segunda-feira, 31 de julho de 2017

Estádio da Luz aprovado

"O Sport Lisboa e Benfica foi hoje notificado do despacho proferido pelo Presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), a deferir o registo do novo regulamento de segurança de utilização do Estádio da Luz e, em consequência, a garantir a possibilidade de aí serem realizados espectáculos desportivos.
O Sport Lisboa e Benfica congratula-se com o sentido do referido despacho e o reconhecimento, uma vez mais, de que o Estádio da Luz reúne todas as condições de segurança e que os espectáculos desportivos aí realizados respeitam todas as disposições legais aplicáveis, como não podia deixar de ser.
As noticias vindas a público e as pressões que têm sido levadas a cabo junto das mais diversas instituições no sentido de afastar os sócios e simpatizantes do Sport Lisboa e Benfica do apoio às suas equipas, revelam-se hoje uma vez mais frustradas.
O Sport Lisboa e Benfica continuará a respeitar todos os seus sócios sem qualquer tipo de discriminação e espera agora pela primeira grande enchente da época, na sua estreia na Liga NOS, dia 9 de Agosto no jogo com o Sporting de Braga que se realiza no Estádio da Luz."


PS: Um IPDJ que não serve para nada - além de alguns 'tachos' -, com um presidente que não se importa nada de ficar 'colado' a um doente mental, só porque é o Presidente do 'seu' Clube!

Mais dúvidas que certezas

"Rui Vitória tem optado por desvalorizar os resultados da pré-época. É normal que o faça, até porque todos sabemos que os jogos de preparação não dão pontos e, por muitas voltas que se dê, não atribuem qualquer título. Ainda assim, há também que perceber a preocupação com que os adeptos encarnados olham para a época que as águias iniciam já no fim de semana, tendo em conta não só os resultados - duas vitórias e quatro derrotas, duas de goleada - mas também a forma como o Benfica não conseguiu ainda colmatar o buraco que as vendas de Ederson, Lindelof e Nélson Semedo provocaram na defesa.
É, portanto, natural que se olhe para esta equipa com mais dúvidas do que certezas, ainda para mais quando parece que os principais rivais no caminho para o penta estão já uns passos à frente. Que o Benfica irá ao mercado parece inevitável. O que custará mais aos adeptos perceber é porque ainda não foi, até pelo facto de os três grandes negócios deste verão serem, de há muitos meses e esta parte, uma certeza. Rui Vitória tem-se esforçado por passar mensagens de tranquilidade, ele que até tem experiência nestas coisas - há dois anos a pré-época foi um desastre e acabou campeão, como de resto já tinha acontecido no primeiro título do tetra, então com Jesus.
Pode repetir-se este ano? Claro que sim. Mas aquilo de que os benfiquistas precisam agora é de ter a certeza de que, como diz o seu treinador, na Luz ninguém está distraído. E isso só acontecerá com um ataque cirúrgico ao mercado ou depois da equipa lhes dar garantias que não foi capaz de dar até agora. Esta semana pode dar algumas respostas às muitas interrogações que por agora se levantam."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Jogo sujo

"Não é a primeira vez que falo nisto: cada jogo de futebol está cada vez mais convertido numa cómica (?) peça de teatro de mau gosto: é um corrupio de manha e trapaça do primeiro ao último apito! Exagero? Não por aí além. Vejamos:
Nem por se jogar predominantemente com os pés, o futebol pode converter-se num espaço onde se pode pisar à vontade a justiça desportiva e até o código das boas maneiras, convertendo-se em objecto de rebaixamento axiológico e de depreciação ética. Pelo contrário, esse admirável facto transgressivo de utilizar sobretudo os pés, além de emprestar a esta modalidade um acrescido encanto, uma certa magia, aumenta, até por isso mesmo, o grau de responsabilidade de seus agentes – dentro e fora do terreno de jogo.
Facto indesmentível: o futebol vem, desde a sua normatização no britânico contexto de revolução industrial conjugado com as novas perspectivas pedagógicas, sofrendo um evidente processo de autonegação: quer da sua matriz genética – rústica e até bélica - , quer no que parece ser uma certa efeminização da sua específica normatividade, das suas regras. A originária atitude de uma rija entrega e de brava luta em campo, quantas vezes enlameado, tem vindo a ser substituída por uma torpe mentalidade do atalho: do expediente ditado exclusivamente por uma esperteza arrivista.
Ao ter entrado o capital, naquela sua típica fossanguice acumulativa, de cabeça, no mundo ingénuo de um futebol de verdadeira entrega, este passou a ser contaminado pelas taras típicas do imediatismo fugaz da avidez argentária, da obsessão pelo lucro: passou a ser arena exibicional de toda a espécie de truque e ardil. Maquiavel, além de já ter sido erigido à condição de fundador do Estado moderno, passou a sê-lo também do futebol que temos: o fim (o lucro=vitória) justifica todos os meios! O lucro veio impor o desígnio incondicional de uma vitória a todo o custo e, com isso, ficaram justificados todos os malabarismos de ronha, fita e ladinice, pois que o que importa mesmo é chegar à vitória com o mínimo de esforço e, se necessário, à custa mesmo do suor do adversário – sobrando sempre aquele sorriso trocista e indecoroso do autor do mergulho olímpico na área contrária, iludindo, com espalhafato e alarde, o angelical e tíbio senhor vestido de negro (agora já exibe cores mais festivas!) e que costuma entreter-se com um apito na boca, adereço sucedâneo de uma fatal incontinência verbal – um sonoro tique de serôdio autoritarismo! Deixem-me fazer uma afirmação – ela anda na boca de muita gente, mas nem todos podem escrever para A Bola: oitenta por cento, pelo menos, das faltas apitadas são pura fita, A esmagadora maioria das quedas têm esta característica: quem cai só caiu porque quis cair – podia perfeitamente ter evitado tão eficaz e convincente queda. Porque, descontando os inúmeros casos em que nem sequer há toque, a maior parte das vezes, este, quando existe, ele é inerente à natural e desejável dinâmica do próprio jogo – ele decorre da própria natureza gestual que caracteriza o futebol. Isto é, apitar sempre que cai um jogador (sem cuidar de ajuizar se ele não optou antes por se atirar) é participar activamente no processo entrópico de descaracterização de um jogo que, sendo matricialmente, multitudinário, se está a converter cada vez mais em desporto de massas entediadas e bocejantes.
Porque cada vez mais as pessoas, que gostam da bola, mas que não vão à bola com este modo de a não jogar, se sentem ludibriadas com um espectáculo à base de jogos de sombras e ilusão. Sim, o campo, que passou de pelado a relvado (gramado) não pode, entretanto, passar de campo de rija refrega (Desmond Morris) para átrio alcatifado de hotel de luxo, ou para uma melindrosa loja de porcelanas – nem sequer se pode converter em lavandaria que oferece prémio a quem terminar o jogo sem sujar os calções!
Sem ser um ringue de boxe (o boxeur, porém, não faz ronha: quando cai é porque o uppercut do adversário lhe acertou em cheio), o campo, no que se refere concretamente ao futebol, tem que ser um palco onde os actores exibem rijeza, rusticidade e bravura, em vez de uma gelatinosa e macia fofura. Sugiro que os árbitros sejam sujeitos a duras provas de resistência emocional e que passem a fazer um estágio nas urgências dos hospitais, para que aprendam no que dá quando a queda é mesmo a valer – e aprendam a resistir ao primário impulso de se comoverem com uma queda qualquer, mesmo, ou sobretudo, se espalhafatosa.
Irónico: toda agente diz que o futebol é desporto de inverno, mas os protagonistas passam o tempo todo a atirar-se para a piscina.
Se queremos salvar o futebol temos que lhe acudir quanto antes – que ele está na maca!
Temos que travar esta marcha que ameaça matar um dos desportos mais fascinantes que, ao que dizem certos sociólogos, vem de tempos imemoriais (China, Japão e a própria Grécia Antiga), não permitindo que definitivamente se converta no offshore da marosca, da burla, da trapaça.
Tudo às mãos do sacrossanto desígnio do lucro!
Chega de teatro, vamos à vida!"

Futebol: o tempos dos tubarões

"Guardiola e o seu City lideram uma lista (quase) obscena dos clubes mais gastadores, atingindo quantias impensáveis.

Estudos recentemente publicados demonstram inequivocamente que o futebol movimenta milhões entre receitas e/ou transferências, predominando as 5 maiores ligas da Europa: a inglesa, a espanhola, a alemã, a italiana e a francesa, que deixam todas as outras a elevada distância. Porquê? Muito simples: a televisão paga muito, buscando audiências! E estes investimentos avultados propiciam contratações fantasiosas mas sempre sonantes, para gáudio das multidões. Ao mesmo tempo – com exceção da Espanha, tal o poder do Real Madrid e Barcelona – aparecem os investidores desejosos de ostentarem no seu currículo a posse de clubes mundialmente famosos.
Assim, nestas ligas, dinheiro atrai dinheiro – e nos últimos anos assistimos a uma espiral ascendente nos valores das transferências, sem sabermos onde irá parar esta insanidade. Enquanto houver investidores fascinados com este novo brinquedo, seduzidos pela propriedade de grandes clubes, a roleta vai rolando. E quando as perdas (mais que certas) atirarem os casinos ‘à glória’, ou os magnatas se fartarem, as falências suceder-se-ão. Mas, para já, ‘o circo roda’ e não serei eu a trazer as más notícias.
Claro que a televisão irá continuar a pagar, até porque precisa de audiências. E, pagando enormidades pelos direitos televisivos, impõe as suas leis! Nesta procura de audiências, até manda nos horários dos jogos, como recentemente vimos, com desafios de algumas dessas ligas a serem disputados a horas antes impossíveis. A pensar no novo mercado oriental, sobretudo o mercado chinês, onde até Cristiano Ronaldo se deslocou em clara operação de marketing. Ou, como em Portugal, com horários desencontrados, tantas vezes inconvenientes para os espectadores que fazem da ida aos estádios um ritual sagrado. Mas tudo se aceita – e, se ganharmos, é a cereja em cima do bolo!
As consequências destas loucuras financeiras são óbvias. Nesta época de transferências, Guardiola e o seu City lideram uma lista (quase) obscena dos clubes mais gastadores, atingindo quantias impensáveis. O United de Mourinho também aparece em destaque, com a transferência de Lukaku a ser, por enquanto, a mais dispendiosa do mercado, prometendo pelo menos mais uma contratação: quase de certeza ‘a pescar’ no Real Madrid do seu amigo Florentino, seja Bale ou Kroos, sempre oferecendo De Gea em troca. Mas Mourinho saiu-se com uma frase lapidar: «Antes pagavam-se fortunas por foras-de-série, hoje também se pagam mas por bons jogadores». Dito isto, nada surpreende que se fale em 220 milhões por Neymar ou 180 milhões por Mbappée.
No meio destas fortunas, os clubes formadores, como Mónaco ou Benfica, aparecem bem colocados pelas vendas efectuadas. Mas se o Mónaco tem um Principado que hoje ostenta o título de campeão – permitindo-se realizar, antes da quase certa venda de Mbappée ao Real Madrid, receitas bem acima de 300 milhões –, o Benfica tem apenas sócios apaixonados e encantados por um ‘tetra’. E, quanto a accionistas, não me consta que os actuais existentes injectem as centenas de milhões com que russos, americanos ou chineses alimentam os clubes dos quais se tornaram literalmente donos pela via accionista.
Onde quero chegar? Muito simples: se a democracia no futebol em Portugal é um jogo entre três grandes, com o Benfica a ser o único com Orçamento actualmente bem acima de 100 milhões, estes valores são atingidos com facilidade por qualquer clube da 1ª divisão inglesa. O maior clube português consegue entrar na lista dos 25 clubes mais ricos da Europa, mas é o único.
De resto, é preciso muito engenho para os três grandes suprirem estas discrepâncias financeiras que, pelos vistos, tendem a aumentar, afastando os clubes portugueses das grandes competições. Assim, teremos possivelmente no futuro uma Liga Europeia para as elites, transformando-se as restantes ligas nacionais em regionais, quase como as actuais distritais – que olham para as nacionais com o sonho impossível de lá chegarem.

P.S. – Tantos milhões andam no futebol e até nos esquecemos de tantos cidadãos nacionais, sobretudo os reformados sem outras fontes de receita, realmente preocupados com os tostões que mensalmente amealham. Uns tantos, refugiados na CGD onde recebem as suas pensões, veem esta instituição a seguir caminhos trilhados pela banca privada, como comissões de manutenção de conta, e lá se vão os ‘lautos’ aumentos mensais que decorrem do fim da austeridade decretado por António Costa. Paulo Macedo disse ao que vinha, tal como António Domingues tinha dito! Costa não ouviu?"

Cadomblé do Vata

"1. Está feita mais uma pré-época que termina com a "Grande Depressão", igual às últimas 10... já é um clássico de Verão, uma espécie de "Jogos Sem Fronteiras" do séc. XXI.
2. Foi mais uma preparação cheia de derrotas como as anteriores, de tal forma habitual que eu já nem me preocupo... é óbvio que o facto de ser igual aos últimos anos, não quer dizer que não dê mau resultado, pois tal como diz a sabedoria popular "tantas vezes o Cardozo remata à baliza, que alguma vez o Patrício há-de defender".
3. Durante anos os adeptos queixavam-se que o SLB comprava muitos jogadores e não dava oportunidade aos jovens da formação. Agora Rui Vitória quer dar oportunidade aos da formação e nas bancadas exigem-se compras... os benfiquistas parecem aquelas pessoas que toda a vida estacionam o carro nas dunas da praia, mas quando a Câmara Municipal faz lá um parque de estacionamento protestam porque se estão a estragar as dunas.
4. Não vale a pena ficarmos excessivamente desiludidos com a classificação do SLB na Emirates Cup... temos um departamento de futebol altamente organizado, que de certeza vai apresentar protesto por o Leipzig e o Sevilla não serem patrocinados pela Emirates, o que vai catapultar o SLB para o 2º lugar.
5. Terminada a pré-época, atacamos já a Supertaça no próximo sábado, para começarmos a temporada como terminamos a última... só espero é que não sejamos proibidos de utilizar o emblema de campeão nacional, devido aos resultados da pré-época."

Vermelhão: Podíamos e devíamos estar melhores... rumo ao 37

Leipzig 2 - 0 Benfica


Fim da pré-época, a partir de agora é a sério... Infelizmente, mais uma vez, o Benfica podia e deveria estar mais bem preparado para entrar na época oficial!
Já sabíamos, que alguns jogadores iam chegar atrasados devido às chamadas das Selecções...  Mas independentemente desta variável conhecida à partida, fizemos toda a pré-época sem que a equipa supostamente titular fizesse 1 minuto junta...!!! E nem estou a pensar nos possíveis reforços: se o mercado fechasse amanhã, o nosso 11 titular seria: Júlio; Almeida, Luisão, Jardel, Grimaldo (Eliseu); Fejsa, Pizzi, Salvio, Cervi; Jonas Seferovic (Jiménez/Mitroglou)! Com as habituais lesões musculares de pré-época pelo meio, este cenário ainda se tornou mais complicado...
Mas também sabíamos que alguns jogadores importantes iam sair...! E muito provavelmente no 11 titular, no 1.º jogo da Champions em Setembro, vamos ter jogadores que ainda não fazem parte do plantel...!!!
Ninguém abdica de alterações no plantel, até ao dia 31 de Agosto, mas a 6 dias do 1.º jogo oficial, tudo deveria estar mais 'preparado'!!!

Hoje, com menos de 24 horas de descanso, com um 11 muito remendado, com muitas 2.ªs opções (ou 3.ªs!), até não fizemos uma exibição muito má. O resultado foi mau. Mas dentro das variáveis habituais num jogo de futebol, o resultado podia ser outro...
O factor mais decisivo neste jogo, foi a pressão sufocante do Leipzig... houve momentos em que parecia que os Alemães estavam a jogar com 11 Fejsa's!!! Ao estilo do Bayer...! O Benfica até não reagiu mal... com o Fejsa a fazer muita diferença em relação ao jogo de ontem... E até conseguimos ultrapassar a 1.ª linha de pressão dos adversários em várias ocasiões, com bolas nas 'costas'... mas faltou sempre capacidade de remate em zona de golo, com o Jiménez muito isolado... A grande diferença aqui, foi a ausência do Jonas, quando o Pistolas entrou tudo mudou!!!
Defensivamente, voltámos a falhar... o Varela fez a melhor exibição da época, mas o Pedro Pereira voltou a confirmar que não é jogador para o Benfica (como eu suspeitei desde sempre). No 2.º golo, o Lisandro voltou a confirmar uma característica irritante: nas bolas paradas ofensivas é um autêntico ponta-de-lança com muitos golos no curriculum; a defender bolas paradas pelo ar, é horrível!!!
O Samaris e o Zivkovic não foram opção este fim-de-semana devido a lesão, tal como o Almeida e o Krovinovic...

A minha convicção de ontem, sobre as necessidades do plantel mantém-se: GR, DD, Central e Trinco (agressivo).
O Almeida é o único defesa-direito que dá garantias; o Jardel ainda não recuperou a forma, o Luisão continua a esconder as deficiências inerentes à idade; e repito, mesmo com o Samaris na equipa, precisamos de outro Trinco, com as lesões recorrentes do Fejsa, não podemos ter o Samaris como única opção...
Já agora, continuamos com outro problema: não temos ninguém que saiba fazer a posição do Jonas... o Gonçalo o ano passado foi o único que conseguiu 'disfarçar', mesmo com características diferentes!

O jogo de Sábado à noite em Aveiro, vai ser muito diferente. O Guimarães, vai repetir a estratégia do Jamor (não a estratégia/atitude do jogo do Tetra), é verdade que o Guimarães não tem os mesmos avançados, mas como comprovou no jogo com os Lagartos, tem opções rápidas lá na frente...

O meu plantel 2017/18:
Júlio César, (contratação), Varela
Luisão, Jardel, Dias, (contratação)
Almeida, (contratação)
Grimaldo, Eliseu
Fejsa, Samaris, (contratação)
Pizzi, Krovinovic, Augusto
Salvio, Zivkovic, Cervi, Rafa, Willock
Jonas, Seferovic, Mitroglou, Jiménez
Duvidas:
Chrien, Horta, Kalaica
Vendas
Lisandro, Carrillo, Pereira, (Mitro?/Jiménez?)
Emprestados:
Digui, Joãozinho, Buta, Hermes
Saída:
Lopes

Sem argumentos para a ambição

"Rui Vitória, bicampeão nacional nos dois primeiros anos no Benfica, igualou, nesse particular, Sven-Goran Eriksson (1982-84); na temporada que está a começar, Vitória parte em busca de um recorde ainda mais difícil: quer apanhar, como tricampeão nos três primeiros anos, Jimmy Hagan (1970-73). Por aqui se vê como é alto o crédito do actual treinador encarnado na nação benfiquista e como seria profundamente imprudente retirar ilações demasiado profundas das suas escolhas nos primeiros jogos da pré-época, onde o Benfica já encaixou duas manitas, algo pouco recomendável especialmente quando se defende um estatuto de excelência.
Rui Vitória já mostrou, na Luz e antes da Luz, que sabe o que faz. Mas, estabelecida essa premissa, há que dizer com toda a frontalidade que o Benfica não está no estado de prontidão que seria espectável, a uma semana do início dos jogos oficiais; mais, ainda: os problemas defensivos da equipa sugerem a necessidade de uma ida cirúrgica ao mercado, para as posições de defesa-central, defesa-direito e trinco. Pela simples razão de que o que foi até agora dado a ver é de menos para as ambições do Benfica, que luta por um penta inédito e deseja, pelo menos, passar a fase de grupos da Champions. Parece claro que, pelo que foi até ontem visto em Londres, há um défice que deve ser suprido, sob pena de danos irreversíveis. Porque não será, por certo, com a mera colocação no top do ranking de vendas que o Benfica granjeará argumentos para o penta.
Paradoxalmente, é o FC Porto, o único dos três grandes a mudar de treinador, que se apresenta mais habilitado a evoluir na continuidade..."

José Manel Delgado, in A Bola

domingo, 30 de julho de 2017

Com três centrais, não!

"Falta uma semana para tudo voltar a ser a sério. Já não era sem tempo. O defeso passou-se como se passam todos os defesos. Entre a monotonia e a saudade das emoções, e mais uns quantos sentimentos mornos salpicados de promessas bélicas a anunciar o que está para vir de Agosto até Maio de 2018. Jogadores e treinadores estiveram de férias mas os departamentos de comunicação dos três candidatos ao título não pararam nem para dar um mergulho rápido na água do mar que tudo refresca, até as ideias. Prosseguiu, assim, em tons ameaçadores, o diálogo institucional entre os grandes de Portugal. Estas chinfrineiras pagam-se lamentavelmente.
O director de comunicação do FC Porto, por exemplo, anunciou na semana passada que "o melhor está para vir" e logo no dia seguinte o presidente do clube sofreu uma queda aparatosa que o remeteu para o leito de um hospital. O presidente do Sporting também foi notícia porque se casou, o que, convenhamos, não tem nada de francamente especial, e o presidente do Benfica só conseguiu ser notícia porque entrou em campo à frente da equipa no primeiro dia do estágio em Inglaterra, um acontecimento menor que lhe outorga o título do menos mediático dos três sensacionais presidentes em concurso.
A época oficial de 2017/18 arranca no próximo fim de semana com a discussão da Supertaça, que opõe o campeão nacional ao finalista vencido da Taça de Portugal. Terá, portanto, o Benfica de vencer o V. Guimarães se quiser continuar a sua impressionante soma de títulos e se pretender continuar a ser veementemente acusado de domínio hegemónico em Portugal. É com isso que os benfiquistas contam e é contra isso que a equipa de Pedro Martins se vai debater de hoje a uma semana em Aveiro.
Para preparar o confronto com os campeões de Portugal escolheu o V.Guimarães ter neste defeso por adversários o FC Porto e o Sporting, duas equipas do top interno, tendo-se saído mal no jogo com os primeiros e muitíssimo bem no jogo com os segundos. A equipa técnica do Benfica observou, certamente, com muita atenção o evoluir da formação vitoriana – sempre um rival que mete respeito – desde o primeiro dia da chamada pré-época e terá chegado, pelo menos, a uma conclusão pertinente: é de todo desaconselhável jogar contra o V.Guimarães com uma linha de 5 defesas contando com 3 centrais. Foi o que fez o Sporting e viu-se o que aconteceu.
Se não fosse o árbitro ter mostrado um cartão vermelho a Coates impondo com bom senso, mas à força, o regresso a uma linha defensiva mais clássica, ninguém sabe a que volume teria chegado o ‘score’ final. Foi este o fulminante recado deixado a Rui Vitória depois de Rio Maior: com 3 centrais, não!

Geraldes e o problema de ler em pleno horário de trabalho
O gosto pela leitura é uma bênção e ninguém considerará que a profissão de futebolista é incompatível com o prazer dos livros. Bem esteve o marketing do Rio Ave ao anunciar Francisco Geraldes como um dos seus para 2017/2018 através da imagem de um exemplar de ‘Ensaio Sobre a Cegueira’ de Saramago semi-envolvido numa camisola vila-condense. Foi este o livro que Geraldes lia no banco do Sporting enquanto não começava um desses joguinhos da pré-temporada.
O caso deu algum brado e fica a dúvida se o jogador terá sido emprestado pelo Sporting ao Rio Ave por não ter qualidade suficiente ou por estar a ler de chuteiras calçadas, ou por o título da obra ter sido entendido como provocatório. Ler é uma vantagem (e sempre será) mas a abstracção que a leitura provoca não pode ser consentida a nenhum profissional de nenhuma profissão no momento em que as suas funções lhe exigem a maior concentração operacional.
Ainda assim, como não simpatizar com o Xico Geraldes e com o Rio Ave?"

Estar acima é o contrário de estar abaixo

"Conheci o Nicolau Santos na redacção do "Público" no Outono de 1996 quando os trabalhadores do jornal da Sonae viram sair o seu extraordinário director/ fundador e viram entrar Nicolau Santos que foi a escolha de Belmiro de Azevedo para o lugar deixado vago por Vicente Jorge Silva. Foram tudo menos amáveis esses tempos que Nicolau Santos padeceu naquela que foi a sua curta experiência de dirigir o "Público" num ambiente de motim permanente encabeçado pela ala que haveria, mais tarde, de lhe suceder. Passaram-se, entretanto, 20 anos e o episódio não passa hoje de uma velha reminiscência na história de um jornal com o seu cotejo de decências formais e indecências funcionais de que, provavelmente, já poucos se lembram – e ainda bem – em função da largueza de pormenores e de protagonistas assanhados. Devem contar-se pelos dedos de uma mão as vezes em que, nestes 20 anos, voltei a encontrar ou a conversar fugazmente com o Nicolau Santos que sempre mereceu a minha simpatia e sempre continuará a merecer a minha amizade (muito distante, é certo) e um justo respeito sendo que o respeito, ao contrário das amizades, jamais pode ser distante porque o respeito ou é ou não é. E neste caso, é.
A meio desta semana, lendo o texto que o actual director do "Expresso" escreveu sobre o seu clube e fez publicar na edição on-line do jornal, dei comigo a recordar a breve passagem do Nicolau pelo "Público". Uma das suas primeiras e louváveis atitudes enquanto director foi a de resignar à posição que tinha no chamado Conselho Leonino – o órgão consultivo do Sporting Clube de Portugal – com o fim de exercer o seu novo cargo "acima" e com o máximo de distância das turbulências sociais que o futebol gera e gerará. As opiniões sobre a equipa de futebol do Sporting expressas por Nicolau Santos esta semana são tão legítimas como as opiniões de qualquer outra pessoa sobre esse ou qualquer outro assunto, convenhamos desde já.
Sendo o "Expresso", no entanto, um semanário generalista "de referência" e sendo a posição de Nicolau socialmente bem diferente da dos directores dos jornais desportivos ou da dos comentadores afetos a emblemas, que interesse verá o meu amigo Nicolau em vestir a camisola do seu clube e sujeitar-se a estas baixíssimas guerras da bola? Conhecendo-o, sei que não é por interesse, é por amor que, descendo do altíssimo patamar da equidistância inerente ao seu cargo, acaba por se ver discutido nas tabernas como se de um "híbrido", um "ignorante", falho de "inteligência" e de "bom senso" se tratasse porque foi assim que, logo no dia seguinte, o diretor de comunicação do Sporting rebaixou o diretor do "Expresso". Isto será bom para o prestígio do "Expresso"? Não, não é. E será bom para Nicolau Santos? Muito menos. E porquê? Porque estar "acima" é o contrário de estar abaixo. Um abraço, Nicolau."

A medida que falta ao presidente da UEFA

"O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, já percebeu que as actuais medidas do Fair Play Financeiro estão a ser facilmente contornadas pelos grandes clubes europeus e a prova disso é a avultada quantidade de negócios megalómanos que têm existido neste defeso. Os 150 milhões de euros que o Manchester City pagou por três laterais, os 180 que o Real Madrid promete pagar por Mbappé ou, até, os 222 milhões de euros da cláusula de Neymar que o PSG equaciona pagar são disso exemplo. Esta semana, o jornal italiano 'Gazzetta dello Sport' revelou que Ceferin pensa em três medidas a implementar de imediato e todas elas fazem lembrar... a Major League Soccer, dos Estados Unidos, onde o equilíbrio é a palavra de ordem.
O tecto salarial, um limite ao número de jogadores de cada plantel e o falado imposto de luxo fazem lembrar os orçamentos delimitados para todos os clubes da MLS, o máximo de 28 jogadores que qualquer equipa pode ter (20 sob um determinado orçamento e 8 sub-25 com outro também limitado) e ainda o termo de 'Designated Player', destinado a dois craques por equipa, cujo salário pode ultrapassar o orçamento. Obviamente que são ainda ideias em estudo mas que pretendem equilibrar o futebol europeu e pôr fim a um fosso que aumenta cada vez mais entre os gigantes endinheirados e os restantes clubes.
Mas Ceferin tem-se 'esquecido' de um pormenor muito importante, que promove também o desequilíbrio indesejado ano após ano. E que já tem sido alvo de fortes críticas de vários treinadores mas continua sem ser alterado: é uma aberração o mercado de transferências fechar só no dia 31 de Agosto. Sofrem as equipas mais pequenas, que iniciam as épocas com uma equipa e podem perder jogadores-chave até esse dia, podendo ser obrigadas a redefinir objectivos no dia 1 de Setembro. Porque se os gigantes podem pagar o que for preciso até 31 de Agosto, outras equipas não têm essa capacidade financeira para chegar, apresentar o dinheiro e trazer o atleta. O presidente da UEFA deve redefinir a data do fecho do mercado para mais cedo (talvez a 31 de Julho ou, no máximo, 10 de agosto) para que esse equilíbrio pretendido tenha pernas para andar. Enquanto assim for, haverá sempre equipas a iniciar campeonatos sem saber com o que contar a partir de 1 de Setembro...

PS.: O episódio ocorrido entre Nélson Semedo e Neymar prova que o craque brasileiro não está bem. Vendo as imagens, percebe-se que a provável mudança para o PSG está a afectar a estabilidade emocional de Neymar pois a reacção que teve para com o internacional português não é normal. Não fosse Busquets e o brasileiro poderia ter cometido um erro gravíssimo..."

Da justiça desportiva

"O Conselho de Disciplina (CD) da FPF pode, finalmente analisar e decidir sobre o célebre caso do túnel, de forma mais concreta sobre o comportamento de Bruno de Carvalho e Carlos Pinho, presidentes de Sporting e Arouca respectivamente, protagonistas principais de imagens que envergonharam os amantes do futebol. Oito meses depois, a Comissão de Instrutores - seguidos, por certo, todos os trâmites regulamentares que ditam uma tão grande distância entre a data dos acontecimentos e a data em que será tomada uma decisão - enviou as suas conclusões sobre os arguidos para o CD, que decidirá agora as penas a aplicar.
Percebe-se, para já e independentemente dos castigos que dali surgirão, que quem deve julgar viu o que todos vimos e não tapou os olhos: alguma coisa de grave se passou no túnel de Alvalade, num episódio em que, por mais que tentem disfarçar, ninguém sai bem da fotografia. Bruno de Carvalho terá de responder, nos próximos dias, a uma acusação que, a comprovar-se, pode levar a uma suspensão mínima de quatro meses - o mesmo se aplica a Joel Pinho, dirigente dos arouquenses. Pior estará Carlos Pinho, que caso o CD entenda terem ficado provado todas as infracções disciplinares que lhe são apontadas pode ser castigado por vários anos. Claro que a real dimensão do caso apenas ficará determinada depois de conhecidas as decisões do CD presidido por José Manuel Meirim, mas fica desde já a ideia de que o futebol tem, de facto, pessoas que precisam, no mínimo, de aprender a respeitá-lo.
Aguardemos, pois. Na certeza que nos últimos tempos a justiça desportiva tem funcionado mais vezes do que falhado. Pode demorar, sim, mas funcionar."

Ricardo Quaresma, in A Bola

PS: A sério, a Justiça desportiva tem funcionado?!!! Só se for devido aos arquivamentos sucessivos aos processos onde o Babalu ou os Corruptos, são 'arguidos' e claramente culpados!!!

Vermelhão: As analises estão feitas... é preciso passar à prática !!!

Arsenal 5 - 2 Benfica

Júlio César; Buta, Luisão, Jardel (Lisandro, 46'), Eliseu (Grimaldo, 59'); Augusto, Pizzi (Dias, 71'), Salvio, Cervi (Rafa, 59'); Jonas (Chrien, 5'), Seferovic (Jiménez, 71')

Primeira equilibrada, com ambas as equipas a cometerem erros defensivos... o Benfica com alguns bem infantis... Segunda parte, com uma 'branca' de alguns minutos, e depois não houve força para 'amaciar' o resultado...

Para os catastrofistas recordo que o Benfica - ou qualquer outra equipa fora dos Big 5 - ser goleado pelo Arsenal nos dias de hoje, na pré-época, é infelizmente 'normal'! A diferença entre os clubes 'compradores' e os 'vendedores' é cada vez maior... Num cenário de um jogo oficial na Champions, o Benfica teria sempre que fazer 'adaptações' tácticas, tentando limitar os pontos fortes do adversário... algo que num jogo de pré-época não faz sentido! E jogando sem essas 'rectificações' contra uma equipa tipo Arsenal, tem tudo para correr mal... Na eliminatória com o Bayern por exemplo, foi exactamente isso que aconteceu, e até levámos a eliminatória quase até ao fim...

As notas positivas de hoje foi essencialmente os regressos: Pizzi, de longe o melhor... quando as pernas se 'foram' a equipa ressentiu-se, algo normal para quem fez o 1.º jogo a sério da época; Salvio, também o 1.º jogo, e também com uma exibição muito positiva.... Grimaldo e Jiménez também se estrearam...

Mas se até agora eu estava a pedir 3 contratações (GR, DD, Central), a partir de hoje peço 4 contratações: também precisamos de um Médio-defensivo! Mesmo se o Samaris ficar!!! O que eu duvido...!!!
- O Júlio César fez uma excelente exibição, e com muito trabalho... mas quantos Benfiquistas não se assustaram quando ele ficou agarrado à perna, logo nos primeiros minutos?!!!
- O Buta acabou por ficar mal na fotografia, principalmente no golo do Giroud... tem potencial para melhorar, mas não pode ser a nossa 1.ª opção... Cometeu vários erros de posicionamento que vão levar tempo a corrigir...
- O Central, defendo a venda do Lisandro e a compra de um jogador que dê garantias que pode substituir o Luisão e o Jardel ao mesmo nível! Até acredito que o Rúben ou o Kalaica tenham potencial para isso... mas não podemos entrar numa época tão importante, a 'rezar' para o Luisão não ter nenhum problema físico...
- A questão do Médio-defensivo, deve-se a uma característica especial do Fejsa: a agressividade nos duelos...! É praticamente o único jogador do plantel que tem a capacidade de ganhar duelos físicos na recuperação de bola... nem Samaris nem o Augusto tem essa capacidade! E a jogar em 442 com Alas ofensivos, com o Pizzi a '8', temos que ter opções sólidas para '6'! Já o defendi anteriormente, o Filipe Augusto, para entrar nos últimos 15 minutos, para segurar um resultado, até pode ser útil, mas para ser titular do Benfica é 'curto'!!!! O Samaris tem sido a solução de recurso, mas precisamos de mais...
E 'acreditando' nos rumores da silly season, o médio do Estudiantes, Santiago Ascacibar caia que nem ginjas nesta equipa!!! Se não for este, que seja alguém com as mesmas características!!! A opção por colocar o Rúben Dias no meio-campo hoje, é sinal claro que precisamos de músculo naquele sector...

Eu sei que muito provavelmente não vamos encontrar em toda a época uma equipa com qualidade de passe e velocidade do Arsenal, mas é exactamente neste testes de grau de dificuldade mais elevado, que temos de saber tirar as ilações para o futuro próximo...

Amanhã temos novo jogo complicado. Vamos provavelmente ver uma equipa bastante diferente: Varela, Pereira, Samaris, Zivkovic, Rafa, Willock, Mitro... Jiménez e Grimaldo vão voltar a ter minutos... Júlio, Luisão, Buta, Augusto, Salvio e Seferovic muito provavelmente não vão ser opção...

sábado, 29 de julho de 2017

Carências na defesa

"O torneio londrino este fim de semana servirá como um teste mais exigente e qualificado. Arsenal e Leipzig serão uma boa prova dos nove.

Finalmente, temos todo o plantel disponível. Esta pré-época prestações torna mais difícil uma preparação com qualidade e certezas. No entanto, não precisamos de ser gurus da bola para perceber que há muita qualidade e soluções do meio-campo para a frente, e algumas carências no sector mais recuado. No Benfica, constatar isto é de La Palice: saíram Ederson, Nélson Semedo e Lindelof que foram substituídos pelos seus suplentes, e pelos suplentes dos seus suplentes. Veremos as evoluções, as adaptações e as contratações que o futuro nos reserva. O torneio londrino este fim de semana irá servir como um teste mais exigente e qualificado. Arsenal e Leipzig são uma boa prova dos nove.
Quer o FC Porto, quer Sporting pontuam qualidade nos jogos de pré-época. O FC Porto, com uma agressividade e qualidade de jogo de que sou fã, mostra já aquilo que teremos durante a época. Mesmo que o risco de acabar com menos de 11 jogadores seja grande eu gosto desta abordagem competitiva. Sérgio Conceição soma também um discurso inteligente, moderado, quase modesto nos objectivos anunciados. Vai ser mais perigoso se optasse pelo habitual discurso charlatão. Este discurso pode não ajudar a vender tantas camisolas, mas ajuda a ganhar muito mais pontos.
Vejo um FC Porto inteligente.
Em Veneza, onde escrevo esta crónica, as perguntas dos adeptos do Milan são todas sobre as qualidades de André Silva. Eu elogio a compra dos italianos, mesmo quando se elogiam os méritos da venda dos portugueses. Impressionante o impacto que têm as declarações de Cristiano Ronaldo sobre o colega da Selecção. O entusiasmo dos tifosi é tão grande que se prevê uma inteligência elevada.
No Sporting, cheio de alterações face à última época, com jogadores de valia e preço elevados a chegar em catapuda, a qualidade individual está lá toda, agora terá que ser a inegável competência de Jesus para fazer as omeletas. Há inegáveis condições para termos um Sporting verdadeiramente candidato.
Já escrevi e repito, só vendo todo o potencial dos rivais, e constatando todas as nossas debilidades, estaremos preparados para poder vencer. Ora na época que começa, queremos muito vencer. Dia 5 de Agosto queremos começar pela Supertaça. O estágio do Benfica em terras de sua majestade prepara com ambição novas conquistas, esperemos que muitas conquistas."

Sílvio Cervan, in A Bola

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Heptacampeões!

"Nélson Évora, Marcos Fortes, Hélio Gomes, Rasul Dabo, Tiago Aperta, Marcos Caldeira, Jorge Paula, Rui Pedro Silva, Bruno Albuquerque e dez pontos de atraso no Nacional de atletismo. Parabéns Sporting por mais um vice-campeonato e pela alegria de nos ter 'roubado' uns quantos atletas. Somos heptacampeões! Tem sido absolutamente brilhante o trabalho desenvolvido pela nossa secção de atletismo, impulsionado pelo projecto olímpico, também ele muito bem conduzido. O Benfica não é, actualmente, um mero campeão ocasional na modalidade, sendo antes hegemónico, assim o atestam os sete títulos consecutivos e o repetido sucesso, ano após ano, nos diversos escalões. 
Como bem disse Cosme Damião, em 1914, após a saída de Artur José Pereira para o Sporting, 'no imediato o dinheiro vence a dedicação. No futuro, a dedicação goleia o dinheiro'. Este axioma do benfiquismo e tantos outros da autoria do 'pai do benfiquismo' são a garantia, se devidamente interpretados e aplicados consoante a conjuntura, de estarmos mais perto do sucesso. Em pleno século XXI, talvez seja necessária uma fase mais longa: O Sporting, não se sabe como, estoira dinheiro. Nós temos dedicação, competência, estratégia e racionalidade no investimento, que é feito em meios humanos e materiais e em metodologias. No imediato, o dinheiro permite fazer umas flores, apresentar uns atletas no relvado. No futuro, todos os factores críticos de sucesso goleiam o dinheiro. Até porque nós também o temos, mas preferimos investi-lo criteriosamente ao invés de apostarmos todas as fichas nuns aplausos efémeros antes de uma partida de futebol."

João Tomaz, in O Benfica

Funcionário do mês

"Há alguns anos, trabalhei com um tipo que tinha tudo para ganhar o prémio de Pior Colega do Mundo. Não era benfiquista, é só o que vos posso dizer. Este artista chegava sempre uma ou duas horas depois de todos os outros, arranjava quase sempre uma desculpa para sair mais cedo - ir buscar os filhos, uma doença repentina, urgência familiar ou cobrir um evento cuja notícia acabaria por nunca sair na revista onde trabalhávamos - e ganhava o dobro do resto do pessoal. Em dias de fecho de edição conseguia sempre escapulir-se e os seus textos chegavam constantemente atrasados. Era o tipo de pessoa que dava pena. Sempre a queixar-se do mundo, um pequeno Calimero. O seu último 'golo' profissional já tinha sido marcado há uns anos e ele continuava agarrado a esses tempos. Pensava ter uma forma física - e profissional - que já ninguém lhe reconhecia, mas lá está... o pior cego é sempre aquele que não quer ver. E o resto da equipa sempre a aparar-lhe os golpes.
Um dia disse-lhe: 'Olha lá, se não estás bem, faz-te à vida. Vai mostrar o teu valor para outro lado'. Ele não foi. Manteve-se sempre à espera do despedimento, da indemnização e fazer castelos no ar de como era a última bolacha do pacote, desvalorizando quem trabalhava muito mais e melhor e ganhava sempre menos no fim dos mês. Até hoje sinto vergonha alheia dessa pessoa.
Lembrei-me desta personagem esta semana, quando li que Taarabt tem vontade de voltar ao plantel do SL Benfica."

Ricardo Santos, in O Benfica

À Benfica

"O fim-de-semana passado trouxe-nos bastantes alegrias e mostrou, a quem queira ver, qual é a maior potência desportiva nacional.
No open de Minsk, em Judo, o Benfica esteve muitíssimo bem representado: ouro para Telma Monteiro em -57kg e bronze para João Martinho em -81kg. Tratou-se do regresso aos combates da melhor judoca portuguesa de todos os tempos – que não competia desde os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, de onde, como todos se recordam, veio com uma medalha de bronze ao pescoço. Foi pois um regresso em grande estilo, arrasando todas as suas adversárias.
O Triatlo fez história, e sagrou-se Campeão Europeu de equipas mistas, mesmo não podendo contar com João Silva (lesionado). Trata-se do primeiro título internacional colectivo conquistado por um clube luso na modalidade, o que já de si é digno de nota. Com este triunfo, o Benfica igualou também o Barcelona em número de conquistas europeias máximas em diferentes desportos (recordemos os títulos europeus de Futebol, Futsal, Hóquei masculino, feminino e Atletismo-Estrada). Nenhum outro emblema português se aproxima, sequer, destes registos.
Cá no burgo, revalidámos o título nacional de Atletismo em Leiria (o sétimo consecutivo!), derrotando aqueles que, no início da temporada, nos haviam tirado vários atletas, aliciando-os com ordenados milionários. Pelos vistos, os que ficaram são melhores do que aqueles que saíram. Não precisámos deles para voltar a ser campeões. Ou seja, talvez estivessem cá a mais.
Enquanto isto, o Futebol segue os seus trabalhos de pré-época, para que na Supertaça a máquina esteja devidamente oleada."

Luís Fialho, in O Benfica

Mais de 200 mil

"Agora que ultrapassámos a barreira dos 200 mil Sócios, resta-nos um novo objectivo - alcançar os 300 mil. O Sport Lisboa e Benfica é assim mesmo. Nunca nos podemos dar por satisfeitos com os objectivos traçados e alcançados. Fizemos o processo da renumeração, que os nossos estatutos impõem, e porque gostamos de trabalhar e viver com números verdadeiros, partimos dos 155 999 Sócios, em 28 de Julho de 2016. Em menos de um ano temos mais de 45 mil novos Sócios, tendo ultrapassado a barreira dos 200 mil. Nos últimos quarto meses, não contando com Julho, entraram 8 595 novos Sócios. E podemos orgulhar-nos de termos associados em todos os cantos do Mundo.
Os dois jogos em Berna, na Suíça, na Uhren Cup, provaram a força dos nossos adeptos. A Suiça é o segundo país para onde os portugueses mais emigram, logo a seguir a França. E para quem não sabe, fora de Portugal a Suíça é o país onde o SL Benfica tem mais Sócios - 3 331. Recentemente, tive o privilégio de conhecer os dirigentes e os sócios da nossa Casa em Zurique. De todos recebi lições e manifestações de benfiquismo. Desde o presidente António José Figueiredo, passando pelo incansável João Pais, um tondelense que vale a pena conhecer, e acabando no Armindo Matos, entre outros que formam os '13 magníficos' dirigentes que gerem uma das nossas embaixadas suíças, todos eles vibram, sofrem e respiram benfiquismo. Todos me explicaram como conseguem gerir a nossa Casa. Todos sonham com o projecto da Nova Imagem das Casas do Benfica. Não tenho dúvidas que o nosso Departamento de Casas, Filiais e Delegações a todos irá contentar."

Pedro Guerra, in O Benfica

Homens com calças doutros

"Todos os defesos, impretrívelmente, os não-grandes recebem por empréstimo dos maiores clubes jogadores por empréstimo. Normalmente, jogadores saídos das equipas B com poucas possibilidades de integrar os plantéis da casa-mãe e que têm oportunidade de jogar com regularidade, acelerar o crescimento e confirmar ou não credenciais. Sempre assim foi, sempre assim será e na última temporada até foi introduzida a norma de não serem permitidos mais de três por cada equipa. Até aqui, tudo mais ou menos bem.
No entanto, para ludibriar a norma, nos últimos tempos há quem compre o passe de jogadores, o trespasse rapidamente para outro clube com manobras contabilísticas nas quais os direitos económicos ficam em determinado clube, mas existem cláusulas de recompra que não implicam pagamentos em dinheiro vivo. Muitos desses jogadores nem por uma vez envergam a camisola do grande pelo qual assinaram. Estranho? Sim. Complicado? Sem dúvida. Se compromete a integridade das competições? Claramente. Se a Liga já fez alguma coisa para precaver esta situação? Zero, mas também é regulada pelos clubes, pelo que não se pode esperar grande coisa...
Esta manobra, pelo menos a curto prazo, por vezes permite a equipas de menor dimensão segurar-se entre o escalão maior do futebol nacional. Pode chegar para uma época, talvez duas, no máximo três. Mas num domingo qualquer a casa vem mesmo abaixo e quando já não houver margem por um qualquer motivo para receber estes jogadores, se calhar, sobrará muito pouco. Talvez quase nada. «Com as calças do meu pai também eu sou um homem», diz um ditado. Por isso, talvez seja bom por vezes não aceitar vestir as calças dos outros, pois quando estas definitivamente se rompem, fica-se nu. E o armário está vazio..."

Hugo Forte, in A Bola

quinta-feira, 27 de julho de 2017

A bolha

"Quando cada vez mais investidores compram títulos de dívida pública a juros negativos de um estado soberano com rating negativo como, por exemplo, Portugal (preferem pagar para terem o dinheiro seguro) ninguém pode ficar surpreendido com os valores que, de ano para ano, são alocados à compra de passes de futebolistas. Quando se pensa que foram batidos todos os recordes, eis que surge mais uma contratação que nos deixa de queixo caído. Ou talvez já não.
Por muito boas intenções que tenha o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, em querer um tecto salarial ou mesmo limitar valores de transferências, está e estará de mãos e pés atados. Primeiro, porque a UEFA é cada vez mais refém dos interesses da ECA (Associação de Clubes Europeus, sigla em inglês) que, a mando de alemães, espanhóis, italianos e franceses conseguiram impor as suas regras para fazer da Liga dos Campeões uma prova cada vez mais vocacionada para os clubes ricos; segundo, porque muitos desses clubes tornaram-se propriedade de pessoas ou entidades que representam fundos que, entre outros investimentos, compram dívida soberanas. Compram países, portanto. Falamos da tal pequena percentagem que manda no mundo. Um mundo agora mais globalizado. O futebol é, pois, apenas mais um veículo para movimentar dinheiro e os ricos conseguirão sempre contornar o fair play financeiro. basta aumentar as receitas num falso contrato de publicidade para equilibrar as contas e não apresentar prejuízo.
Não vale a pena aos presidentes de clubes portugueses vangloriarem-se com grandes vendas que tenham feito. Este é um tempo de vacas gordas. Como disse José Mourinho, paga-se cada vez mais quantias elevadas por jogadores banais. Entre os €14 milhões que custou Ronaldo ao Man. United e os €180 milhões que poderão ser pagos por Mbappé ter-se-ão passado 14 anos. E não, o mundo não está 13 vezes mais rico. A bolha é que é cada vez maior."

Fernando Urbano, in A Bola

O ano de todos os empréstimos

"A disparidade vigente na Liga portuguesa potencia muito o fenómeno dos empréstimos, acentuando o fosso entre uns e os outros. Embora a limitação do número de emprestados e a impossibilidade de defrontarem a casa-mãe constituam medidas correctas (mesmo assim, dois em vez de três cedidos como máximo seria mais adequado...), verifica-se-á, quando chegar a altura, no início de Setembro, de fazer contas finais, uma distorção significativa, com consequências na integridade da competição. Valerá então a pena explicar aos adeptos quem está inibido de defrontar quem, quantos jogadores estão, especialmente nos três grandes, sob empréstimo noutros emblemas e qual o verdadeiro número de futebolistas profissionais sob contrato de cada clube...

PS1 - Não correu bem o dia de ontem ao Sporting. E a derrota frente ao Vitória de Guimarães terá sido até o menor dos males, porque os jogos de preparação não passam disso mesmo, mesmo aqueles que não correm bem. Porém, os sinais vindos da Champions não foram os mais animadores e cresce a possibilidade dos leões não serem cabeças de série no play-off, factor que aumenta bastante o risco numa eliminatória com especial relevância para a época sportinguista.

PS2 - Vítor Pereira foi nomeado presidente dos árbitros na Grécia. Mais um caso em que santos à porta não fazem milagres. Especialmente quando se procura andar de espinha direita e sem preocupação de fazer amigos. Por cá, serviu, na derradeira fase, de bode expiatório para insucessos alheios. Ficam os gregos a ganhar porque acabaram de garantir o concurso de alguém que nunca foi um yes man."

José Manuel Delgado, in A Bola

Neymar

"Tudo leva a crer que Neymar está a caminho do PSG. Neymar quer ser o 10 e não estar na sombra de ninguém. Messi é a sua sombra e de todos que passaram por Barcelona. Alexis Sánchez foi vítima do seu protagonismo, como em tempos idos, Ibrahimovic e tantos outros.
Se jogar no PSG é a estrela principal de um orquestra de grandes jogadores que o ano passado fizeram ver que poderiam ser campeões europeus.
Sendo vedeta principal mais fácil será ganhar a Bola de Ouro. Neymar, em 2015, foi Bola de Bronze atrás de Ronaldo e Messi. No PSG passará a ser o jogador mais bem pago do Mundo - 30 milhões de euros por época, batendo o record da transferência mais cara do Mundo 222 milhões de euros (valor da cláusula de rescisão). Actualmente recebe 15 milhões de euros , no PSG irá ganhar o dobro. O dinheiro compra quase tudo, Neymar pode ir para o PSG sem que os dirigentes do clube francês tenham que negociar com os dirigentes do clube espanhol.
O dinheiro, a fama, o estrelato são ingredientes que Neymar e o seu pai não descuram. Neymar tem 25 anos e está na altura de dar o salto e da sua afirmação em toda a plenitude. Ainda tem uma grande base de progressão.
Neymar no PSG, a sua adaptação será fácil, pois vai encontrar amigos brasileiros e da selecção: Maxell, Thiago Silva, Lucas Moura, Marquinhos e Dani Alves.
No PSG, Neymar pode jogar solto e com mais liberdade de movimentos, como o faz na selecção do Brasil. Em Barcelona tem que jogar essencialmente pela esquerda, Suárez pelo centro e Messi por onde entende. Passa a marcar os livres, em que não fica nada atrás de Messi. Diria que a vinda de Neymar para o PSG será a sua libertação e a sua afirmação total.
O pai de Neymar que é também seu agente tem um papel crucial na sua transferência para o PSG. A sua influência no filho é determinante.
Neymar impõe algumas condições: exigiu à direcção do PSG alguns colegas brasileiros para jogarem ao seu lado; pediu Coutinho e Alex Sánchez expressamente; quer estar seguro que pagam a cláusula de rescisão e garantias do cumprimento do fair-play financeiro, de modo, a não haver sanções desportivas com exclusão de todas as competições europeias a partir da temporada 2018-2019. 
Neymar tudo leva a crer está de malas aviadas para Paris.

Nota: Ibrahimovic no seu melhor! O Manchester United impõe condições para renovar em Janeiro tendo em conta a recuperação do seu joelho. Ibrahimovic não está pelos ajustes, também, impõe condições para ficar: depende da campanha do Manchester na Liga dos Campeões e na Premier League. Uma figura dentro e fora do campo."

Os 'tours' (o cá da bola e o de França sobre rodas)


"Não me desagradam estas previsões pessimistas quanto ao Benfica. Temo-nos dado bem com estas 'bolas de cristal'.


O intróito
Eu, benfiquista, me envaideço. Um fim-de-semana em cheio no atletismo, judo e, sobretudo, no triatlo, onde a equipa encarnada se sagrou campeão europeia. Assim, fica bem claro qual é o clube, em Portugal (e na Europa?), com o máximo título europeu em mais desportos colectivos, a saber: futebol, hóquei em patins, atletismo (estrada), futsal e, agora, triatlo. Cinco modalidades de um clube que faz do ecletismo um dos seus baluartes institucionais e iconográficos. Sou benfiquista e isso me envaidece!

Os três 'grandes'
1. Confesso que só vejo os jogos de preparação do Benfica. Não vejo os jogos do Sporting e do Porto, não necessariamente por alergia ou indiferença. É que estes jogos de aquecimento, sejam do Benfica, ou de outros clubes, são, em regra, partidas enfadonhas, com segundas partes reduzidas a substituições por atacado e sem o sal e pimenta fundamental no futebol que é a importância do jogo ou da competição. Parafraseando o que, na semana passada, Rogério Alves, escreveu em A Bola, também prefiro uma qualquer supertaça da Eslováquia ou Letónia, onde está em causa um troféu, a jogos de preparação, amigáveis ou particulares (estas três qualificações nem sempre são coincidentes, sobretudo o carácter amigável...).
Ainda o defeso é uma criança, mas começam a ficar minimamente visíveis os pontos fortes e fracos dos três tradicionais e sempiternos favoritos ao título de campeão.
O Benfica está a contar dinheiro que jorra na sua tesouraria, ainda que de passagem para os bancos credores, e, de 'repente' (entre aspas, porque é o que parece, não necessariamente o que é) lembrou-se que sem Ederson, Lindelof e Nélson Semedo, o sector defensivo ficaria debilitado. Repito o que aqui escrevi a semana passada. Não consigo entender a saída de Ederson com um encaixe excelente para a... conta-corrente da Gestifute. Que mal seria mais um aninho no Benfica? O rapaz é novo, tinha muito tempo para voar para outros impérios de novos-ricos, e, seguramente daqui a um ano, haveria a mesma possibilidade de concretizar um excelente negócio. A estória dos guarda-redes do Benfica afigura-se complexa. Há um velho, Júlio César, notável, naturalmente, na fase descendente. Há, um novo, o promissor B. Varela, que todavia, não dá ainda garantias para ser titular. Falta o de meia-idade, ainda misterioso entre alguns nomes que têm vindo à estampa, sabendo-se que a pressa não é boa conselheira. Devo dizer, todavia, que aplaudo a não concretização da transferência de André Moreira do Atlético de Madrid, pois o moço, até agora, ainda nem sequer vestiu o equipamento para fazer uma partidinha...
Seferovic não engana. É mesmo um excelente atacante, o que permitirá a transferência de Jiménez ou Mitroglou. Na defesa, à direita, há o sempre generoso André Almeida, nem como Buta e Pedro Pereira. Todos longe, porém, do virtuosismo de Nélson. E que tal pensar em Salvio para este posto?
Última nota: a época ainda não começou, mas já 5 jogadores têm estado no estaleiro, tal como o ano passado. Coincidência? Azar? E a nova equipa médica? Será precisa alguma bruxa ortopédico-muscular?

2. O Sporting parece-me mais forte do que antes, ainda que só saibamos quem entrou e não quem vai sair e muita haja por saber as mais de 10 (!) aquisições já feitas. Mais forte, sobretudo no plantel total, que não necessariamente no onze inicial. Doumbia poderá ser um excelente reforço (mas Podence é mais virtuoso) e Bas Dost dá garantias. Já na defesa, acho que poderá ficar menos bem. O pré-reformado Mathieu e o leão Coentrão têm um percurso de excelência, é certo, mas resta a incógnita de um época de mais de 50 jogos. A propósito de Fábio Coentrão, registo para memória futura as suas tão prestimosas declarações sobre a vinculação eterna ao Benfica e o seu amor vitalício ao Sporting (Oh, Fábio, não havia necessidade...). Jorge Jesus continua com os traumas dos laterais. Já assim era no Benfica, sobretudo à esquerda. Agora, no SCP, insiste no problema à direita, com importação de refugo externo.
Mais do que futebol, o que agora e após o fim da suspensão do presidente leonino anima a malta é o pedagógico e prestimoso bate-papo com Octávio Machado, entretanto terceira escolha para director do futebol. Reparará Bruno de Carvalho que essa inconfidência é mais danosa para ele e seu clube do que para Octávio?

3. O Porto, em regime de austeridade imposta, pode surpreender. Se mantiver alguns dos jogadores-chave, e tendo-se reforçado com alguns regressos de valor, como Aboubakar (na minha opinião melhor que André Silva) e Ricardo Pereira, antevejo uma equipa sólida e estável a começar no sector defensivo. Já considerando todo o plantel, essencial para uma época longa em várias competições, poderá haver alguma debilidade, podendo vir a ser o calcanhar de Aquiles dos dragões. E, não questionando a determinação e competência de Sérgio Conceição, há algum risco de descarrilamento do comboio, dependendo do início de época e do maior ou menor controle de um temperamento impulsivo e errático do técnico.

4. Quem é o favorito dos favoritos? Pelo que já tenho lido e ouvido de especialistas da praça, o Benfica não o será... O costume, aliás, nestes últimos anos, em particular desde que Rui Vitória treina o clube. Pelo contrário, as expectativas quanto ao Sporting são sempre exponenciadas, tendo presente a secção de compras e as maravilhas que dela advêm. Não me desagradam estas previsões pessimistas quanto ao Benfica. Temo-nos dado bem com estas bolas de cristal. O tetra é disso a prova, e o netra dos outros também.

O Tour de França
Acabou a 104.ª edição da Volta a França em ciclismo. Acompanhei como sempre com prazer La Grande Boucle, através de notáveis transmissões televisivas, que nos ofereceram com uma beleza quase inexcedível, não apenas o colorido e longo pelotão, como também o pavé, a paisagem envolvente, as terras por onde passa, o património cultural e os ex-libris dos percursos.
Há sinais de que foram superadas, ainda que não esquecidas, as sequelas das batotas e do doping endémico. A prevenção e o maior investimento no jogo do rato e do gato contra a dopagem dão um certo ar de alívio nesta nova fase do Tour.
Venceu e bem pela quarta vez (terceira consecutiva) o britânico-queniano Chris Froome, repetidamente assobiado pelos gauleses. Assistimos ao crepúsculo de Alberto Contador, também um notável campeão. E novos valores emergem como Landa, Aru e Herbert. Pena que, no contra-relógio decisivo, a televisão francesa tenha sido tão chauvinista que secundarizou o camisola amarela para se centrar no francês, então segundo classificado. Percebo a ânsia de ver um gaulês ganhar o Tour, o que já não acontece há 32 anos (B. Hinault, 1985), mas não havia necessidade...

Contraluz
- Mão (de qualquer eliminatória)
Mas, afinal, a mão não é falta no futebol? Já os ingleses dizem mais acertadamente leg (perna).
- Equipamento.
O principal do Benfica 17/18 foi considerado pelo jornal britânico The Telegraph o 2.º mais bonito do mundo, a seguir a um Bayern. Esqueçamos o alternativo.
- Interrogação
No futebol feminino, a linguagem de género não chega a certas posições no campo? Por exemplo, Média em vez de Médio e Extrema no lugar de Extremo? Já para não falar na Atacanta!
- Pensamento
«Em futebol, o pior cego é que só vê a bola»
(Nelson Rodrigues, 1921-80, dramaturgo brasileiro)."

Bagão Félix, in A Bola

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Carta aberta ao Benfica

"Caro Benfica, deixa-me começar por te dizer que o sucesso, normalmente, não é eterno como o bigode de Salvador Dalí. É evidente que tens o conforto de quatro anos seguidos a ganhar, mas parece-me que este ano estás a facilitar um pouco perante os teus rivais. Nunca te esqueças que nos dois últimos campeonatos, para me reportar apenas à era Rui Vitória, foste campeão à tangente, o que significa que os teus rivais podem estar à distância de pormenores. Eu sei que no ataque está tudo bem, tens Seferovic para o lugar de Mitrolgou ou Jiménez, se um deles partir, e extremos é coisa que não te falta (mesmo que um deles seja Carrillo...), mas o mesmo não se pode dizer da baliza, da defesa e do meio-campo.
Tens apenas um guarda-redes que dá garantias mas tem 37 anos e tendência para lesões; tens outro problema no lado direito, já que Pedro Pereira parece estar a acusar a responsabilidade, apesar de André Almeida poder tapar o buraco e teres ainda o miúdo Buta; tens um grande ponto de interrogação no eixo defensivo porque Luisão tem 36 anos, Jardel vem de um ano praticamente parado, Lisandro é irregular e Kalaica e Rúben Dias são aprendizes (Linfelod também era, eu sei). E já agora, se venderes Samaris, já por si a anos-luz de Fejsa (as lesões são recorrentes...), ficas sem alternativa para a posição 6 (Filipe Augusto não é 6 nem 8...). Resta saber se, para Pizzi ter descanso, algum dos três terá pedalada: Chrien (boas indicações), Krovinovic ou João Carvalho.
Podes dizer-me que ainda há tempo, é verdade, mas as pré-épocas servem precisamente para preparar e afinar as equipas para o competição. Deixar as coisas para o fim e fazer pré-épocas em competição pode custar-te caro um dia.
O tempo, às vezes, não é mais do que um relógio derretido, daqueles do quadro de Salvador Dalí."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Barcelona-92 e nós tão longe

"Em Espanha celebram-se, por estes dias, os 25 anos dos Jogos Olímpicos de Barcelona. E têm nuestros hermanos boas razões para recordarem não só o evento desportivo que teve lugar em 1992, mas sobretudo as consequências altamente benéficas que tal organização teve no desporto espanhol e não só. Barcelona deu um salto quântico com os Jogos, abriram-se vias, melhorou a mobilidade e surgiram novos bairros, preparando a Cidade Condal para enfrentar as décadas seguintes (Lisboa fez o mesmo com a Expo-98 de boa memória). Mas para o desporto espanhol a ideia de sediar os Jogos esteve muito para além das três semanas de eventos ou dos benefícios para a capital da Catalunha. 
Tendo os Jogos Olímpicos de 1992 por meta, a Espanha criou um plano de desenvolvimento desportivo em todas as modalidades que hoje, um quarto de século volvido, continua a dar frutos, fazendo com que nos sintamos, neste particular, tão perto e cada vez mais longe. Tenho vontade de confessar que sinto inveja do desporto espanhol; mas, para ser preciso, mais do que inveja sinto admiração pelo que fizeram e pela convicção que colocaram na causa.
Em Portugal, quase nada se fez por uma política desportiva séria, vista como um investimento e não como uma despesa. Em 43 anos de democracia não houve um governo, que há um partido que possa dizer que fez uma tentativa honesta na criação de um modelo desportivo global, que apostasse na escola e criasse condições de massificação de onde surgissem, com naturalidade, as elites. De quatro em quatro anos, não é por acaso que passamos quase incógnitos pelos Jogos. É por falta de visão política."

José Manuel Delgado, in A Bola