sexta-feira, 24 de março de 2017

Anti-climax

"Não sei porque existe, nem a quem interessa. A paragem das competições futebolísticas de clubes nesta altura do ano é uma aberração, que não serve a modalidade, nem os seus intervenientes ou seguidores.
Tenho para mim que todo o futebol de selecções deveria jogar-se em Junho. Além das fases finais, também (nos anos precedentes) as respectivas qualificações. Protegiam-se os clubes e os jogadores, estimulavam-se os adeptos, e lucravam as próprias federações – com entusiasmo redobrado em redor das equipas nacionais, logo maior relevo mediático e desportivo, traduzido em audiências e patrocínios.
As paragens de Outono já são nefastas. A de Março, é um completo absurdo.
Num dos momentos mais quentes da temporada, eis que, de repente, se subtrai toda a emoção que o futebol oferece, em troca de quase nada. Com competições europeias a decorrer, com os campeonatos ao rubro, é torturante, e quase insultuoso, pedir a quem ama o futebol que coloque o seu clube na algibeira, e rejubile com uma equipa onde irão actuar alguns dos seus adversários directos. Para os atletas, desviar o foco dos objectivos que os alimentam, e encontrar metodologias de treino diversas (nalguns casos, até contraditórias), também não deve ser fácil, nem produtivo. Os pobres treinadores dizem mal da vida, sem armas para preparar os compromissos seguintes. Do risco de lesões até tenho medo de falar, sobretudo quando me recordo de Bento, Humberto, Simão, e, mais recentemente, Nélson Semedo.
Que Portugal ganhe à Hungria. Mas que este fim-de-semana estúpido e acinzentado passe depressa. Queremos a nossa paixão de volta!"

Luís Fialho, in O Benfica

O acórdão do Tribunal Arbitral do Desporto

"Quem tiver memória deverá certamente recordar-se de um grande espalhafato, feito em torno de um kit, que ainda por cima de denominava Eusébio, o qual desde aí tem gerido a mente de quem se impressiona e vive numa lógica de que tudo o que se insinua é verdade!
Vejamos. Não há muito tempo, mas certamente há alguns anos, quando se imputava uma acção qualquer a alguém, todos diziam que era mentira. Hoje, caímos exactamente no contrário. Presumem-se todos culpados, bastando alguém insinuar alguma coisa.
O processo é o 12/2016. Correi no Tribunal Arbitral do Desporto.
'O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) é a instância competente para dirimir o litígio objecto do processo em referência, nos termos do preceituado no artigo 4.º, n.ºs 1 e 3, alínea a), da Lei do TAD (aprovada pela Lei n.º 74/2013, de 6 de Setembro, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 33/2014, de 16 de Junho).
O Tribunal Arbitral constituído para dirimir o litígio objecto do processo em referência é composto pelo Sr. Dr. José Mário Ferreira de Almeida, árbitro designado pela Recorrente, pelo Sr. Dr. Nuno Albuquerque, árbitro designado pelo Recorrido, pelo Sr. Dr. Luís Miguel Simões Lucas Pires, árbitro designado pela Contra-interessada, e pelo Sr. Dr. Miguel Navarro de Castro, árbitro escolhido pelos árbitros designados pelas partes para presidir aos trabalhos deste Colégio Arbitral'.
A afinal o processo trata de quê?
'A Sporting Clube de Portugal - Futebol SAD (Recorrente) impugna, por via de recurso, o Acórdão do Pleno da Secção Profissional do Conselho de Discplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), proferido em 01.06.2016 no âmbito do Recurso Hierárquico Impróprio n.º 14-15/16, que negou provimento a anterior recurso apresentado pela aqui recorrente, confirmando o despacho decisório recorrido e que, em consequência, manteve a deliberação de arquivamento proferida pela Comissão de Instrução e Inquéritos (CII) no Processo de Inquérito n.º 0-15/16'.
Portanto, em bom rigor, temos:
- Os inquiridores do processo;
- A Comissão de Instrução e Inquéritos das Competições Profissionais de Futebol.;
- O Pleno do Conselho de Disciplina, ou seja, todos os membros do Conselho de Disciplina;
- E agora  Tribunal Arbitral do Desporto.
Esta decisão do TAD tem um voto de vencido, do árbitro indicado pelo Sporting!
Por isso é que defendo a nomeação de árbitros pelo próprio Tribunal Arbitral, ou então de comum acordo entre as partes. Não se conseguirem desligar de quem os indica é efectivamente complicado.
O Conselho de Disciplina da FPF é constituído por treze (13) elementos.
Assim, a decisão de arquivamento do celebérrimo caso dos vouchers tem os seguintes decisores.
Inquiridores, pelo menos 2, Pleno, ou seja, todos do Conselho de Disciplina, 13 elementos, Tribunal Arbitral do Desporto, mais 3 árbitros, sendo que existe apenas uma pessoa contra, que é - nada mais, nada menos, conforme escrevi - o árbitro indicado pelo Sporting.
Era realmente bom este resultado no campo: 18-1!
Permitam-me transcrever aqui um pedido de produção de prova deduzido pela Sporting SAD, que considero hilariante - 'Oficiar o restaurante Museu da Cerveja para vir juntar aos autos cópia da sua ementa em vigor desde Julho de 2013'.
Sem comentários!
É o que costumamos designar por tiro no pé!
'Aliás não deixa de ser curioso que isso mesmo parece resultar evidente para o Presidente do Conselho de Administração de Demandante e, portanto, seu primeiro legal representante, Bruno Miguel Azevedo Gaspar de Carvalho, pois este agente desportivo, em entrevista ao jornal Expresso, edição de 10/10/2015, afirmou: 'A minha preocupação não é a arbitragem, mas, sim, o comportamento. Uma pequena cortesia? Não tenho problema nenhum. Acho que é corrupção? Também não'. Na questão que se seguiu a estas afirmações, o jornalista perguntou-lhe 'Chega para condicionar os árbitros?', tendo o dirigente respondido: 'Não acho que condicione' ' (cf. fls. 266 do processo de inquérito).
Sem comentários!
E talvez por isto tudo e mais umas quantas coisas que me dispenso aqui de elencar foi considerado como não provado, em todas as instâncias:
'Não resultou igualmente provado que o SLB tenha, por qualquer meio e forma, directa e/ou indirectamente, expressa e/ou tacitamente, solicitado e/ou sugerido a qualquer arbitro principal, árbitro assistente, observador e delegado da LPFP uma actuação parcial e atentatória do regular decurso dos jogos integrados nas competições desportivas, de forma e beneficiar as suas equipas principal e B e/ou prejudicar as equipas adversárias em algum(ns) jogo(s) concreto(s) por aquelas disputado(s) nas competições nacionais em que participam'.
Por isso é que interessa saber o que foi considerado, evidentemente, como provado:
'c) Aquela oferta é sempre feita ao árbitro principal, árbitros assistentes, 4.ºs árbitros, observadores e delegados da LPFP, no final de todos os mencionados jogos, independentemente das circunstâncias em que os mesmos decorreram, do seu resultado final e do juízo valorativo que os responsáveis do SLB possam fazer da actuação, em especial, das equipas de arbitragem e dos delegados da LPFP;'
'd) No respeitante às equipas de arbitragem a referida oferta é sempre feita na presença dos delegados da LPFP e depois de estes ou de um dos elementos das forças policiais questionarem os árbitros sobre se os elementos do SLB podem aceder ao balneário para a concretizarem;'
't) É prática generalizada dos clubes participantes nas competições nacionais de futebol, no final dos jogos que disputam na condição de visitados, oferecerem lembranças alusivas ao próprio clube e/ou à respectiva região às equipas de arbitragem neles intervenientes'.
O artigo correspondeste do Regulamento Disciplinar diz:
'Com a epígrafe 'Corrupção da equipa de arbitragem', dispõe o artigo 62.º:
'1. O clube que através da oferta de presentes, empréstimos, promessas de recompensa, ou de qualquer outra vantagem patrimonial para qualquer elemento da equipa de arbitragem ou terceiros, directa ou indirectamente, solicitar a esses agentes, expressa ou tacitamente, uma actuação parcial e atentatória do desenvolvimento regular de jogos integrados nas competições desportivas, em especial com o fim de os jogos decorrerem em condições anormais, alterar ou falsear o resultado de jogos ou ser falseado o boletim de jogos, será punido com a sanção de descida de divisão e, acessoriamente, com a sanção de multa de montante a fixar entre o mínimo de 500 UC e o máximo de 2000 UC'. (...)
5. Não cabem nas previsões dos números anteriores as simples ofertas de objectos meramente simbólicos'.
Agora colem os factos que foram dados como provados e os não provados e vejam se o artigo está totalmente preenchido, acrescentando-lhe a intenção de!
Obviamente que não!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Justiça igual para todos

"O momento que estamos a viver é de consagração, mas de desafio. O Sport Lisboa e Benfica exige respeito e fez bem em dar um murro na mesa. As questões suscitadas pela Direcção de Comunicação do Clube são muito sérias. A partir do momento em que é exigida uma Justiça Igual Para Todos, os responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga deviam estar preocupados. Os inequívocos sinais de dualidade de critérios chocam-nos e levam-nos a pensar que os projectos apresentados por Fernando Gomes e Pedro Proença para reformar o futebol português não passaram, afinal, de meras promessas eleitorais. Ambos são homens inteligentes e sabem que é a acção que deve dar força aos projectos. Ambos sabem muito bem que, quando os projectos são sérios, se moldam mais na silhueta dos outros do que na imagem própria de quem o personifica, então são os projectos que impõem a acção.
O Maior Clube Português aponta factos irrefutáveis. Há um caminho ainda a percorrer, um esforço considerável a desenvolver. Há metas que ainda não se atingiram e que exigem persistência na acção. Como disse um dia o ex-ministro da Justiça Laborinho Lúcio, a justiça precisa de uns safanões. No fundo, o que o Benfica está a fazer é isso mesmo, dar uns safanões para que o Sistema de Justiça Desportiva do futebol tenha maior eficácia, maior celeridade e mais transparência em todos os processos. Impõem-se, na personificação desse Sistema de Justiça Desportiva, decisores mais responsáveis e que não tenham receio de 'tomar posição'. Não podemos nem devemos permitir que o Futebol Português continue a ser essa monumental sala de espera de uma mudança que nunca chega."

Pedro Guerra, in O Benfica

Reunião !!!!!

"Na reunião plenária dos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica, que se realizou hoje, dia 24 de Março de 2017, foi decidido:
1 – Desejar as maiores felicidades à Selecção Nacional Portuguesa para o jogo de amanha, sábado, entre Portugal e a Hungria que se realiza no Estádio da Luz, mas informar que de acordo com o que foi expresso no Comunicado emitido pela Direcção de Comunicação do SLB no passado dia 20 de Março, nenhum membro dos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica estará presente no referido jogo.
2 – Tendo em conta as fortes preocupações que o Sport Lisboa e Benfica manifesta em relação à actual situação do futebol português, solicitar reuniões ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol e presidente da Liga Profissional de Futebol. Lisboa, 24 de março de 2017"

Meu Pai

"Era Natal, as razões para lembrar meu Pai não deixaram nada ao acaso - dobraram a parada! Além da enorme nostalgia que me invade recordando a Consoada dos Machados em casa dos meus avós paternos, a Câmara de Famalicão e o Museu Bernardino Machado tiveram a (justa) gentileza de baptizar com o seu nome a sala de conferências, e dei comigo hipnotizado por placa e nome,
'por que o não tenho aqui?'.
Não há duas sem três, diz o povo, o Sílvio desafiou-me para escrever na Mística, decidi dar razão ao ditado, afinal sou um conservador de esquerda, ainda gosto de pensar que um dia será o povo a mais ordenar. Meu Pai era portista e sócio. Jogara nos infantis e era detentor de um pé esquerdo temível, mas os centímetros tinham-lhe virado as costas e o treinador decretara-o incapaz de suportar os choques (quem sabe se não perdemos um precursor do Chalana vestido de azul e branco?). Entalado por sogra, mulher e filho vermelhos - com que prazer utilizo palavra então suspeita... -, aceitava o seu estatuto minoritário com bonomia filosófica, afinal as hipóteses de alguém estar feliz domingo ao final da tarde eram maiores em nossa casa do que noutros lares.
Da sua relação com o Benfica recordo três momentos: o primeiro, a 22 de Fevereiro de 1962, tinha eu 12 anos. Os três e um de Nuremberga lançaram-me numa vertigem de descrença, recusei a velha telefonia e procurei cedo o refúgio do vale de lençóis. Aos cinco minutos de jogo entrou de rompante no quarto, sorriso aberto, 'levanta-se, homem de pouca fé!'. E eu, vazio de esperança, sem perceber de que falava. Já ganhávamos por dois a zero... Gozei os outros quatro na cama de minha Mãe, o maroto lia o jornal, oficialmente imperturbável, mas feliz pela alegria de quem amava.
O segundo veio por arrasto. Meu Pai não demandava as Antas há bastante tempo, mas, para surpresa geral, decretou desejar ver os campeões europeus. Tarde de sol, o Eusébio puxa a culatra atrás, só a vimos lá dentro. Então, como diria o Artur Albarran, o 'horror!, a tragédia!' - meu Pai levantou-se e aplaudiu, para de novo se sentar e dizer para os nosso botões 'o rapaz é um extraordinário jogador'.
(Extra)ordinária considerou tal atitude o portista do outro lado, além de portista, tripeiro dos sete costados, num misto de espanto e ameaça interrogou-o: 'Mas você afinal puxa por nós ou por eles, seu filho de uma grande p...?'.
A situação rapidamente se tornou caricata, com o meu Pai a declarar que se retirava para não voltar e eu a explicar-lhe que, na nossa cidade, algumas palavras são utilizadas como interjeições, logo, a honra da minha santa Avó não estava em perigo. A pergunta ficou sem resposta, o portista que a fizera não acreditava no diálogo daqueles dois extraterrestres e nós desaguámos no riso da minha Mãe, a quem ele laboriosamente explicou que o desportivismo entrara em extinção.
O terceiro foi em 1969, a 26 de Novembro. Zero a três em casa do Celtic, três a zero na 'Catedral', prolongamento inútil, o árbitro com fundados receios após invasão do relvado, tudo resolvido nas cabinas. Por moeda ao ar, senhores, por moeda ao ar...! E eu, já com 20 Outonos no bolso, não aguentei e meti-me na casa de banho. Os passos dele pelo corredor, de mau agoiro, por quase silenciosos e pausados. A face, que tudo dizia. O meu choro desamparado; o abraço; a sua confirmação, admiravelmente solidária, 'perdemos'.
Nunca lhe consegui agradecer como devia aquele plural."

Júlio Machado Vaz, in Mística

O plantador de bambus

"Vítima de um problema de saúde durante uma digressão ao Chile, Augusto Silva viu-se afastado prematuramente do futebol e da carreira de sonho a que todos os atletas aspiram.

A noite de 27 de Janeiro de 1967 mudou-lhe a vida com a mesma força que um relâmpago muda uma árvore sobre a qual se despenha. Atleta aguerrido, nada pôde, porém, contra a 'trombose cerebral' que o surpreendeu aos 27 anos, num quarto de hotel a 10 mil quilómetros de casa.
'Um futebolista sem sorte', por cá o fadavam a letras gordas os jornais, enquanto, por lá, na pátria de Neruda, o infeliz 'Viriato' se debatia com a falta de mobilidade em metade do corpo e a perda da fala. Cingiu-se uma cama hospitalar durante três longas semanas. Minimamente restabelecido, regressou a Lisboa num dia de chuva, ventoso e frio. Cruzaria o inverno em aturada recuperação, sempre rodeado do calor dos amigos e da família. Salvava-se o homem. O futebolista morria. Em cinco temporadas, no seio de uma equipa recheada de nomes sacrossantos, semeou a sua glória com a mesma paciência que um plantador de bambus. Esse estoicismo daria os seus frutos com o regresso do histórico Bela Guttmann, em 1965/1966. O treinador bicampeão europeu tirou partido como nenhum outro das qualidades do atleta, apostando nele como titular. Na época seguinte, estaria de volta Fernando Riera, pela mão do qual Augusto se estreara durante o verão de 1962 e haveria de cumprir, em meados de Janeiro de 1967, o seu último jogo.
Após o acidente em Santiago do Chile, recusou a festa de homenagem. Interessava-lhe ser útil. Seria. Durante mais de três décadas manteve-se na Luz como colaborador, até se reformar. Exemplo de força, integridade e resiliência, pertence ao lote daqueles homens que nos inflamam inspiração."

Luís Lapão, in Mística

Os inocentes, os outros e o silêncio

"Estamos a uma semana e um dia do jogo que pode vir a revelar-se decisivo para a atribuição do título nacional de futebol, num contexto de emoções e declarações muitas vezes para lá do aceitável.
Reconhecida a importância dos 90 minutos que se disputarão na Luz no dia das mentiras, urge fazer, desde já, um alerta: é imperioso que quem de direito não se furte às responsabilidades, criando totais condições de segurança no anfiteatro benfiquista, de forma a que 65 mil adeptos possam conviver, em liberdade, com as emoções próprias do beautiful game.
São por isso totalmente inaceitáveis - e a carecer de resposta à altura por parte de quem tem por mister garantir a legalidade - as declarações do líder da claque do FC Porto, que incentivou comportamentos potencialmente explosivos. «Devido à grande procura para o jogo do próximo dia 1, SLB/Porto (10000) e o nosso clube só ter direito a 3250 bilhetes, peço a todos os portistas que arranjem vias alternativas (casas SLB, red pass, convites) para levarmos a cabo esta invasão!!!»
Sabe-se hoje que não será fácil levar por diante tal plano, em função dos vários filtros que visam garantir a integridade dos ingressos. Mesmo assim, é altamente preocupante que tenha sido lançado um apelo à subversão, susceptível de funcionar como rastilho em barril de pólvora.
Até hoje, o silêncio, quanto a esta matéria, das entidades que devem zelar pelo futebol português, tem sido ensurdecedor. Nem uma palavra de censura, nem uma apelo ao civismo, nem um gesto de revolta. Será assim tão difícil dar um passo em frente?"

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: A resposta da FPF, é continuar a pagar ordenado ao autor do tal apelo 'subversivo' para ser líder da claque da FPF...!!!!

Não assobiem para o lado

"Bem sei que ainda falta uma semana (e mais uns dias) para o Benfica - FC Porto. Mas - nem podia ser de outra forma, tratando-se de encontro decisivo para o título- há muito que o clássico já mexe, em especial nesse universo recente (maravilhoso e perigoso ao mesmo tempo) que são as redes sociais. Desta vez o motivo de discussão entre adeptos de águias e dragões são os bilhetes. Dizem os do FC Porto - de forma mais concreta dizem os elementos da claque Super Dragões, o que torna a situação ainda mais preocupante - já terem em sua posse uns milhares de ingressos comprados a benfiquistas, o que lhes permitirá entrar no Estádio da Luz, está-se a ver que para o meio dos adeptos encarnados, com os riscos que isso representa. Respondeu de pronto o Benfica, garantindo que haverá controlo rigoroso nas entradas: não bastará apresentar bilhete, é preciso validá-lo com o cartão de sócio e, nalguns casos, até com Cartão de Cidadão. O que mostra estar o clube da Luz (e bem) a levar muito a sério a situação.
É o mesmo que se espera das forças que tratarão da segurança nesse dia 1 de Abril. Talvez seja preciso pensar que os planos habituais podem, desta vez, não ser suficientes para garantir que tudo decorra sem problemas. Porque se há mesmo elementos da claque do FC Porto que tenham bilhetes destinados a lugares de benfiquistas, significa que para entrar se misturarão na multidão. E mesmo que não tenham acesso ao interior, é muito possível que a confusão se instale no exterior. E, já se sabe, mais vale prevenir do que remediar. Porque se um Benfica - FC Porto é sempre de risco elevado, este, pelas circunstâncias que o rodeiam - é triste dizer isto, mas é ao ponto a que chegou o futebol português - e pelo que significa para os dois clubes, devia merecer catalogação de risco máximo. Atenção redobrada, portanto."

Ricardo Quaresma, in A Bola