quarta-feira, 8 de março de 2017

Vermelhão: realidade !!!

Borussia Dortmund 4 - 0 Benfica


Hoje era um daqueles jogos, onde o treinador seria sempre 'culpado' se mudasse o 'esquema' ou se deixasse tudo na mesma... a avaliação estaria sempre dependente do resultado final!!! Depois do jogo da 1.ª mão, era óbvio que o Benfica tinha que jogar com 3 jogadores do meio-campo, mas com as lesões do Fejsa e do Filipe Augusto, as opções ficaram reduzidas... O 'sacrificado' acabou por ser o André Almeida, pau para toda a obra... e pronto, o resultado final, acabou por definir a 'critica' final!!!
Recordo que o último jogo do André no meio-campo, que eu me recordo, foi a derrota com os Lagartos na Luz no pós-Judas...!!! Dentro das diferenças, o 'resultado' até foi parecido!!!

O mais irónico, é que o Benfica até jogou 'melhor' neste jogo do que no jogo da 1.ª mão, mais irónico ainda: o Benfica sofre os dois golos que 'definem' a eliminatória, após uma excelente entrada no 2.º tempo, se calhar o nosso melhor momento nesta eliminatória!!! Com oportunidades para marcar desperdiçadas... e quem não marca... sofre!!!
Os resultados 'pesados' têm-se sucedido na Champions este ano, e não é por isso que as equipas derrotadas deixam de ser boas equipas, com bons jogadores, ou com treinadores competentes... o Benfica discutiu a eliminatória, aqueles dois golos de rajada, a 30 minutos do fim, decidiram tudo... creio que com 2-0, e o Benfica a 1 golo da qualificação, tudo teria sido diferente... Até aos 59 minutos, tirando o erro no Canto do 1.º golo, depois de início muito forte do Borussia o Benfica equilibrou o jogo e criou oportunidades... sendo que o desperdício do Cervi, no início da 2.ª parte, pode ter sido o 'momento' da eliminatória!!!
Independentemente da 'azia' desta noite, temos que ser frios nas analises: o Benfica neste momento, com alguma 'sorte' até pode chegar aos Quartos-de-final da Champions, mas não temos plantel para disputar jogos de peito-aberto com as principais equipas das 3 principais Ligas (Espanhola, Inglesa, Alemã) e equipas como a Juventus e o PSG têm planteis muitíssimos superiores. Enquanto o Benfica continuar a 'vender' os melhores jogadores, no final de todos as épocas, será impossível 'ambicionar' a um título da Champions...
Quem pensar que o Benfica tinha a 'obrigação' de hoje, chegar aos Quartos... não está consciente da nossa realidade, actual...!!! O Benfica no actual 'contexto' económico/europeu tem a obrigação de se qualificar para a Champions, e com um sorteio 'normal' tem a obrigação de se qualificar para os Oitavos-de-final... e só isso.
A necessidade de baixar a divida bancária... é de facto a 'grande' prioridade, mas no 'calor da luta' durante os 90 minutos, ficamos sempre com a sensação do: E se tivéssemos o Nico, o Guedes, o Bernardo, o Renato... o David,... o Di Maria... etc... etc...!!!!
Em cima destas problemas 'inatos' à nossa realidade, nesta época temos tornado tudo ainda mais complicado, com uma sucessão inacreditável de lesões... Estamos em Março, com 9 meses de competição oficial, e não ainda fizemos um único jogo com todos os jogadores do plantel disponíveis!!! E não estamos a falar de jogadores 'secundários', habituais suplentes, estamos a falar de titulares indiscutíveis...!!!!
Além da questão 'orçamental' irá sempre existir mais duas questões praticamente inultrapassáveis:
- a intensidade de jogo das 'grandes' Ligas, será sempre superior ao 'ritmo' normal do Tugão... uma coisa são as 'espertezas' tácticas dos nossos treinadores, o anti-jogo... outra coisa, é disputar os 90 minutos nos limites físicos, de prego a fundo... Não se trata dos jogadores serem melhores ou piores, é uma questão de hábito...
- o outro 'problema' são os árbitros!!! Hoje, com 1-1 na eliminatória o Dembelé, devia ter sido expulso, numa sucessão de jogadas parecida com a expulsão do Alex Telles contra a Juventus!!! Sem qualquer discussão...
Vai sempre existir uma 'tendência' para beneficiar os grandes 'mercados'... Basta recordar que o penalty que beneficiámos esta época em Kiev, foi o primeiro em praticamente 15 anos...!!!!
Também hoje, além da expulsão, e apesar de não ter influência na eliminatória, sofremos um golo em fora-de-jogo, mas com 1-1 na eliminatória o Borussia não marcou outro em fora-de-jogo, porque o Ederson defendeu!!!
Antes deste jogo, pensei muito no Liverpool-Benfica, do Simão e do Micolli... portanto, tinha alguma esperança, mas era pequena... Para afastar a ansiedade, andei o dia todo a dizer aos 'amigos' que estava mais preocupado, com o jogo de Segunda na Luz, com o Belém...!!!
Mas friamente, é isso mesmo, que nos temos que concentrar, no Campeonato... e logo num Campeonato, a recordar os anos Dourados!!!
Recuperar a equipa fisicamente, e psicologicamente, e encher a Luz na Segunda...
E já agora, 'recuperar' alguns jogadores: Fejsa, Grimaldo... Augusto...!!!


Uma nota final para os Benfiquistas que estivam em Dortmund, alguns com estórias de viagem incríveis... Hoje, existem demasiados 'críticos' do teclado e da televisão, guru's do FM, infalíveis treinadores de sofá... que diariamente exigem a demissão de quem quer que seja, treinador do Benfica, Presidente, roupeiro, médico... Mas, fazer de 12.º jogador, tá quieto!!!

Anjos sem clube

"A arbitragem no meio do furacão. Em função dos clubes. Com protagonistas e actores secundários (os que fazem o trabalho sujo). Fornecedora de horas a fio de televisão em que não se fala de futebol, mas dos senhores (antes) vestidos de preto.
Um aspecto, porém, é positivo. Com a transmissão de todos os jogos, com o apertado escrutínio público dos árbitros, com a maior transparência (ainda que insuficiente) da sua actuação, com órgãos directivos mais profissionalizados, os apitos dourados ou similares já não voltam com a mesma descarada e impune batota.
Mas têm voltado, preocupantemente, formas diferentes de pressão. Não me refiro às tácticas de cada clube, umas mais institucionais, outras mais boçais. Nem aos jogos cínicos de palavras e graçolas, em que há especialistas contumazes. Falo, antes, de pressões físicas, psicológicas, familiares, geradoras de medo, de coacção, de perda de liberdade em se ser juiz soberano num qualquer jogo.
O assédio intolerável ao centro de treinos dos árbitros na Maia, através de energúmenos, sob a falsa capa de anjos sem clube, foi o culminar da chantagem. Dois pontos ficaram desse soez comportamento: há árbitros com medo e tergiversações e há silêncio de todo incompreensível de quem os dirige.
Há dias, foi a casa de um familiar de um árbitro a ser vandalizada. Tal vem acontecendo sempre na mesma lógica, mas só com jogos do Benfica. E certos media relatam envergonhadamente tais diatribes como se tivessem autoria anónima e desinteressada. Tanta (falsa) ingenuidade!

P.S. Lamentável a atitude de claque do SLB em Sta. Maria da Feira. Urge mudar as regras de punição."

Bagão Félix, in A Bola

Seguir o exemplo dos mais novos...

"O Benfica entra hoje no Iduna Park com um golo de vantagem sobre o Dortmund, para um jogo de tremenda dificuldade. O Estádio da Luz teve oportunidade de ver a força da equipa de Thomas Tuchel e essa imagem poderosa, apesar da derrota, marca de forma indelével as projecções para a partida da segunda mão. Porém, cada jogo tem uma história própria e caberá aos jogadores do tricampeão nacional traçar as linhas do seu destino. Com organização, frieza, concentração e, inevitavelmente, classe. A este nível, sem tais requisitos, a missão passa de difícil a impossível... 
Ontem, dos mais novos chegou o bom exemplo: o Benfica foi ganhar a Moscovo, para a Youth League, por 2-0, classificando-se para a Final Four da prova da UEFA. Foi uma vitória importante, num sintético gelado, que confirma o Seixal como um fenómeno de dimensões internacionais. As águias atingiram a fase a eliminar pela quarta vez em quatro edições e vão jogar agora, pela segunda vez, uma meia-final (foram finalistas vencidos pelo Barcelona na edição de estreia). E não faltam jogadores interessantes na formação encarnada: Fábio Duarte, Aurélio Buta, Rúben Dias, Florentino, João Félix, José Gomes e Diogo Gonçalves são nomes de que ouviremos falar num futuro próximo. 
Já o FC Porto, que jogou com o Barcelona no Mini Estádi, assinou uma excelente exibição, tem jogadores de enorme futuro - Diogo Costa, Diogo Dalot, Cassamá, Ayoub Abou e Rui Pedro - e pode queixar-se de uma arbitragem caseira, que comeu um penalty em cima da hora. Os dragõezinhos mereciam muito mais. Mas a formação em Portugal recomenda-se."

José Manuel Delgado, in A Bola

Medalhite viral? Sempre tudo na mesma...

"No passado fim de semana, Nelson Évora e Patrícia Mamona fizeram, através das medalhas alcançadas no Campeonato da Europa de Atletismo (pista coberta), "explodir" o que podíamos chamar de "Orgulho Português" e, uma vez mais, as redes sociais, os jornais e os media de uma forma genérica, foram inundados com uma série de apontamentos associados a estes atletas.
A comitiva, contudo, integrava quase mais uma dezena de atletas, de quem praticamente não se ouviu falar.
De facto, o movimento global de nos congratularmos quando os nossos atletas vêem o seu esforço reconhecido quando alcançam um dado resultado, não é nenhum fenómeno novo... De igual forma, atletas e treinadores vivenciam longos períodos de indiferença (na melhor das hipóteses) ou até algum criticismo que se mantém, independentemente do esforço e dedicação que, de forma sistemática e com uma determinação tremenda, investem a optimizar o seu processo de treino e, muitas vezes, longos e demorados processos de recuperação de lesão, quando não se observam os "ditos resultados".
Esta é, na realidade, a nossa cultura: uma cultura de resultado.
Por esta razão, e muitas vezes em fases muito precoces, a preocupação de clubes, treinadores ou encarregados de educação, centra-se no "resultado" (número de golos, vitórias, etc.) que se alcança desde tenra idade (em boa verdade, nada diferente dos "famosos" quadros de honra, em contexto académico), ao invés de se focar o processo desportivo na aprendizagem e no desenvolvimento de prazer pelo processo de treino e optimização como um fim... e não como um meio para atingir um resultado, mais ou menos imediato.
Ganhamos, com isso, atletas que obtém vitórias em fases muito precoces... mas que muito rapidamente desinvestem, desmotivam-se e desmobilizam da modalidade em questão.
Perdemos Atletas. Perdemos Talento.
Aliás, muitos são os estudos que nos referem a gigantesca percentagem de jovens que se perdem no decorrer do processo formativo.
Este tema foi abordado, por exemplo, no artigo da BBC (AQUI) - sobre o talento que se perde e os atletas que, não tendo tido visibilidade em fases precoces, acabam por confirmar o seu talento mais tarde.
Este efeito acontece, muito frequentemente, fruto de uma marcada motivação intrínseca, acrescida de capacidade de transformar erro em aprendizagem e de resistência à frustração... face ao erro, à dor, à fadiga, à lesão e à continua falta de suporte social, quando o "resultado", teima em não aparecer. 
Atletas com "A" (maiúsculo), são pessoas que, com uma admirável determinação e foco, colocam a sua optimização em primeiro plano... à frente de tudo e de todos... muitas vezes, à frente da sua própria vida pessoal e familiar.
São especificamente direccionados para processos de superação, procurando tornar cada vez mais eficiente, cada gesto, cada acção... com o intuito de se aproximar, ao máximo, da acção técnica "perfeita"... trabalham horas infindáveis e, como se refere na gíria, assumem a "personagem do Atleta, até debaixo de água" ou, por outras palavras, para além do processo desportivo são muito focados em todos os outros aspectos que potenciam a sua performance (descanso e alimentação, por exemplo).
São, na realidade, a expressão máxima da fórmula de sucesso: Talento e Trabalho.
Questiono-me, muitas vezes, quantos de nós somos capazes de, com a mesma seriedade e dedicação, desempenhar os nossos papéis profissionais?
Questiono-me frequentemente, qual seria a "performance" do nosso país, no que respeita aos indicadores económicos associados à nossa performance profissional, se conseguíssemos espelhar, mais aproximadamente, o mesmo tipo de foco e vontade de superação?
Questiono-me, enfim... quando é que transformaremos no nosso "Same, Same...", num "Same, same... but different!", aprendendo a considerar o esforço, entrega e dedicação como o único "resultado" a valorizar... o qual, sustentado incondicionalmente pelo apoio de todos, nos empurrará a valorizar o processo e a acreditar que, indubitavelmente, este será o único que nos levará, de forma consolidada, a patamares de performance superior.
Precisamos mudar para uma "cultura de processo" (aprendizagem)... Precisamos de modelos... precisamos "medalhar", não apenas e quem "alcança" mas, muito em particular, Quem se esforça e não desiste de se re-inventar, mesmo permanecendo no anonimato.
Até que sejamos, globalmente (indivíduos, organizações, media e afins) capazes de o fazer, talvez o melhor conselho para os atletas, seja mesmo o que Nelson Évora referiu na entrevista que deu logo a seguir à sua performance, no que respeita ao criticismo a que muitas vezes são sujeitos:
"Temos que ser um pouco surdos e fazer aquilo que achamos que está realmente certo e aquilo em que acreditamos".
Este é, na realidade, um conselho para a Vida."


PS: Sobre o tema do artigo, devo acrescentar a forma como a Recorde Nacional do Tsanko no lançamento do peso, foi praticamente ignorado, só porque ficou em 4.º lugar, e não ganhou uma medalha...!!! De longe a melhor 'marca' de um atleta português no Europeu...

Em relação às palavras do Nélson, só tenho de registar, a tremenda falta de carácter que o Nélson tem demonstrado... é um grande atleta, sem dúvida, mas infelizmente não está a conseguir gerir psicologicamente as decisões que ele tomou, de livre e espontânea vontade... se está melindrado, deve ser com ele!