quinta-feira, 30 de março de 2017

Benfica... um gigante que, felizmente, não anda a dormir!

"Desengane-se quem acha que, nesta claque, os membros que lhe são afectos «sofrem tanto como qualquer um de nós»

Uma semana antes do Benfica - FC Porto
Embora no sábado, jogasse «a selecção de todos nós», os tais «11 de 11 milhões», todos sabemos o que se passou esta semana.
Imaginem lá que, nem desses jogos, convidavam alguns adeptos do Benfica - daqueles que ocupam o topo sul do Estádio da Luz - para ir apoiar a Selecção Nacional... em Alvalade ou nas Antas.
Pois, para além da afronta, isso já era mau, por si só...
Agora imaginem que esse convite partia da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Pior ainda...
Agora imaginem que esses mesmos convidados entoavam - à entrada do Estádio - cânticos contra o Porto ou contra o Sporting.
Uma tragédia, pensarão...
Depois, ainda, imaginem, que, durante o jogo, se entoavam palavras de ordem contra o clube da casa.
Um desastre, dirão...
Ainda, não contentes, os adeptos, na sua qualidade de convidados de honra, entoavam «só queremos o Benfica campeão».
Uma calamidade...
Por fim, o autoproclamado presidente dessa claque, com a concorrência dos adeptos da outra equipa que lá foram para fazer de conta que existem, vinha confirmar que tinha sido convidado a estar presente.
Pois, a ser assim, nem mau, nem pior, nem tragédia, nem desastre, nem calamidade.
Uma tristeza!!!
O que deveria fazer a FPF?
Refugiar-se na postura do politicamente correcto, escondendo-se numa qualquer discussão intelectualizada, ainda que diminuída por uma gritante falta de argumentos?
Ou pedir desculpas ao Benfica?
Pois, até ao momento em que escrevo este texto,... ninguém da FPF se dignou vir pedir desculpas ao Benfica!
Optaram por desmentir sem desmentir, metendo os pés pelas mãos onde têm que ser bem claros.
Ou será que a culpa vai morrer, outra vez, solteira?
E como não acredito, como ninguém por lá acreditará na tese da provocação...
Porque, provocado, provocado, foi o Benfica... e não foi pouco!

A claque da Selecção
Eis mais uma originalidade à portuguesa, um caso único do mundo. Com uma originalidade ainda maior, que é a acumulação de funções!
A de líder de uma das claques de um determinado clube e a de líder da Claque da Selecção.
Ora, as claques são as vozes de expressão do sentir do adepto comum.
E independentemente do controlo e do sentido em que poderão, até, ser manietadas e direccionadas, as claques coincidem com os clubes.
As selecções não têm claques.
E desengane-se quem acha que, nesta claque, os membros que lhe são afectos «sofrem tanto como qualquer um de nós».
Até porque - e inevitavelmente - cada um desses elementos será o espelho da sociedade de onde vem e onde pertence.
E quem vem de um clube em que o presidente abriu garrafas de champanhe pela derrota do Euro-2004...

Eles sabem porque se juntam sempre contra nós!
Não obstante, o mais engraçado disto tudo é a união dos pequenos e dos pobres de espírito contra nós!
Como sempre e... nas posições relativas de sempre.
Uns lideram... façamos-lhe essa justiça!
Pensem e, ainda que - ao que parece - com a conivência activa de alguém com responsabilidade, executam o que melhor convém à sua estratégia.
Os outros, como sempre, entram na festa para fazer número!
Não são tidos nem achados!
Nem naquela provocação nem para o que ela serve.
Não existem, a não ser para nos dificultarem a vida e a facilitarem aos amigos.
Como os amigos, o ano passado, reconheçamos, lhes fizeram!
E como eles, este ano, se esforçaram por retribuir.
E o que fizeram os clubes que compõem a claque da selecção???
Nem uma palavra de condenação.
Práticas normais, pois então, a que nos vamos habituando...
Uns queridos, assim, tão amigos e tão unidos naquilo que os motiva: o ódio, a inveja, a raiva... à grandeza do Benfica.
Mas, como sabemos... maior do que o Benfica, nem a inveja deles!!!

E quem não vai jogar tenta ajudar a criar confusão... contra o Benfica
E como se não bastassem as fitas dos adeptos anti Benfica do Porto, com a ajuda dos figurantes (que nem figurões conseguem ser, tão grande é a sua insignificância, para o que aqui interessa) que são os adeptos anti Benfica de Lisboa, eis que uma das grandes figuras do clube dos ajudantes... decidiu entrar na dança.
Imaginem, agora, que a FPF me convidava a ir um jogo da Selecção... a Alvalade ou ao Dragão.
Apesar de - se o convite fosse verdadeiro - eu, em honra e com respeito pelo bom senso, obviamente, recusar,... o que dariam se, em vez de entrar pela garagem, andasse a passear pelo meio dos espectadores, obviamente pertencentes ao clube da casa, contra quem eu me atiro em cada declaração?
Que era um provocador, que era muito bem feito ter levado os apertões que teria levado, que a FPF não deveria ter permitido essa passeata irresponsável (para não dizer provocadora), etc., etc., etc.
Eu já não digo que comparem essa... exposição... com a ausência dos presidentes dos clubes anti Benfica na Luz... como ninguém questionou, nunca, a não presença do presidente ou de elementos dos órgãos sociais do Benfica em jogos da selecção nas Antas ou em Alvalade...
Trata-se de bom sendo!
Mas - como umas palavras ditas por uns adeptos - valeriam uma nota de imprensa por quem já não tem motivos para falar... porque não são deste campeonato... lá optaram pela passeata...
Antes tivessem ido passear junto ao Rio...
Metiam menos água!!!

A resposta tem que ser dada no sábado
No domingo de manhã, recebi, no meu telemóvel a seguinte mensagem: «Bom dia. Fim de semana sem futebol e com chuva...
Sim, porque ontem vibrei mais com o Andorra - Ilhas Faroé do que com o jogo de Portugal.
Todos pensamos isto, mas só o podemos dizer aos amigos!!!»
Dei, então, comigo, a lançar-me um conjunto de questões...
Do que pensava, de quem pensava e porque pensava assim!
Tão longe do politicamente correcto e tão perto do que vai na alma de tantos.
Porque, para dar público testemunho deste ódio de uns e de outros ao Benfica, vale tudo... até mesmo estragar a unanimidade de apoio à Selecção... de todos nós!
Mas esqueçamos lá isso!
Porque, passada a excitação de uns e de outro por terem ido ao Estádio da Luz - com a mediatização que se conhece - a vida continua!
Concentremo-nos no essencial!
No apoio ao Benfica.
Porque o jogo de sábado, não sendo decisivo a 100%... é-o a 99%.
Precisamos, novamente, do Inferno da Luz.
Sem que seja necessário recorrer à ameaça e à intimidação.
E sem vandalizar as casas afectas aos clubes (como aconteceu, por exemplo, há dias, em Braga).
Sábado... é para ganhar!
Percebido?
Então,... Carrega Benfica!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Venha o jogo, por favor

"Venha o jogo, por favor! Já chega de tantas palavras gastas com a ciência-do-antes que, não raro, é contraditada pela ciência-do-depois, ainda que produto das mesmas mentes qualificadas. Já chega de provocações minudentes que, de tão inchadas e exploradas pelos jornais e televisões, até parecem relevantes. Já chega de considerar que os jogadores de ambas as equipas, maduros, bem pagos e homenzinhos se deixam facilmente influenciar pelas diatribes por palhaços do costume. Já chega de discutir a escolha do árbitro que, coitado, no fim - e seja qual for o resultado - não tem ninguém para o defender dos seus erros (os únicos que nunca são... desculpáveis). Já chega de tantas conferências de imprensa para, no fim de contas, nada se dizer, apenas de muito se falar. Já chega de comunicados patéticos e mirabolantes de terceiros que, assim, se preparam para o seu campeonato (leia-se jogo contra o Benfica). Já chega de claquistas promovidos a homens de Estád(i)o pela mui nobre Federação Portuguesa de Futebol. Já chega de programas e progaminhas televisivos que vão instilando a esterilidade da discussão e fornecendo achas para o estúpido ódio que, perigosamente, se pressente nestas alturas das competições.
Venha o jogo, por favor. Com o Estádio da Luz, luminoso. Com a nossa liberdade de sermos fervorosos adeptos. Com a nossa responsabilidade de contribuir para a beleza de um jogo muito decisivo para os dois clubes. Com o espírito aberto para o usufruto do gáudio da vitória. Ou o de se ser capaz de domar a tristeza.
E que o dia 1 de Abril não seja o dia das mentiras, como quase todos os dias."

Bagão Félix, in A Bola

Que o videoárbitro chegue depressa

"O jogo particular, realizado nesta última terça-feira entre a França e a Espanha, que terminou com uma vitória espanhola por 2-0, poderia, de facto, ter tido um resultado bem diferente se não tivesse sido possível e recurso às novas tecnologias.
A França teria sido, provavelmente, a primeira selecção a marcar, caso o árbitro alemão Felix Zwayer não tivesse sido ajuda das imagens. Em dúvida, o juiz requisitou os serviços da video-conferência e ouviu as razões para anular o golo a Griezmann. Mais tarde, sentiu a tentação de anular o segundo golo espanhol por lhe parecer fora de jogo de Deulofeu. Voltou a consultar a videoárbitro e a ouvir a indicação de que o golo era legal. A Espanha venceu por 2-0, mas sem recurso às novas tecnologias o jogo poderia ter terminado empatado a um golo.
Dificilmente se poderia encontrar um melhor exemplo da importância do videoárbitro na verdade desportiva e fácil é também perceber como, mesmo sem apagar todas as discussões sobre um jogo de futebol, o árbitro fica mais protegido e em menor risco de errar em lances de capital importância.
No caso português e atendendo à contaminação quase geral do estado de insanidade a que se chegou no futebol, o videoárbitro torna-se, afinal, numa necessidade urgente.
Claro que ainda virão alguns profissionais da discórdia e da discussão pública lançar suspeitas sobre a honestidade física da nova tecnologia e, sobretudo, de quem a analisa. Serão, apesar de tudo,brisas ligeiras em comparação com o vendaval a que se assiste em cada jornada portuguesa. Que venha, pois, o videoárbitro. O mais rapidamente possível."

Vítor Serpa, in A Bola

Apostas, jogadores, árbitros, polícia e vídeo

"A tecnologia também vai combater a manipulação de resultados

Jogo Duplo II. Seis detidos, cinco deles futebolistas. Outra vez a II Liga na mira. Das autoridades e dos apostadores asiáticos. E, já agora, do vídeo-árbitro…
Andreas Krannich, líder da empresa que colabora com a federação na manipulação de jogos, explicou em Lisboa como funciona o sistema. O problema, disse, não está nas casas de apostas. Está na Ásia. E na globalidade provocada pela internet.
A cultura de jogo naquele continente marca por si só. O homem comum aventura-se nela, seja nos regulados casinos de Macau – basta uma viagem de ferry ao fim de semana entre ali e Hong Kong para se perceber a dimensão da coisa – seja nas ruas de Bangkok, Saigão ou Díli.
O homem comum joga no risco com um agente local, parte inferior de uma hierarquia complexa, mas que, como os filmes retratam, há de acabar num boss. E este é, diz Andreas Krannich com todas as letras, financiado por investidores que pretendem lucro grande e rápido: «Bancos, governos, traficantes de armas, traficantes de pessoas…»
Jogo Duplo I. Mais de uma dezena de detenções. Três jogadores com termo de identidade e residência, um com pulseira eletrónica. E mais de uma dezena de implicados.
Partes diferentes de um negócio que movimenta milhares de milhões.
O banco, o governo, o traficante ganham logo, e ilegalmente, com o volume de apostas. O combate far-se-á com legislação devida e a consequente monitorização da polícia.
O homem comum joga no risco e, por vezes, arrisca mesmo a comprar a inexistência dele. E vai daí aposta tudo e tenta manipular. Um dirigente, um jogador, um árbitro.
Legislação e monitorização para combater esta fraude. Vídeo-árbitro também…
O comportamento de todos em campo vai estar ainda mais debaixo de olho. Ao jogador ser-lhe-á mais difícil enganar. Pelo modo como o processo está a ser testado, dificilmente a um juiz serão permitidas decisões flagrantes incorrectas. Haverá uma tomada de consciência geral sobre isso. O International Board acredita nisto. Assim como a FIFA. E eu também.
Já defendi o vídeo-árbitro e a introdução dele é uma questão de tempo. Portugal tê-lo-á. Até onde é a questão que se segue.
A crescente vulnerabilidade do futebol português ao mundo das apostas, à manipulação de resultados, exigiam uma resposta de alargamento da tecnologia, e dos recursos humanos que ela implica, aos três primeiros escalões.
Porém, isto não é coisa para pobres. O vídeo-árbitro não será para quem quer, será para quem pode."