terça-feira, 7 de março de 2017

Vitória gelada !!!

CSKA Moscovo 0 - 2 Benfica


Depois do tremendo 'azar' no sorteio, com três eliminatórias consecutivas, sempre a jogar fora de casa, o Benfica confirmou hoje o regresso à Final Four na Suíça, num relvado sintético gelado, com a ajuda de um auto-golo, é verdade, mas com total justiça... e com um bocadinho mais de eficácia até podiamos ter marcado mais alguns...
Apesar da agressividade Russa, e de alguma superioridade física do adversário, o Benfica foi uma equipa extremamente madura, que soube adaptar-se às condições 'diferentes' do terreno, com calma e tranquilidade... a começar pelo Fábio que deu sempre muita segurança, mesmo sem ter muito trabalho!
Pessoalmente, acho que o PSV e mesmo os Dinamarqueses do Midtjylland eram superiores a este CSKA que beneficiou claramente do factor casa (relvado) para chegar tão longe...
Só amanhã vamos conhecer o nosso adversário das Meias-finais (Real Madrid-Ajax), - curioso que podemos ter 3 equipas Espanholas na Suíça!!! - mas este regresso à Final Four tem um sabor muito doce! Temos provavelmente o 'plantel' com mais opções, desde do início desta competição, hoje por exemplo, o Jota, o Jorginho nem sequer foram para o banco... o Kalaica não tem sido chamado (já agora, o Renato ainda podia jogar a Youth League!!! Tal como o João Carvalho)... e no jogo de hoje, mesmo com um Félix (ainda Juvenil, tal como o Pedro Álvaro) e o Zé Gomes abaixo do seu potencial, não demos hipóteses!!!!

As brincadeiras que desagradaram ao senhor tenente-coronel...

"Benfica e Estoril já jogaram da Taça de Portugal. Os encarnados conseguiram um resultado histórico - 8-0. E Rogério Pipi marcou cinco golos!!!

Gosto de vir aqui, a estas vossas páginas, e recusar no tempo. Assim uma espécie de tempo do outro tempo, abusando eu da vossa infinita paciência, ou pelo menos daquela dos que me fazem o favor de ler as linhas que assino. Também gosto de trazer, volta e meia, palavras dos outros, testemunhas privilegiadas dos acontecimentos que recordo.
O Estoril-Benfica desta semana, a contar para as meias-finais da Taça de Portugal, trouxe-me à memória Rogério Lantres de Carvalho: o Rogério Pipi.
Fácil é explicar porquê.
No dia 28 de Maio de 1944, nas Salésias, Rogério marcou cinco (5!!!) golos ao Estoril. E, caramba!, logo na final da Taça de Portugal. 13, 56, 69, 75 e 86 - os minutos dos golos. O Benfica marcaria ainda mais três - dois de Julinho e um de Arsénio.
As equipas jogaram assim:
BENFICA - Martins; César  Ferreira e João Silva; Carvalho, Francisco Ferreira e Albino; Julinho, Espírito Santo, Joaquim Teixeira, Arsénio e Rogério Pipi.
ESTORIL - Valongo; Júlio Costa e Pereira; Alberto de Jesus, António Nunes e Gomes Bravo; Canal, Elói, Sbarra, Raul Silva e Petrak.
O húngaro Janos Biri era o treinador do Benfica.
O grande Augusto Silva treinava o Estoril.
O tenente-coronel Ribeiro dos Reis foi uma das mais influentes figuras do futebol em Portugal,
Jogador, treinador, jornalista.
Cobriu o acontecimento para o extinto Diário de Lisboa.
Vamos lê-lo. E ver como falou de Rogério. O Pipi.
As brincadeiras de Pipi...
«Rogério está ganhando estofo e acreditando melhor nas suas possibilidades. É um habilidoso, com dois pés formidáveis. Marcou ontem cinco 'goals', excedendo assim a proeza de Soeiro que estava em quatro 'goals'. O estremo-esquerdo do Benfica merece reprimendas severas por algumas tentativas antipáticas de 'brincadeiras' para diminuir o adversário quando a vitória já não merecia dúvidas». Pois, pois, nesses anos era mesmo assim. O fair-play não era treta nenhuma. Havia que respeitar adversários, árbitros e público.
Em seguida, o natural reconhecimento da superioridade encarnada: «Venceu o Benfica e venceu bem, sem margem para dúvidas, embora o Estoril tenha a grande atenuante da inferioridade numérica com que lutou quase desde o início do jogo. (...) Como já temos dito, os desafios estão sujeitos a uma lei inexorável que se chama a lei das lesões, a qual caiu em cheio sobre o Estoril, retirando-lhe todas as ilusões. A inutilização de Elói desarticulou o 'team', fazendo vir ao de cima todas os defeitos e só os defeitos do grupo. Dir-se-á que o Benfica também foi imolado pela célebre lei. Precisamente por isso. De resto, não há comparação possível, para as duas vítimas. O mal, para o Benfica, chegou na altura em que o corpo já não podia ser afectado».
E continua: «O Benfica atacou a fundo. Não o fez, porém, precipitadamente, mas com inalterável serenidade, como quem diz que o pássaro já estava bem agarrado na mão. Enleou o adversário, não o deixando mover-se ou respirar. O jogo quase que deixou de ser uma partida formal, tornando-se numa espécie de treino. Nunca vimos, numa final, um espectáculo semelhante».
Claro que não teve o Benfica culpa da infelicidade contrária. Havia uma final da Taça de Portugal para ganhar, ganhou-a e de forma inequívoca. O pássaro agarrado na mão era um canário que vestia de amarelo e não voltou a chegar tão longe na prova.
Francisco Albino, o capitão, seria protagonista de uma exibição em cheio. Escreveu Ribeiro dos Reis: «Foi a grande figura sobre o terreno. Lição esplêndida da sua juventude de trinta e tal anos. Alegria. Vontade. Energia infatigável. Consciência técnica. Bravo! Três vezes bravo! Quase ao cabo de noventa minutos de luta ainda possuía reservas de energia para tentar alguns arrancos impressionantes para forçar o ataque!»
Francisco Albino, portanto. E Rogério Pipi, a despeito das brincadeiras que desagradaram ao tenente-coronel. Uma grande equipa do Benfica. Não deu para ganhar o campeonato - seria segunda atrás do Sporting -, mas tinha um leque de jogadores extraordinários. Ficaram para a história."

Afonso de Melo, in O Benfica

Uma imagem, várias histórias

"Um estádio, um jogo, dois futebolistas, dois clubes, duas competições e a vontade e determinação de dirigentes e massa associativa retratados numa única fotografia.

No dia 14 de Fevereiro de 1960, o Benfica e o Vitória de Guimarães disputaram no Estádio da Luz a 18.º jornada do Campeonato Nacional de futebol. Roland Oliveira, como habitualmente, esteve na Luz nesse domingo e registou o desafio. Mas fez mais: numa única imagem, Roland conseguiu captar um estádio, um jogo, dois futebolistas, dois clubes, duas competições e, sobretudo, a vontade e determinação de dirigentes e massa associativa em prol do seu clube, o Benfica.
Na fotografia, que dois dias depois foi capa do jornal Record, vê-se em primeiro plano um jogador de cada uma das equipas À direita, José Águas (1030-2000), jogador português, natural de Angola, que actuou de 'águia ao peito' durante catorze épocas (1949/50-1962/63) e, à esquerda, Edmur (1929-2007), jogador brasileiro que durante três épocas (1959/60-1960/61) representou o clube 'vimaranense'. Nesse dia, para além de lutarem, em nome dos seus clubes, por uma melhor pontuação no Campeonato Nacional, Águas e Edmur lutavam por uma 'melhor classificação na lista dos mais cotados «artilheiros» do nosso futebol'. Com 15 golos, os dois avançados encontravam-se empatados na disputa pela Bola de Prata, o troféu instituído pelo periódico A Bola para premiar o melhor marcador da prova. No final, o título de melhor marcador coube a Edmur e Águas, que já detinha três Bolas de Prata de épocas anteriores, foi recompensado com o título de campeão nacional.
Num plano mais recuado, por trás dos jogadores, do relvado e das bancadas, repletas de gente, eis a primeira grande conquista dos benfiquistas na década de 1960: a construção do 3.º anel. A vontade e determinação dos dirigentes do Clube e o apoio dos sócios materializava-se uma vez mais. Depois do estádio próprio (1954) e das torres de iluminação (1958), construía-se a primeira fase do terceiro anel de bancadas, que ampliaria a lotação do Estádio de 45 mil para 66 mil lugares. Em apenas seis anos, o Sport Lisboa e Benfica ampliava o seu património, passando de um estádio alugado com capacidade para 20 mil espectadores para um dos maiores estádios da Europa.
Pode ver esta e outras fotografias na exposição Roland Oliveira, em exibição na Rua do Jardim do Regedor, em Lisboa."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

Benfiquismo (CCCXCIX)

Não parece, mas esta foi nossa!!!