. A diferença foi o treinador, e talvez a energia e a aura que ainda transporta na sua primeira grande experiência no estrangeiro. Conte começa mal, tem duas derrotas frente a Arsenal e Liverpool, e decide mudar de esquema, para um mais radical, sobretudo em Inglaterra, o célebre 3x4x3.
Essa mudança, aliada a ter os futebolistas bem mais perto do seu melhor – no caso de Hazard foi gritante a subida –, valeu um título que começou a desenhar-se há muitas semanas.
Para Mourinho, que até poderá conquistar três troféus e qualificar-se para a Liga dos Campeões via-Liga Europa, e para o revolucionário Guardiola, há muito trabalho pela frente para encurtarem a diferença.

Tottenham de topo
A segunda boa notícia da Premier League é um Tottenham consolidado, a bater-se pelo título. Dois trabalhos sucessivos de excelência de Mauricio Pochettino, com um novo segundo lugar, e muito bom futebol criado. Numa liga com tantos candidatos, o mérito dos Spurs e do seu treinador é total.

Hoffenheim a refrescar a Bundesliga
Se o Bayern continua a dominar, embora enfrente a curto/médio prazo a necessidade de renovação de algumas das suas principais figuras, e o Dortmund ainda parece carecer de crescimento para poder lançar uma candidatura para uma prova tão longa como uma liga, esta época apareceu uma boa notícia para o campeonato: o Hoffenheim, do jovem treinador de 29 anos Julian Nagelsmann, mostrou muita qualidade, excelente futebol, baseado numa cultura de pressão alta e intensiva que tem tido muitos adeptos por terras germânicas, e poderá estar na Champions do próximo ano, caso termine em terceiro da tabela ou em quarto e ultrapasse o play-off.
Também o Leipzig, o clube fundado pela Red Bull há apenas sete anos, tem crescido de uma forma astronómica. De recém-promovido, o emblema do leste alemão passou a equipa de Liga dos Campeões, com entrada direta, em apenas um ano. O seu surgimento tem suscitado críticas um pouco por todo o lado, uma vez que é sustentado pelo lado mais comercial do futebol e se trata de um choque cultural, num país em que os clubes nascem onde existem largos focos de apoio.

O adeus poético de Kuyt, com o título do Feyenoord
Dirk Kuyt, antigo internacional holandês, marcou o hat-trick que valeu o título ao Feyenoord 18 anos depois, e decidiu-se pelo fim da carreira. Mais do que o adeus de um grande jogador trata-se do pendurar de chuteiras de um símbolo, alguém que protagoniza na perfeição aquele futebol de raça das gentes de Roterdão.
Um grande título o do Feyenoord, num ano em que o Ajax parece recuperar a filosofia que o tornou gigante, e o PSV atravessar uma crise.

O exílio de Manuel Fernandes
Dez golos na liga russa de um jogador com um potencial enorme, que deixou sempre por confirmar. Um médio com técnica, força, talento, mas que teimava em tomar algumas decisões erradas. Aos 31 anos, atravessa um dos seus melhores momentos. Deve a si mesmo continuar com este rendimento.

A International Cup, depois da Youth League
A formação continua a dar frutos. O Benfica chegou à final da Youth League, o FC Porto venceu a International Cup de forma estrondosa, com uma goleada ao Sunderland. Depois, há todo o trabalho nos sub-21, sub-20, sub-19... Portugal continua a ser um país grande a produzir talento (ou a recebê-lo cedo, proveniente de outros países), mas ao mesmo tempo pequeno a aproveitá-lo. Há bons indícios nos últimos tempos, mas a cultura da contratação duvidosa deve terminar."

Mas, afinal, o que faz um “Coach” numa equipa técnica?

"É provavelmente a pergunta que mais me fazem. Ou formulada de outro modo: “O que poderá fazer um 'coach' numa equipa técnica ou numa equipa desportiva? E com o atleta?”
A presente época desportiva foi bastante rica. Já com a época a decorrer (Outubro), desafiei-me e desafiei um treinador de uma equipa da Primeira Liga de Futebol a realizar um processo de 'coaching' com o mesmo e organizado em três fases distintas, em que a passagem da primeira para a segunda fase e consecutivamente, dependeriam da avaliação constante que as partes envolvidas realizam regularmente.
Essas três fases ajudam a explicar um pouco o que um 'coach' pode realizar numa equipa desportiva (que neste caso específico, passei a fazer parte da equipa técnica por decisão do treinador em questão após as primeiras sessões). A primeira fase seria (e foi) propor e realizar um processo de 'coaching' individual ao treinador principal da equipa. Numa análise à realidade da sua comunicação, liderança, motivação, gestão de equipa, relacionamento e PNL. Numa perspectiva intra e interpessoal.
Mas que raio quer isto dizer?! Bem, de modo simples, passou por analisar o que o treinador faz, pensa e sente, e depois perceber o que chega ao receptor, que nestes casos, são os jogadores, bem como à sua equipa técnica. Avaliamos o que é emitido na percepção do treinador principal e o que é compreendido. Podemos fazer isto observando gestos, palavras, comunicações, palestras, treinos, acções e reacções. E para isso, opto por filmar, gravar, escrever, perguntar. E acima de tudo, observar e dialogar. Escusado dizer que a confiança pessoal e técnica é (também) a base para que algo deste género possa ser realizado. E que quando desafiei o treinador, não nos conhecíamos pessoalmente. 
Adiante. E o que se faz com isto? O ‘isto’ refere-se a informação. Informação sobre hábitos, crenças, acções, diálogos, gestos, interacções, posturas, abordagens e muitas intervenções. Para além disso, de modo regular, falei com o 'coachee' (o treinador). Falo para o informar acerca do que vi, para dialogarmos, para ouvir a sua versão, todas as versões. Seja quando estou a tomar café com ele, quando estou a assistir ao treino da bancada ou no próprio campo, que nos primeiros tempos, ocorreu sempre de um modo muito discreto.
No jogo, o acompanhamento faz-se ao lado dos outros membros da equipa técnica que não vão para o banco. Nesta altura, convém situar que, por decisão do treinador, já tinha sido apresentado aos jogadores como alguém que fazia parte da equipa técnica do clube e estava ali para fazer 'coaching' - o que quer que isso significasse para cada uma das cabeças de cada ser humano que estava no balneário naquele momento.
Mais mês menos mês, numa segunda fase, realizaria o mesmo processo com os outros seis treinadores-adjuntos. Observação das suas intervenções, trocas de impressões, relatórios, questionários, perguntas e reunião. Isto repetido várias vezes. Até ao final da época desportiva que agora finda, elaboraram-se relatórios de diagnósticos, sugestões e ferramentas para desenvolver as competências que se consideraram prioritárias para desenvolver por parte dos adjuntos (e aceites, com um processo de explicação).
Ainda sem ter terminado a segunda fase, e devido à aceitação de todos, iniciou-se a terceira fase, a interacção com os jogadores. Nesta altura já frequentava todos os espaços: balneário, palestras nos estágios, jogo, treino, espaços onde pudesse retirar a informação necessária e respeitando sempre aquilo que é de mais sagrado que pode existir numa equipa: o seu espaço e as suas regras de coabitar. 
Voltando às dinâmicas, dinamizaram-se dinâmicas colectivas no treino, para trabalhar competências específicas: comunicação, confiança, foco, só para dar alguns exemplos. Através de conversas e observações a atletas previamente identificados e autorizados, antes, durante e pós-treino.
Reconheço que a intervenção durante o treino pode ferir susceptibilidades a alguns, pelo que passo a explicar com exemplos. Sabemos que para o atleta é fundamental comunicar durante o jogo. Chamar à atenção do colega, gritar, ajudar ou avisar. Sabemos que os atletas muitas vezes chegam a seniores com estes handicaps. Algo que não foi trabalhado na formação. Estou atento a isto. Falo com o treinador. Sintonia nesta área. “Força” encoraja o treinador. Aguardo os momentos que sejam necessários. Dirijo-me ao atleta numa pausa ou naqueles momentos em que, durante o exercício, o atleta está junto a mim, e digo-lhe: “(nome do atleta, sempre!) falar é importante, fala contigo, fala com os teus colegas, tu e eles precisam! Irá ajudar-te a seres melhor, acredita.” Durante vários treinos existe um enfoque nesta área. Não se força, não se desgasta a relação por causa do assunto, mas acompanha-se. Damos feedback, demonstramos que estamos atentos, que o acompanhamos, que o atleta é alvo da nossa atenção e preocupação.
Outro atleta – também ele promissor – tinha por hábito dar feedback aos colegas mais sobre aquilo que não era para fazer ou acontecer, do que aquilo que esse atleta queria que acontecesse. “Não percas a bola, não vás para a esquerda, não subas, nas percas a concentração, etc”. Um conjunto de “nãos” ou de castrações. “Mister, posso falar ao (nome do atleta) sobre a importância de intervirmos com o que queremos que aconteça e não com o que não queremos que façam. Porque uma fomenta a proactividade e a solução, outra leva ao medo de errar e à negação.” Explico ao atleta, acompanho, e passados uns treinos, falo com ele e chegamos à conclusão que está a falar menos, mas melhor. Mais um objectivo.
Isto faz ganhar jogos? Não, provavelmente não fará. Os que ganham mais vezes fazem mais vezes umas coisas do que outras ao nível comportamental? Claramente. O 'coaching' não é simplesmente sobre causa – efeito. Mas o efeito que procuramos tem algumas causas e uma delas é um acompanhamento a vários níveis do que fazemos, dizemos, pensamos, sentimos, etc.
Claro que existe muita coisa que não está aqui descrita. Momentos melhores e outros mais difíceis. Relembro que o futebol é jogado por pessoas, lideradas por pessoas. Que existe uma base enorme de conhecimento da área do comportamento que nos rege diariamente. Como intervimos, para quem, quando, o que dizemos, como reagimos, como antecipamos, onde o realizamos. Tantas, mas tantas acções, algumas variáveis, muitos cenários. A liderança, apesar de ser uma das áreas mais estudadas, ainda é bastante apaixonante. E contribui muito para o sucesso (seja quais forem os objectivos) da sua equipa e dos atletas."