sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O desafio de Luís Filipe Vieira

"Luís Filipe Vieira foi ontem eleito para fazer o 5.º mandato como presidente do Benfica. Aos 13 anos de liderança do clube (máximo histórico na Luz) somará, pelo menos, mais quatro. A pergunta que faz sentido, neste momento, é esta: até que ponto os 13 anos de Vieira à frente do Benfica alteraram o quadro de forças no futebol português?
Analisando os números apenas pelo último mandato, dir-se-á que a força do Benfica aumentou de tal forma, que permitiu à equipa ganhar a hegemonia interna, situação que fica claramente demonstrada pela conquista do tricampeonato. Contudo, se colocarmos as coisas numa perspectiva global (o total dos 13 anos), verificamos que houve um crescimento brutal do Benfica em relação a si mesmo, mas a concorrência (em especial o FC Porto) não sofreu assim tantos danos como à primeira vista poderia parecer.
Antes de mais, para se fazer justiça ao trabalho de Luís Filipe Vieira no futebol do Benfica é preciso olhar para um antes e um depois, mesmo sabendo que nesse antes não existia a Taça da Liga. Nos 13 anos anteriores à sua chegada, a equipa ganhara apenas quatro troféus (dois campeonatos e duas Taças de Portugal). Foi o pior momento da história encarnada. Com ele, em igual período de 13 anos, há um acumulado de 17 troféus (quatro vezes mais), entre os quais cinco campeonatos (e cinco Taças da Liga).
Curioso é que quando comparamos os dois períodos do Benfica (os 13 anos de Vieira) com aquilo que FC Porto e Sporting conseguiram, verificamos que os danos foram quase inexistentes para os dragões. Repare-se: antes de Vieira chegar ao Benfica, o FC Porto conquistou 23 troféus (oito campeonatos) e o Sporting ganhou sete (dois campeonato). Nos 13 anos de Vieira à frente das águias, o FC Porto ficou com 22 troféus (as mesmas oito Ligas) e o Sporting com seis (nenhuma Liga). O Benfica de Luís Filipe Vieira, numa primeira fase, conseguiu substituir-se aos leões (campeões em 2000 e 2002) como principal desafiador à hegemonia portista; num segundo momento reclamou e conseguiu para si essa mesma hegemonia. O grande desafio para o 5.º mandato, que já começou, é o de garantir o tetra e manter o domínio na competição face ao crescimento do Sporting."

Temos mérito!

"Enquanto benfiquistas, almejamos incessantemente o sucesso desportivo, ao ponto de, por vezes, quando este não é atingido, sermos injustos com os nossos profissionais. Exigir vitórias faz parte da quintessência benfiquista, embora, em boa verdade,a superior qualidade e inexcedível entrega são suficientes para que nos possamos sentir representados por quem tem o privilégio de envergar a camisola do glorioso. Os títulos e troféus são as consequências naturais destes predicados, embora, por si só, não os garantam. Defendo que, mais do que avaliarmos os nossos treinadores e jogadores pelos títulos e troféus, devemos tentar perceber se são competentes, dedicados e identificados com os valores do clube. Por outras palavras, reconhecer que nem sempre a derrota se deve a culpa própria, mas ao mérito dos adversários. Não procuro desculpabilizar os insucessos, mas antes valorizar os feitos desportivos. E não são poucos!
Em dez (!) supertaças disputadas esta temporada, vencemos sete. Perdemos bem em basquetebol, hóquei em patins e ténis de mesa. No entanto ganhámos ainda melhor nas restantes, tendo o voleibol e o hóquei em patins (feminino) ocorrido no passado fim-de-semana. É o ecletismo na sua expressão máxima, pujante como só no Benfica poderia ser. Mérito, bastante mérito, raramente reconhecido pelos nossos rivais. Então no futebol... Somos tricampeões nacionais e acabámos de estabelecer um novo recorde:16 vitórias consecutivas fora no campeonato. Reconhecimento adversário do nosso mérito? Desconheço... E ainda bem ! É combustível para a nossa ambição...

P.S. Ao Nélson Évora: «No imediato o dinheiro vence a dedicação. No futuro, a dedicação goleia o dinheiro», Cosme Damião."

João Tomaz, in O Benfica

Consciência tranquila

"Um director de Recursos Humanos que acaba de despedir funcionários. Uma dona de casa que vai às compras e estaciona o carro no lugar reservado a pessoas com deficiência. Um atleta que se tornou um símbolo de um clube e, por dinheiro e protagonismo, muda para a equipa rival. Todos eles, à noite, se deitam com a consciência tranquila. O director porque estava a cumprir ordens, a dona de casa porque não ia demorar muito, o atleta porque a conta bancária e a vaidade valem mais do que a paixão clubística.
Podem ser criticados por isso?
Podem, claro. Mas é o mundo em que vivemos. Se eu ou um outro qualquer adepto do SL Benfica vemos um acto de traição, estamos nesse direito. Foram muitos anos de camisola vermelha, muitos anos de apoio incondicional, muitos anos a aceitar comportamentos criticáveis e a acreditar na recuperação do homem e do atleta.
O atleta não há dúvidas que está recuperado, resta saber até quando e se será possível manter a eficácia competitiva sem uma verdadeira equipa e treinador-formador de homens a apoiá-lo. Do homem, esse é um problema do próprio. No início da carreira, já o saltador em comprimento e triplo tinha trocado o SL Benfica pelo FC Porto. Agora foi a vez de dar um salto atrás e ir para Alvalade.
Movido por um contrato chorudo e pela visibilidade mediática que sempre apreciou, Nelson Évora vai agora fazer o caminho dourado para a reforma. Até aos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio, muito se vai passar.
Esperto como é, não tenho dúvidas de que o atleta já tenha do seu lado os valores referentes à contratação e aos ordenados dos próximos quatro anos. É que pelo andar da carruagem e pelo carácter dos dirigentes, se não os tiver, bem poderá ficar a arder. Ou terá de saltar para outras paragens. De preferência longe daqui."

Ricardo Santos, in O Benfica

Salto para o esquecimento

"Num fim-de-semana de tantas vitórias, de grandes exibições, de supertaça aqui e supertaça ali, confesso que a transferência de Nélson Évora não me abalou minimamente. Se o objectivo era darem-nos uma alfinetada, pela minha parte não senti a mais leve picadela.
Estamos a falar de um atleta com passado, mas sem futuro. Os seus anos de glória foram…2007 e 2008. Desde então, esteve quase tanto tempo lesionado como a competir, deixando repetidas evidências de que não voltará a ganhar nada de relevo, a não ser, ao que parece, bastante dinheiro.
A crua verdade é que não faz falta nenhuma ao Benfica. Ao invés, talvez o carinho e o afecto que os benfiquistas lhe devotaram ao longo destes anos, e que ele acaba de deitar para o lixo - ou vender, para ser mais exacto -, lhe pudessem um dia vir a dar jeito. Então, será tarde. Problema dele.
O que me intriga neste tipo de transferências é justamente a falta de visão dos protagonistas acerca da dimensão histórica e simbólica que detêm junto de milhões de pessoas, e a facilidade com que dela prescindem a troco de mais uns patacos. De como se auto-excluem de museus, de livros, da eternidade, mas, sobretudo, do coração dos adeptos, por causa de desentendimentos circunstanciais. Mas a minha incompreensão é igual à minha indiferença.
António Leitão continuará a ser um símbolo do atletismo encarnado, como Carlos Lopes sempre será um símbolo do Sporting. Quanto a Nélson Évora, mais medalha menos medalha, talvez fique na história também como um símbolo da miséria mercenária em que o desporto de alta competição se transformou nas últimas décadas."

Luís Fialho, in O Benfica

Benfiquismo (CCLXIV)

Foi por aqui, que tudo começou...

Campo da Feiteira

Luís Filipe Vieira até 2020

"Tenho muito orgulho em continuar a ser presidente do Sport Lisboa e Benfica.
É uma honra e uma responsabilidade que assumo com um enorme desejo de servir.
Quero começar por saudar o exemplo que os Sócios do Benfica deram hoje.
Com uma única lista a votos, poderia haver a tentação de ficarem em casa, de entender que não valia a pena participar, de entender que, fosse qual fosse o nível de participação, o resultado seria igual. Não seria!
Felizmente, não foi isso que aconteceu. Deram um exemplo extraordinário do que deve ser a participação dos Sócios na vida do Clube.
Os números de afluência às mesas de voto, hoje, são o melhor sinal da vitalidade e da responsabilidade com que assumem a vossa ligação ao Sport Lisboa e Benfica.
O resultado é um sinal de confiança e de reconhecimento por tudo o que foi feito e que desde já agradeço, mas é ao mesmo tempo uma marca de responsabilidade em relação ao futuro.
Assumo essa responsabilidade com a mesma ambição e humildade com que assumi em 2003. 
Assumo essa responsabilidade com o optimismo que sempre me acompanhou e com a certeza de que em conjunto – todos nós – vamos alcançar os nossos objectivos.
Os próximos quatro anos têm de ser encarados com a mesma determinação de todos os mandatos anteriores.
O menor descuido, qualquer sinal de conformismo ou de satisfação pelo que já fizemos será também o primeiro sinal de retrocesso.
Já o disse também, quero continuar a aliar o sucesso económico ao desempenho desportivo, quero baixar o nosso passivo sem comprometer o nosso êxito desportivo.
Quero que os Sócios continuem a crescer e que venham fazer parte do nosso dia-a-dia, que participem e reforcem o Clube.
Sem os Sócios, e não me canso de o dizer, nada disto faz sentido.
É tempo de todos aqueles que são adeptos, mas que ainda não são sócios, reforçarem a nossa equipa. 
Quantos mais formos, mais fortes seremos. Venham daí e venham depressa!
Foi o empenho e a determinação dos benfiquistas que fez a riqueza da nossa história.
É essa determinação que me faz ter confiança no futuro.
Sou hoje um presidente mais maduro e mais experiente do que quando aqui cheguei em 2003, mas a ambição e a determinação são as mesmas desse ano.
- Conheço as vossas ambições, que são as minhas;
- Conheço a vossa vontade de vencer, que é a minha;
- Conheço as vossas preocupações, que partilho;
- Conheço o que querem para hoje e para o futuro do Benfica;
Os Sócios, hoje, votaram por uma opção clara na continuidade.
Votaram na inovação, na sobriedade; na expansão do Clube, no reforço das Casas do Benfica, na aposta na formação, no futebol e nas modalidades; votaram em todos os valores que nos trouxeram até aqui e que fazem parte do ADN do Benfica.
Temos, e é bom que o diga com clareza, de manter a liderança no futebol português.
Vamos continuar a percorrer um caminho que não acaba, que nunca se completa, e é por isso que todos somos importantes.
Continuemos a trabalhar no sucesso do clube e a preparar o futuro do Sport Lisboa e Benfica!
O Benfica sempre se construiu na pluralidade. Nunca se construiu dividindo. Nunca se construiu separando.
E, sempre que estivemos unidos, os resultados apareceram.
Continuemos assim.
Viva o Benfica!"



Um presidente para o tetra e para o penta!!!

"Luís Filipe Vieira conseguiu uma liderança forte. E, com ela, a inevitável credibilidade, nacional e internacional.

Luís Filipe Vieira
1. Hoje, 27 de Outubro de 2016, Luís Filipe Vieira será reeleito como Presidente do Sport Lisboa e Benfica.
Por e para os próximos 4 anos.
Um Homem de convicções e de ambições.
O Homem certo para mais um mandato.
Que consolidou e deu corpo à corajosa vitória de Manuel Vilarinho, em 2000 e que, partindo daí, conseguiu recuperar o Benfica, fazendo com que o clube sobrevivesse aos mais variados ataques armados.
Luís Filipe Vieira conseguiu reequilibrar o clube.
Recuperação alicerçada na estabilidade, nas suas várias vertentes (financeira, desportiva,...), colocando um ponto final, definitivamente, nos egoísmos que tinham assaltado o Benfica.
Luís Filipe Vieira conseguiu-o, de forma exemplar.
Desde a formalização da sua candidatura ao primeiro mandato do Sport Lisboa e Benfica, assumiu-se como uma das pessoas capazes de reerguer o clube, colocando-o no lugar onde merece, que é seu por direito, e dando continuidade à grandiosa obra do passado.
Com uma diferença: quis mais que os outros e os sócios quiseram que fosse ele o eleito, depois de ter sido o escolhido para suceder a Manuel Vilarinho.
Luís Filipe Vieira tinha a plena consciência do desafio que o esperava, mas, sobretudo, a certeza de que o fracasso, do passado, não poderia, jamais, voltar a assombrar a grandeza do Benfica.
Não foi necessário muito tempo - mas o suficiente - para percebermos que do amadorismo evoluímos para uma gestão profissional.
Sem, porventura, a paixão clubística, mas sem, também, que tal significasse abdicar do superior interesse do clube ou da firmeza e determinação necessárias nas várias lutas travadas, no dia a dia.
Com isso recuperou-se a confiança dos sócios.
E a incerteza deu lugar à valorização.
Primeiro passo (e quase tão importante...) para passar a ganhar (regularmente).
Luís Filipe Vieira conseguiu aquilo que, na altura, já era quase impensável, para grande parte dos sócios e adeptos: uma liderança forte.
E, com ela, a inevitável credibilidade, nacional e internacional.
A mesma credibilidade que, a par da confiança, fez desaparecer o complexo de inferioridade de muitos anos a perder e o medo da derrota.
Anos em que pudemos confirmar que bastou um erro de algumas centenas de votos, para que a recuperação demorasse uma década.

De 2 de Julho de 2009
2. Foi por isso que não hesitei, nas 3 conversas que tive com Luís Filipe Vieira, em 2008 e 2009, em demonstrar a minha disponibilidade para colaborar, como Vice-Presidente, nessa nova etapa.
Porque acreditava nessa recuperação.
Eleito em 2009, foi a partir dessa altura, quando passei e representar e a servir o Benfica, que percebi - talvez fruto da maior proximidade com o projecto pensado para o clube - que Luís Filipe Vieira era, efectivamente, uma garantia de estabilidade.
Nas eleições de 2012, a minha certeza era ainda maior, pela possibilidade que me foi dada em acompanhar de perto, ao longo desses anos, a sua ambição e a sua vontade em fazer do Benfica mais e melhor... maior que Portugal!
Hoje, nas eleições de 2016,não só continuo a acreditar no projecto de Luís Filipe Vieira, como acho que tem todas as condições em ter um mandato... ainda melhor.
Porque é, sem qualquer dúvida, em 2016, a única pessoa capaz de garantir aquilo que eu quero e sonho para o Benfica.
Porque acredito em ideias e em homens que têm ideias.
O que me fez, descrer, sempre, dos que têm, apenas, ambições pessoais.
Estou, por isso, tranquilo.
O Benfica continuará a ser o resultado das suas decisões e ele será o grande responsável de nunca desistirmos.
Ou não fosse ele um homem, de grande carácter, que pode ganhar muito, tudo, até, porque não tem medo de perder.
E, precisamente por não ter medo de perder e de defender aquilo em que acredita, que está a ganhar... quase tudo o que há para ganhar.
Sei que Luís Filipe Vieira, no próximo mandato, continuará a ser igual ao que tem sido ao longo destes anos todos.

Sendo, como tantas vezes falámos, ambicioso... pelo Benfica!
Uma ambição de apenas querer ganhar, ganhar e ganhar... tudo o que há para ganhar!
Não abdicando, nunca, de nenhuma competição.

Por isso, nos próximos quatro anos, queremos - e eu tenho a certeza absoluta que o Presidente quer tanto como eu - um Benfica tetra campeão, no imediato, tendo em vista o penta, para que sejacada vez mais possível um Benfica Campeão Europeu!
Sim, Campeão Europeu, num projecto a 2 ou 3 anos.
Tudo fazendo - ou lançando as bases - para que o sonho seja realidade.
E se é verdade que nós somos a medida dos nossos sonhos e aquilo que interiorizarmos, temos de começar, desde já, a acreditar, muito, nessa hipótese.
Porque acho que esse é o caminho!

... a 27 de Outubro de 2016
3. Quanto ao resto... apenas agradecer.
Agradecer a todos os que, de forma profissional (e todos tão do Benfica quanto eu), serviram o Benfica, nestes últimos 7 anos.
Com o novo mandato que hoje se inicia, continuarei a desejar tudo o que sempre desejei, desde que me conheço.

Que o Benfica ganhe, em tudo e a todos!
Sem excepção!
Disse-o e repito-o: nunca quis que o Benfica perdesse para entrar, nem quero que o Benfica perca por sair e, muito menos, para voltar a entrar!

Não me arrependendo, nada, como não me arrependi, nunca, do que fiz, até hoje, pelo Benfica.
Fi-lo, aliás, com a certeza de estar sempre de bem com a minha consciência! Ou não fosse verdade a afirmação de Eurípides: «não dizer o que se pensa, essa é a condição de um escravo».
E, por isso, deve também (mais) um agradecimento público a Luís Filipe Vieira, que sempre me deu a liberdade de defender as minhas próprias convicções, aquilo em que acreditava, mesmo quando isso era diferente de outras existentes no Benfica (ou, até, quando essas ainda nem sequer existiam).
Ele sabe que poderá continuar a contar comigo para as lutas que realmente valem a pena e em que acredito.
Com a certeza de que continuarei a ser igual a mim mesmo.
Com a consciência de que, se, como diria Hans-Georg Gadamer, «a história não nos pertence, somos nós que lhe pertencemos»,... também o Benfica não nos pertence,... nós é que pertencemos ao Benfica!
... Até Sempre,... Pelo Benfica!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Inexperiência há... no Benfica


"Egocentrismo cometendo sucessivos erros pode ser a factura Jesus está a pagar... O campeão e actual líder: mais do meio onze são meninos! Espectacular fenómeno!


Vamos lá ver se Jorge Jesus tem razão ao justificar os últimos maus resultados com inexperiência de jovem equipa. Só 2 vitórias - em Alvalade, 2-0 ao Légia Varsóvia, 4-2 ao Estoril - nos últimos 6 jogos, não considerando como desaire, frise-se, a derrota em casa do Real Madrid, é percurso justificável com inexperiência?
Categoricamente, não. Tanto golo sofrido neste negro período - 3 em Vila do Conde, 3 em Guimarães, e, em casa, 2 do Estoril, 2 do Dortmund, 1 do Tondela = 11! - por pecados de juventude? Percorre-se todo o plantel defensivo, de Rui Patrício, 28 anos, melhor guarda-redes no recente Campeonato da Europa, até aos laterais-esquerdos Marvin Zeegelaar, 26 anos, e Jefferson, 28 anos, passando por Schelotto, 27, João Pereira, 32, Coates, 26, e verifica-se o único menino é Rúben Semedo, 22 anos, por sinal o defesa mais talentoso e melhor até aqui. Mais: o médio que mais protege a retaguarda é William Carvalho, 24 anos, campeão da Europa.
Inexperiência pode haver no ataque, em Gélson Martins, 21 anos (mas tem-se revelado um prodígio!), em Alan Ruiz, 22 anos (quase não joga) e Matheus, 20 anos (ainda não jogou esta época). Porém, Bruno César e Bas Dost têm longa experiência (o ponta de lança holandês até veio do campeonato alemão) e Markovic inexperiente não é, depois de ser campeão no Benfica e rumar a Inglaterra.
Portanto, do que Jorge Jesus pode arrepelar-se é de ter perdido dois jogadores nucleares: João Mário e Slimani. Mas também Rui Vitória ficou sem dois decisivos dínamos: Nico Gaitán e Renato Sanches.
Lesão de Adrien é fortíssima baixa (a equipa parece ter ficado sem motor), mas única nesta época. Que dizer do maremoto de lesões benfiquistas (9!), nomeadamente no trio de goleadores, Jonas-Mitrolgou-Jiménez, e em simultâneo!!!! (o eficaz talento de Jonas continua a fazer notória falta).

Muita alta qualidade do treinador Jorge Jesus é indiscutível! Por isso tanto se estranha esta negra fase do futebol sportinguista, multiplicando sinais de estar à deriva. Nada improvável tratar-se da factura dos sucessivos erros que o treinador tem cometido em matéria de descontrolado egocentrismo!
O Sporting não teria perdido em Madrid - estupenda exibição! -, se ele, Jorge Jesus, não se tendo feito expulsar, estivesse no banco nos últimos 5 minutos. Caiu tão mal o menosprezo do técnico adjunto! E, logo no jogo seguinte, brutal ironia: com Jorge Jesus no seu posto a tempo inteiro, derrota com o Rio Ave, por 3-1!
Jogadores e equipa do Sporting são os melhores, porque liderados por ele, Jorge Jesus. Espantosa reviravolta consentida no 3-3 em Guimarães!

Erros individuais apontados pelo treinador (também no desaire, em Alvalade, perante sub-Dortmund sem mão cheia de titulares). Fraquíssima exibição e empate, em casa, a ferros arrancada face ao Tondela... (os jogadores não costumam gostar de que treinador egocentrista se ultravalorize face ao que eles valem...).
E chegou o argumento inexperiência... Está desmontado no início deste texto.

Juventude com inexperiência há mais no FC Porto: Octávio, 21 anos, Rúben Neves, 19, a novíssima dupla de avançados, André Silva-Diogo Jota, miúdos com 20 anos!
E há, sobretudo, no Benfica campeão e actual líder! Mesmo tendo saído Renato Sanches (enorme revelação aos 18 anos!), mais de meio onze por regra titular é impressionantemente jovem! Ederson, 23 anos (invulgar num guarda-redes), Nélson Semedo, 22, e Londelof, 22, foram fulgurantes/fulcrais já na época anterior... Agora, também Grimaldo, 21 anos, Cervi, 22, André Horta, 19, Gonçalo Guedess, 19! Acrescente-se, no banco de suplentes, Danilo, 20 anos, Zivkovic, 20 anos, José Gomes, 17...
Quando alguém tiver a tentação de insistir em problemas de inexperiente juventude, olhe para o Benfica campeão e de novo líder. Aconteça o que vier a acontecer, convenhamos: espectacular fenómeno!"

Santos Neves, in A Bola

Saber festejar

" «Não se festeja assim com 4-0, podes fazê-lo com 1-0. Foi uma humilhação para nós.»
José Mourinho, treinador do Man. United, ao ouvido de Antonio Conte, técnico do Chelsea, após o 4-0 de Stanford Bridge

Mourinho sentiu-se humilhado por Antonio Conte, treinador do Chelsea , ter agitado os braços na direcção dos seus adeptos depois do quarto golo da sua equipa frente ao Man. United. O uso de palavra parece-me um exagero. Não é que haja hipocrisia de Mourinho, que tem realmente o cuidado, em vitórias largas, de não ter manifestações esfuziantes - ao contrário do que acontece, como ele próprio terá defendido nas palavras que segredou a Conte no final do jogo, quando vence por um golo -, mas para mim, o festejo do italiano é compreensível. É uma mistura de agradecimento e partilha com os adeptos, não vejo nele qualquer menosprezo do adversário. No máximo não é bonito, ou tem pouco respeito pelo outro lado. O próprio Mourinho, ao dizer o que terá dito, e que os jornais ingleses depressa replicaram, é que motivou o uso da palavra humilhação em todas as análises pós-jogo, não o que Antonio Conte fez; um festejo, aliás, que na essência teve muito menos de humilhante que os quatro golos encaixados pelo Man. United...

Em matéria de festejos, na verdade, parece-me muito mais relevantes a celebração de Joel Campbell ao fazer o 1-1 do Sporting contra o Tondela aos 90+6. É verdade que o golo é alegria, e o costa-riquenho terá ficado radiante, mas o contexto revelava um leão incapaz de ganhar em casa ao (então) penúltimo classificado da Liga. Campbell, que chegou a Alvalade há dois meses e desde então passou aí uns três com a selecção da Costa Rica, não percebeu ainda o que é o Sporting, e o que significa não vencer um jogo do campeonato, mesmo que se empate no último minuto. É normal. Mas é bom que lho expliquem depressa."


Hugo Vasconcelos, in A Bola