quarta-feira, 19 de abril de 2017

Vitória no último suspiro...!!!

Fafe 0 - 1 Benfica B


Com muitas ausências, devido à presença na UEFA Youth League, (Sexta-feira em Nyon, Meia-final, frente ao Real Madrid) com vários Juniores a tapar os buracos (várias estreias na B...), a jogar com 10, desde os 62 minutos (Saponjic), conseguimos a vitória aos 93 minutos, com um golo marcado pelo Tiago Dias (júnior) que tinha entrado 3 minutos antes!!!

Incondicionalmente à condição

"Sei que estarei a maçar quem faz o favor de me ler. Mas saibam que, sem ser obstinado, sou persistente. Refiro-me à endémica expressão futebolística «à condição» que vai grassando qual vírus multiresistente a qualquer boa prática gramatical.
Por isso, volto hoje incondicionalmente «à condição». O Benfica, desta vez, não foi segundo à condição, porque jogou antes do Porto que assim, pela enésima vez no campeonato, não pôde ser o líder à condição. Aliás, sem condição, o Benfica é líder isolado desde a quinta ronda, ou seja, nas últimas 25 jornadas. O «à condição» jornalístico atingiu esta semana Bas Dost. O magnífico artilheiro da sempre excelente escola holandesa liderou a Bota de Ouro à condição, até que Messi o ultrapassou 20 horas depois.
Encurtando atalhos: está tudo à condição. Nós, enquanto não morremos. Esta coluna, enquanto não acabar. Os jogadores, enquanto não se lesionarem. O passivo dos clubes, enquanto não for pago. Os castigos federativos, à condição de serem cumpridos. Os jogadores, à condição da vontade dos intermediários. Aliás, alguns só jogam bem à condição de serem transferidos. As claques legais são-no à condição de, na prática, se tornarem ilegais. E as ilegais, à condição de jamais serem legais. O mais curioso caso à condição é do agora famoso Canelas: ganha à condição de não jogar.
Por fim, o anti-benfiquismo primário, esse poderoso clube que une contrários (à condição) tudo quer no Benfica à condição: estádio interditado, líder destronado, árbitros condicionados, kits hipervalorizados, treinador calado. O problema é a condição de ser à condição."

Bagão Félix, in A Bola

Uma coisa que Orwell escreveu...

"George Orwell (103/1950) celebrado autor de obras como O Triunfo dos Porcos e 1984, tinha uma visão pouco romântica do futebol. «O futebol», escreveu, «não tem nada a ver com fair play. Está ligado ao ódio, ao ciume, à jactância, ao desrespeito de todas as regras e ao prazer sádico em testemunhar a violência. Por outras palavras, é como a guerra, mas sem tiros...»
Olhando para o clima instalado no futebol português de há uns tempos a esta parte, não haverá quem não se sinta tentado a rever-se na visão catastrófica de Orwell, criador da frase «Todos são iguais mas uns são mais iguais que outros».
Porém, esquecendo muito do que foi dito e feito nas horas mais negras, agarremo-nos, qual naufrago a um destroço em plena tempestade., a alguns pingos de esperança caídos dos discursos mais recentes dos nossos principais clubes. É que, perante a estupidez e a boçalidade de alguns energúmenos membros de claques, que conspurcaram as cores que dizem defender, FC Porto, Benfica e Sporting não só de demarcaram como ainda tiveram abordagens pedagógicas que sós os engrandeceram e devolveram as massas adeptas aos carros da normalidade do desporto.
O futebol que não está condenado à visão Orwelliana acima transcrita, só tem razão de ser, contudo, enquanto elemento de aproximação, na diferença, de cores, raças, credos, classes sociais, estratos económicos e ideologias. E foi nesse sentido positivo que foram tomadas, pelos nossos clubes, posições que isolaram aqueles em quem Orweell pensou quando escreveu o que escreveu..."

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: Muito sinceramente, não li nenhum comunicado do Sporting a demarcar-se dos cânticos da sua claque legalizada!!! Não sei onde o Delgado foi buscar essa ideia...
E já agora, a 'demarcação' oficial dos Corruptos, deu-se 2 dias depois, e limitou-se a pedir desculpa ao Chapecoense... ignorando o Benfica, e não condenando as ofensas em geral!!!!
Portanto, se calhar o Orwell tem mesmo razão...!!!

O escritor não merece o cordel

"Desde mais ou menos a puberdade que sou admirador confesso da obra de António Lobo Antunes, um génio literário que, entre outras virtudes, sabe escolher como ninguém os títulos para as suas obras. Alguns deles, com explicações mais ou menos literais, caem como sopa no mel no contexto do futebol nacional.
Do Manual dos Inquisidores nem vale a pena falar muito, basta olhar os programas de domingo e segunda-feira à noite; para o Auto dos Danados é ver a relação entre os grandes, nos quais os respectivos departamentos de comunicação fazem muitas vezes, a Explicação dos Pássaros e os presidentes, por vezes, uma Exortação aos Crocodilos. Que farei quando tudo arde? - deve ser o que pensam os responsáveis pelos organismos dirigentes do futebol nacional quando o Tratado da Paixão das Almas de cada um dos clubes se sobrepõe a quase tudo. O Esplendor de Portugal foi o feito alcançado pela Selecção Nacional no Euro-2016, no qual, na final, os portugueses bem podem ter dito aos franceses: Ontem não te vi em Babilónia...
No Arquipélago da Insónia é onde devem estar esta semana Rui Vitória e Jorge Jesus para tentarem arranjar estratégias, métodos, fórmulas e sistemas para vencerem o derby de sábado. Na Natureza dos Deuses é onde pretendem ficar os maiores ídolos de um e outro clube, na certeza de que os heróis do jogo deverão demorar alguns dias até descerem à terra e dizerem Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo.
Lobo Antunes já foi candidato ao Nobel da Literatura mas nunca levou o galardão para casa - Saramago é, até ao momento, o único distinguido nesta categoria. O escritor é um apaixonado pelo futebol e um homem de alta literatura. Os seus títulos têm muita aplicação ao futebol cá do burgo, que, por muito que nos custe, muitas vezes, não passa de um romance de cordel. Ele não merece isto. Nós também não."

Hugo Forte, in A Bola

O Estado deste sítio

"É tempo de o Estado, que nos representa a todos, assumir até ao fim as suas responsabilidades para as claques dos clubes. Como só falta pagar-lhes o espectáculo, avancemos então. Se já pagamos balúrdios na pastagem policiada destas hordas, se aceitamos semanalmente a criação de corredores de passagem e áreas de pousio onde as normais que regem a nossa sociedade são ignoradas mesmo pelos polícias, é tempo de ir até ao fim. É preciso apoiar e subsidiar o fenómeno.
Quem diria que a ópera a ecoar no São Carlos, ou todas as sinfonias que resplandecem na Casa da Música são mais relevantes para a cultura portuguesa do que os urros de ódio das nossas queridas claques? É preciso um subsídio da pasta da Cultura. Deve ser pago em dinheiro vivo e entregue em mão aos cabecilhas de cada organização. Sempre que os artistas apareçam com uma obra nova, cantada em público, como os recentes casos das novas líricas sobre uma tragédia aérea ou um homicídio hediondo, o subsidio deve ter tal em conta. Na direita proporção de reforço policial ditado pelos jogos de alto risco, a verba de incentivo ao canto oral merece ser aumentada. Se nenhum responsável político se indigna ou vai além da cobardia, então só falta mesmo o subsídio cultural, para fechar o ciclo da desvergonha em torno das claques.
Para toda esta guerrilha urbana, pagamos e continuaremos a pagar. Pela segurança dos espectadores comuns, tememos e continuaremos a temer. Some-se às claques, um bando de pirómanos a girar em torno de cada presidente de clube, incendiando redes sociais, propagadas facilmente aos programas de televisão, e fica construída a bomba. O futebol é o espelho da sociedade, ditou o grande Albert Camus. Com toda a razão, como se vê no caso português."


PS: A sério?! Um dos responsáveis da CMTV, a criticar os programas de debate desportivo nas televisões?!!!! Extraordinário...
E já agora, parece que mais uma vez, os Lagartos saíram 'imunes' nesta onda de cânticos ofensivos, quando são eles, aqueles que em todos os jogos, mais vezes passam a insultar o Benfica, os Benfiquistas e o Eusébio... Repito, em todos os jogos, nas várias modalidades, seja ou não seja o Benfica o seu adversário direito...!!!
Aliás o Dr. Maus Fígados, ainda hoje na sua crónica, classificou as ofensas das várias claques, considerando que os cânticos entoados pelos Lagartos, como ofensas 'suaves': "uma diferença abissal"... gozar com a morte do King, é coisa pouca, mas gozar com a morte do Jamor, é um crime de lesa pátria!!!!!!!!

Claques

"Primeiro não sou, por defeito, contra a existência de claques organizadas. Na essência, elas dão aos clubes capacidade de mobilização e apoio. Segundo: há muita gente nas claques que se move apenas e só pela paixão ao jogo, ao clube, mesmo que aqui e ali, contagiados pela turba, cometam excessos. 
Dito isto, não sou a favor de cortar o mal pela raiz, mas sim de cortar a raiz do mal, são coisas diferentes. O problema das claques, de uma forma geral, é que foram evoluindo, ao longo dos anos, de grupos de apoio para braços-armados dos clubes, daí degenerando, em inúmeros casos, para violentas organizações de crime e violência, por vezes com inspirações políticas, como se vê, por exemplo, na América Latina, com as barras bravas, ou no leste europeu, fazendo reféns os próprios emblemas. No caso de Portugal, onde as claques de Benfica, Sporting e FC Porto apresentam currículos invejáveis (não vale a pena perder tempo a discutir qual a pior), o problema é de sempre: impunidade. Se eu passar numa zona de radares e souber que eles estão desligados ou só disparam a 200 Km/h, para quê tirar o pé do acelerador? A solução passa por identificar e retirar do cesto, uma a uma, as maças podres. Quem não sabe comportar-se, pura e simplesmente, deve ser banido de recintos desportivos, com penas exemplares e tanto maiores quanto a gravidade dos actos praticados (irradiação se for preciso, sem misericórdia).
Mas isto aconteceu a quantos? Nos tribunais, a coisa costuma ficar-se por multas e penas leves, que se juntam à complacência dos clubes. O que devia ser excepção, é regra. Veja-se o caso recente na Alemanha, em que 88 adeptos do Dortmund foram impedidos de entrar em estádios durante um mínimo de quatro meses até dois anos. E da próxima será pior. Em Portugal as leis também existem, basta que sejam aplicadas com coragem e mão pesada, como estes tempos exigem. O problema, neste caso e em tantos outros do nosso futebol, é que continuamos a tentar comer a sopa com um garfo. 
Boa sorte."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Quando a "casa" treme... (ainda a propósito do atentado de Dortmund)

"A análise estatística acerca do contributo do "factor casa", como indicador de sucesso, tem evidenciado ao longo das duas últimas décadas que, na esmagadora maioria dos casos, ele é sobejamente relevante para o resultado final do jogo. Assim o tem sido na Premier League (em média, 15 em 20 jogos), na Liga Espanhola (17 em 20 jogos) ou mesmo na Italiana, segundo reporta a maioria dos estudos.
Contudo, existem igualmente situações onde, de forma esperada ou inesperada, "jogar em casa" não se traduzirá numa vantagem competitiva para a equipa em causa.
E foi, de facto, de forma "ainda" inesperada ("ainda", dado a crescente instabilidade política que temos vindo a presenciar poder vir a potenciar uma maior ocorrência deste tipo de manifestações), que o Borussia viu o sem desempenho "congelado" após o atentado de que foi vítima na passada semana e onde viu um dos seus jogadores feridos.
Ainda muito recentemente, mais precisamente a 17 de Novembro de 2015, naquela que seria uma jornada de preparação para o Europeu de 2016, o jogo entre Alemanha e Holanda viria a ser cancelado por ameaça de bomba no estádio do Hannover.
Turquia, Iraque, França e Paquistão (entre outros), registaram já atentados nas imediações de estádios, com um elevado numero de vítimas mas, este terá sido, possivelmente (não tenho em memória outro igual), o primeiro atentado onde uma das "grandes" equipas da Europa viu a integridade da sua "casa" (e dos seus atletas) objectivamente ameaçada.
Perante estes factos, alguém (aparentemente) "acreditado", definiu que o jogo programado para as 19h45 de terça, seria remarcado para as 17h45 de quarta-feira - 22h após o atentado!
De posse destes dados, deverá ser questionado se, de facto, a UEFA terá recorrido ao aconselhamento especializado de alguém (idealmente, são especialistas da área da Psicologia em Contexto de Crise que devem actuar neste tipo de incidentes) para tomar esta decisão... de certo, uma decisão que, com o aconselhamento dos especialistas correctos ou, até, de alguém com bom sendo, ditaria algo completamente diferente.
Este caso faz-me recordar um episódio passado com uma instituição desportiva (não ligada ao futebol), que um dia me contactou porque estavam a achar que um dado atleta estava com um "comportamento estranho"... após, imagine-se, ter observado um colega praticante da modalidade, ter ficado paraplégico durante a execução. Segundo os responsáveis, a reacção parecia-lhes "exagerada"!
"Incidentes" desta natureza são uma dura e cruel "wake-up call" para a realidade onde, num iato de segundo, todas as certezas se transformam em dúvidas, todas as motivações caem por terra, tudo em que acreditamos, nomeadamente, a "bolha de segurança" onde pensamos que estamos a viver... se esvai abruptamente.
E não, não é suposto que, 22h depois... esteja tudo bem.
Mais: pode até acontecer que se assista a uma escalada de ansiedade com, possivelmente, o desencadear de alguma situações de stress pós-traumático (nota: o guarda-redes Burki revelou à imprensa que ainda não consegue dormir).
Aliás, se não for feita uma correcta avaliação e intervenção junto de, pelo menos, todo o clube do Borussia... então, alguém estará a falhar com estes atletas e, muito possivelmente, podemos vir a assistir a um completo desmoronamento da equipa principal deste clube, até ao final da presente época.
É porque, assim de repente, a "casa" (a cidade, o estádio, o autocarro, o clube... e todas as formas que a "casa" pode assumir) deixou de ser "casa", deixou de ser segura, deixou de ter identidade e, para resgatar tudo isso, para direccionar este infortúnio no sentido de que o mesmo se transforme em energia de mudança, de transformação e de resgate emocional... é preciso que alguém assuma com a seriedade que este assunto merece, a condução de todo este processo."

De Miranda ao Cabo Sardão: um postal ilustrado do futebol nacional

"Podia ir pelo IC5, mas acabo quase sempre por seguir pela Nacional 221.
Entre Sendim e Miranda do Douro há placas nas duas línguas oficiais de Portugal. Sigo pela estrada antiga porque há por ali um campo de futebol onde um dia vi uma manada de bois de raça mirandesa a pastar debaixo de uma baliza.
Ando há tempos a tentar reencontrar esse enquadramento para tirar uma fotografia decente. Daria um bom postal ilustrado do futebol nacional a juntar ao pelado que descobri junto ao Cabo Sardão, quase no outro extremo de Portugal continental.
Na Costa Vicentina, com o Atlântico defronte, junto ao farol, está outro dos mais belos campos de futebol. Há uns meses andei por lá: uma foto atrás de outra e um suspiro ao perceber a falésia entre o campo e o mar – «Coitado do apanha-bolas.»
O futebol é um jogo simples, não?
No essencial precisa disto: duas balizas e espaço para correr. Juntem-lhe uma bola e gente com tempo para ser feliz.
Inevitavelmente, o futebol complexificou-se. Virou produto comercial, tornou-se numa indústria, há hoje quem fale sobre ele como quem decifra um método científico – se é para aplicar ciência, neste caso priorizo sempre a sociologia.
No princípio eram os jogadores e o público. Ao longo dos tempos, entraram treinadores, árbitros (o quarto, os de baliza, e agora os vídeo), dirigentes, jornalistas, médicos, fisioterapeutas.
Como na «Tourada», de Tordo e Ary do Santos, mais gente foi acorrendo à festa – «Entram guizos, chocas e capotes. E mantilhas pretas. Entram espadas chifres e derrotes. E alguns poetas.»
À medida que o tempo avançou, foram entrando especialistas disto e daquilo. Entraram claques, com cânticos mais ou menos indignos – quando não coisa pior. Até que neste estágio da sua evolução entraram no futebol craques da comunicação, comentadores, encartilhados ou não, com carta-branca para debitarem factos alternativos, com rédea solta para intoxicarem a opinião pública.
Ao longo dos tempos, criaram-se categorias profissionais inesperadas à medida em que entrou na festa gente necessária e gente supérflua, dispensável até. Para o consumidor fica a prerrogativa de decidir se assiste ou não aos espectáculos acessórios.
A única decisão que tenho tomada para esta semana é a de no sábado estar fisicamente o mais longe possível do dérbi de Lisboa, no extremo nordeste do território português.
Poupar-me-ei a cortejos e caixas de segurança ou a considerandos redundantes. E só à hora do jogo tentarei encontrar uma televisão para olhá-la por não mais do que 90 minutos.
Até lá, cruzarei o Planalto Mirandês. Entre as placas bilingues da N221 sei chegará o momento de espreitar a paisagem na berma para tentar encontrar a único casamento feliz entre tourada e futebol: uma manada a pastar debaixo da baliza daquele magnífico ervado entre Sendim e Miranda."

Benfiquismo (CDXLIII)

Clube do Povo na Feira Popular...!!!