sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Quando eu era pequenino...

"Escrevo esta crónica a poucas horas de entrar no Estádio da Luz para assistir ao embate com o Dortmund, em Dia dos Namorados. Olho cerca de 25 anos para trás e vejo-me, com uns 16 ou 17 anos, a encher a mochila de comida para ver o SL Benfica a jogar em casa, a uma quarta-feira, para a Taça dos Campeões. Não me lembro quem era o adversário, nem em que fase de competição nos encontrávamos. Isso não é importante para a história. Era sempre assim, de cada vez que havia noite europeia. Dia de semana, saíamos de Setúbal - uns amigos e eu - como a Luz em mente. 
Apanhávamos o comboio até ao Barreiro, cruzávamos o Tejo de barco até à Praça do Comércio, atravessávamos a Baixa a pé até ao metro e só saíamos no Colégio Militar. Levávamos tupperwares com panados e rissóis, comprávamos cervejas pelo caminho acampávamos à porta da Rampa 2, à espera que nos deixassem aceder ao Terceiro Anel.
Entrávamos três ou quatro horas antes de o jogo começar, jogávamos à sueca e à moeda sobre o cimento das bancadas. Esperávamos, sem angústia.
A equipa entrava em campo para aquecer e era a loucura. Do topo do estádio tentávamos adivinhar quem jogava de início. Passávamos hora e meia a cantar, a incentivar, a insultar quando se justificava. Os golos eram festejados com o mesmo com quem se partilhavam os rissóis.
No fim do jogo, já a caminhar para a meia-noite, fazíamos a viagem de regresso a casa: a pé, de metro, a pé, de barco, de comboio, a pé novamente.
Duas horas para chegar à cama. O dia seguinte era de escolha às oito da manhã. Ninguém se queixava. Ninguém se continua a queixar. O amor é assim."

Ricardo Santos, in O Benfica

#Luisão500

"Como todas as grandes organizações, o Sport Lisboa e Benfica rege-se por princípios éticos e valores que ajudam a reforçar os elementos identitários da nossa cultura desportiva. Luisão é um dos protagonistas dessa cultura desportiva. Luisão é um dos protagonistas dessa cultura. Quando falamos do nosso capitão, todos sentimos o orgulho que ele sente em pertencer à maior instituição desportiva portuguesa. Ao longo de 14 épocas provou toda a sua dedicação, aplicação extrema para ajudar na conquista de 17 títulos êxitos esses que permitiram honrar a história ímpar do nosso Clube.
Outras das facetas é a abnegação continua, já que Luisão não só nunca desanimou perante as dificuldades, como tudo tem feito para transformar os problemas em êxitos. Luisão conquistou um estatuto que lhe permite ser respeitado pelos adversários, árbitros, dirigentes e adeptos. Porquê? Porque Luisão sempre pautou as suas actuações com categoria, trabalho árduo e empenho notável para vencer todos os desafios. Com Luisão as nossas equipas revelaram-se audaciosas, com iniciativa, empreendedorismo e espírito ganhador. Uma outra virtude que deve ser destacada é a sua honestidade, baseada em valores tão raros - verdade e verticalidade.
Outras das razões que me levam a admirar Luisão é a sua modéstia, manifestando em todos os momentos comportamentos amáveis, francos, discretos e tolerantes. Uma faceta que catapultou Luisão para o patamar dos intocáveis tem que ver com o seu espírito solidário, dando a cara por várias causas. Mas há um valor em que Luisão se tem revelado imbatível - o espírito de equipa. É por reconhecer em Luisão todos estes atributos que considero que ele interpreta, de forma exemplar, a chamada Mística."

Pedro Guerra, in O Benfica

Passado e presente: dois símbolos

"1. A chegada de Fernando Chalana à equipa principal do Benfica coincidiu, no tempo, com o meu despertar para o futebol. Ainda muito jovem, já o “pequeno genial” era a estrela que fazia a diferença. Com barbas grandes e um pé esquerdo divinal, trocava os olhos a qualquer defesa. Sempre com um toque de magia, driblava, cruzava e marcava. Todos na escola queríamos ser como ele. Era um ídolo. Era o ídolo. Para a minha geração – que já não chegou a tempo de Eusébio – Chalana lia-se Benfica. Havia outros (Bento, Humberto, Toni, Shéu, Nené…), mas Chalana era o melhor. Foi ele o “meu” Eusébio. Na semana passada, Chalana completou mais um aniversário. Para os mais novos, que nunca o viram jogar, é preciso dizer que se tratou de um craque, que facilmente entraria num top-5 dos melhores de sempre do futebol português. Se têm dúvidas, vejam ou revejam o Europeu de 1984. Devo-lhe muito do meu benfiquismo.
2. Luisão completou esta semana a impressionante soma de quinhentos jogos de águia ao peito. Nessa estatística, só é suplantado por Nené, Veloso e Coluna, figurando à frente de nomes como Eusébio, Simões, Humberto, Shéu e Bento. Anderson Luís da Silva veio para o Benfica em tempos difíceis, quando nada ganhávamos. Quando começávamos a recuperar do período mais negro do nosso historial. Daí para cá fomos crescendo, até atingir o nível gigantesco e ganhador que ostentamos hoje. Luisão foi, dentro do campo, o principal rosto desse processo. Capitão com letra grande, tem o seu lugar assegurado na história do Benfica. Chalana e Luisão, dois símbolos maiores do Glorioso. Os meus parabéns a ambos!"

Luís Fialho, in O Benfica

À Portuga

"À portuga é termos três estarolas que não sabem o que estão a dizer.
À portuga é chegar a um centro de estágio e ameaçar tudo e todos em directo pelas TV.
À portuga é existirem agentes desportivos que ficam todos molhados de medo.
Á portuga é ninguém perceber nada de nada e comer como bom tudo o que lhe vendem.
À portuga é viver escondido na ponta da Europa e somar três mais três para dar sete.
À portuga é o discurso inflamado e brejeco ser mais eficiente do que o discurso sincero e honesto.
À portuga é andarmos sempre a falar do mesmo sem percebermos do que estamos a falar.
À portuga é o futebol, o fado e Fátima serem realmente os três milagres nacionais.
À portuga é já nem aqueles que considerávamos os Juízos Finais saberem o que fazem ou o que devem fazer.
À portuga é afinal passar a vida a falar do mesmo sem dizer nada!"

Pragal Colaço, in O Benfica

O Benfica europeu

"Pelo que se viu esta semana, ganha dimensão a vitória do Benfica sobre o Dortmund. Mas não deve a águia ignorar como a conseguiu!

Disse Mourinho esta quarta-feira que o miúdo Ederson salvou o Benfica no jogo com o Borussia Dortmund. Falava o treinador português numa conferência de imprensa do seu Manchester United quando lhe pediram para comentar o triunfo encarnado Mourinho destacou naturalmente Ederson e com toda a razão.
Ederson ficou na verdade como o gigante encarnado de uma noite que para já valeu ao Benfica ter mantido realmente em aberto estes oitavos de final da Liga dos Campeões. Um golo na Alemanha e podem na verdade os benfiquistas ter esperança de seguir em frente numa competição que é tão dura, tão particular, tão exigente, tão surpreendente que o Barcelona só levou quatro em paris e o Arsenal só levou cinco em Munique.
O miúdo Ederson foi mesmo impressionante na Luz. Executou, sobretudo, três defesas decisivas - duas a remates de fora da área, o último dos quais a levar a bola a tocar no corpo do imprudente Jiménez e a quase trair o fenomenal guarda-redes encarnado, e uma a parar a grande penalidade que condenou no jogo o gabonês Aubameyang. Nesse sentido, Ederson salvou, pois, o Benfica e terá confirmado ser, no momento, um dos cinco melhores guarda-redes a jogar na Europa, num grupo que, a meu ver, terá ainda o eterno Buffon (Juventus), Manuel Neuer (Bayern), De Gea (Man. United) e Oblak (Atl. Madrid).
Ederson não podia, pois, deixar de ter sido considerado a grande figura deste duríssimo embate da mais difícil competição de futebol do mundo, que reservou ao Benfica o destino de sofrer e saber sofrer diante de um Borussia Dortmund muito poderoso e muito ofensivo, mas que foi incapaz de fazer um golo na Luz.

O principal mérito do Benfica? Sobretudo, repito, o de ter sido humildemente capaz de aceitar o sofrimento a que o jogo o destinou, quer por ter entrado com um onze demasiado desequilibrado, na minha opinião, quer por, em muitas circunstâncias, não ter sabido dar um safanão no domínio adversário, mostrando insuficiências de algum modo até inesperadas - Carrillo não foi capaz de interpretar o indispensável papel defensivo e Rafa nunca conseguiu ser elo de ligação eficaz de acção atacante.
Mas não foi só. Não me lembro de ver Fejsa, por exemplo, fazer um jogo tão mau, do mesmo modo, já agora, que me parece que há muito que Luisão não fazia um jogo tão bom, tendo até (coisa pouca!!!) sido decisivo no golo conseguido por Mitrolgou.
Foram poucos, na verdade, os jogadores encarnados que conseguiram aproximar-se mais do nível que exige a Liga dos Campeões (fantásticos Ederson e Nélson Semedo acima de todos os outros). Apesar disso, não se pode esquecer o trabalho muito competente de Mitrolgou, o bom desempenho dos centrais, a permanente a extraordinária atitude de Salvio mesmo quando as coisas não lhe correm bem, e a esperteza de um Eliseu que se limitou a tentar não dar, e na verdade não deu, um único passo em falso.
Bem mais pálidos em campo Fejsa e Pizzi, sem nunca conseguirem pegar na bola, e Carrillo e Rafa, que não deixaram praticamente nada no jogo.
Percebe-se, assim, como o Benfica se vale muito da estabilidade emocional da equipa e da força de um balneário que só pode mesmo respirar um ambiente... muito saudável. Sem isso, dificilmente resistira a tanto.
Junte-se-lhe ainda o poder mágico do inexplicável, porque há no futebol - e todos no futebol sabem que há - treinadores que são autênticos... pés frios... capazes de atrair a infelicidade mesmo quando nada o faz prever, e treinadores que são verdadeiros pés quentes... abençoados até no momento em que o talentoso adversário escolhe atirar a bola para o centro da baliza na marcação do penalty e vêem (muito invulgarmente) o seu guarda-redes decidir não se mexer e (muito surpreendentemente) defender a bola e garantir a vantagem.
Rui Vitória, está visto, é mesmo um treinador pé quente!

Foi o Borussia Dortmund senhor do jogo na Luz. Mas é bom lembrar que uma boa parte dos momentos de maior aflição vividos pela equipa da Luz aconteceram por culpa própria e não tanto por mérito do adversário - a bola perdida em zona proibida, o mau alívio, o corte defeituoso, a atrapalhação no momento de decidir o caminho a dar ao lance (por exemplo, quando Fejsa ficou à espera de Ederson e Ederson ficou à espera de Fejsa, num lance aparentemente controlado que acabaria por dar ao Dortmund mais uma oportunidade para marcar).
Em todo o caso, é evidentemente consensual a dificuldade que o Benfica sentiu para suportar a qualidade de jogo da equipa alemã, o que ainda releva mais a dimensão da vitória benfiquista, graças a um golo pleno de eficácia e sentido de oportunidade (muito bem Luisão e melhor ainda Mitrolgou!...) e a um evidente e sólido espírito de equipa, volto a repetir, que tem realmente permitido ao Benfica de Rui Vitória superar-se mesmo quando a realidade do jogo nos mostra um futebol encarnado bem mais insuficiente do que seria de esperar.
Como foi, mais uma vez, o caso."

João Bonzinho, in A Bola

Os ardis da crença

"De repente tudo parece desmoronar-se e desabar - e um calafrio percorre os nervos em franja do universo benfiquista. O mais engraçado e irónico, porém, é que nada do que se está a passar fica fora do arco das fervorosas previsões de responsáveis e afins.
Ouvi-o vezes sem conta aos mais expeditos e iluminados comentadores quer do Benfica quer do mundo da bola em geral: o Benfica vai seguramente perder pontos, vai passar também por dificuldades e o desfecho do campeonato é dramaticamente incerto – vai ser discutido taco-a-taco até ao fim!
O mais recente contributo para esta onda de arúspices do aperto foi protagonizado pelo inefável adjunto do técnico benfiquista que, no rescaldo da cheia do Sado, ao tentar desajeitadamente recolher os cacos da desgraça, não encontrou melhor justificação do que a seguinte sentença, em jeito de conveniente soporífero: “nós sempre dissemos e estamos seguros que isto vai ser mito apertado até final – e é o que está a acontecer”.
O que mais impressiona é esse narcísico suspiro de alívio, esse trejeito vagamente triunfal de ver confirmado na prática aquilo que tão ousada e diligentemente fora pelos próprios previsto. Esta a sua glória!
Sim, o circunspecto adjunto do castigado Vitória, naquele seu ar de seminarista recém investido das ordens menores, achou-se possuído do pentecostal carisma da profecia que, ao fim, nada mais fará do que auto-realizar-se, enchendo de infecto ar os pulmões ufanos de tão délficos arúspices.
Meus amigos, a coisa é feia, séria …e desarmantemente simples: as nossas crenças, veiculadas pela densidade sémica da palavra, criam a nossa realidade – sempre.
Os males do mundo não são consequências absolutas de um Deus mágico e caprichoso, que se entretêm a colocar à prova os pobres mortais. Não: cada um de nós, a partir do seu real estado de consciência, é, através da sua operante intencionalidade, o co-criador da sua própria experiência. Os males, incluindo os que povoam o instável território da bola, não são fulgurações aleatórias de uma realidade caótica e em desalinho – eles são, de facto, categorias móveis da nossa situada percepção. 
Muita gente, atletas e treinadores, se entregam a severos regimes dietéticos no afã de acautelar o almejado sucesso, mas a ninguém ocorre exercitar um outro tipo de dieta, urgente e essencial – a dieta de pensamentos, emoções e sentimentos, pois todos transportamos um SOE (sistema de orientação emocional): diz-me como te sentes e dir-te-ei quem serás e o que terás. Há um famoso ditado com que “nuestros hermanos” costumam ilustrar esta verdade perceptiva: “en este mundo traidor, nada es verdad ni mentira: todo es del color del cristal con que se mira”. Nem mais.
De facto, este nosso mundo é pintado com as cores dos óculos com que armamos este nosso incauto e impertinente olhar – é por isso que a nossa avó nos prevenia para os malefícios do “olho gordo” da inveja da vizinha, do “mau olhado”. Não é no olhar que está o mal, mas no sentimento venenoso que o inquina e turva.
O pretensioso exercício de antecipar tempestades como elemento de afirmação de uma competência à prova de toda a sorte de ventania é o mais tonitruante logro em que alegremente cai a esmagadora maioria dos treinadores. Não cuidam eles que, com esse zelo premonitório, o que fazem é darem-se a si mesmos razão, num patético e irónico afago a um ego que é precisamente isso que, acima de tudo quer: ter razão!
E lá se ficam eles com essa penosa razão – e com ela se revolteiam noites inteiras, numa insone e insana luta com o infindável cortejo de seus fantasmas de estimação. Chega, haja bom senso: cuidem-se e vejam bem não tanto o que pela boca lhes entra mas sobretudo o que dela sai – vindo do coração.
Juízo, se querem que o sucesso lhes amaine e cure as insónias.
Talvez o António Conte possa contar como é...talvez. Digo eu…"

A partir de agora vai valer tudo contra o Benfica

"No ano passado a santa aliança fez-se em torno do Sporting. Agora é o FC Porto. O que estiver mais longe do Benfica abdica de lutar pelo título e apoia o outro.

1. Liga dos Campeões: Benfica vinga vitórias morais dos 'outros'
Pois, enquanto pensava no tema para esta crónica de hoje, ia vendo o Benfica a fazer um jogo pouco conseguido, em termos atacantes, mas de uma eficácia total, a nível defensivo.
Contra um Borussia Dortmund que julgava que vir a Lisboa era sinal de vitória, mesmo jogando sem 9 ou 10 dos jogadores considerados efectivos.
E, não dizem os especialistas, que um bom ataque dá vitórias e uma grande defesa dá campeonatos?
A não ser que essa verdade, com o Benfica, não seja tão verdade como isso, para poderem criticar como tanto gostam de fazer em relação a nós e têm tanto medo de fazer com os outros (uns e outros, porque, neste caso, a falta de coragem para com os dois amiguinhos chegar a ser... pornográfica)!
Vingámos, assim, com aquele golo de Mitrolgou, as vitórias morais de quem nos habituou a «jogar como nunca e a perder como sempre»!
Mas, a par dessa vitória - e de uma exibição monstruosa de Ederson - Luisão comemorou 500 jogos de águia ao peito.
É obra!
500 jogos, só superados, no Benfica (se as fontes estatísticas a que recorri não me induziram em erro), por Mário Coluna (528), António Veloso (534) e Nené (578).
500 jogos num mundo onde o normal é mudar algumas vezes de clube (e todos nós sabemos quem, na esmagadora maioria das vezes, leva os jogadores a isso).
500 jogos felizmente atingidos, apesar de algumas tentações de saída (umas reais, outras... nem por isso), para dar consistência e densidade histórica a um balneário que mudou precisamente.. com Luisão.
Porque a história de muitos títulos começa, precisamente, ... no balneário e no que apreendem, com os mais velhos, os que vão chegando, em cada ano!
Como David Luíz fez questão de nos relembrar (ainda esta semana), sobre a importância de Luisão na sua percepção sobre o que significava... ser jogador do Benfica.
E sobre a dimensão, a grandeza, a diferença entre o Benfica... e os outros!
Parabéns, Luisão!
E força aí, porque Mário Coluna está, apenas, a uma época de distância (ou menos, se com uma exibição à Benfica, continuarmos - como acredito - na Liga dos Campeões, eliminado, para já, o Borussia)!
Mas, atenção, porque a partir de agora, com o facto de nós termos muito mais jogos do que os outros (esperando eu que isso se prolongue no tempo, por boas razões), contra o Benfica, vai valer tudo.
Tudo, mesmo!
Como no ano passado, a santa aliança (sem maiúsculas para nivelar com os ataques que nos dirigem) se fez em torno do Sporting, porque estava mais próximo de ser capaz de evitar o nosso tricampeonato, também este ano a reedição dessa velhíssima junção de forças se fará, desta vez em torno e em apoio ao Porto.
Na última semana, expliquei, aqui, a adaptação que fazem - esses teóricos e estrategas do vale tudo contra o Benfica - do princípio da subsidiaridade ao futebol português.
Ou seja, ... como então referi, ... o que estiver mais longe do Benfica abdica de lutar pelo título e apoia o outro.
Essa foi - e ninguém me pode impedir de ser essa a minha convicção - a ideia que bailava na mente (ou no subconsciente, pois então) do treinador do Sporting e que o traiu quando afirmou, nas vésperas de ter ido ao Dragão, com 7 pontos de atraso para o Benfica, que no máximo que podia ambicionar era lutar pelo 2.º lugar.
Um 2.º lugar que, a ser esse mesmo o seu objectivo, seria conseguido mais depressa sem oferecer meia parte e 2 golos ao Porto no jogo do passado dia 4.
Para agora, a 9 e a 10 pontos de atraso do 2.º e do 1.º, voltar a afirmar que ainda pensa no título!
Pensar, não pensa!

Pensa, isso sim, no único jogo que tem até ao fim da época: o que vai ter contra nós!
Se tivessem ganho ao Porto ficavam a 7 do 1.º e a 3 do 2.º!

Mas ainda bem que fizeram um hiatozinho na vontade de querer ganhar... precisamente no joguinho contra o Porto!
Ou melhor... no encontro em que o clube anti-Benfica do Porto recebeu o clube anti-Benfica de Lisboa.
Até mais do que o ridículo, ... o ódio ao Benfica mata-os!

2. Os novos 'condottieri'
Por isso, por essa disponibilidade de muitos sportinguistas darem a cara por causas que não são as suas, me lembrei - com as devidas distâncias mas com a liberdade de pensamento que tenho, por muito que isso custe a muita gente - dos Condottieri italianos, dos séculos XV e XVI.
Eles que se batiam de acordo, não com convicções, mas, antes, por interesses!
E embora me digam que as convicções de uns são os interesses dos outros e vice-versa... eles só pensam (uns e outros) em impedir o tetra do Benfica!
Porque, como não me canso de referir - e o que eu digo, preocupa-os... e muitos - para um deles ganhar, não precisa de ganhar!
Para um deles ganhar, ... basta o Benfica perder!
São assim, os pequenotes!
Por isso, passado este interlúdio de liderança estratégica, com alguma visibilidade do Sporting, voltamos a assistir ao reaparecimento do Porto no 1.º lugar do combate contra o Benfica!
Um combate que nos volta a trazer à lembrança os tempos do Apito Dourado!
Que não me cansarei de recordar.
E isso - sabemos das respectivas páginas de comunicação - como lhes dói!
Como seria bom apagar essa fase como se apaga o que se escreve num quadro negro!
A mesma cor - o negro - dessas páginas vergonhosas de corrupção do desporto português!
Eles estão de volta!
Para ganhar?
Não acredito!
Mas sei que, em cada estádio, em cada jogo, em cada minuto, teremos de lutar contra os que nos querem ganhar, porque jogam contra nós (o que é natural)... e os que nos querem ganhar... mesmo não jogando contra nós... ou não tendo, sequer, interesse directo no resultado que possamos fazer, a não ser o de que ganhem todos, menos nós!
Porque a sua inveja de adeptos e de dirigentes é o que alimenta e motiva a sua relação (mal resolvida como só Freud poderá explicar) com quem sabe que lhes é superior!
Por isso, em Braga, vamos ter mais um jogo do título.
Onde teremos que jogar tudo, mas tudo mesmo, para lhes dar a resposta que merecem.
Com respeito pelo Sporting de Braga, mas com a obrigação de oferecer a todos nós... uma resposta que todos temos que dar!
Porque, como todos sabem... maior de que nós, nem a inveja deles.
E, já agora, digo eu, ... mesmo juntando a de uns e de outros, seremos sempre maiores.
Maiores do que eles, juntos!
Carrega, Benfica!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola