sexta-feira, 31 de março de 2017

Entrar em campo a pensar no 36

"Em semana de Benfica-Porto, o Sporting apenas conseguiu ser grande no tamanho do seu inêxito jurídico. O departamento jurídico do Sporting mostrou que o departamento de futebol não é o que perde mais em Alvalade. Mas eu, ao contrário de generalidade de adeptos de Benfica e FC Porto, não julgo que a pena aplicada ao presidente do Sporting tenha algo de positivo. Se o presidente leonino tivesse tido uma pena igual a esta no último ano, o Sporting tinha sido campeão.
Ninguém prejudicou tanto o Sporting como o seu próprio presidente. Por muito que a sua performance irrite adversários, estes devem-lhe estar gratos e não zangados. O presidente sportinguista faz e diz com as melhores intenções, mas ser líder de claque, não é sinónimo de ser líder de clube. Como ser bom presidente de junta não significa ser bom presidente da República.
No geral, até aprecio o desassombro, e alguma falta de equilíbrio do líder dos leões, devo mesmo ser dos poucos benfiquistas a encontrar graça nas suas atitudes. Não tenho dúvidas que os próximos 113 dias vão ser dos melhores vividos em Alvalade nos últimos tempos. Sem o presidente no banco aquilo vai ser de uma estabilidade preocupante para os adversários.
Semana de clássico para decidir o campeonato ou para deixar tudo mais confuso? Veremos. Certo é que as selecções, uma vez mais, só trouxeram lesões e problemas aos jogadores do Benfica. Agora é esquecer as dificuldades e entrar em campo rumo ao sonho do 36. Estamos a 90 minutos de o encaminhar, já só falta conseguir.
Na Luz, com os nossos adeptos, temos uma excelente hipótese de o conseguir.
Num sábado em grande na Luz, com voleibol, hóquei e futebol sempre com o mesmo objectivo. Vencer!"

Sílvio Cervan, in A Bola

Dragartos

"A Federação Portuguesa de Futebol, mais rápida que a sua própria sombra a abrir processos e a castigar dirigentes benfiquistas, o que contrasta despudoradamente com a hesitação e complacência vergonhosas quando se trata de dirigentes de outros clubes, foi protagonista de mais um episódio lamentável.
A denominada 'claque Portugal', composta essencialmente por elementos das claques portista e sportinguista, marcou presença no Estádio da Luz e incluiu, no seu reportório de apoio à equipa da FPF, cânticos insultuosos ao Benfica e aos benfiquistas. Tudo normal, portanto, no contexto do complexo de inferioridade sentido por esses imbecis dragartos relativamente ao Benfica. No entanto, acontece que dragartos juntos no apoio à equipa da FPF se trata de uma artificialidade promovida pela própria FPF para dar a ideia de que os adeptos de futebol portugueses são fervorosos no apoio à sua equipa. Faltava-lhe um mecanismo que legitimasse o seu dragartismo, ora aí está ele. Tenham bom proveito e façam lá as vossas macacadas.
Entretanto, os pequeninos de Lisboa esperam ansiosamente por um desfecho negativo para os benfiquistas frente ao Porto. Lá nas profundezas do lodaçal em que estão há várias décadas, resta-lhes, como é hábito, a possibilidade de festejarem o nosso desaire. Triste sina a deles, o que me deixa bastante divertido.

P.S.: Termino com o mais importante. O excelente fim-de-semana da nossa equipa de basquetebol que culminou com a conquista da 22.ª Taça de Portugal do nosso palmarés e a quarta consecutiva. Se o nível apresentado pela nossa equipa obtiver equivalência no que resta da temporada, estou certo de que voltaremos a ser campeões nacionais."

João Tomaz, in O Benfica

Macacos ladrões

"Uma vez fui a Gibraltar, o rochedo britânico no Sul de Espanha. Era mais uma marca no passaporte e a possibilidade de beber umas cervejas inglesas num pub tradicional com uns amigos. Houve quem fosse às compras, houve quem ficasse simplesmente sentado na esplanada. Foi o meu caso.
E da cadeira ao sol pude observar um fenómeno interessante. É conhecida a comunidade de Macaca sylvanus, os famosos macacos de Gibraltar, que circula pelo pequeno território. Têm uma protecção especial por parte das autoridades que gerem esta possessão entre África e a Europa. Dizem os entendidos que esta é a única espécie de primatas (para lá do Homem) que vive em liberdade na Europa. Os entendidos nunca devem ter visitado a zona das Antas, na cidade do Porto.
Ali - em Gibraltar, claro - os macacos podem tudo. Roubam máquinas fotográficas, gelados, restos de comida, irritam-se com quem lhes faz frente, atiram objectos a quem os observa, e tudo sob protecção de um líder. Há vezes em que parecem um bando de arruaceiros a entrar por uma estação de serviço. Mas não são. São apenas animais que surgiram quase por milagre no rochedo.
Ninguém sabe muito bem de onde vieram, mas os turistas de cabeça no ar já se habituaram à sua presença.
E tudo lhes é permitido por isso mesmo, por serem uma espécie protegida. Não há juiz babuíno que os prenda, não há federação de primatas que os castigue, não há comunicação social de símios que os denuncie. Se for a Gibraltar, tire uma fotografia com os animais. Antes que eles lhe roubem a máquina."

Ricardo Santos, in O Benfica

Pressão? Qual pressão?

"Somos os Tri-Campeões nacionais; estamos no primeiro lugar do campeonato há meses a fio; dispomos do plantel mais forte, mais vasto e mais equilibrado; temos um treinador que já ganhou tudo; jogamos em nossa casa, num estádio repleto de fervor e mística benfiquista, ao som do grito incessante de sessenta mil.
Já lá vai o tempo em que sentíamos medo destes confrontos, e destes rivais. Hoje, esse medo está do lado de lá. São eles que se sentem pressionados, e que têm um cutelo sobre o pescoço. São eles que não podem errar nem vacilar. São eles que nada ganham há largos anos, e, afastados de todas as outras provas, jogam aqui a vida. Jogam aqui, na verdade, não uma, mas quatro temporadas. Aqui mesmo, no nosso “Inferno da Luz”.
Dois resultados permitem-nos manter a liderança, e nenhum nos coloca fora de combate. Pelo contrário, ao nosso adversário só mesmo a vitória fará passar adiante. Não iremos deixar!
Nos últimos anos, de 181 jornadas do campeonato, comandámos a classificação em 127, ou seja, em 70% das mesmas. É já um hábito estar na frente. É o nosso lugar. Para manter até ao fim.
É este o jogo que todos esperávamos. O jogo em que, com humildade, de fato-macaco vestido, mas com absoluta confiança, podemos cavar diferenças, e mostrar definitivamente que somos melhores. Em que podemos calar todos os que nos querem mal - os de cima, e os de baixo, cujo empenho em ver-nos perder é idêntico ou ainda maior, e com cuja hostilidade mais vil temos de contar até ao fim. 
Vamos, pois, cumprir o nosso destino: vencer e continuar seguros na caminhada rumo ao Tetra. Rumo à história."

Luís Fialho, in O Benfica

14 títulos

"A conquista da Taça de Portugal pela nossa equipa sénior masculina de basquetebol representa um marco importante na história do Sport Lisboa e Benfica e vem confirmar a solidez do projecto das nossas modalidades. Esta está a ser uma época de ouro, pois as conquistas sucedem-se a um ritmo frenético. O mais extraordinário é que ninguém está acomodado no Clube com estas vitórias e quer somar cada vez mais. A época actual está longe de terminar e já se pode fazer um pequeno balanço. Para já, as equipas do Sport Lisboa e Benfica conquistaram 14 títulos em nove modalidades. Quem sustenta a tese de que o Benfica é apenas um clube de futebol pode continuar a laborar nesse equívoco.
Além da Supertaça que Rui Vitória conquistou, logo no início da época, outros treinadores seguiram-lhe as pisadas. Ana Oliveira (Atletismo), Pedro Rocha (Atletismo), Mariano Ortega (Andebol), José Jardim (Voleibol), Pedro Nunes (Hóquei em Patins), Paulo Almeida (Hóquei em Patins), Joel Rocha (Futsal), Bruno Fernandes (Futsal), Nuno Lopes (Rugby), Lino Barruncho (Triatlo), João Mascarenhas (Triatlo) e Carlos Lisboa (Basquetebol).
Este naipe de treinadores de excelência vem provar que o Benfica faz da escolha dos timoneiros das equipas técnicas uma das decisões mais importantes. Todos os nossos treinadores são exemplos de dedicação, profissionalismo e fair play.
O Maior Clube Português orgulha-se de ter nos seus quadros treinadores que seguem à risca os valores e os princípios da instituição. Os 14 títulos conquistados devem-se, sobretudo, à qualidade dos seus treinadores e à extrema ponderação com que são escolhidos. Carlos Lisboa é um exemplo paradigmático. Ao leme da nossa equipa de Basquetebol, já conquistou 21 título, uma marca recorde e que prova que Carlos Lisboa é o actual melhor treinador português. Nada de novo na carreira do melhor jogador de sempre!"

Pedro Guerra, in O Benfica

PS: Não concordo com a afirmação que o Lisboa é o melhor treinador português... como jogador é indiscutível, agora como treinador, tem beneficiado de um contexto muito favorável!

Desanuviamento? Foi falso alarme...

"A um dia do clássico continua o ping-pong de comunicados entre FC Porto e Benfica a propósito dos bilhetes. Sem querer desvalorizar aquilo que, por razões que se prendem com o direito à segurança (e como dever de garanti-la...) de todos os que vão demandar a Luz no próximo sábado, se torna manifestamente relevante, não posso deixar de lamentar que essa circunstância faça empalidecer aquilo que é a alegria do povo, o futebol que se joga dentro das quatro linhas.
Por esta hora só devia falar-se das eventuais dúvidas tácticas de Rui Vitória - deve ou não reforçar o meio-campo? - e de Nuno Espírito Santo - valerá a pena jogar com dois alas, ou é melhor manter a dupla André Silva/Soares?; ou do duelo de gerações entre Ederson e Casillas, Nélson Semedo e Maxi Pereira e Jonas André Silva; ou até, porque tem a ver com o que se passa em campo, da nomeação de Carlos Xistra para a direcção da partida; ou ainda da condição física de Lindelof, Eliseu e Soares; e até de todas as projecções que podem ser feitas, com base nas três hipóteses de resultado.
Tanta coisa interessante para uma questão que não tem a ver com o jogo propriamente dito, mas que assume relevância por tratar de segurança das pessoas. Há muito que o lançamento de um grande clássico não era, de forma tão gritante, inquinado e poluído por discussões ad latere. Mas é este o clima que está gerado e que não deverá conhecer desanuviamento significativo nos tempos mais próximos. Há uns anos pensou-se que estariam identificados alguns sinais de détente. No entanto, há que reconhecê-lo, foi apenas falso alarme..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Se não se importam, vou baixar a cabeça e continuar a trabalhar

"Sinto que uma baleia é atacada na Islândia de cada vez que um jogador de futebol diz que é preciso levantar a cabeça e continuar a trabalhar.
O que é trágico. Está a dar cabo do ecossistema. Destrói a nossa fauna, e provavelmente a nossa flora. É no fundo um ataque a todos os mamíferos, até aqueles que dizem que é preciso levantar a cabeça e continuar a trabalhar.
Isto, meus caros, é grave. E sobre isto ninguém fala.
Não se escrevem editoriais nos jornais nem se fazem debates na televisão. Nem Miguel Sousa Tavares, aquele senhor que apela à serenidade quando o povo está revoltado e incita à revolta quando o povo está sereno, nem Miguel Sousa Tavares, repito, diz nada sobre o assunto.
Enquanto isso os jogadores continuam a repetir que é preciso levantar a cabeça e continuar a trabalhar. Sem dó nem piedade, sem qualquer compaixão, sem um pingo de comiseração, eles insistem, e insistem, e insistem, e insistem mais uma vez.
Pensam que são o Rui Costa, que conduzia a bola sem precisar de colocar os olhos no chão, invadem o nosso espaço mediático e trocam-nos as voltas.
Por que é que não se pode baixar a cabeça e trabalhar? Não era isso que fazia, por exemplo, o Folha nos anos noventa? Ou será que estão apenas a troçar? É um ataque a Capel? Não teve graça. Nem Gian Piero Gasperini foi tão cruel com o espanhol.
Se tivessem de correr com uma mochila às costas provavelmente também tinham de baixar a cabeça para trabalhar: e aí já não falavam assim.
Por que é que de cada vez que alguma coisa corre mal, o jogador nos diz que é preciso levantar a cabeça e trabalhar? Não podemos levantar a cabeça e não fazer nenhum?
Melhor ainda: não podemos baixar a cabeça e não fazer nenhum? Não podemos simplesmente ficar ao sol a esturricar depois de termos baixado a cabeça, encolhido os ombros, esticados os braços e mergulhado na piscina?
Isso sim, era uma sugestão inteligente.
Ah, e tal, o jogo correu mal, mas amanhã estamos de folga por isso vamos baixar a cabeça e preguiçar por aí. Na segunda-feira logo se vê o que fazemos a seguir.
Ora os clubes, que se enchem de assessores, directores e consultores de comunicação, podiam calar os jogadores um bocadinho menos e instruí-los a falar melhor.
Afinal de contas os jogadores de hoje não são só jogadores: são ídolos, modelos, referências de muitos miúdos.
Miúdos esses que estão geralmente sedentos de seguir o exemplo dos ídolos que vêem na televisão. A encher o relvado de magia, a fazer-nos sonhar com jogadas sedutoras e a dizer no fim que... é preciso levantar a cabeça e continuar a trabalhar.
Dramático, não é?
Enfim, era isto que queria dizer: e acreditem que me sinto muito melhor por o ter dito.
Agora, se não se importam, vou baixar a cabeça e continuar a trabalhar."